Bruno Braga.
Para
tratar de política não faltam palpiteiros e falastrões. Com aquela pompa
afetada e com um ar de convicção eles acreditam piamente que desvendam todos os
mistérios do jogo de poder com as opiniões mais disparatadas. Estes tipos não lotam
apenas o boteco ou a praça pública: eles tomaram o domínio da análise
especializada. No entanto, o falastrão e o palpiteiro na posição de analista
são incapazes de um exercício básico para a atividade que desempenham: por
exemplo, identificar nas linhas de um artigo assinado por um especialista – ou
cientista – os propósitos de um autêntico agente político.
Certa
vez resolvi eu mesmo fazer este exercício. Expus a militância do Sr. Dimas
Enéas que estava maquiada em seus artigos de análise política. Por conta disso
recebi, não apenas do mexeriqueiro do botequim, mas também dos nobres
especialistas, os singelos epítetos de “ultrapassado”, “antigo” e “preconceituoso”.
Disseram inclusive que eu fico “o tempo todo vendo chifre em cabeça de macaco”.
Tempos depois um episódio funesto confirmava o que eu já havia antecipado: o
Sr. Dimas Enéas colaborava com a contratação de um funcionário para a
Prefeitura de Barbacena – entre as exigências, havia uma no mínimo extravagante:
que o contratado fosse “politicamente articulado e do nosso campo político”
(PT-PMDB) [1].
Esta
ocorrência não era necessária para colocar Dimas Enéas na atividade política:
ele a estava exercendo no papel de “Intelectual”, professor, e inclusive com a redação
de artigos ditos “científicos” [2]. Óbvio, não é vedado a um agente político ser
articulista – aliás, muitos analistas trabalham como agente sem nem terem noção
disso. No entanto, aqueles conscientes de sua atividade, como o Sr. Dimas
Enéas, deveriam informá-la ao leitor, e não se disfarçar com o selo de
“analista”, “especialista” ou “cientista”. Porque o público em geral ainda
acredita – inocentemente - que estes rótulos conferem a textos e artigos alguma
confiabilidade, e é incapaz de reconhecer por trás deles os interesses reais e
concretos [3].
Os
propósitos do Sr. Dimas Enéas eram tão claros e nítidos que até eu – um míope e
estrábico – fui capaz de enxergar. Agora eles são ainda mais explícitos.
Porque, ora, ora, ora... O Sr. Dimas Enéas é candidato a vereador em Barbacena,
e para todos os cantos ele proclama o seu lema revolucionário: “agora é a nossa
vez”!
Entre
os agentes políticos disfarçados o Sr. Dimas Enéas não é o único a concorrer a
um cargo político este ano. Para uma cadeira na Câmara dos Vereadores o
belo-horizontino tem como opção o Sr. Gilson Reis, que eu peguei com as calças
na mão distorcendo a história do filósofo ateniense Sócrates para os seus
propósitos políticos [4].
Enfim,
não estou aqui para vangloriar-me. Porque não é necessário nenhum conhecimento
excepcional para reconhecer agentes políticos disfarçados de analistas e
cientistas. Nem mesmo uma visão apurada – já disse, sou míope e estrábico. Porém,
para isso é preciso quebrar o bloqueio mental provocado pelo encanto do
discurso revolucionário – e assim deixar o sonho encantador da ideologia para
retornar à realidade. Somente assim é possível reconhecer os propósitos e
intenções de pessoas de carne e osso, que como os Srs. Dimas Enéias e Gilson
Reis, sempre foram a conquista política.
Referências.
[1]
Este episódio eu narro no artigo Fato
consumado [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_22.html].
[2].
Cf. o artigo acima.
[3].
Na seção “Comentários”, na barra acima, o leitor pode conferir um mostruário
desta militância política disfarçada de análise política – o Sr. Dimas Enéas é
um exemplo recorrente.
[4].
BRAGA, Bruno. Sócrates morre outra vez
[http://b-braga.blogspot.com.br/2012/01/socrates-morre-outra-vez.html].
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