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Sunday, June 08, 2014

Os PSICOPATAS no poder.

Bruno Braga.
 
 
 

 
 
Como é possível que tipos tão grotescos tenham conseguido ascender até os altos escalões do poder público ou ocupar posições de referência intelectual e moral para a sociedade? Um Luiz Inácio, alçado à Presidência da República; um Dirceu, que tornou-se símbolo da juventude idealista e revolucionária; um Betto e um Boff, tomados - inclusive por sacerdotes e autoridades eclesiásticas - como modelos de santidade.
 
Não. Não é possível reduzir o problema a um fator eleitoral ou solucioná-lo apontando um intenso e febril trabalho de militância política - nem denunciar o esforço de rebaixar e adequar a fé a um projeto de poder totalitário. Não. Nenhuma destas tentativas esclarece completamente a questão. O que poderia ser justificado apenas como resultado da confusão dos tempos, o psiquiatra polonês Andrew Lobaczewski - sob a perspectiva da bio-psicologia - aponta como efeito da ação e da influência dos psicopatas.
 
Em "Ponerologia: Psicopatas no poder" [1], Lobaczewski apresenta as linhas gerais para a fundação de uma nova disciplina: a Ponerologia. "Poneros", em grego, quer dizer "o mal" - sendo a Ponerologia um estudo sobre a gênese do mal (p. 81). Porém, não se trata de um estudo amarrado às categorias morais. A Ponerologia, esclarece o psiquiatra polonês, deve estar assentada nos avanços objetivos da Biologia, da Medicina - da Psicologia Clínica.
 
O foco da Ponerologia é a pesquisa da Psicopatologia. Descrever os fenômenos patológicos característicos de determinadas pessoas que, apesar de formarem um grupo reduzido dentro do conjunto total da população, podem afetar de forma negativa a vida de centenas, milhares, milhões de seres humanos. São pessoas que apresentam desvios psicológicos Herdados ou Adquiridos, anomalias na Percepção, no Pensamento ou no Caráter - causados por alguma lesão no tecido cerebral ou por uma perturbação comportamental.
 
Lobaczewski então apresenta os traços essenciais da Caractereopatia - da Esquizoidia - e, sobretudo, da Psicopatia essencial. Faz a descrição dos tipos patológicos e demonstra o "processo ponerogênico", a forma como estes tipos avançam o seu domínio sobre as outras pessoas - por exemplo, confeccionando "ideologias" como "máscara de sanidade". Neste grau de influência, o fenômeno atinge a escala Macrossocial. Um período de hesterização generalizado, de crise espiritual da sociedade: o esgotamento dos valores morais, religiosos e ideativos que alimentavam as pessoas até então; o aumento do egoísmo, que quebra a ligação entre a obrigação moral e sua referência social; o domínio de assuntos sem importância nas mentes humanas; a atrofia da hierarquia de valores; e um governo paralizado (p. 152).
 
Eis o que produz uma PATOCRACIA. Um sistema de governo forjado por uma minoria patológica que assume o controle da vida de pessoas normais. Ocupam não só cargos políticos, mas posições de referência moral e intelectual - incluse nas salas de aula e nas cátedras universitárias como os "pedagogos da sociedade": pessoas fascinadas por suas idéias grandiosas, frequentemente limitadas e com alguma mácula derivada de processos de pensamento patológico, que se esforçam para impor suas teses e métodos, empobrecendo a cultura e deformando o caráter das pessoas (p. 55).
 
Lobaczewski viveu na Polônia subjugada pelo Comunismo. O seu trabalho - que contou com a colaboração de outros pesquisadores do Leste Europeu - é o resultado desta experiência. Da observação direta, das transformações geradas pelo totalitarismo soviético na vida e na mente dos seus compatriotas, e da análise dos ícones e líderes daquele projeto de poder totalitário. É assim que Karl Marx aparece como um exemplo de Psicopatia esquizóide; Lênin, uma amostra de Caracteropatia Paranóica e Stálin de Caracteriopatia Frontal. Nestes termos, o trabalho de Lobaczewski é fundamental, porque fornece uma chave para a compreensão da realidade brasileira e da América Latina - dominada pelos herdeiros e cultuadores dos psicopatas e das anomalias descritas pelo psiquiatra polonês. A influência deles sobre o conjunto da sociedade está à mostra: degradação cultural e intelectual; corrupção dos valores morais; desorientação e histeria generalizada; consumo desenfreado de drogas; taxa de homicídio exorbitante; caos social e o império da criminalidade. Isto é o suficiente para reconhecer a importância do trabalho de Lobaczewski. Não para produzir uma atmosfera tenebrosa e fomentar o desespero. É um passo inicial no esforço para amenizar este estado de coisas, pois a compreensão - semelhente ao processo da psicoterapia - é o princípio da cura da personalidade humana. E para recuperar um senso comum saudável - na esperança de destituir uma Patocracia - a busca da verdade é o melhor remédio.

 
Referências.

[1]. LOBACZEWSKI, Andrew. "Ponerologia": Psicopatas no poder. Trad. Adelice Godoy. Prefácio. Olavo de Carvalho. Vide Editorial: Campinas-SP, 2014.

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