Bruno Braga.
A
revolução é promovida por aqueles que controlam a militância organizada. É esta
- e não o cidadão comum, que compõe a imensa maioria da população - que,
empunhando bandeiras e proferindo palavras de ordem, ocupa praças públicas, articula
manifestações e marchas. Através do ativismo os militantes ganham expressão
pública, transformam-se em notícia e ocupam as manchetes de jornais e revistas
– cumprem um dos objetivos fundamentais de sua estratégia: passar a impressão
de que eles, um grupo restrito de militantes, representam “o povo”, a
“sociedade” [1]. Assim, os interesses efetivos da manifestação são maquiados, e
os mentores dela permanecem protegidos pela sombra: aguardam, pacientemente, o momento
de colher os frutos. Esta é a estratégia, não apenas para as marchas públicas,
mas também para o ambiente virtual.
Em
2011 o Partido dos Trabalhadores expôs as linhas gerais do seu projeto – um dos
responsáveis por ele, Adolfo Pinheiro, afirmou decididamente: “vamos espalhar
núcleos de militantes virtuais por todo o país”. Os “agentes” receberiam
treinamento – inclusive com a orientação de manuais – para promoverem as
propostas do partido e para criticar a imprensa em sites de notícia, em Blogs,
e nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook.
Os
MAV’s – Núcleos de Militância em Ambientes Virtuais – já têm uma missão
importante pela frente: formar uma tropa, treiná-la em táticas de guerrilha na
Internet para atuar nas eleições municipais de 2012 [2].
Além
do núcleo organizado, os militantes contam com a colaboração de
“simpatizantes”, aqueles que, encantados pelo “ideal revolucionário”, com a
fantástica “transformação do mundo” – agora através do futurístico mecanismo
digital -, contribuem inocentemente com as estratégias do grupo. São os
“idiotas úteis”, os “companheiros de viagem”, dos quais o velho Willi
Münzenberg tanto se aproveitou – ele encantava intelectuais influentes,
formadores de opinião e artistas, que repetiam e disseminavam um higienizado
discurso revolucionário através da cultura: era o que chamava “criação de
coelhos”.
Enfim,
seja através dos mecanismos tradicionais, ou pelo futurístico e encantador meio
digital, o núcleo revolucionário permanece o mesmo: o esforço, de um pequeno
grupo, para concentrar o poder e, com isso, realizar o seu psicótico projeto de
engenharia social.
Referências.
[1].
O contraste entre as posições da maioria da população e os da minoria
revolucionária pode ser verificado em: BRAGA, Bruno. “Eles falam em nome de
quem?” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html].
[2]. Para a descrição deste projeto
petista, Cf. Folha de São Paulo, 18 de Outubro de 2011 [http://www1.folha.uol.com.br/poder/992264-pt-treina-patrulha-virtual-para-atuar-em-redes-sociais.shtml].
Indicações.
BRAGA,
Bruno. A sobrevivência do ideal
revolucionário [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/01/sobrevivencia-do-ideal-revolucionario.html].
______.
O real da Revolução digital [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/o-real-da-revolucao-digital.html].
Anexo [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_17.html].
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