Depois
de condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa – e participação
no esquema do Mensalão -, José Genoino, ex-Presidente do PT, concedeu sua
primeira entrevista. Questionado se entregaria algum companheiro como
estratégia de defesa, ele bate com um livro na mesa e responde com firmeza e
obstinação:
“Nunca
entreguei ninguém na minha vida. Nem no pau de arara. Muito menos num processo
que virou um grande espetáculo midiático” [1].
Como
assim, Genoino? Nunca entregou ninguém? O Coronel Lício Augusto Maciel – responsável
por interrogar o ex-guerrilheiro, que havia sido capturado no Araguaia – conta
outra história. Em solenidade na Câmara dos Deputados – realizada em 26 de
Junho de 2005 – o Coronel narra o seguinte:
“Então,
o Genoino foi mandado para Xambioá preso. A essa altura ele já deixou de ser
detido para ser preso, e disse tudo sobre a área. Quando olhei para ele e
disse: ‘Você não tem alternativa porque aqui está a mensagem’. Ele disse: ‘Eu
falo’. Eu disse: ‘É bom você falar’. Genoino, olhe no meu olho, você está me
vendo [O Coronel Lício se volta para o telão da Câmara dos Deputados]. Eu prendi você na mata e não toquei num fio
de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma bolacha – coisa
de que me arrependo até hoje” (os grifos são meus).
O Coronel
narra mais uma história, e ela é macabra: os companheiros de Genoino esquartejaram
o filho de 17 anos de um nativo da região onde ocorria a guerrilha. Cortaram
primeiro uma orelha, na frente da família; cortaram a segunda orelha – o rapaz
gritava de dor, e sua mãe desmaiou. Depois cortaram os dedos, as mãos, e no
final deram a facada que o matou – “Genoíno, aquele rapaz foi esquartejado!”,
exalta-se o Coronel Lício.
Em
Setembro de 2005 – na condição de cidadão – o Coronel Lício foi assistir ao
depoimento de José Genoino na CPI sobre a compra de votos. Acabou sendo expulso
da Sessão, enquanto o ex-guerrilheiro negava a existência do Mensalão (Cf.
Vídeo abaixo) – negava, com a mesma obstinação com a qual, hoje, jura nunca ter
entregado ninguém.
Referências.
[1].
Cf. “Estadão”, 20 de Outubro de 2012 [http://www.estadao.com.br/noticia_imp.php?req=nacional,genoino-nunca-entreguei-ninguem-na-vida-nem-no-pau-de-arara,948523,0.htm?p=1].
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