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Thursday, January 03, 2013

Vítima de experimentos sexuais suspeitos revela.



Entrevista de “Esther White” expõe pesquisa científica “má”. Parte I.

Autor. Brian Fitzpatrick.
Data da publicação. 11 de Outubro de 2010.
Tradução. Bruno Braga.


WASHINGTON – No dia 01 de Outubro o Governo Federal emitiu um notório pedido de desculpas pelos experimentos conduzidos na Guatemala entre 1946 e 1948. Sem o consentimento ou permissão delas, aproximadamente 700 pessoas foram infectadas com sífilis e gonorreia com o propósito de pesquisa científica. Por fim, os pacientes foram tratados com penicilina.

No entanto, durante o mesmo período, experiências ainda mais horrendas foram realizadas – incluindo o abuso sexual de centenas de bebês e crianças com até 2 meses de idade – não em um país distante da América Central, mas na Universidade de Indiana, instituição pública financiada pelos governos estadual e federal. Os pesquisadores nunca trataram as vítimas dessas pesquisas, e ninguém emitiu um pedido de desculpas.

A pesquisa do biólogo Alfred Kinsey sobre o comportamento sexual humano é celebrada agora como pesquisa pioneira, e Kinsey ficou conhecido como o pai da revolução sexual. Ele e o instituto que leva o seu nome foram amplamente aclamados pelos jornais e na comunidade acadêmica. O trabalho de Kinsey continua causando um impacto profundo nas leis e na cultura norte-americana até hoje.

A pesquisa de Kinsey é altamente polêmica por estar baseada – de forma desproporcional – em centenas de entrevistas com prisioneiros, criminosos sexuais, e prostitutas. Kinsey e seus colegas classificaram falsamente estas pessoas como cidadãos normais do período da Segunda Guerra Mundial, deixando sob suspeita a validade das suas descobertas. Porém, o mais infame – de fato criminoso – aspecto da pesquisa de Kinsey envolveu o que é revelado diretamente nas tabelas 30-34 do seu destacado livro de 1948, “O Comportamento Sexual do Homem”.

Estas tabelas registram o tempo necessário para a criança atingir o “orgasmo” e quantos orgasmos ela é capaz de atingir em um período de minutos ou horas. Centenas de garotos inocentes sofreram nas mãos de pedófilos para que esses dados pudessem ser compilados.

Kinsey produziu um segundo livro em 1953, “O Comportamento Sexual da Mulher”. Para recolher os dados para a pesquisa, Kinsey e seus pesquisadores permitiram que garotas inocentes fossem abusadas por pedófilos. Agora uma dessas vítimas – “Esther White” (pseudônimo) – está contando a sua história.

Durante anos o Instituto Kinsey negou consistentemente que Kinsey tivesse recrutado pedófilos para conduzir sua pesquisa ou que soubesse sobre o contínuo abuso de crianças. “Esther White” adiantou-se para nos dizer que não foi assim.

“Esther White” adulta.

WND. Como você se tornou objeto dos experimentos de Kinsey?
Esther White. Meu avô acertou toda esta coisa. Ele era a conexão. Ele foi para a Universidade de Indiana, estava recebendo lá o certificado de professor. Kinsey era um professor muito jovem e meu avô era um estudante muito velho, ele já tinha 3 filhos antes de ir para a Universidade.

Ele era muito amigável com Kinsey. Costumava ter uma foto com Kinsey, na parte inferior ele tinha escrito “Eu e Alphe”. É como Kinsey soletrou, A-L-P-H-E.

Meu tio se mudou para Bloomington por volta de 1948. Anos depois ele me contou que sua esposa estava socialmente envolvida com a Sra. Kinsey. Ele parecia muito orgulhoso desse fato, porque a Sra. Kinsey era socialmente eminente. Ele também me contou que achava Kinsey um sujeito “esquisito”.

Meu tio, avô, e meu pai foram se encontrar com Kinsey na Universidade no dia de Ação de Graças, em 1950. Toda a nossa família estava tendo um jantar de Ação de Graças lá. Outro tio parecia estar chateado com isso, e se recusou a ir. Ele disse que preferia ficar em casa com os sobrinhos e com as sobrinhas. Eu não fui, eles não me convidaram.

Eu acredito que isso foi quando eles fizeram o acordo para utilizar a informação que arranjaram antes do segundo livro de Kinsey, aquele sobre mulheres. No primeiro existem algumas estatísticas sobre garotinhas também, elas só não eram os destaques. Enquanto estava escrevendo o que tratava dos homens, eu acredito que ele já sabia que escreveria o livro sobre garotas.

WND. Quantos anos você tinha quando começou o abuso?
Esther White. Meu avô abusou de mim apenas uma vez, quando eu tinha 4 anos. Ele não fez isso novamente porque – acredito eu – não teve oportunidade.

Meu pai começou quando eu tinha 7 anos. Nasci em 1934, e tinha 7 anos quando isso começou, então era 1941. Meu pai fingiu que estava doente algumas vezes para poder ficar sozinho comigo em casa. Eu apenas fiz o que ele disse para eu fazer.

WND. Seu pai teria abusado de você se não tivesse se envolvido com Kinsey?
Esther White. Não sei. Meu avô o colocou nisso. Acho que o pessoal do Kinsey na Universidade de Indiana disse para o meu avô se envolver. Eles fizeram uma lavagem cerebral em todos os estudantes sobre como a pesquisa era importante, que o conhecimento era deus.

Meu tio estava envolvido nisso também. Ele molestou sua enteada e, óbvio, o racha na família foi horrível – a esposa se divorciou dele. Tudo foi mantido em silêncio. Eu não encontrei nada sobre isso até cinco anos atrás, quando a segunda esposa dele me contou. Mas este homem se tornou um cristão devoto e se arrependeu copiosamente. Ele percebeu que havia sido enganado por Kinsey, acredito.

Acho que meu pai se arrependeu também. Eu não poderia falar exatamente as palavras, porque ele teve um derrame. Mudei-me para sua casa, para cuidar dele e da minha mãe. Ele desabou a chorar uma vez. Acredito que tentava dizer que estava arrependido. Era um homem cristão quando morreu.

É como descascar uma cebola, existem muitas camadas.

WND. Seu pai molestou alguma outra criança?
Esther White. Não acredito que ele tenha molestado outras crianças. Não acho que minha mãe tenha dado oportunidade para ele.

WND. Você pode me dizer o que seu pai fez com você?
Esther White. Tudo. Eu me envergonho só de pensar nisso. Ele estimulava orgasmos em mim e os marcava com um cronômetro. Eu não gostava, tinha convulsões, mas ele não se importava. Disse que todas as garotinhas faziam isso com seus pais, e que elas só não comentavam.

Certa vez uma garotinha bateu à porta justamente no meio de uma sessão. Ela queria me chamar para brincar, e eu corri para fora. Foi a minha oportunidade para escapar, e eu a aproveitei, apesar do meu pai gritar para eu voltar. Essa foi a única vez que eu fugi.

 “Esther White” com 9 anos.

WND. Seu pai alguma vez a forçou a ter relações sexuais com ele?
Esther White. Ele não me forçou fisicamente. Não era violento, fez isso em nome do amor. Ele tinha a ideia doente de que eu queria sexo com ele. É como essas pessoas pensam. São homens arrogantes.

Eu provavelmente resisti o tempo todo, mas não me era permitido resistir. Eu disse não, mas ele não quis ouvir. Eu tive convulsões, mas ele não prestou qualquer atenção. Estava condenada ao silêncio. Não falei para a minha mãe porque não queria provocar um divórcio, este era o meu maior medo. Era horrível naquela época, ninguém se divorciava.

Eu humilhava meu pai em qualquer oportunidade que tinha. Ele estava furioso comigo o tempo todo. Quando tentava fazer com que eu me submetesse, então eu o humilhava dizendo não.

WND. Kinsey tinha ciência do que estava acontecendo com você?
Esther White. Kinsey ou seus parceiros sabiam. Em 1943, quando tinha 9 anos, eu encontrei uma folha de papel com quadros gravados, na qual meu pai marcava as coisas que estava fazendo comigo. Ele agarrou a folha para longe de mim e a colocou em um envelope pardo.

WND. Você pode descrever a folha de papel?
Esther White. Tinha a forma de pequenas caixas no canto esquerdo – embaixo - da página e uma lista de considerações descrevendo os atos sexuais. O formulário continha instruções sobre o que fazer. Era para treinar. Ele deveria marcar, tivesse ele feito ou não.

Uma das anotações incluía as palavras “orgasmo cronometrado”. Eu não sabia o que significava “orgasmo”. Então eu perguntei. Ele me explicou exatamente o que estava fazendo e o que era um orgasmo. Eu sabia que ele tinha um cronômetro na mão quando fazia isso, mas eu não compreendia o que ele estava fazendo. Eu era muito jovem, não entendia nada dessas coisas, eu estava fazendo apenas o que meu pai dizia para fazer. Ele alegou estar fazendo isso por amor.

WND. E isso foi feito com você em nome da ciência? Por pessoas que estavam conduzindo a pesquisa?
Esther White. Eu não sei ao certo se meu pai estava envolvido com as coisas de Kinsey no começo.

Em 1947 meu pai me deu uma cópia da pré-publicação do livro de Kinsey sobre o homem. Eu deveria ler e fazer a minha avaliação. Eu tinha 13 anos. Os abusos pararam porque minha mãe descobriu.

Meu pai disse que ajudou Kinsey a escrever o livro, e que ele modificaria a maneira como o mundo via a sexualidade. Ele queria que eu fizesse a revisão de dois parágrafos do livro. Não fiz. Quando eu o li ele me fez ficar doente. Percebi, então, o que eles estavam fazendo. Os gráficos estavam lá, eles marcavam o tempo dos orgasmos, e eu não queria nada que tivesse a ver com isso.

Eu não estava completamente consciente de Alfred Kinsey, era apenas o livro. Não queria qualquer parte disso, e eu o devolvi. O livro permaneceu na biblioteca do meu pai até a morte dele, e então eu o joguei fora. Ele era um grande fã de Freud, tinha três livros dele, e eu os joguei fora também.

WND. Você se encontrou com Kinsey?
Esther White. Eu fui entrevistada por ele. Ele e Pomeroy vieram até a casa do meu avô em Columbus, Ohio, no início dos anos 1940. Minha bisavó estava lá. Acho que ela devia saber que algo estava errado, porque ela me encarou de uma forma terrível.

Kinsey deveria vir para o almoço, mas houve uma tempestade de neve e eles se atrasaram. Minha bisavó preparou um grande almoço. Acredito que ela ficou chateada por causa do atraso, por isso eles não tiveram tempo para almoçar. Kinsey se embora porque dava uma palestra no estado de Ohio.

Kinsey me entrevistou, ele me fez algumas perguntas, coisas do tipo, se eu amava a minha família. Meu pai tinha me dito o que eu deveria responder, nós queríamos passar uma boa impressão. Eu descobri mais tarde que nós tínhamos que passar uma boa impressão porque estávamos sendo pagos por isso.

Quando Kinsey estava prestes a sair, meu avô disse, “E o cheque?” Kinsey respondeu, “Eu quase esqueci”, e eu o vi entregando um cheque para o meu avô. Kinsey disse, “Eu fiz a emissão para ambos porque não sabia quem iria receber o dinheiro”. Isso foi no inverno de 1943.

Eles tinham que fazer o gráfico primeiro, então foram pagos. O cheque era provavelmente de $6.000,00. Era um “6” e um monte de zeros depois dele. Pouco depois minha família comprou uma casa nova. O cheque foi suficiente para pagar dar de entrada na casa.  

WND. O Instituto Kinsey a acompanhou?
Esther White. De maneira nenhuma. Eles não se importavam comigo. Na verdade, nem meu pai. Ele não se importava com o que isto estava fazendo comigo. Ele pensava que tudo – por causa disso – deveria ser melhor, que eu seria uma pessoa melhor, com uma mente mais aberta.
   


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