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Sunday, July 22, 2012

Depoimento imprescindível: Ladislav Bittman.


Bruno Braga.


Se há alguma seriedade na “Comissão da Verdade” – isto é, uma preocupação honesta e sincera com a história do país – os seus integrantes deveriam incluir em suas pautas investigativas o depoimento de Ladislav Bittman, autor do livro “The KGB and Soviet desinformation”. Bittman, sem dúvida alguma, prestaria um enorme serviço à nação, principalmente no domínio pedagógico, derrubando a mitologia revolucionária que atribui aos Estados Unidos a trama do golpe de 31 de Março de 1964.

Bittman é um desertor da inteligência da Tchecoslováquia comunista, país satélite da matriz soviética. De quatorze anos em que trabalhou para a revolução, dois foram como Vice-comandante do Departamento de Desinformação. Em seu livro, Bittman revela como ele e o serviço secreto tcheco atuaram no Brasil. O objetivo da operação era desenhar artificialmente as novas diretrizes da política externa americana, ressaltando, sobretudo, os propósitos da exploração econômica e da interferência nas condições internas dos países latino-americanos - além disso, havia o propósito de responsabilizar a CIA pela trama de intrigas antidemocráticas e de planejar golpes de Estado.

Para o sucesso da operação foram disseminadas três falsificações. A primeira era um falso comunicado da Agência de Informação dos Estados Unidos, que trazia os princípios fundamentais da “nova política externa americana”. O documento forjado apareceu em meados de Fevereiro de 64 na publicação “O Semanário”. A segunda falsificação foi promovida através de circulares emitidas por uma organização inexistente - “Comitê para a luta contra o Imperialismo Yankee” -, que denunciavam a presença no país de agentes da CIA, do DOD e do FBI disfarçados de Diplomatas.

A terceira falsificação – e um dos pilares da mitologia revolucionária - foi uma carta redigida por J. Edgar Hoover, então diretor do FBI, destinada a um de seus agentes, Thomas A. Brady. A correspondência creditava ao FBI e à CIA o sucesso da execução do golpe de 64. Com este falso documento os comunistas pretendiam envolver os americanos diretamente na deposição de João Goulart. Sobre esta conspiração Bittman faz uma observação curiosa: a inteligência tcheca incluiria somente a CIA na trama; foi obrigada a envolver o FBI porque não tinha em mãos o papel timbrado da CIA para ser utilizado na falsificação.

Diante destas informações, o depoimento de Ladislav Bittman seria imprescindível para uma “Comissão” que pretende a “Verdade”. Ele poderia esclarecer outros dados presentes no seu livro, como os nomes dos jornalistas que a inteligência tcheca tinha à sua disposição na America Latina e do jornal político do qual era proprietária até 1964 no Brasil.

Mas, os integrantes da “Comissão da Verdade” estariam, de fato, interessados em, no mínimo, conferir estas informações? Não. Porque o propósito deste grupo é atestar a versão – e a mitologia - revolucionária dos acontecimentos, e assim falsificar a História de um país. Este é o procedimento sutil e indolor da revolução cultural, que em vigência no Brasil há décadas, foi capaz de esconder o próprio livro de Bittman, publicado desde 1985.

De qualquer maneira, o leitor comprometido com o conhecimento, pode verificar por conta própria o testemunho do ex-espião tcheco. Disponibilizo abaixo o link para o livro de referência de Ladislav Bittman em formato PDF. Os trechos que descrevem a operação comunista no Brasil podem ser lidos da p. 08 até a 11. Se o inglês for um obstáculo, é possível consultar uma tradução do trecho publicada pelo grupo Ternuma [1] com uma excelente introdução de Olavo de Carvalho, que há tempos alerta sobre a importância do testemunho de Ladislav Bittman. Mas, que o interessado não se contente apenas com este fragmento: eu recomendo a leitura integral do livro.




Referências.


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