Miami Diario, 08 de junho de 2020.
Tradução.
Bruno Braga.
No
marco de encerramento da campanha para as eleições parlamentares na Venezuela,
em 2015, Opal Tometi, co-fundadora do movimento “Black Lives Matter” [“Vidas
negras importam”], foi recebida por membros do regime de Nicolás Maduro.
“Agora,
na Venezuela. É um alívio estar onde há discurso político inteligente”, escreveu
Tometi então no seu Twitter (@opalayo), reportou o “Primer Informe” [1].
Não era
a primeira vez que concordava com o regime chavista.
Meses
antes, Nicolás Maduro visitou o “Black Theater”, no Harlem, Nova Iorque, para
unir-se à “Cúpula de Líderes Afrodescendentes”, organizada pelo governo de
Caracas. Desde então ficou evidenciada a relação entre eles.
O
canal oficialista “Alba Ciudad”, baseado em Caracas, relatou assim as palavras
de Tometi naquele encontro: “Estou consciente de que a justiça também tem a ver
com os aspectos raciais. O que vivemos é a manifestação do racismo antinegro, e
isso é violência estatal, é preciso chama-lo pelo nome. A brutalidade da
polícia, os assassinatos de negros, a violência contra a comunidade
afrodescendente, tudo é prova da violência do Estado”.
Não
se referia então à já bastante notável violência policial do regime de Maduro, mas
sim à polícia dos Estados Unidos.
Durante
a visita de Tometi a Caracas, a ativista fez alusão à vitória da oposição na
Assembleia Nacional, catalogando o processo como uma “contínua intervenção dos
Estados Unidos”.
De
acordo com a ativista, a derrota parlamentar de Maduro deixava exposta a
integridade da população afrodescendente no país sul-americano.
“Rechaçamos
a hipocrisia da elite venezuelana que, como todos os colonos, aferra-se aos seus
privilégios de brancos ao ponto de linchar os afrodescendentes”, afirmou
segundo declarações relatados por “Venezuela Analysis”.
Tometi
se referiu ao suposto apoio dos Estados Unidos às “guarimbas de la oposición”,
em 2014, que, segundo ela, deixava como resultado o falecimento de 43 pessoas e
prejuízos multimilionários à propriedade privada.
“Denunciamos
a espionagem estadunidense contra a Venezuela, a vigilância ilegal da PDVSA, a
violação do espaço aéreo e as sanções”, exclamou a estadunidense de origem
nigeriana.
Sua
passagem por Caracas não foi de todo gratificante. Muitos seguidores do Twitter
criticaram sua visita, expressaram aversão e recusaram seus discursos.
Nos
recentes protestos americanos a partir da morte de George Floyd por um policial
em Minnesota, promovidos em grande parte pelo movimento “Black Lives Matter”, o
FBI confirmou a detenção de ativistas cubanos e venezuelanos que disseram ter
sido financiados pelo regime de Nicolás Maduro, tal como publicou o “Primer
Informe”, em uma investigação realizada e confirmada pela Casa Branca.
Não
está confirmado que Nicolás Maduro patrocinou os protestos realizados pelo “Black
Lives Matter”, mas a relação entre ambos os atores existe e se mantém.
NOTAS.
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