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Sunday, March 11, 2012

A Cruz apeada.

Bruno Braga.


Como escrevi sobre o simbolismo da cruz [1], não posso me furtar de comentar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que, acatando a reivindicação da ONG Liga Brasileira de Lésbicas, determina a retirada de crucifixos e símbolos religiosos de todas as salas do Judiciário do Estado [2] – a decisão foi fundamentada na consideração de que a presença de símbolos religiosos em repartições públicas fere os princípios constitucionais brasileiros de um Estado laico.

Sim, o Brasil é um país laico – no entanto, isto não quer dizer que ele seja um Estado ateísta, ou melhor, ateísta militante, cuja orientação é esterilizar o domínio público dos germes da religião. Isto é fazer da secularização uma profissão de fé – e de grave violência na medida em que o Brasil tem, nas suas entranhas, a formação cultural cristã.

O crucifixo – a Cruz – não é apenas um objeto de decoração talhado em madeira ou fundido em metal. Não é apenas um símbolo gravado no papel ou carregado no pescoço. É a representação de um fundamento civilizacional – enraizado nos valores morais, nos princípios da sociabilidade, na orientação educacional e nas estruturas institucionais. Junto com a Filosofia Grega, o Direito Romano, e a Cultura Judaica, o Cristianismo é um dos pilares da Civilização Ocidental – e está cravado na história de 500 anos do Brasil. Isto, mesmo um ateu que tenha um mínimo de bom senso, e honestidade intelectual, não pode deixar de reconhecer. Portanto, suprimir crucifixos e símbolos religiosos significa arrancar da sociedade, um de seus fundamentos.

Mas a determinação da justiça gaúcha ainda tem outra consequência: ela é a imposição, a um país que é massiçamente cristão, de um projeto de engenharia social elaborado por um pequeno grupo de “iluminados”, que nos seus alucinados arroubos de prepotência, pretende fazer prevalecer os seus gostos e caprichos mais mórbidos. Acontece que, se um crucifixo – a cruz - nada significa para estes revolucionários, o que, nele lhes causa tanto constrangimento? Por que um mero símbolo desperta mais repugnância que o produto das bandeiras que levantam, por exemplo, um feto dilacerado? [3] Quais são os valores expressos por aquele objeto que poderiam prejudicar um julgamento judicial? [4] O da Justiça, o da Caridade, ou o da Compaixão?

A Inquisição é sempre o argumento para justificar o afastamento da religião do espaço público. No entanto, perto dos milhões de cadáveres, da carnificina monstruosa produzida por regimes cientificistas e anticristãos – como foi o Nazismo e é o Socialismo-Comunismo [5] –, as chamas da fogueira são apenas uma mácula, da qual a própria Igreja Católica não cansa de se penitenciar.

O patrimônio cultural cristão que forma o Brasil está, de fato, ameaçado. Não apenas por causa do poder – financeiro, político e midiático – que têm nas mãos os “revolucionários” iluminados. A traição também vem de dentro dos próprios templos: destruídos por agentes infiltrados, corrompidos pelos inocentes adeptos de teologias fundamentalmente anticristãs, ou desprezados pelos pastores que, em vez da cruz, se consagram aos holofotes. Mas, as autoridades têm a sua parcela de contribuição – elas, que deveriam zelar pelos fundamentos da sociedade, ajudam a solapá-los. Algumas estão realmente comprometidas com amplos projetos de poder – outros colaboram inconscientemente, ou por causa do desinteresse e ignorância, ou porque foram idiotizados e seduzidos pelos aplausos e elogios da mídia “chic”, “intelectual” [6]. Magistrados, Desembargadores, Ministros são incapazes de perceber que o ativismo judicial é uma estratégia para aprovar projetos revolucionários, porque, com este desvio, eles não passam pelos debates das Casas Legislativas, e não alcançam repercussão pública.

Enfim, por enquanto são os crucifixos – mas, se a motivação é o fraco argumento de que se deve cumprir os princípios constitucionais de um Estado laico, o que farão com o Cristo Redentor, símbolo de um país e de braços abertos para toda a nação?


Referências.



[3]. Sim, é no mínimo estranho, mas uma ONG de lésbicas luta para a legalização do aborto. Cf. Liga Brasileira de Lésbicas (Nacional) [http://lblnacional.wordpress.com/plataforma-pela-legalizacao-do-aborto/].

[4] Ou, para utilizar as palavras do relator do caso em tela, o desembargador Cláudio Baldino Maciel, na mais pura manifestação de entojamento boboca e sem sentido: qual valor cristão pode impedir que o julgador esteja “equidistante” dos valores em conflito?

[5]. Cuba e China – regimes idealizados pelos revolucionários - podem apresentar uma amostra funesta da perseguição contra os cristãos.

[6]. Nem mesmo os Ministros do Supremo Tribunal escapam. Para uma amostra dos absurdos que eles cometeram quando decidiram em favor da União Homoafetica, Cf. BRAGA, Bruno. “Família do Novo Milênio?” [http://dershatten.blogspot.com/2011/08/familia-do-novo-milenio-bruno-braga.html].  

Saturday, March 10, 2012


Para os que se interessarem, na parte destinada aos comentários das referências de “Habilidade de Leitura e Análise Política” [http://dershatten.blogspot.com/2012/03/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_09.html] – Blog Der Shatten – Max Weismann, cofundador do “Center for the Study of the Great Ideas” [http://www.thegreatideas.org/] juntamente com Mortimer J. Adler, disponibiliza um link para a aquisição de um DVD com vídeos produzidos pela “Enciclopédia Britânica”, nos quais o autor de “How to read a Book” conversa com Charles Van Doren sobre a arte de ler.

Atenciosamente,
Bruno Braga.   

Friday, March 09, 2012

Thursday, March 08, 2012

Habilidade de Leitura e Análise Política.


Um exemplo ilustrativo sobre a aplicação da habilidade de leitura no campo da análise política.

Bruno Braga.

Monday, March 05, 2012

Orientação para o exercício da leitura.

Bruno Braga.


Diante do cenário tenebroso, não apenas da educação, mas da cultura em geral, um recurso valioso são as orientações para o exercício da leitura de Mortimer Adler [1]. São regras, instrumentos, que podem ser utilizadas para melhor aproveitar esta habilidade – um treinamento que repercute também nas habilidades da escrita e na da comunicação, pois estão, todas, intimamente conectadas.

Logo abaixo segue um documento que reproduz as orientações gerais do escritor americano. No entanto, é preciso observar que tais regras se aplicam, especificamente, a livros de ciência ou de transmissão de conhecimento – a literatura de ficção, ou imaginativa, segue outra orientação, que é esboçada no texto -, e tem por fundamento a leitura das obras clássicas e o treinamento nelas.

É importante acrescentar, ainda, que a simples anotação das regras e orientações não dispensa a leitura do livro de Adler – pelo contrário, ela é fundamental para que se possa compreender totalmente a proposta do autor. Porém, que a disponibilização delas, aqui, seja um estímulo para a leitura da valiosa obra do escritor.


Referências.

1. ADLER, Mortimer J. How to read a book: The art of getting a liberal education. Simon and Schuster: New York, 1967.


Thursday, March 01, 2012

O real da Revolução digital - o ativismo.


Bruno Braga.


A revolução é promovida por aqueles que controlam a militância organizada. É esta - e não o cidadão comum, que compõe a imensa maioria da população - que, empunhando bandeiras e proferindo palavras de ordem, ocupa praças públicas, articula manifestações e marchas. Através do ativismo os militantes ganham expressão pública, transformam-se em notícia e ocupam as manchetes de jornais e revistas – cumprem um dos objetivos fundamentais de sua estratégia: passar a impressão de que eles, um grupo restrito de militantes, representam “o povo”, a “sociedade” [1]. Assim, os interesses efetivos da manifestação são maquiados, e os mentores dela permanecem protegidos pela sombra: aguardam, pacientemente, o momento de colher os frutos. Esta é a estratégia, não apenas para as marchas públicas, mas também para o ambiente virtual.

Em 2011 o Partido dos Trabalhadores expôs as linhas gerais do seu projeto – um dos responsáveis por ele, Adolfo Pinheiro, afirmou decididamente: “vamos espalhar núcleos de militantes virtuais por todo o país”. Os “agentes” receberiam treinamento – inclusive com a orientação de manuais – para promoverem as propostas do partido e para criticar a imprensa em sites de notícia, em Blogs, e nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook.
Os MAV’s – Núcleos de Militância em Ambientes Virtuais – já têm uma missão importante pela frente: formar uma tropa, treiná-la em táticas de guerrilha na Internet para atuar nas eleições municipais de 2012 [2].

Além do núcleo organizado, os militantes contam com a colaboração de “simpatizantes”, aqueles que, encantados pelo “ideal revolucionário”, com a fantástica “transformação do mundo” – agora através do futurístico mecanismo digital -, contribuem inocentemente com as estratégias do grupo. São os “idiotas úteis”, os “companheiros de viagem”, dos quais o velho Willi Münzenberg tanto se aproveitou – ele encantava intelectuais influentes, formadores de opinião e artistas, que repetiam e disseminavam um higienizado discurso revolucionário através da cultura: era o que chamava “criação de coelhos”.

Enfim, seja através dos mecanismos tradicionais, ou pelo futurístico e encantador meio digital, o núcleo revolucionário permanece o mesmo: o esforço, de um pequeno grupo, para concentrar o poder e, com isso, realizar o seu psicótico projeto de engenharia social.


Referências.

[1]. O contraste entre as posições da maioria da população e os da minoria revolucionária pode ser verificado em: BRAGA, Bruno. “Eles falam em nome de quem?” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html].

[2]. Para a descrição deste projeto petista, Cf. Folha de São Paulo, 18 de Outubro de 2011 [http://www1.folha.uol.com.br/poder/992264-pt-treina-patrulha-virtual-para-atuar-em-redes-sociais.shtml].
Indicações.

BRAGA, Bruno. A sobrevivência do ideal revolucionário [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/01/sobrevivencia-do-ideal-revolucionario.html].

Sunday, February 26, 2012

Sinceridade e Conhecimento.


Bruno Braga.



Aquele que nunca se enfrentou diante do espelho, ou que encarando os próprios olhos de sua face refletida, não foi capaz de reconhecer, para si mesmo – “Eu sou uma farsa” – não sabe o que é sinceridade. E esta é uma deficiência que compromete os que se dedicam à busca da Verdade, seja nos dilemas da vida particular, ou nos diversos campos investigação intelectual. Porque um autoexame sincero do próprio interior revela ao indivíduo que se lança em qualquer domínio do conhecimento algo, nele mesmo, de mentira, falsidade, farsa, fingimento, afetação, histrionismo, perfídia, fraude – enfim, elementos, tensões, nódulos que obstaculizam a aproximação da Verdade, e que servem ao sujeito apenas como uma roupagem, uma máscara, um disfarce para as suas fraquezas e deficiências, ou um adorno que inflama a sua vaidade, o seu orgulho e egoísmo. Este fundo obscuro permanece como uma sombra, mesmo que sobre ele se dedique um esforço absurdo de compreensão. De qualquer maneira, enfrentá-lo, e reconhecê-lo, é estar consciente daquilo que é preciso dominar para expressar cada uma das conquistas individuais na esfera intelectual. Esta tarefa se inicia com as perguntas mais simples e modestas: “o que eu de fato sei sobre esta questão?”; “se sei alguma coisa, há algo que aqui acrescento por minha própria conta?”; “o que eu exagerei?” “o que eu omiti, e sobre o que eu menti?”; “quais são os interesses que se ocultam por trás deste comportamento?” – “Entre estes interesses, há algum que seja superior à busca da Verdade?”

Porém, o autoexame não é suficiente. Se o indivíduo identifica em si mesmo o elemento da farsa e da mentira, se ele reconhece os seus erros, equívocos e tropeços, mas é incapaz de assumir a responsabilidade sobre as suas concepções, comprometer a própria pessoa com a busca da Verdade e com a expressão do que modestamente encontrou, então ele não sabe o que é o autêntico conhecimento.


(*) Nota.

As “Confissões”, de Santo Agostinho, são uma ilustração real e efetiva sobre o que é a sinceridade.


Indicações.

BRAGA, Bruno. A lucidez dos momentos traumáticos [http://dershatten.blogspot.com/2011/10/lucidez-dos-momentos-traumaticos.html].

______. O artifício de negar “a” Verdade para afirmar as “suas próprias” verdades [http://dershatten.blogspot.com/2011/09/o-artificio-de-negar-verdade-para.html].

______. As dimensões do debate intelectual: Dialética e Erística [http://dershatten.blogspot.com/2011/09/as-dimensoes-do-debate-intelectual.html].

Wednesday, February 22, 2012

Fato consumado.

Bruno Braga.


Um personagem que já frequentou algumas vezes este espaço é assunto novamente - Dimas Enéas. Na última semana, uma mensagem redigida por ele, e com o carimbo de uma foto na qual estampa um largo sorriso, circulou pela internet. Nela Dimas pede ajuda ao destinatário – que teve sua identidade preservada – para a contratação de um funcionário para o Departamento de Comunicação da Prefeitura Municipal de Barbacena. Para que fosse admitido, o candidato ao posto teria que cumprir uma exigência extravagante: além do pré-requisito fundamental para a função – “escrever bem” – ele deveria ser “politicamente articulado e do nosso campo político” (PT-PMDB) [1].

O privilégio concedido a aliados é uma prática comum para os que detêm o poder político – no entanto, é um hábito oculto, por ser absolutamente censurável. No caso em tela, o que causou escândalo, e uma série de manifestações e críticas, foi determinar e tornar público, sem qualquer constrangimento, pudor ou embaraço, uma exigência partidário-político-ideológico para uma função técnica. Embora esta mensagem possa ter implicações jurídicas e legais, repercussão no plano político e eleitoral, ela poderia ser examinada sob o ponto de vista intelectual e cultural.

Por uma destas ironias do acaso, o primeiro artigo de Dimas Enéas que comentei tinha o título “Barbacena e sua encruzilhada” [2]. O estimulo para redigir aquele comentário surgiu das observações sobre o artigo feitas por outros leitores, que elogiavam a isenção da análise do autor e sugeriam, inclusive, a sua candidatura a um posto público na cidade. Valendo-me de critérios objetivos, rastreando a formação e a orientação ideológica de Dimas Enéas, a sua posição no tabuleiro do jogo político, esforcei-me para esclarecer que a alegada “imparcialidade” do articulista era apenas uma maquiagem que escondia objetivos e interesses – e que não era necessário que Dimas ocupasse um cargo de autoridade política, porque no tabuleiro do jogo ele já era um agente político enquanto “Intelectual” (Cf. Anexo, que traz a reprodução integral das minhas observações).

Depois que a minha análise foi postada, alguns leitores se manifestaram. Fui chamado de “ultrapassado”, “antigo”, “preconceituoso”, “ciumento”, “invejoso”, “hipócrita” – alguém que discursa com “ódio”, “rancor”. Houve quem afirmasse que sou destas pessoas que “ficam o tempo todo vendo chifre em cabeça de macaco” – por causa das críticas feitas aos “revolucionários”, sobretudo aos Socialistas-comunistas. Aconteceu, também, que o segundo comentário que redigi, no qual me dispus a esclarecer alguns pontos controversos, e contestar as críticas às minhas primeiras considerações, não foi postado pelo Conselho Editorial do portal “Barbacena Online”, encarregado da análise prévia dos textos, antes de publicá-los [3].

Não – este relato não é uma lamentação: ele é apenas a exposição do percurso de um esforço de compreensão dos fatos, e da confirmação dos seus termos pela divulgação da comprometedora mensagem de Dimas Enéas. Simultaneamente este desdobramento revela algo preocupante sobre os envolvidos: eles se afastaram do pressuposto fundamental de suas atividades, a busca da Verdade, o esforço sério e honesto pelo conhecimento. Este elemento aparece corrompido em um agente político que assina artigos como “cientista”; em um portal de notícias que deveria estar comprometido com a informação e livre expressão do leitor, mas que filtra seus comentários. E, mesmo os leitores merecem a denúncia, porque com desprezo pelo esforço intelectual, incapazes de reconhecer uma análise objetiva dos fatos, preferem aquilo que acolhe os seus sentimentos e carências - por isso eles são encantados por discursos que reivindicam a “democratização”, a “socialização”, a “liberdade de imprensa” e “revolução das mídias sociais”, proferidos pelos mesmos que exigem para a contratação de um jornalista, que o candidato ao posto seja “politicamente articulado e do nosso campo político (PT-PMDB)” [Dimas Enéas].

Depois de um ano do primeiro comentário (Cf. Anexo), a análise nele contida está consumada. Mas, quantos virão a público para assumir a sua responsabilidade? Quem reconhecerá o seu erro, o seu equívoco? Quantos admitirão que privilegiaram a sua artificial reputação de “bom moço”, de pretenso “defensor dos pobres e oprimidos”, da “liberdade” e da “democracia”, em detrimento da discussão objetiva, do conhecimento e da busca da Verdade? Não – não é para mim que precisam prestar contas, nem reconhecer o acerto da minha análise política – mas, sim, para o público com o qual dizem estar comprometidos.  


(*) Nota.

Entrei em contato com Dimas Enéias para que ele pudesse esclarecer os fatos. Em e-mail enviado em 18 de Fevereiro de 2012, ele explicou que não ocupa cargo de confiança ou comissionado na Prefeitura de Barbacena, e que não é membro da Executiva do PT na cidade – disse, sim, que é membro do Diretório do partido na cidade, e que participa das “discussões e articulações políticas há décadas”. Ele acrescenta que não havia a intenção de “arranjar emprego público para X ou Y”, atender “apadrinhamentos” ou “clientelismo” – embora considere que não poderia indicar para o trabalho alguém que estivesse afinado ao campo político da oposição (PSDB), porque o profissional deveria atuar junto às mídias sociais respondendo as questões postas sobre a atual gestão pública municipal. Dimas acrescenta que apenas atendia a um pedido de uma amiga, responsável pelo setor de comunicação da Prefeitura de Barbacena: contratar um jornalista para atuar na área das mídias sociais.  

Acrescento que este espaço está aberto a qualquer um dos interessados que pretenda esclarecer a questão.


Referências.

[1]. O que aparece entre aspas são as palavras do próprio Dimas.

[2]. O artigo pode ser acessado no link [http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=5451&inf=11]. No entanto, aqui ele aparece “higienizado”: com a reformulação do portal “Barbacena Online”, os comentários dos leitores foram abolidos. Portanto, a minha referência é uma cópia de segurança da antiga publicação.

[3]. Este segundo comentário foi publicado neste blog com o título “Dois comentário” [http://dershatten.blogspot.com/2011/03/dois-comentarios.html].


[Anexo]

. Primeiro comentário sobre o artigo “Barbacena e sua encruzilhada”, de Dimas Enéas Soares Ferreira.

Seria pertinente fazer duas observações, fundadas não apenas no texto de Dimas E. Ferreira, mas também nos comentários subseqüentes.

A primeira diz respeito à alegada “imparcialidade” do autor em seu artigo. Dimas não abre mão de suas convicções político-partidárias – a esquerda social-comunista, representada pelo PT. Se o autor não o faz diretamente como em textos anteriores, trata, neste, de velar, ocultar, ou higienizar seu direcionamento político. De qualquer maneira é possível identificá-lo na dissertação apresentada. O autor faz uso de um vocabulário próprio do esquerdismo; é o caso, por exemplo, da aplicação do termo “elite”, sobretudo associado a “elite empresarial”. A partir desta visão estereotipada traça uma “narrativa histórica” para justificar toda sua “engenharia social”, materializada em propostas político-sociais. Se em um momento Dimas acena com uma surpreendente “parceria” entre o “mercado” e o poder público, para mitigar o seu enérgico esquerdismo de outrora, é preciso lembrar que o próprio Marx observa o Capitalismo como uma etapa fundamental para o projeto Socialista-Comunista, porém um Capital de “potência social” (MARX, “Manifesto do Partido Comunista”, 2002, p. 61). Esta “potência social”, justamente a proposta do autor do artigo, significa a aplicação do capital em duas frentes: não apenas na esfera dita “social”, mas no fortalecimento da estrutura do poder, quer dizer, do próprio partido que rege e orienta as políticas públicas.

Outra consideração que aponta a “parcialidade” de Dimas Ferreira é a sua proposta para dissolver uma pretensa estrutura “classista” (mais uma vez o vocabulário e a leitura histórica marxista: “A história de todas as sociedades que existiram até hoje é a história da [luta de classes]”, MARX, 2002, p. 45). Para isso oferece o “multiculturalismo”, com um propósito aparentemente absurdo: instaurar uma “democracia” fundada na “diferença”, quer dizer, estabelecendo “diferenças étnicas, culturais, de opção sexual, de crença, etc” (nas próprias palavras do autor) – um programa nítido de “discriminação reversa”, no tratamento “diferenciado” de tais minorias. Acontece que, se este propósito absurdo fere o bom senso, é completamente justificável do ponto de vista da “estratégia esquerdista”. Existe, por parte da esquerda, um imenso esforço para “construir novas minorias”, estabelecidas por diferenças muitas vezes “forjadas” e “artificiais”. Contudo, este é um esforço recompensado pela realização do projeto, que facilita as manobras do poder político, já que transforma as “minorias” em “grupos de pressão”, e as suas lideranças, conseqüentemente, em agentes políticos. Nestes termos, os grupos e suas respectivas lideranças passam a contribuir com a grande força, e o diferencial, da esquerda, a “militância” – porque manifestações, protestos, e, principalmente, reivindicações, não são feitos por cidadãos comuns, que resolvem sair de suas casas para ocupar praças públicas, mas sim por entidades, por grupos organizados, que orientam toda a ação. Assim, para o espectador desatento, estas manifestações podem parecer a “voz do povo”, quando na verdade são os anseios de um grupo, ou de um Partido (Cf. Ernesto Laclau & Chantal Mouffe. Hegemony & Socialist Strategy: Towards a Radical Democratic Politics).

A segunda observação a ser feita refere-se à atuação política do autor do artigo, discutida em alguns comentários anteriores. Além de diretor do Sinpro Minas e professor da Epcar e da Unipac (“Nota da Redação”), Dimas, como informa [x] (08.02.2011), foi dirigente da CUT Zona da Mata, membro do Conselho Municipal de Educação, e é membro do PT, Partido dos Trabalhadores. Através destas atividades Dimas já exerce um papel político, e de grande influência – ele não necessita de um mandato político, porque atua em uma esfera de importância fundamental, a esfera cultural. Desde que Antonio Gramsci se tornou o guru do Social-Comunismo, e do esquerdismo, o “intelectual orgânico” passou a desempenhar um papel imprescindível para a tomada e para a manutenção do poder – comprometido com o partido, ele não visa a “verdade objetiva”, mas atua como agente de influência psicológica, na formação das idéias, dos pensamentos, do imaginário das pessoas, modificando hábitos e criando expectativas: é o que o próprio Gramsci chama, de uma forma bastante peculiar, de “senso comum”. Em outras palavras, o “intelectual orgânico” não tem nenhuma preocupação com a compreensão da realidade efetiva, nem com a honestidade intelectual, mas está completamente engajado na defesa dos “interesses do Partido”. Para articular a teoria gramsciana com a questão em tela, basta recordar que, Dimas é articulista, professor Universitário, diretor de sindicato e, sobretudo, membro do “Partido”, do PT.

Então, feitas as devidas observações, Dimas Ferreira não é “imparcial” como foi alegado nos comentários precedentes, e continua, embora neste texto de maneira um pouco mais velada, sua atividade incansável de militante. Poder-se-ia questionar se ele está consciente de toda a estratégia esquerdista, definida nos bastidores pelo alto escalão do Partido – no entanto, a julgar por suas credenciais, é difícil acreditar que Dimas seja apenas um “Polieznyi”, termo utilizado por Lênin para referir-se aos “intelectuais ocidentais”.

Bruno Braga – Barbacena – Publicado no portal “Barbacena Online” em 11 de Fevereiro de 2011 [11:09:51].

 

Sunday, February 19, 2012

Paraísos artificiais.

Bruno Braga.


A faculdade humana de abstração possui a propriedade de reproduzir a realidade experienciada em um estofo distinto da sensibilidade, em conceitos. O resultado deste trabalho precisa preservar sua referência à própria realidade de onde ele se originou e à qual está associado - caso contrário, a teia de conceitos se distancia do mundo concreto, e aquele que nela se apoia se perde na “alienação” de um mundo puramente “ideal”.

Em alguns momentos da história, e dentro dos principais campos do conhecimento, esta “desorientação” foi denunciada – por exemplo: na Ciência, com a polêmica mecanicista; na Filosofia, com as abstrações de Hegel; e até mesmo no domínio da Religião, com a discussão sobre os universais. Para evitar o rompimento definitivo com a realidade, o recurso seria fazer “o caminho de volta” – não afastar os conceitos, nem rebaixar a abstração, mas, sim, remetê-los, novamente, ao que lhe dá fundamento, à experiência efetiva. Este procedimento fica claro com uma ilustração no domínio da Religião – a orientação para a “conversão”: estudar antes a vida dos santos que a própria Bíblia; porque, assim, a pessoa conhece diretamente uma existência real e concreta, como a sua mesma, em uma amplitude que envolve os momentos de virtude e também os de perversidade, mesquinhez, conflito, contradições, fraquezas. Deste modo tornar-se-ia evidente a tensão inafastável da vida, e, por isso, a existência religiosa não fica reduzida à negação do mundo, e nem a um louvor alucinado a Deus, mas abarcaria a luta contra as dificuldades inerentes à própria existência, impostas pelos obstáculos e fatalidades externos, ou pela própria carne – afinal, “não é acaso uma luta a vida do homem sobre a Terra?” [1].

O “caminho de volta” seria uma sugestão pertinente também para os debates públicos. É o caso da discussão sobre as drogas, porque a vertente que batalha pela discriminalização ou legalização delas construiu um discurso permeado de abstrações como “direitos”, “liberdade de escolha”, “novas formas de experiências e de prazeres”. Mas, qual a referência real e concreta destas abstrações?

Entre inúmeros outros, dois testemunhos podem contribuir para a compreensão do problema: os de Christiane F. e o de Jim Carroll [2] - que mergulharam profundamente na experiência com as drogas e viveram, de fato, todas as consequências do vício: não apenas a dependência, mas a prostituição, a degradação física e moral. 

O que a droga fez com estas, e milhares de outras, vidas não é uma questão conceitual – uma justificação de teses e teorias – mas é o resultado concreto da experiência com entorpecentes. Definitivamente, o “paraíso conceitual” é o melhor dos mundos – porém, o mundo real e concreto é de uma brutalidade, de uma crueldade, impiedosas, que destroem qualquer “mundo ideal”. No caso das drogas a discussão pública está ameaçada por este distanciamento, tão alienante quanto a experiência profunda com os entorpecentes: algo que é sintomático, não para as pessoas em geral, que vivem a realidade efetiva, e que se opõem massiçamente à legalização e à discriminalização [3]; mas que denuncia, sim, o estado da intelectualidade, que molda os debates a partir de suas doces e encantadoras abstrações.  


Referências.

[1]. Jó 7, 1.

[2]. Para uma compreensão efetiva é indispensável assistir aos filmes: “Eu, Christiane F.”. Direção: Uli Edel, 1981; e “Diário de um Adolescente” (“The Basketball Diaries”). Direção: Scott Kalvert, 1995.

[3]. Cf. BRAGA, Bruno. "Eles falam em nome de quem?" [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html].

Friday, February 17, 2012

Comentário em Áudio "O real da Revolução digital".

Comentário em Áudio “O real da Revolução digital”.

Referências.
Bruno Braga.


I. Artigo.

BRAGA, Bruno. “A sobrevivência do ideal revolucionário” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/01/sobrevivencia-do-ideal-revolucionario.html].

II. Reportagens.

Folha Online, 13 de Fevereiro de 2012: a. “Filme ‘We are Legion’ mostra quem são os ativistas do grupo hacker Anonymous” [http://www1.folha.uol.com.br/tec/1047946-filme-we-are-legion-mostra-quem-sao-os-ativistas-do-grupo-hacker-anonymous.shtml]; b. “Leia entrevista com o diretor de ‘We are Legion’, filme sobre o Anonymous” [http://www1.folha.uol.com.br/tec/1046672-leia-entrevista-com-o-diretor-de-we-are-legion-filme-sobre-o-anonymous.shtml]; c. “Ataques do Anonymous no Brasil expõem forte divisão interna do grupo” [http://www1.folha.uol.com.br/tec/1047949-ataques-do-anonymous-no-brasil-expoem-forte-divisao-interna-do-grupo.shtml]; d. “Anonymous: Não há colmeia sem rainha; não há movimento sem líder” [http://www1.folha.uol.com.br/tec/1047950-anonymous-nao-ha-colmeia-sem-rainha-nao-ha-movimento-sem-lider.shtml].

III. Bibliografia.

BRIGHT, Peter. Unmasked.    

Wednesday, February 15, 2012

O real da Revolução digital.

Comentário sobre a atuação do grupo de ativistas hackers “Anonymous”.
Bruno Braga.

Sunday, February 12, 2012

O Sinal da Cruz.





O Sinal da Cruz.
Bruno Braga.


A cruz, se considerada como um símbolo, representa a Alma humana na extremidade inferior do seu eixo vertical, e no extremo superior, a dimensão Metafísica – no eixo horizontal estão os polos do Cosmos e da Sociedade. Erguida, “o eixo horizontal da cruz não se sustenta sem a sua estrutura vertical” [1]. O significado para este símbolo não é mera apologia religiosa – não é um simples louvor, mas uma reflexão, sim, sobre o mundo, sobre a existência real e concreta [2].

No entanto, com a modernidade, o esforço para compreender o significado da cruz foi substituído pelo empenho em quebrá-la. A dimensão superior da Metafísica deveria ser amputada para divinizar o eixo horizontal: o Cosmos, com o entronamento das Ciências empíricas; e a Sociedade, consagrada pelo Império das Ideologias de massa. Assim, as principais intermediárias entre a Alma e a Metafísica, isto é, a Religião e a Filosofia, estariam ameaçadas – se não é possível eliminá-las completamente, deveriam ser transformadas, reconfiguradas em sua essência, restando apenas um invólucro, os nomes - o jugo do eixo horizontal estaria consumado, o domínio da matéria e da utilidade.

Este é um projeto presunçoso, com o objetivo de reconstruir a própria estrutura da realidade, mas que, para ser realizado, exige a violação da autoconsciência individual para submetê-la à autoridade absoluta de um método dito “científico”, e às obscuras e indefinidas “função” e “utilidade social”.

A Ciência possui um valor inquestionável. Porém, divinizá-la seria consagrar um método que, na sua própria essência, seleciona e recorta a realidade total. A hipervalorização do social, por sua vez, esconde a imposição dos interesses de alguns “iluminados”, que se autoproclamam os guias da humanidade, sobre o único reduto no qual o homem preserva a sua liberdade – mesmo submetido às maiores dificuldades, sofrimentos e atrocidades, resta-lhe ainda a autoconsciência: esta mesma, na qual se realiza a compreensão de uma dimensão superior que sustenta a realidade da qual a ciência extrai os seus recortes investigativos, e que é a fonte e o norte para que o indivíduo e a sociedade se sustentem.

É esta a estrutura que consagra o esforço de fidelidade do homem à Verdade, ou ao Transcendente – sem que esteja subordinado à “direita” ou à “esquerda”, “Partidos” ou Governos. No entanto, não faltam empenho e recursos, senão para destruí-la, pelo menos para ocultá-la, porque enquanto o homem estiver voltado para o polo superior da cruz, não se entregará ao projeto revolucionário – redigido e traçado com método e utilidade social, um plano de “novo mundo” elaborado por uma casta de “Intelectuais” comprometidos com a “revolta”: a negação do mundo, da realidade e de seu fundamento; o rompimento do indivíduo consigo mesmo – em um delírio absurdo de autoglorificação.     


Referências.

[1]. Cf. BRAGA, Bruno. “O Mistério do Filho do Homem” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/12/o-misterio-do-filho-do-homem.html].   

[2]. O ateu não está absolutamente impedido de concordar com algumas concepções religiosas. Arthur Schopenhauer e Santo Agostinho estão bem próximos em pontos fundamentais. Embora em termos absolutamente distintos - o primeiro sob uma Vontade cega, obscura e insaciável; e o outro em Deus – eles apontam o fundamento metafísico do mundo, e o esforço da reconciliação, através da moral, com esta essência que atravessa o indivíduo desde o seu próprio interior. Cf. BRAGA, Bruno. “A convergência entre um Santo e um Ateu” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/11/convergencia-entre-um-santo-e-um-ateu.html].


Anexo.

. Ilustrações:

(a) Sobre a divinização da Ciência: “A consagração de um ateísta militante” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/01/consagracao-de-um-ateista-militante.html];

(b) A respeito do entronamento da Sociedade: “Entre o Mestre e o Intelectual” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/06/entre-o-mestre-e-o-intelectual.html]; “Culto a ‘El Chancho’” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/09/culto-el-chancho_01.html]; “Um teólogo militante sob suspeita” [http://b-braga.blogspot.com.br/2010/10/um-teologo-militante-sob-suspeita.html].

Saturday, February 11, 2012


Comentário em Áudio “Big Brother Violado”.

Referências.
Bruno Braga.

I. Legislação.
Lei 12.015, de 2009.
II. Filmografia.
1969 - O Ano que mudou nossas vidas (“1969”). Direção, Ernest Thompson. 1988.
Cultural Marxism – The Corruption of America. Direção, James Jaeger. 2010. [Documentário].