Bruno
Braga.
Entre
os estereótipos que formam o imaginário político do brasileiro – e não apenas o
do cidadão comum, mas o de grande parte dos analistas e cientistas – dois têm
coroas de destaque, pois proporcionam ganhos inestimáveis aos seus
representantes de carne e osso. Um é a concepção de que o PT não é um Partido
Socialista-Comunista, e o outro, a ideia de que o PC do B não tem mais a
essência comunista. Porém, é preciso rastrear os próprios agentes – reais e
concretos – que se movem e agem valendo-se destas máscaras públicas, para
verificar se, de fato, existe uma correspondência entre as ideias deles e
aquelas que formam o imaginário e a cultura política.
Em um Comunicado dirigido à Mesa Diretora do XIII Foro de São Paulo, realizado em El Salvador no ano 2007, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) louvam o PT por ter sido ele uma tábua de salvação do movimento revolucionário Socialista-comunista:
“Em
1990 já se via vir abaixo o campo socialista, todas as suas estruturas
fraquejavam como castelo de cartas, os inimigos do socialismo festejavam a mais
não poder, se cunhavam teorias como a do fim da história, muitos
revolucionários no mundo observavam atônitos e sem conhecer o que havia falhado
para que ocorresse semelhante catástrofe.
A
utopia se dissipava, a desesperança se apoderou de muitíssimos dirigentes que
haviam dedicado toda sua vida à luta por conquistar um mundo melhor,
idealizando-o com o modelo de socialismo desenvolvido da União Soviética.
(depois
de observar o Socialismo na China, Coréia do Norte, Vietnam e em Cuba) [...] É nesse preciso momento que o PT lança a
formidável proposta de criar o Foro de São Paulo, trincheira onde nós
pudéssemos encontrar os revolucionários de diferentes tendências, de diferentes
manifestações de luta e de partidos no governo, concretamente o caso cubano.
Essa iniciativa, que encontrou rápida acolhida, foi uma tábua de salvação e uma
esperança de que tudo não estava perdido. Quanta razão havia, transcorreram 16
anos e o panorama político é hoje totalmente diferente” [...] [1]. (O
destaque é meu).
Por
sua vez, no Jornal do PC do B, Classe Operária [2], o Presidente nacional do
Partido Comunista, Renato Rabelo, proclama:
O PC do B não alterou sua
identidade comunista e socialista. É um partido de princípios, voltado para
nossos dias e orientado por uma tática flexível (o
destaque é meu).
Além
disso, a publicação enfatiza que, com as comemorações dos 90 anos do PC do B, o
projeto é acentuar uma corrente marxista-leninista revolucionária com a “indicação
do rumo socialista para o Brasil”.
Nestes
termos, as ideias que orientam os próprios agentes políticos não correspondem à
imagem pública do PT e do PC do B. Embora se apresentem com siglas distintas,
com uma face higienizada e um traje moderno, ambos os partidos carregam a mesma
essência: a mentalidade revolucionária Socialista-Comunista. A mesma que, além
de um morticínio jamais visto na história da humanidade, promove uma degradação
intelectual sem precedentes. Na América Latina o Foro de São Paulo é um centro
de promoção cujo objetivo é a concentração do poder - é onde se perpetua a
tradição de fomentar estereótipos para formar o imaginário e a cultura política,
e onde o PT e o PC do B se encontram [3].
Referências.
[1].
Cf. Pravda.ru, 2007. FARC: Saudação ao
Foro de São Paulo [http://port.pravda.ru/mundo/25-01-2007/15168-farcsaudacao-0/#].
[2].
Cf. Jornal do PC do B, Classe Operária, Ano 85, sétima fase, n. 34, Abril de
2011. p. 03.
[3].
Foro de São Paulo, Partidos membros [http://forodesaopaulo.org/?page_id=52].
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