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Wednesday, October 26, 2011


O risco de freqüentar a posição de contra-exemplo é tornar-se um mau-exemplo.
Bruno Braga.



Em outro momento observei o valor do contra-exemplo para demonstrar a inaplicabilidade de uma hipótese [1]. Porém, é preciso acrescentar àquela consideração: um autor que constantemente figura na posição de "contra-exemplo", por insistir em teses refutadas, está sob a ameaça de tornar-se um autêntico "mau-exemplo". Pois é esta, justamente, a condição de Dimas Soares Ferreira. Suas concepções já foram contestadas algumas vezes, sem que da sua parte houvesse qualquer objeção [2]. Mas, o nobre articulista é um intrépido colosso. Com ares de vitalidade e indiferença, com um olhar revolucionário, fixo no horizonte, Dimas continua sua atividade de militância – ou permanece em um peculiar estado de delírio provocado por seus ideais.

Para redigir o seu artigo mais recente, "Ocupemos Wall Street" [3], Dimas Soares parte de um de seus antigos escritos, "Ande como um egípcio" [4]. Isto quer dizer que o articulista reafirma suas concepções [5]. Porém, no intervalo entre a primeira e a mais recente publicação, o mundo foi surpreendido por alguns eventos. Então, seria pertinente examinar os artigos de Dimas Soares para verificar se estas ocorrências não comprometem a sua insistência em determinadas teses – uma análise que pode ser útil também como instrumento de avaliação das hipóteses do autor, e um exercício de compreensão dos fatos.

§1. Ainda "como um egípcio".

Passados alguns meses desde a publicação do seu artigo "Ande como um egípcio", Dimas Soares continua comemorando a vitória dos árabes sobre o que chama "monarcas e ditadores teocráticos fundamentalistas". Ele enaltece a iniciativa dos insurgentes, que se uniram em convocações feitas através das redes sociais na Internet. Alertei o articulista para o fato de que não havia espontaneidade, nem nas convocações, nem nas próprias manifestações públicas egípcias. Os protestos eram orientados, inclusive, com um "Manual dos Manifestantes do Egito" [6]. Além disso, adverti Dimas Soares que a "Irmandade Muçulmana" estava por trás destas rebeliões – uma organização que tem uma origem obscura; no seu histórico há o registro de colaboração com o Nazismo, e hoje tem ligações estreitas com grupos terroristas, como o "Hamas".

O presidente egípcio Hosni Mubarak não suportou as pressões, e renunciou. Porém, a violência contra cristãos foi intensificada, Igrejas foram incendiadas e fiéis foram assassinados – tudo com a conivência das autoridades "revolucionárias" [7]. A então chamada "Primavera árabe" transformou-se em um "Inverno cristão". Surpreendentemente, em um artigo que celebra a queda de "monarcas e ditadores teocráticos fundamentalistas", como o de Dimas Soares, não há uma só referência a estes trágicos episódios. Pelo contrário, o articulista continua "andando como um egípcio" – talvez com o uma túnica, turbante e babuchas de couro, à moda "multiculturalista" - e celebrando a ascensão da "Irmandade Muçulmana". Ora, Dimas Soares poderia esclarecer o que o levou a não considerar a perseguição contra os cristãos em seu artigo – porque, se ele desconhece estas ocorrências, seria uma oportunidade para emendar o seu texto e corrigir os erros e equívocos aos quais todos nós estamos sujeitos; agora, se ele tinha ciência dos fatos, é necessário justificar a sua cumplicidade com os atos de violência, com a matança de cristãos no Oriente.

§2. Andando agora como os jovens ingleses.

Dimas Soares é realmente um revolucionário multiculturalista. Anda não só como um egípcio, mas também como um jovem rebelde londrino – agora, quem sabe, como um punk, com cabelo moicano, calça jeans rasgada e coturno.

O articulista faz referência aos "manifestos e rebeliões" na "comportada" Inglaterra, que descambaram para a violência depois das brutais ações da polícia (as aspas reproduzem as suas próprias palavras). Acontece que se passou justamente o contrário da descrição fornecida por Dimas Soares: o governo britânico foi acusado de negligenciar os protestos, demorando a intervir e conter a baderna.

Agora, será que as manifestações foram realmente "rebeliões populares" como quer fazer parecer o articulista? É possível traçar o perfil dos "rebeldes" a partir daqueles que foram detidos. Entre eles estão estudantes de universidades de elite e pessoas que pertencem a classes mais abastadas [8]. Mas o filósofo inglês Roger Scruton pode fornecer uma descrição mais precisa dos "manifestantes populares" de Dimas Soares:

"Os baderneiros de Londres são, pelos padrões do século XVIII, ricos. Desculpe-me, mas é resultado de exclusão depredar uma cidade porque você tem só um carro, um apartamento pequeno pelo qual não paga aluguel, recebe mesada do governo sem ter de fazer nada para embolsá-la, compra três cervejas, mas gostaria de beber quatro, e acha que ter apenas um televisor em casa é pouco? Não. Ver exclusão nesses episódios só faz sentido na cabeça de um professor de sociologia" (Roger Scruton em entrevista concedida à Revista Veja de 21 de Setembro de 2011, p. 17).

Esta "exclusão" faz sentido na cabeça de um professor de sociologia e na cabeça de Dimas Soares.

Ademais, os manifestantes londrinos, segundo a descrição de Scruton, poderiam ser considerados "patricinhas" e "mauricinhos" – tipos que o articulista do portal "Barbacena Online", na sua dissertação "Ocupemos Wall Street", condena por protestarem contra a corrupção no Brasil.

Não sei qual o perfil dos manifestantes brasileiros, mas este tipo de argumentação invoca a desconfortável imaturidade juvenil, que resume todos os seus conflitos afetivos com o brado: "é coisa de playboy!" Mas Dimas Soares tem um estimulante a mais para a sua rebeldia adolescente: a sua obsessão pela "luta de classes". Para o articulista, protestos de "patricinhas" e "mauricinhos" não têm legitimidade, porque todos, todos eles, são "filhinhos de papais" que assaltam, que exploram o "povo", o "proletariado" – eles não fazem parte da "sociedade".

Um momento, um momento... Ocorre-me uma ligeira dúvida: será que Dimas Soares condena os protestos de "patricinhas" e "mauricinhos" contra a corrupção porque eles denunciam os ídolos, os correligionários e aliados do articulista? Quem sabe...

Para Dimas Soares, o nobre articulista e púbere rebelde barbacenense, não se deve combater a corrupção, mas o "sistema". Ele, de fato, é um autêntico revolucionário: quer mesmo é subverter o "sistema". E este tem sido mesmo o seu trabalho enquanto "Intelectual". Dimas pretende derrubar o "sistema capitalista" para instaurar o que chama "verdadeira democracia", possível apenas com a "socialização de todos os meios de produção", diz ele. Mas, por trás desta promessa de "futuro maravilhoso" está a sombra do Socialismo-comunismo, e a concentração do poder nas mãos do seu grupo, e do seu "Partido".

§3. Dimas convoca: "Ocupemos Wall Street!"

O "revolucionário" juvenil, inimigo de "patricinhas" e "mauricinhos", conclama: "Ocupemos Wall Street!" Para arregimentar novos militantes para a sua causa, Dimas relaciona os "espíritos nobres" que apóiam a manifestação, como Michael Moore. Ora, a presença do diretor de um documentário que é uma falsificação criminosa, já dá conta do tipo de credibilidade que tem esta manifestação [9].

De qualquer modo, é preciso verificar quem está, de fato, por trás do protesto "Ocupando Wall Street". O articulador é um aliado do presidente americano Barack Obama, chamado Stephen Lerner [10]. Obama exige que os "ricos" paguem mais impostos – uma idéia que Dimas Soares certamente compartilha com Obama, pois sugere a sua obsessiva "luta de classes". Acontece que, ONG's que participam do protesto são alimentadas pelo capitalista George Soros, e contam com a simpatia do multimilionário Warren Buffet. Dimas Soares não sabe que estes protestos têm o suporte de capitalistas? Lógico que sabe. Porque esta é uma estratégia historicamente utilizada por Socialistas-comunistas – os capitalistas aliados são privilegiados pelo "regime" enquanto, simultaneamente, fortalecem o "Partido". É o que está acontecendo no Brasil governado pelos correligionários do articulista.

Ademais, a crise americana tem origem única e exclusivamente no sistema financeiro – em "Wall Street" – ou no Capitalismo, como acusa Dimas Soares? Não. Embora alguns dos grandes bancos não estejam isentos de culpa, a crise americana teve início no Governo, com determinações decisivas a respeito dos créditos "subprime" na administração do "liberal" Bill Clinton – "liberal", nos Estados Unidos, é o mesmo que "esquerdista".

§4. Para concluir.

Diante do exposto, as hipóteses de Dimas Soares são nitidamente deficientes. Erros e equívocos foram apontados quando o articulista havia redigido "Ande como um egípcio" [11]. Mas, desconsiderando as advertências, ele insistiu em suas teses, reafirmadas na nova dissertação, "Ocupemos Wall Street". Acabou desmentido pelos desdobramentos dos fatos, sobretudo com a trágica matança de cristãos no Egito.

Os tropeços de Dimas Soares não são conseqüência apenas de uma possível displicência investigativa. Eles são o resultado de uma distorção dos fatos – ou premeditada ou psicótica - que pretende servir como peça panfletária de uma ideologia, de um grupo, de um "Partido". São, também, um brado púbere juvenil de um inimigo de "patricinhas" e "mauricinhos", que reclama a atenção da mídia para a sua causa. Para ele as notícias que circulam todos os dias nos veículos de comunicação não são suficientes suprir a sua carência adolescente. Como um rebelde mimado, ele exige não só que a mídia seja simpática aos seus ideais, que lhe dirija palavras de conforto e apoio, e noticie única e exclusivamente as suas bandeiras. O carente revolucionário juvenil, Dimas Soares, quer toda a mídia para a sua turma, para o seu grupo. 

Notas.

[1] BRAGA, Bruno. “Família do ‘Novo Milênio’?”. http://dershatten.blogspot.com/2011/08/familia-do-novo-milenio-bruno-braga.html
[3] Portal “Barbacena Online”, 16 de Outubro de 2011. http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=7228&inf=100
[4]  Portal “Barbacena Online”, 17 de Abril de 2011 - http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=5949&inf=100
[5] Levantei algumas objeções ao artigo “Ande como um egípcio”, que podem ser conferidas em “Novo comentário”, com o link indicado na nota ii.
[6] Cf. “Dois comentários”, com o link indicado na nota ii..
[9]  O documentário “Farenheit 9/11”, ainda celebrado no Brasil, é reduzido a pó por Christopher Hitchens, no artigo “Unfairenheit 9/11 – The Lies of Michael Moore” (em uma tradução livre, “As Mentiras de Michael Moore”) [http://www.slate.com/articles/news_and_politics/fighting_words/2004/06/unfairenheit_911.single.html].
[10]  Para quem desejar conferir o “modus operandi” do “terrorismo” contra o sistema financeiro nas palavras do seu próprio autor, acesse http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FsZECfIGGeA#!.
[11] E também quando publicou o artigo “Uma revolução no rumo da democracia”. Dimas E. Soares, portal “Barbacena Online”, 27 de Fevereiro de 2011 [http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=5598&inf=3]. As críticas estão em “Dois comentários” [http://dershatten.blogspot.com/2011/03/dois-comentarios.html].

Friday, October 14, 2011

Nos arquivos soviéticos, uma memória do Brasil.


Bruno Braga.

 
Vladimir Bukovsky é um nome praticamente desconhecido no Brasil. A omissão não se deve somente a mais um típico caso brasileiro de desprezo pelo conhecimento; ela atende também a uma estratégica orientação editorial político-ideológica. Este expediente, no entanto, denunciado no momento em que é celebrada a perspectiva de instauração de uma "Comissão da Verdade" - que será encarregada de apurar violações de direitos humanos, sobretudo os supostamente ocorridos durante o período do regime militar - revela-se mais que um mero descaso, supera a absoluta ignorância, o jogo político ou a batalha de idéias: é o desrespeito mais cretino e canalha com a própria verdade.

O valor dos relatos de Bukovsky estaria assegurado pela descrição das barbaridades e horrores de um regime totalitário. Eles são a transcrição de doze anos de experiências terríveis e angustiantes em prisões, campos de trabalho, e "psikhuskas" – unidades psiquiátricas para a internação e tratamento forçado de presos políticos – comunistas. Porém, o trabalho do dissidente soviético não se resume a estes relatos – a sua atuação em um evento específico na Rússia pode contribuir para revelar uma parte da história do Brasil que, por medida política ardilosa, está sendo suprimida.

No ano de 1992, após a dissolução da União Soviética, Boris Yeltsin fora processado pelos comunistas na Corte Constitucional russa – o objetivo era fazer com que a Corte julgasse a medida do antigo Presidente, que baniu o Partido Comunista em Agosto de 1991. Sob o risco de perder o processo, agentes de Yeltsin contataram Bukovsky – a colaboração de um dissidente com uma longa trajetória de ativismo e denúncias contra o regime comunista seria preciosa. Bukowsky, por sua vez, via neste processo uma oportunidade para desenterrar publicamente o histórico de atividades criminosas do Comunismo – porém, para fornecer o seu testemunho, impôs uma condição: o acesso aos arquivos soviéticos. O acordo foi selado. Contudo, Bokovsky teria à sua disposição apenas documentos que guardassem alguma relação com o processo em curso, e somente durante o tempo que durasse o entrave judicial. Sob estas condições Bukovsky recebeu o status de "expert" – perito, especialista – perante a Corte Constitucional da Federação Russa.

Bukovsky não atuou no processo judicial apenas como "expert". Ele copiou secretamente parte dos documentos aos quais teve acesso. Foram centenas de páginas de registros, incluindo documentos ultra-secretos, capturadas por um laptop equipado com um scanner de mão. No entanto, o material reunido e os desdobramentos do processo junto à Corte Constitucional, revelariam que a sobrevivência do Comunismo não fora obra do acaso. A decisão da Corte, ainda que ratificasse a proibição dos órgãos dirigentes do Partido Comunista, abria a possibilidade para seus membros formarem novos partidos, por permitir o funcionamento dos órgãos de base. Além disso, os comunistas permaneciam no poder em nações do antigo bloco de Varsóvia, ao mesmo tempo em que contavam com a influência de seus antigos colaboradores ocidentais, que em posições de influência ao redor do mundo, se esforçavam para que as atividades criminosas do Partido fossem ocultadas, de modo que ninguém se comprometeria. A expectativa de Bukovsky, de ver os beneficiários do regime comunista julgados pelas barbaridades que cometeram – como o foram os beneficiários do nazismo – acabou frustrada. Porém, o seu trabalho não foi em vão, porque os documentos copiados por ele ajudam a reconstruir não apenas a história do regime soviético, mas preenchem as memórias de muitos países, entre eles o Brasil. Por isso poderiam perfeitamente compor os trabalhos da "Comissão" que pretende estabelecer a "verdadeira" história nacional.

Em documento de Maio de 1974, Luis Carlos Prestes solicita ao Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética que certo "Leonardo Leal" fosse recepcionado em Moscou, e recebesse um curso de "operações especiais". O Comitê não apenas cuidou da recepção, mas custeou o curso "especial de preparação na atividade da técnica do partido" (Cf. Doc. 906. Original russo: http://www.bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/ct125-74.pdf - Tradução em inglês: http://www.bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/0906_ct125-74-Eng-FUchs.pdf).

Em outro comunicado Prestes é mais explícito. Ele solicita aos soviéticos um treinamento em "atividades clandestinas" para um camarada de nome "Marcelo Santos". A solicitação foi aceita pelo Partido, que definiu o treinamento como "curso especial de treinamento em atividades clandestinas e fraude" (Cf. Doc. 929. Original russo: http://www.bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/ct137-78.pdf - Tradução em inglês: http://www.bukovsky-archives.net/pdfs/terr-wd/0929_ct137-78-Eng-gskl.pdf).

Estas são algumas amostras dos documentos recolhidos por Bukovsky, que estão sendo traduzidos gradativamente do russo - os resultados podem ser acessados no site "Soviet Archives" [http://www.bukovsky-archives.net/]. O material disponível, somado a outras fontes de pesquisa, revelam que as atividades do Partido Comunista soviético no Brasil – e em países sul-americanos, como Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador, Paraguai – não eram apenas delírios da imaginação de militares e conservadores. Os documentos de fonte primária desmentem a autovitimização de militantes, terroristas e "Intelectuais" engajados ou simpatizantes, que querem fazer da sua versão a História oficial de um país. Aceitar a narrativa deles é apagar da linha do tempo a tentativa de implantação de um regime comunista no Brasil - é suprimir as investidas armadas, os treinamentos em atividades clandestinas e em fraudes; é esquecer os atentados terroristas que vitimaram vários civis inocentes e os "tribunais revolucionários" que sentenciavam a penas capitais, sem direito de defesa, até os próprios "camaradas". Um público que se vangloria com uma história mutilada e a chama de "Verdade" já não sabe mais o que quer dizer, o que significa, "Verdade".

 

(*) Nota sobre a seriedade e lisura da "Comissão da Verdade".

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) é o relator, na Comissão de Constituição e Justiça, do projeto de lei que cria a "Comissão da Verdade" [http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2011/10/10/interna_politica,255234/aloysio-e-confirmado-relator-da-comissao-da-verdade.shtml]. No entanto, Aloysio Nunes fora um terrorista da "Ação Libertadora Nacional" (ALN) nos tempos do regime militar. Utilizava os codinomes "Beto" e "Mateus". Entre as suas ações estão os assaltos ao trem pagador na ferrovia Santos-Jundiaí e ao carro-pagador Massey-Fergusson, em Pinheiros, São Paulo – ambos em 1968.

Caso seja aprovada a instauração da "Comissão", depois de percorrer o processo legislativo necessário, os seus membros serão indicados por "Estela", quer dizer, "Luiza", ou melhor, "Patrícia", isto é, "Wanda" – enfim, por Dilma Rousseff, a Presidente da República, que em suas atividades clandestinas no POLOP (Política Operária), no COLINA (Comando de Libertação Nacional) e na VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), atendia pelos codinomes citados.

Thursday, October 06, 2011

Reiterando um pedido.

Bruno Braga.


 

Em mensagem publicada no dia 29 de Setembro de 2011, intitulada "Contra os 'filtros da internet': um filtro" [http://dershatten.blogspot.com/2011/09/contra-os-filtros-da-internet-um-filtro.html], reproduzi um comentário que redigi e enviei para o portal "Barbacena Online", referente ao artigo de Dimas E. Soares Ferreira, "A internet e seus filtros" [http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=7101&inf=100]. Neste texto o autor se mostra indignado, escandalizado, com os "filtros" promovidos por sites como o Google, o Facebook e o Yahoo. Meu comentário era um modesto e singelo pedido de esclarecimento para que o articulista discorresse sobre os "filtros" promovidos pelo próprio portal que publicou o seu artigo, o "Barbacena Online". Isto porque o Conselho Editorial do portal analisa previamente os comentários referentes aos textos e publica apenas aqueles que são "aprovados" pelos seus integrantes. Amostras de comentários "reprovados" - ou "filtrados", para utilizar a terminologia de Dimas Soares - podem ser acessadas no link da mensagem indicado acima. Porém, aquela lista precisa ser atualizada com mais um exemplo.

Em um artigo publicado no site "Barbacena Online", sob o título "Loco Abreu e o João Sorrisão" [http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=7148&inf=100], entre outros temas - como a crítica futebolística, a educação superior, e questões metafísicas – Francisco Ladeira escreve com repulsa e aversão contra "a manipulação dos meios de comunicação de massa", que asfixia a "opinião própria" e reprime qualquer "postura crítica e racional frente à realidade", fomentando socialmente o "instinto de rebanho" nietzschiano (as expressões que aparecem entre aspas são do próprio Francisco. Cf. artigo citado). Francisco Ladeira denuncia o enorme poder dos órgãos de mídia, sobretudo o da Rede Globo de Televisão. Sendo assim, não poderia deixar de reiterar o meu pedido de esclarecimento - o mesmo feito a Dimas Soares -, adaptado, porém, à redação de Francisco: as "opiniões próprias" e a "postura crítica e racional frente à realidade" não ficariam comprometidas com as intervenções promovidas pelo Conselho Editorial do portal "Barbacena Online"?

Este humilde e singelo pedido de esclarecimento foi enviado para o site supra citado no dia 02 de Outubro de 2011, que, como das vezes anteriores, não o publicou – diria Dimas Soares que o pedido foi "filtrado". Sendo assim, adoto o mesmo expediente de outrora: reproduzo em caracteres itálicos, logo abaixo, a mensagem não publicada pelo portal de notícias "Barbacena Online"; e informo os que nela foram mencionados sobre a sua publicação neste Blog, abrindo-lhes espaço - para o Conselho Editorial do site "Barbacena Online" e para os articulistas – para que, ou esclareçam a minha angustiante questão, ou que se pronunciem da maneira que eles mesmos julgarem conveniente.

***

Deixando para outra oportunidade a discussão sobre alguns temas tratados ao longo da dissertação – como a crítica futebolística, educação superior, e as questões metafísicas – focalizo outros, como o do poder de um órgão de mídia, a questão da "opinião própria" e a da postura crítica e racional frente à realidade.

Demarcados os temas, então, reitero o mesmo pedido de esclarecimento feito na semana anterior, em um comentário referente ao artigo publicado pelo portal de notícias "Barbacena Online", redigido por Dimas E. Soares Ferreira e intitulado "A internet e seus filtros" [http://www.barbacenaonline.com.br/noticias.php?c=7101&inf=100] – o comentário não foi publicado pelo portal, mas está disponível no Blog "Der Shatten" [Cf. "Contra 'os filtros da internet': um filtro. http://dershatten.blogspot.com/2011/09/contra-os-filtros-da-internet-um-filtro.html]. Seria extremamente esclarecedora a "opinião" do articulista Francisco Ladeira - que denuncia a "manipulação dos meios de comunicação de massa" e o seu asfixiante poder opressor, capaz de desencorajar qualquer pensamento crítico e "opinião própria" para estimular o "instinto de rebanho" nietzschiano – sobre o expediente adotado pelo do Conselho Editorial do próprio site que publicou o seu artigo. Conselho este que analisa previamente os comentários a respeito dos artigos, mas publica apenas os que são "aprovados" pelos seus responsáveis – exemplos de comentários "reprovados" podem ser lidos no link do Blog "Der Shatten" indicado acima. De que maneira, Francisco, ficam comprometidas as "opiniões próprias" e a "postura crítica e racional frente à realidade" com esta intervenção promovida pelo Conselho Editorial do portal "Barbacena Online"?

Cordialmente,

Bruno Braga.

Belo Horizonte, 02 de Outubro de 2011.


 


 


 

Sunday, October 02, 2011

A lucidez dos momentos traumáticos.


Bruno Braga.

Por mais paradoxal que possa parecer a idéia em um primeiro instante, um dos canais para que o homem atinja um efêmero estado de lucidez é aberto pelas situações extremas da vida, aquelas excessivamente traumáticas e de um sofrimento absurdamente radical. Este tipo peculiar de lucidez não é um estado de pleno exercício da razão, de perfeita descrição conceitual e lógica do fato – é uma lucidez modesta, sem os adornos e floreios das abstrações; porém, precisa e direta, em um reconhecimento pleno. É quando o sujeito é arrancado violentamente de sua existência cotidiana, da sua rotina ordinária, por um evento excepcional e terrível que retira sob seus pés o apoio e o suporte; que destrói, indiferente, as suas concepções, crenças, esperanças e expectativas mais valiosas; que revela a face infame e detestável dos seus ídolos e das pessoas que mais estima – no instante em que as ilusões são impiedosamente arruinadas e destroçadas, as máscaras retiradas, e os véus suspensos, então o mundo, a vida e o coração do ser humano se revelam, e o sujeito padecente pode atingir a simples lucidez do reconhecimento: "é assim".

A desgraça, o tormento e o infortúnio são como o pesado e imponente navio que singra o oceano aberto da vida, mas que com a sua afiada proa o talha – com isso revela ao tripulante da desgovernada embarcação o que se esconde sob as águas.

Porém, por trás do devastador navio, no rastro da sua popa, a fenda aberta aos poucos se fecha, e a imensidão oceânica refaz a sua unidade. Então o indivíduo retoma a sua vida ordinária, a sua rotina cotidiana, e com ela reconstrói as ilusões, se apega novamente aos desejos mais infames, sustenta e defende as idéias mais absurdas e imbecis. No tumulto do mundo ele já quase não se lembra do que presenciou, do que viu e reconheceu – da lucidez nefasta à insanidade consonante, acredita inocentemente, mais uma vez, estar nesta última o fundamento sólido de sua existência e de suas certezas.