Bruno Braga.
Em 2006, em meio às dúvidas e especulações sobre o estado de saúde do “Comandante” cubano, e principalmente com a indicação de que ele transferiria seu poder para o incógnito, mas supostamente “moderado”, irmão, Ion Mihai Pacepa se esforçou para livrar o público da incerteza: “Quem é Raúl Castro?”
Pacepa foi um graduado oficial do serviço de inteligência romeno durante o governo do presidente comunista Nocolae Ceausescu. Antes de se tornar um desertor, e receber abrigo nos Estados Unidos, ele conheceu de perto o irmão de Fidel Castro. Por conta das conexões e colaborações estabelecidas entre os regimes comunistas, Pacepa e Raúl não só trabalharam juntos, mas também pescaram, mergulharam - travaram uma disputa em um campo de tiros; dirigiram automóveis idênticos, um Alfa Romeo. Durante este período de convivência e trabalho conjunto, Pacepa assegura que não há nenhum traço em Raúl Castro que sugira uma espécie de “democratização” em Cuba.
Raúl sustentava a insígnia oficial de “Maximum General”. Enquanto seu irmão, Fidel, era a figura pública, proferindo longos e inflamados discursos, Raúl dirigia a economia cubana – cuidava da política internacional da Ilha, do comércio exterior, do sistema judiciário, das prisões e do turismo; não escapavam do seu domínio nem mesmo os hotéis e praias. Um poder estimulado pela vaidade incrustada na sua personalidade do “Maximum General”, mas também pelo álcool.
O desertor romeno considera que, de fato, Fidel Castro pode ter concebido o regime de terror em Cuba; porém, o seu irmão, Raúl, foi, definitivamente, o “carniceiro”. Raúl foi o chefe de uma das instituições mais criminosas do Comunismo: a polícia política cubana. Ele era cruel e implacável. Colocou em prática as suas habilidades sinistras meses depois da tomada do poder em Cuba: Raúl organizou a execução de centenas de policiais e oficiais militares do regime deposto de Fulgencio Batista – os prisioneiros foram fuzilados e seus corpos enterrados em valas comuns fora de Santiago de Cuba.
No poder, os irmãos Castro receberam apoio e financiamento dos Comunistas soviéticos – principalmente para a organização da KGB cubana e para a construção secreta de bases de mísseis na Ilha. Porém, os soviéticos desconfiavam de Fidel Castro, considerado um “aventureiro” que não tinha uma sólida instrução no Marxismo. Já o seu irmão contava com a simpatia e confiança de Khrushchev: ambos eram apaixonados pelo marxismo; detestavam a escola, a religião e a disciplina; consideravam-se especialistas militares; eram obsecados por espionagem e contraespionagem – além de serem grandes apreciadores de Vodka.
Em 1972, quando era o braço direito do presidente romeno, Pacepa preparou uma visita oficial de Ceausescu a Havana. Durante o encontro, o presidente romeno e os irmãos Castro estabeleceram uma parceria para investirem no mercado de drogas. Pacepa relata que a intenção era inundar o mundo com drogas, porque “as drogas poderiam causar mais danos ao imperialismo do que as armas nucleares”, pensava Fidel - que recebia o assentimento do seu irmão: “As drogas irão corroer o capitalismo desde dentro”.
Os resultados da sociedade parecem ter sido animadores. Pacepa, o encarregado do dinheiro romeno que circulava na administração do sinistro negócio, revela que, quando deixou a Romênia, em 1978, havia na conta chamada “AT-78” por volta de 400 milhões de dólares.
Porém, as atividades criminosas dos irmãos Castro não estavam restritas ao comércio de drogas. O serviço de inteligência de Raúl trabalhou para expandir a influência de Cuba na América do Sul e no Terceiro Mundo – com este propósito, envolveu-se com os sandinistas na Nicarágua; fomentou a guerra em El Salvador; colaborou com o “Movimento de Libertação da Angola”; instruiu e assessorou a “Organização para a libertação da Palestina”; cooperou com a Líbia, com Iêmen do Sul, com a “Frente Polisário para a libertação do Saara Ocidental”; auxiliou as “Forças Armadas Revolucionárias Colombianas” (FARC).
Depois de expor a sua experiência pessoal, de quem participou efetivamente dos acontecimentos históricos, Pacepa não hesitou em esclarecer a dúvida que hoje é ainda pertinente: “Quem é Raúl Castro?” Embora a imagem do irmão de Fidel seja construída com traços de amabilidade, e com um espírito moderado e democrático, ele o define como “um assassino e terrorista internacional que fez fortuna com a venda ilegal de armas, drogas, e seres humanos”.
(*) Nota. A presidente Dilma Rousseff está em Cuba. A visita oficial é significativa, mostra o sucesso dos estratégicos empreendimentos dos irmãos Castro, que hoje recebem, como a maior autoridade do governo brasileiro, a militância armada que financiaram para reivindicar o poder no passado. Com parceiros mais fortalecidos, o propósito revolucionário é alimentado.
Referências.
Ion Mihai Pacepa, “Who is Raúl Castro? A Tyrant only a brother could love” [http://www.nationalreview.com/articles/218444/who-ra-uacute-l-castro/ion-mihai-pacepa].
Anexo.
Duas fotos.
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