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Friday, April 27, 2012

A arte de ler, acompanhada da arte de "não ler".


Bruno Braga.


Em outras oportunidades considerei a importância da habilidade da leitura [1] – fundamental em diversos campos da atividade intelectual, inclusive no da análise política [2]. No entanto, é preciso atentar-se para o pertinente conselho de Schopenhauer: a arte de “não ler” também é extremamente importante. A vida é curta, o tempo e a energia são limitados, de modo que uma das condições para ler o que é, de fato, bom, é não ler o que é ruim.

Para orientar o processo de seleção de leituras, o filósofo de Danzig estabelece alguns critérios. Não se dedicar somente ao que ocupa o grande público, como panfletos políticos e literários, novelas, poemas – tudo isso promove tumulto e desordem na vida das pessoas que compõem a grande massa. Além disso, Schopenhauer não hesita: quem escreve para idiotas sempre encontra um grande público – então, é preciso “devotar todo o pouco tempo que temos para ler exclusivamente as obras das grandes mentes de todas as nações e épocas, que se elevam acima do restante da humanidade e por quem a voz da fama assim o indica” [3]. Apenas isto realmente educa e instrui – “livros inferiores são venenos intelectuais; eles corroem a mente” [4].

Um complemento para a orientação de Schopenhauer poderia ser a lista de leituras do St. John’s College, referendada por Mortimer Adler [5]. Ela é valiosa e um bom começo para quem pretende se dedicar aos estudos.    


Referências.

[1]. BRAGA, Bruno. Orientação para o exercício da leitura [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/03/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_05.html]; Orientação para o exercício da leitura – Complemento.


[3]. SCHOPENHAUER, Arthur. Parerga and Paralipomena, §295.

[4]. Idem.

[5]. Reading List, St. John’s College [http://www.stjohnscollege.edu/academic/readlist.shtml].

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