Para redigir o seu artigo mais recente, "Ocupemos Wall Street" [3], Dimas Soares parte de um de seus antigos escritos, "Ande como um egípcio" [4]. Isto quer dizer que o articulista reafirma suas concepções [5]. Porém, no intervalo entre a primeira e a mais recente publicação, o mundo foi surpreendido por alguns eventos. Então, seria pertinente examinar os artigos de Dimas Soares para verificar se estas ocorrências não comprometem a sua insistência em determinadas teses – uma análise que pode ser útil também como instrumento de avaliação das hipóteses do autor, e um exercício de compreensão dos fatos.
§1. Ainda "como um egípcio".
Passados alguns meses desde a publicação do seu artigo "Ande como um egípcio", Dimas Soares continua comemorando a vitória dos árabes sobre o que chama "monarcas e ditadores teocráticos fundamentalistas". Ele enaltece a iniciativa dos insurgentes, que se uniram em convocações feitas através das redes sociais na Internet. Alertei o articulista para o fato de que não havia espontaneidade, nem nas convocações, nem nas próprias manifestações públicas egípcias. Os protestos eram orientados, inclusive, com um "Manual dos Manifestantes do Egito" [6]. Além disso, adverti Dimas Soares que a "Irmandade Muçulmana" estava por trás destas rebeliões – uma organização que tem uma origem obscura; no seu histórico há o registro de colaboração com o Nazismo, e hoje tem ligações estreitas com grupos terroristas, como o "Hamas".
O presidente egípcio Hosni Mubarak não suportou as pressões, e renunciou. Porém, a violência contra cristãos foi intensificada, Igrejas foram incendiadas e fiéis foram assassinados – tudo com a conivência das autoridades "revolucionárias" [7]. A então chamada "Primavera árabe" transformou-se em um "Inverno cristão". Surpreendentemente, em um artigo que celebra a queda de "monarcas e ditadores teocráticos fundamentalistas", como o de Dimas Soares, não há uma só referência a estes trágicos episódios. Pelo contrário, o articulista continua "andando como um egípcio" – talvez com o uma túnica, turbante e babuchas de couro, à moda "multiculturalista" - e celebrando a ascensão da "Irmandade Muçulmana". Ora, Dimas Soares poderia esclarecer o que o levou a não considerar a perseguição contra os cristãos em seu artigo – porque, se ele desconhece estas ocorrências, seria uma oportunidade para emendar o seu texto e corrigir os erros e equívocos aos quais todos nós estamos sujeitos; agora, se ele tinha ciência dos fatos, é necessário justificar a sua cumplicidade com os atos de violência, com a matança de cristãos no Oriente.
§2. Andando agora como os jovens ingleses.
Dimas Soares é realmente um revolucionário multiculturalista. Anda não só como um egípcio, mas também como um jovem rebelde londrino – agora, quem sabe, como um punk, com cabelo moicano, calça jeans rasgada e coturno.
O articulista faz referência aos "manifestos e rebeliões" na "comportada" Inglaterra, que descambaram para a violência depois das brutais ações da polícia (as aspas reproduzem as suas próprias palavras). Acontece que se passou justamente o contrário da descrição fornecida por Dimas Soares: o governo britânico foi acusado de negligenciar os protestos, demorando a intervir e conter a baderna.
Agora, será que as manifestações foram realmente "rebeliões populares" como quer fazer parecer o articulista? É possível traçar o perfil dos "rebeldes" a partir daqueles que foram detidos. Entre eles estão estudantes de universidades de elite e pessoas que pertencem a classes mais abastadas [8]. Mas o filósofo inglês Roger Scruton pode fornecer uma descrição mais precisa dos "manifestantes populares" de Dimas Soares:
"Os baderneiros de Londres são, pelos padrões do século XVIII, ricos. Desculpe-me, mas é resultado de exclusão depredar uma cidade porque você tem só um carro, um apartamento pequeno pelo qual não paga aluguel, recebe mesada do governo sem ter de fazer nada para embolsá-la, compra três cervejas, mas gostaria de beber quatro, e acha que ter apenas um televisor em casa é pouco? Não. Ver exclusão nesses episódios só faz sentido na cabeça de um professor de sociologia" (Roger Scruton em entrevista concedida à Revista Veja de 21 de Setembro de 2011, p. 17).
Esta "exclusão" faz sentido na cabeça de um professor de sociologia e na cabeça de Dimas Soares.
Ademais, os manifestantes londrinos, segundo a descrição de Scruton, poderiam ser considerados "patricinhas" e "mauricinhos" – tipos que o articulista do portal "Barbacena Online", na sua dissertação "Ocupemos Wall Street", condena por protestarem contra a corrupção no Brasil.
Não sei qual o perfil dos manifestantes brasileiros, mas este tipo de argumentação invoca a desconfortável imaturidade juvenil, que resume todos os seus conflitos afetivos com o brado: "é coisa de playboy!" Mas Dimas Soares tem um estimulante a mais para a sua rebeldia adolescente: a sua obsessão pela "luta de classes". Para o articulista, protestos de "patricinhas" e "mauricinhos" não têm legitimidade, porque todos, todos eles, são "filhinhos de papais" que assaltam, que exploram o "povo", o "proletariado" – eles não fazem parte da "sociedade".
Um momento, um momento... Ocorre-me uma ligeira dúvida: será que Dimas Soares condena os protestos de "patricinhas" e "mauricinhos" contra a corrupção porque eles denunciam os ídolos, os correligionários e aliados do articulista? Quem sabe...
Para Dimas Soares, o nobre articulista e púbere rebelde barbacenense, não se deve combater a corrupção, mas o "sistema". Ele, de fato, é um autêntico revolucionário: quer mesmo é subverter o "sistema". E este tem sido mesmo o seu trabalho enquanto "Intelectual". Dimas pretende derrubar o "sistema capitalista" para instaurar o que chama "verdadeira democracia", possível apenas com a "socialização de todos os meios de produção", diz ele. Mas, por trás desta promessa de "futuro maravilhoso" está a sombra do Socialismo-comunismo, e a concentração do poder nas mãos do seu grupo, e do seu "Partido".
§3. Dimas convoca: "Ocupemos Wall Street!"
O "revolucionário" juvenil, inimigo de "patricinhas" e "mauricinhos", conclama: "Ocupemos Wall Street!" Para arregimentar novos militantes para a sua causa, Dimas relaciona os "espíritos nobres" que apóiam a manifestação, como Michael Moore. Ora, a presença do diretor de um documentário que é uma falsificação criminosa, já dá conta do tipo de credibilidade que tem esta manifestação [9].
De qualquer modo, é preciso verificar quem está, de fato, por trás do protesto "Ocupando Wall Street". O articulador é um aliado do presidente americano Barack Obama, chamado Stephen Lerner [10]. Obama exige que os "ricos" paguem mais impostos – uma idéia que Dimas Soares certamente compartilha com Obama, pois sugere a sua obsessiva "luta de classes". Acontece que, ONG's que participam do protesto são alimentadas pelo capitalista George Soros, e contam com a simpatia do multimilionário Warren Buffet. Dimas Soares não sabe que estes protestos têm o suporte de capitalistas? Lógico que sabe. Porque esta é uma estratégia historicamente utilizada por Socialistas-comunistas – os capitalistas aliados são privilegiados pelo "regime" enquanto, simultaneamente, fortalecem o "Partido". É o que está acontecendo no Brasil governado pelos correligionários do articulista.
Ademais, a crise americana tem origem única e exclusivamente no sistema financeiro – em "Wall Street" – ou no Capitalismo, como acusa Dimas Soares? Não. Embora alguns dos grandes bancos não estejam isentos de culpa, a crise americana teve início no Governo, com determinações decisivas a respeito dos créditos "subprime" na administração do "liberal" Bill Clinton – "liberal", nos Estados Unidos, é o mesmo que "esquerdista".
§4. Para concluir.
Diante do exposto, as hipóteses de Dimas Soares são nitidamente deficientes. Erros e equívocos foram apontados quando o articulista havia redigido "Ande como um egípcio" [11]. Mas, desconsiderando as advertências, ele insistiu em suas teses, reafirmadas na nova dissertação, "Ocupemos Wall Street". Acabou desmentido pelos desdobramentos dos fatos, sobretudo com a trágica matança de cristãos no Egito.
Os tropeços de Dimas Soares não são conseqüência apenas de uma possível displicência investigativa. Eles são o resultado de uma distorção dos fatos – ou premeditada ou psicótica - que pretende servir como peça panfletária de uma ideologia, de um grupo, de um "Partido". São, também, um brado púbere juvenil de um inimigo de "patricinhas" e "mauricinhos", que reclama a atenção da mídia para a sua causa. Para ele as notícias que circulam todos os dias nos veículos de comunicação não são suficientes suprir a sua carência adolescente. Como um rebelde mimado, ele exige não só que a mídia seja simpática aos seus ideais, que lhe dirija palavras de conforto e apoio, e noticie única e exclusivamente as suas bandeiras. O carente revolucionário juvenil, Dimas Soares, quer toda a mídia para a sua turma, para o seu grupo.
Notas.
[1] BRAGA, Bruno. “Família do ‘Novo Milênio’?”. http://dershatten.blogspot.com/2011/08/familia-do-novo-milenio-bruno-braga.html