Bruno Braga.
Os católicos, talvez o mais apropriado fosse me referir aos que ainda têm alguma memória do que é Fátima, ficaram escandalizados com o fechamento do Santuário em Portugal, com o cerco da Guarda Republicana e a prisão de peregrinos no dia 13 de maio, quando são celebradas as aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos. Tudo feito sob o pretexto de evitar a disseminação do vírus chinês. Com uma breve recordação de poucos segundos, no dia seguinte - 14 de maio -, o Papa Francisco convoca com toda a pompa midiática uma “oração” de caráter maçônico com diferentes “tradições religiosas” [2]. A Mãe de Deus havia sido forçada ao silêncio.
Os que conhecem
um pouco da história sabem que o esforço para amordaçar Nossa Senhora em Fátima
não começou agora, vem de décadas. Com o receio das autoridades eclesiástica em
divulgar as mensagens, sobretudo o Terceiro Segredo, à Consagração da Rússia ao
Imaculado Coração de Maria, que nunca foi realizada [3]. Contudo, os capítulos
recentes são ainda mais dramáticos. Se Bento XVI em Fátima deu novo alento aos
fiéis, afirmando no dia 13 de maio de 2010 que “enganar-se-ia quem pensasse que
a missão profética de Fátima esteja concluída”, Francisco, no centenário das
aparições, e também em Portugal, parecia disposto a calá-la de uma vez por
todas. É sobre essa visita do Papa Francisco que irei tratar, valendo-me dos
textos oficiais de sua peregrinação, em 2017.
Na capelinha
das aparições, no dia 12 de maio, Francisco rezou como o “bispo vestido de
branco”, na oração preparada, não por ele, mas pelo Santuário de Fátima [4]. O “bispo
vestido de branco” morto no Terceiro Segredo, e que já tinha sido associado ao
Papa João Paulo II pela “interpretação oficial” do Vaticano, por causa do atentado
que o Santo Padre sofreu em 1981 [5].
Mas foi na
bênção das velas que o Papa verdadeiramente polemizou: [...] “se queremos ser
cristãos, devemos ser marianos” [...] - cita Paulo VI e complementa – “Qual
Maria? Uma ‘Mestra de vida espiritual’, a primeira que seguiu Cristo pelo
caminho ‘estreito’ da cruz dando-nos o exemplo, OU ENTÃO UMA SENHORA
‘INATINGÍVEL’ E, CONSEQUENTEMENTE INIMITÁVEL? A ‘Bendita por ter acreditado’
sempre e em todas as circunstâncias nas palavras divinas, OU ENTÃO UMA
‘SANTINHA’ A QUEM SE RECORRE PARA OBTER FAVORES A BAIXO PREÇO? A Virgem Maria
do Evangelho venerada pela Igreja orante, OU UMA ESBOÇADA POR SENSIBILIDADES
SUBJETIVAS QUE A VEEM SEGURANDO O BRAÇO JUSTICEIRO DE DEUS PRONTO A CASTIGAR:
UMA MARIA MELHOR DO QUE CRISTO, visto como juiz impiedoso; mais misericordiosa
que o Cordeiro imolado por nós?” [6].
Os destaques no
texto citado são para mostrar que o Papa, para distinguir uma devoção mariana
legítima, caricaturiza a que ele acredita ser equivocada – e não é preciso muita
perspicácia para reconhecer que o Pontífice caricaturiza aquela “tradicional”, cultivada
pela Santa Igreja há séculos. Se a caricatura pode soar ofensiva para os fiéis,
é preciso questionar se também não o seria para a própria Virgem Santíssima, já
que a última imagem se refere diretamente a um trecho do Terceiro Segredo reconhecido
como autêntico pelas autoridades vaticanas: [...] “Depois das duas partes que
já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo
com uma espada de fogo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que
parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que DA
MÃO DIREITA EXPEDIA NOSSA SENHORA AO SEU ENCONTRO: O Anjo apontando com a mão
direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência!”
[7]
Note que a
Maria que Francisco tenta pintar contrasta com a Virgem Imaculada que apareceu
em Fátima, pedindo a conversão à fé católica, sacrifícios pela conversão dos
pecadores. Os pastorinhos mesmos fizeram inúmeras penitências tendo essa
intenção no coração. Santa Jacinta ofereceu todas as suas dores finais. As últimas
palavras que Lúcia atribui a Nossa Senhora, descrita como “tomando um aspecto
mais triste”, durante o grandioso milagre do sol testemunhado por milhares de
pessoas, foram: “não ofendam mais a Deus nosso Senhor que já está muito
ofendido” [8].
Mas o Papa Francisco
continua: “grande injustiça fazemos a Deus e à sua graça, quando se afirma em
primeiro lugar que os pecados são punidos pelo seu julgamento, sem antepor –
como mostra o Evangelho – que são perdoados pela sua misericórdia!” – e exorta:
[...] “ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não se coaduna
em quem é amado” [...] [9]. Francisco está claramente dizendo que a visão
narrada pela Irmã Lúcia no Terceiro Segredo é a de uma Maria “esboçada por
SENSIBILIDADES SUBJETIVAS que a veem segurando o braço justiceiro de Deus
pronto a castigar” [...] - e que isso é uma “grande injustiça a Deus”. Em outras
palavras, o Papa afirma que Lúcia e o Segredo reconhecido pela Igreja estão equivocados.
No dia 13 de
maio, na Homilia da Santa Missa com o rito para a canonização de Francisco e
Jacinta, o Papa enalteceu os dois pastorinhos com aquele tipo de elogio sempre
esperado, mas concluiu com o propósito da mudança, alheio à mensagem de Fátima:
“Sob a proteção de Maria, sejamos, no mundo, sentinelas da madrugada que sabem
contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e
DESCOBRIR NOVAMENTE o ROSTO JOVEM e BELO da Igreja, que brilha quando é
missionária, acolhedora, LIVRE, fiel, POBRE DE MEIOS e rica no amor” [10].
Então veio a
“conferência de imprensa” no voo de retorno a Roma, no mesmo dia 13 de maio.
Francisco foi enfático e curto ao ser perguntado se houve alguma “revisão da
interpretação da mensagem” de Fátima: “Não. Quanto àquela visão, creio que o
então Cardeal Ratzinger, quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da
Fé, explicara tudo claramente. Obrigado!” Uma explicação problemática da qual o
próprio Ratzinger parece ter se arrependido posteriormente, e a sua
manifestação como Bento XVI, em Fátima mesmo, talvez seja a maior expressão
disso. Cito novamente: “enganar-se-ia quem pensasse que a missão profética de
Fátima esteja concluída”.
Em outra
pergunta, Francisco parecia antecipar o que se viu neste ano de 2020. “E que
resta então deste momento histórico para a Igreja e para o mundo?” Responde o
Papa: “Uma mensagem de paz. [questão anterior: ‘Fátima tem, sem dúvida, uma
mensagem de paz’]. Horas antes de embarcar, recebi alguns cientistas de VÁRIAS
RELIGIÕES que estavam a fazer investigação no Observatório Vaticano de Castel
Gandolfo; INCLUINDO AGNÓSTICOS E ATEUS. E um ateu disse-me: ‘Eu sou ateu – não
me disse de que etnia era, nem donde vinha; falava em inglês, e assim não
consegui saber, nem lho perguntei –. Peço-lhe um favor: diga aos cristãos que
AMEM MAIS OS MUÇULMANOS’. Isto é uma mensagem de paz” [11].
Em 2019, dois
anos depois, Francisco assinaria com o Grande Imã de Al-Azhar, a Declaração de
Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana, que não só continha o absurdo de que o
“pluralismo e as diversidades de religião” são um “sábio desígnio” de Deus, mas
criava o Alto Comitê para a Fraternidade Humana, do qual Francisco se fez porta-voz
neste ano de 2020 para, um dia após praticamente desprezar a memória de Fátima,
convocar uma “oração” de caráter maçônico entre as diversas “tradições
religiosas”, suplicando o fim da peste disseminada sob a responsabilidade do
Partido Comunista Chinês e da OMS (ONU) [12].
A participação
do Papa Francisco no centenário de Fátima teve ainda um elemento de fundamental
importância: o Cardeal Pietro Parolin. O Secretário de Estado proferiu a
Homilia da Santa Missa da Vigília, no dia 12 de maio. Parolin, que participou
em 2018 do encontro do Grupo Bilderberg [13] e é o principal articulador do
acordo secreto do Vaticano com a China, entregando a Igreja e os católicos ao
Partido Comunista Chinês [14].
Na Homilia, Parolin
mencionou a Imaculada Virgem Maria que pisa a cabeça de Satanás, dizendo que “como
mãe preocupada com as tribulações dos filhos, Ela apareceu aqui com uma
mensagem de consolação e esperança para a humanidade em guerra e para a Igreja
sofredora: ‘Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará’ – e com a citação
expressa da “aparição de julho de 1917”, o Secretário de Estado traduz as
palavras de Nossa Senhora: “Tende confiança! No fim, vencerão o amor e a paz,
porque a misericórdia de Deus é mais forte que o poder do mal. O que parece
impossível aos homens, é possível a Deus”. Parolin disse que Nossa Senhora nos
convida a “alistarmo-nos” na luta do seu divino Filho com a “oração diária do
terço pela paz no mundo”. “Ela quer gente entregue! ‘Se fizerem o que Eu vos
disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz’” [15]. Contudo, o Cardeal não
descreve o que Nossa Senhora havia pedido: a comunhão reparadora nos primeiros
sábados e a Consagração da Rússia. Para que não reste dúvida, eis o texto da
Irmã Lúcia: [...] “Para a impedir,
virei PEDIR A CONSAGRAÇÃO DA RÚSSIA A MEU IMACULADO CORAÇÃO e a COMUNHÃO
REPARADORA nos primeiros sábados. SE ATENDEREM A MEUS PEDIDOS, A RÚSSIA SE
CONVERTERÁ E TERÃO PAZ; SE NÃO, ESPALHARÁ SEUS ERROS PELO MUNDO, PROMOVENDO
GUERRAS E PERSEGUIÇÕES À IGREJA” [16].
A comunhão
reparadora nos primeiros sábados nunca foi de fato incentivada, e a Consagração
da Rússia ao Imaculado Coração de Maria – como mencionei anteriormente – nunca
foi realizada tal como a Mãe de Deus pediu [17]. Mas o absurdo maior vem logo
em seguida: “Do oriente ao ocidente, o amor do Imaculado Coração de Maria
conquistou um lugar no coração dos povos como fonte de esperança e consolação.
REUNIU-SE O II CONCÍLIO ECUMÉNICO DO VATICANO para RENOVAR a face da Igreja,
apresentando-se substancialmente como o Concílio do amor. O povo, os bispos, o
Papa não ficaram surdos aos pedidos da Mãe de Deus e dos homens: foi-lhe
consagrado o mundo inteiro. Por toda a parte se esforçam, agora, por mostrar ao
mundo O VERDADEIRO ROSTO DO CRISTIANISMO” [18].
O Cardeal
Pietro Parolin escondeu o que Nossa Senhora realmente havia pedido – e que nunca
foi realizado – para dizer que o cumprimento dos pedidos foi o Concílio
Vaticano II, dado por muitos como a parte ainda não revelada do Terceiro Segredo,
e que teria gerado a apostasia que todos podem hoje facilmente constatar,
sobretudo no clero e na cúpula dos representantes da Santa Igreja [19]. Mais:
que esse é “o verdadeiro rosto do cristianismo”! Trata-se de uma falsificação
monstruosa das mensagens da Santíssima Virgem Maria em Fátima. Se Parolin fala
do combate entre a Mãe de Deus e Satanás, parece que ele mesmo foi tentado e
seduzido pelo pai da mentira – ou o Secretário de Estado do Vaticano não
conhece o que Nossa Senhora disse aos três pastorinhos?
Seja como for,
esperava-se para o centenário de Fátima algum evento extraordinário. Mais que
um fenômeno natural, um sinal dos céus, talvez tenha sido a ousadia mais
radical de tentar calar Nossa Senhora, com a falsificação das mensagens e até
mesmo a criação de uma “Maria”. Se a peste chinesa é consequência de toda essa
história, agravada pelos rituais satânicos e pactos durante o Sínodo da
Amazônia, em Roma [20], o castigo da espada de fogo que a Santíssima Virgem deteve
com a sua mão direita, não é possível saber sem uma revelação. O que parece
evidente é o esforço para calar Nossa Senhora em Fátima de uma vez por todas. Do
centenário à “oração” maçônica que seria a expressão daquele “verdadeiro rosto
do cristianismo”, do “rosto jovem e belo” dessa nova “igreja” – que não é o
cristianismo e nem a Igreja da Mãe de Deus que visitou Portugal.
REFERÊNCIAS.
[1]. Cf. “Medo
de Fátima” [http://b-braga.blogspot.com/2020/05/medo-de-fatima.html]; [https://bit.ly/3dTB87s].
[2].
Cf. “Um dia após Fátima...” [http://b-braga.blogspot.com/2020/05/um-dia-apos-fatima.html].
[3].
Cf. “Padre Amorth: Padre Pio conhecia o Terceiro Segredo” [https://www.obramissionaria.com.br/padre-amorth-chefe-exorcista-padre-pio-conhecia-o-terceiro-segredo/].
[7]. Cf.
referência [5].
[8]. "Memórias da Irmã Lúcia". Secretariado
dos Pastorinhos: Fátima, Portugal. 13a ed., 2007. pp. 180-181.
[9]. Cf.
referência [6].
[11].
Cf. [http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/may/documents/papa-francesco_20170513_voloritorno-fatima.html].
[12].
Cf. referência [2].
[13].
Cf. [https://www.obramissionaria.com.br/secretario-de-estado-do-vaticano/].
[14].
Cf. [https://www.obramissionaria.com.br/vaticano-consuma-traicao/].
[15].
Cf. [http://www.vatican.va/roman_curia/secretariat_state/parolin/2017/documents/rc_seg-st_20170512_parolin-fatima_po.html].
[16]. Cf. "Memórias da Irmã Lúcia".
Secretariado dos Pastorinhos: Fátima, Portugal. 13a ed., 2007. pp. 176-178.
[17]. Cf. referência [3].
[18]. Cf. referência [14].
[19]. Cf. referência [3]. Leia também: “O Cardeal
Oddi sobre o Terceiro Segredo de Fátima, o Concílio Vaticano II e a apostasia”
[https://www.obramissionaria.com.br/o-cardeal-oddi-sobre-o-terceiro-segredo-de-fatima-o-concilio-vaticano-ii-e-apostasia/].
[20]. Cf. “Sínodo da Amazônia. A ‘renovação’ do
diabólico ‘pacto das catacumbas’” [https://b-braga.blogspot.com/2019/11/sinodo-da-amazonia-renovacao-do.html].
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