Bruno
Braga.
Aristóteles
Drummond é jornalista, escritor, articulista e apresentador. Neto do
historiador Augusto de Lima Júnior, conserva a obra do ilustre avô. Foi
dirigente e consultor de empresas como a Light, Eletronorte, Cemig, e outras.
Além de todas estas atividades, participou intensamente da vida política do
Brasil.
Nesta
entrevista informal, Aristóteles dá o seu testemunho sobre um importante momento
histórico para o país, e que ecoa no presente com a “Comissão da Verdade”: o
Movimento de 64 e o Regime Militar.
Ambos
reconhecemos algumas divergências sobre o assunto. Mas, independentemente de
uma ou outra observação, conservamos um ponto em comum: eu, natural de
Barbacena, e ele, um cidadão honorário da cidade.
Bruno Braga. Aristóteles, você poderia contar um pouco da sua história e
apontar em que ponto ela é cruzada pelo movimento de 64?
Aristóteles Drummond. Sou católico, de família católica, com uma história de gerações
com presença na vida política e intelectual do Brasil. Aprendi com meus pais e
meu avô materno, o historiador mineiro Augusto de Lima Junior, a cultuar os
valores da nacionalidade, o respeito à história e aos homens que a fizeram.
Desde os 12 ou 13 anos lia muito sobre Brasil e sobre personalidades mundiais.
Natural que, em 62, com 18 anos incompletos, desse inicio à minha presença na
luta pela democracia, reunindo jovens e lançando um movimento, o GAP Grupo de
Ação Patriótica - através de uma entrevista na terceira página de O GLOBO, dia
8 de agosto de 1962. Tinha acesso a este grande jornal, que na época estava
alinhado no combate ao comunismo no Brasil, inclusive por ser afilhado de
batismo de um de seus diretores, Rogério Marinho e meu pai ser amigo de toda a
vida da família. O Chefe da Redação era um democrata, Alves Pinheiro. Depois...
Bruno Braga. O Comunismo, naquele momento, era uma ameaça real para o Brasil?
Aristóteles Drummond. Mais do que ameaça. Estavam no governo, manipulavam entidades
importantes e suas verbas, o país vivia um clima de insegurança, com greves,
invasões no campo e uma escalada totalitária que chegou a encampar, no final do
regime Goulart, refinarias de petróleo privadas. Por isso a Revolução foi
amplamente apoiada pela sociedade em geral. Nenhuma reação. Foi como a saída
recente do Presidente Lugo, do Paraguai. Caíram de podres...
Bruno Braga. O Regime Militar tinha uma proposta totalitária – de domínio de
todas as dimensões da vida social – ou concentrava-se propriamente no combate
do movimento revolucionário, sobretudo dos grupos armados?
Aristóteles Drummond. Nunca houve intenção totalitária e muito menos governo
totalitário. Não confundir com a Cuba dos inimigos da Revolução. O movimento,
que foi cívico-militar e não militar, implantou um regime autoritário, mas
respeitando o direito de ir e vir, a propriedade, a liberdade de imprensa – com
alguns momentos depois de censura leve – nunca proibiu jornais estrangeiros nem
se bloqueou emissões internacionais de radiodifusão, coisa que acontece até
hoje nos países comunistas como Cuba, China e Coréia do Norte. Combate ao
terrorismo só em 68 em diante, face aos atentados, sequestros de diplomatas,
etc... O que a Revolução fez, no Governo Castelo Branco foi a modernização do
Brasil com Roberto Campos, criando o Banco Central, o BNH, que deu sete milhões
de moradias ao brasileiro, a EMBRAPA, a EMBRAER, EMBRATUR e tantas outras
entidades fomentadoras do progresso. Costa e Silva em cerca de dois anos de
mandato, pois ficou doente, duplicou a Via Dutra, asfaltou a Belém-Brasília,
construiu a Ponte Rio-Niterói - que leva seu nome – e revelou ao Brasil grandes
personalidades como Delfim Neto, Mário Andreazza. O Chefe da Casa Civil era o
notável político mineiro Rondon Pacheco.
Bruno Braga. Esta questão está relacionada com a anterior, mas gostaria de
saber especificamente sobre o cidadão comum. Ele, que tinha os seus projetos e
ideais, a rotina dos estudos, do trabalho, ou uma vida familiar, era de alguma
forma ameaçado pelo Regime Militar, ou levava normalmente a sua vida?
Aristóteles Drummond. Ameaçado nunca, melhorou foi de vida, viu o país crescer, viu a
corrupção diminuir, viu a ordem nas ruas, viu o Brasil sair de 46a economia
para chegar à oitava, patamar em que ainda está, ou perto disto. O ensino
superior cresceu com a abertura para o setor privado. O brasileiro gostou tanto
que dava maioria ao partido do governo, apesar da orquestração competente das
esquerdas no meio da mídia e da cultura.
Bruno Braga. Você vê algum contraste entre o discurso dos idealizadores,
membros e defensores da “Comissão da Verdade” e a sua própria experiência
daquele momento histórico?
Aristóteles Drummond. Nada disto. Esta comissão é uma aberração. Tem a lei da anistia,
tem o tempo decorrido, tem a união dos brasileiros a ser preservada, e é
totalitária por se dirigir só a um lado, quando a violência foi dos dois lados.
E com requintes. Considero esta parte como que um caso de polícia, como é
tratado no mundo hoje o combate ao terrorismo. Nada diferente. Em nome de
ideais confusos - não eram democratas liberais, mas comunistas, mataram,
sequestraram, denegriram o país lá fora. Gente que por mais bem intencionada
que fosse não tinha bons exemplos e boas lições em casa, ou tiveram e não
digeriram. Uma pena, um jovem trocar o estudo e o trabalho para agir com
violência, sem sentido e sem possibilidade de êxito. Todos estão nos partidos
de esquerda hoje. Não tem um nos democratas. MAS NÃO POSSO deixar de pedir que
fique registrado que nós, de 64, acreditamos na anistia, na superação do
passado, olhamos o Brasil com amor por todos, inclusive reconhecemos fatos
positivos depois que as esquerdas chegaram ao Poder com FHC, QUE INVENTOU ESTA
INDÚSTRIA DE INDENIZAÇÕES É BOM LEMBRAR. Nós não temos a formação do ódio, nem
da intolerância, muito menos da violência. E ela só existiu nos porões
policiais, como hoje ainda é comum nas regiões metropolitanas nos embates da
autoridade e transgressores. Seria indigno se o Exército, por exemplo,
permitisse, docemente, que parte de nosso território ficasse em mãos de
comunistas revolucionários. Tiveram de ir lá e cumprir com o dever
constitucional, moral e histórico. Sinto muito pelos que morreram, não apenas
os militares, mas aqueles jovens que estavam iludidos, jogando na aventura
frustrações pessoais ou familiares. Nada fora de Freud pode explicar uma
loucura de menos de cem jovens dominar um país que vivia seus grandes
movimentos de progresso e ordem.
Nota. Para conhecer um pouco mais sobre a vida e o trabalho de
Aristóteles Drummond, visite o site [http://www.aristotelesdrummond.com.br/index.asp].
Anexo.
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