Putin reuniu um grupo impressionante de líderes europeus da extrema direita em apoio à sua causa do mal.
Robert Zubrin.
National Review, 24 de Junho de 2014.
Tradução. Bruno Braga.
No dia 31 de Maio, em Viena, o Palácio Liechtenstein serviu de palco para uma reunião secreta que tinha o objetivo de organizar uma quinta coluna fascista em apoio às ambições do Kremlin de dominar a Europa.
O presidente e patrocinador do encontro foi o oligarca russo Konstantin Molofeev, o proprietário multibilionário do Marshall Capital, que tem sede em Moscou. Molofeev, que tem acesso direto ao ditador russo, é conhecido como o "Soros de Putin", por causa do papel que desempenha no financiamento de iniciativas e movimentos em apoio à causa fascista russa - o que inclui principalmente o atual esforço do Kremlin para destruir a Ucrânia. De fato, tanto Igor Girkin (auto-nominado "Strelkov"), ex-coronel do GRU que é o comandante militar das forças guerrilheiras auxiliadas pelo Kremlin no leste da Ucrânia, e Aleksandr Borodai, o homem de negócios que serve como primeiro ministro da "República do Povo de Donetsky" - uma marionete de Putin -, são empregados de Molofeev (Girkin/Strelkov trabalhou para Molofeev como chefe de segurança por muitos anos).
Molofeev foi o produtor e o diretor do evento. Mas a estrela do show foi Alexander Dugin, o principal autor da doutrina totalitária "Eurasianista", que cumpre uma finalidade específica no regime de Putin: ser base ideológica para a transformação da Rússia em um estado fascista e expansionista, e para a criação de uma internacional fascista controlada por Moscou para subverter outros países em nome do novo império.
Uma impressionante variedade de líderes "conservadores" - na verdade, eram líderes de partidos radicais nacionais-socialistas europeus - estava reunida para receber a tutela de Dugin e as instruções de Molofeev. Era uma preparação para os papéis de apoio que exerceriam como Pétains e Quislings do Reich Eurasiano. Entre eles estavam alguns deputados da Frente Nacional francesa, a saber, Marion Maréchal-Le Pen (neta do fundador do partido e sobrinha da atual presidente, Marine Le Pen) e Aymeric Chauprade, chefe da política externa da ultra anti-americana Frente Nacional. O Príncipe Sixto Henrique de Bourbon-Parma, do movimento católico-monarquista Carlista, veio da Espanha, e Serge de Pahlen, diretor da Edifin, companhia financeira de Genebra, e marido da Condessa Margherita Agnelli, herdeira da Fiat, veio da Suíça. Participantes da Áustria, incluindo Heinz-Christian Strache, presidente do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), partido de direita populista, o seu vice, John Gudenus, e Johann Herzog, político vienense do partido. Volen Siderov, presidente e fundador do Ataka (Attack), partido de ultra-direita, veio da Bulgária, e outros ultra-direitistas extremistas vieram da Hungria, da Croácia, Georgia, e da Rússia.
Nos discursos do encontro - descritos por um repórter suíço-alemão infiltrado no evento - vários participantes saudaram Putin como o "redentor" que iria libertar a Europa do Americanismo, do Liberalismo, Secularismo e do Homossexualismo. Mas estava muito claro que a verdadeira agenda do grupo não tinha nada a ver com o combate da depravação sexual (que está tão disseminada na Rússia de Putin como em qualquer outro lugar - ou melhor, no caso, ainda mais, já que o país é um dos líderes mundiais no tráfico humano para fins de escravidão sexual, de acordo com os dados de um relatório publicado recentemente pelo Departamento de Estado), mas estava centrada no apoio da política externa russa. Na verdade, muitos partidos presentes na reunião enviaram representantes à Criméia, em Março, para ajudar Putin a validar o seu fraudado plebiscito em apoio à anexação após a invasão russa - uma ação com poucos traços do combate decidido do regime de exploração da prostituição contra desvios sexuais.
Os Putinistas estão seguindo uma velha tática soviética. A União Soviética utilizou a exploração dos trabalhadores pelo Capitalismo como elemento de agitação para subverter as democracias ocidentais, sendo que ao mesmo tempo exercia o trabalho escravo em seu próprio território. Em seu esforço para desacreditar a liberdade humana, os Putinistas denunciam os pecados que podem ocorrer sob o reino da liberdade com o mesmo ardor, com a mesma sinceridade, com o mesmo propósito que animou os seus antepassados soviéticos.
O encontro endossou o chamado de Dugin para a criação de uma nova "Aliança Sagrada", determinada por um arranjo geopolitico comandado pela Rússia e criado para suprimir as aspirações democráticas na Europa, 200 anos após a entrada das tropas czaristas em Paris. Alguém pode se perguntar se esse bocado de nostalgia não evocaria algumas objeções por parte dos representantes supostamente patrióticos da Frente Nacional francesa. Mas desde que Chauprade fez um discurso para a Duma, no ano passado, quando ele exaltou o regime de Putin como "a esperança do mundo contra o novo [liberal] totalitarismo", provavelmente ninguém deveria ficar tão surpreso com o fato de ele não ter contestado a terminlogia de Dugin. A elegante senhorita de 24 anos, Maréchall-Le Pen, presente aparentemente para se oferecer para um futuro papel de protagonista em "O Führer veste Prada", fez, no entanto, um alerta ao grupo, formado em sua maioria por homens mais velhos: eles não devem esquecer os jovens enquanto projetam o novo Reich.
A Europa certamente precisa de um movimento conservador genuíno para combater o burocrático coletivismo bajulador que está asfixiando o potencial humano do continente. Mas os representantes da aliança duguinista não representam isso. Na verdade, em uma entrevista para a revista francesa bimenstral "L'Homme nouveau", em 27 de Novembro de 2013, Chauprade deixou bem claro esse ponto, dando sua descrição da "bipolaridade ideológica" que divide o mundo hoje: "de um lado estão os que acreditam que o indivíduo é o valor supremo, do outro estão aqueles que pensam que a transcendência ou o bem comum são superiores à pessoa humana". Ele afirmou que o seu "compromisso está claramente no segundo campo". Portanto, longe de serem "conservadores", defensores dos valores fundamentais do Ocidente, da liberdade individual e da dignidade, os Duguinistas, no clássico estilo nacional-socialista, procuram invocar o instinto tribal com o propósito de capacitar as mais radicais e destrutivas formas de coletivismo imagináveis.
De acordo com um repórter do jornal suíco "Tages Anzeiger", [...] "os participantes estavam comprometidos com o sigílo absoluto. Um serviço de segurança privada controlava as estradas ao palácio barroco. Nem aos participantes era permitido tirar fotos. Quando Strache, líder do FPÖ, tirou uma foto com o seu telefone celular, ele foi imediatamente reprimido pelo Presidente da Conferência, Malofeev".
Como o encontro era na verdade uma sessão de planejamento de traição, tais precauções são totalmente compreensíveis.
A próxima reunião da internacional fascista está prevista para Janeiro, em Moscou.
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