Depois de convidar o visitante deste espaço a fazer um autoexame – submeter-se a um “teste de sensibilidade” [1] – é mais do que oportuno apresentar o resultado de uma pessoa em especial. Porque ele se refere à “sensibilidade” de alguém que ocupa uma posição de poder e, por isso, está na condição de interferir diretamente sobre a questão do aborto: Eleonora Menicucci, Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Eleonora, efetivamente, não se submeteu ao teste aqui proposto. No entanto, a contar por uma entrevista concedida em 14 de Outubro de 2004 [2], não é difícil supor qual seria o resultado do seu exame.
A Ministra conta que passou por um “Treinamento de Aborto” na Colômbia (p. 20). Porém, antes de 2006 – a entrevista de Eleonora foi em 2004 -, a legislação colombiana considerava crime qualquer intervenção que provocasse a interrupção da gravidez. Portanto, a Ministra realizou o seu “treinamento” em clínicas de aborto clandestinas na Colômbia.
Além disso, o seu “curso” envolvia uma “técnica” peculiar, que permitia à gestante se “autocapacitar” para a prática do aborto utilizando a “sucção” (p. 17) – seria interessante que o leitor fizesse um exercício imaginativo, concebendo a gestante realizando, em si mesma, a aspiração que despedaça o feto em seu útero. Eleonora revela que “duas feministas” realizaram, com ela, o primeiro “autoexame” – o que considerou “uma coisa muito linda” (p. 17). A mesma satisfação ela provavelmente sentiria diante do resultado final deste processo: o feto dilacerado - “uma coisa muito linda”, diria, então, a Ministra, diante de uma das imagens do “teste de sensibilidade” aqui proposto.
Eleonora, ela mesma, passou por um aborto: “nós decidimos, eu e o partido, que eu deveria fazer aborto”. A Ministra foi militante do POC (Partido Operário Comunista), e a justificativa para a prática foi:
“A luta armada aqui. E um detalhe importante nessa trajetória é que, seis meses depois de essa minha filha ter nascido, eu fiquei grávida outra vez. Aí, junto com a organização nós decidimos, a organização, nós, que eu deveria fazer aborto porque não era possível...” (p. 03).
Enfim, é hora de convocar o leitor para fazer um novo autoexame: O que sentiu ao ler as revelações da Ministra da Secretaria de Políticas para as mulheres, Eleonora Menicucci? Indiferença? Entusiasmo? Consternação? Repugnância? Seja qual for a reação, aquele depoimento expressa, com nitidez, o que é a mente de um revolucionário.
Referências.
[1]. BRAGA, Bruno. “Teste de sensibilidade” [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/03/teste-de-sensibilidade.html].
[2]. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantinha a entrevista nos seus arquivos, mas a retirou do ar depois que foi descoberta. O interessado poderá acessar a entrevista no endereço [http://www.archive.org/details/EntrevistaComEleonoraMenicucciDeOliveira] – documento que é a referência para as citações de número de página.
3 comments:
Estou horrorizada.Imaginar a cena, imaginar que existe um curso pra essa monstruosidade. Pior, uma ministra participou e apoiou isso. É esse tipo de gente que ta comandando o nosso Brasil.
Querida “desconhecida”,
Agradeço o seu comentário.
O exercício imaginativo que a deixou aterrorizada pode se tornar realidade, porque a protagonista dele é alguém que ocupa um cargo de poder e que, neste posto, preserva suas “convicções”.
Abraço,
Bruno Braga.
Belo Horizonte, 18 de Março de 2012.
Apenas uma observação: o que aconteceu na Colômbia não foi imaginação, aconteceu, de fato.
Bruno Braga.
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