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Friday, May 31, 2013

A promoção efetiva da Teologia "Socialista-Comunista" da Libertação.

Bruno Braga.



As revelações de Ion Mihai Pacepa expõem a necessidade de investir na pesquisa sobre a Teologia da Libertação. Não apenas privilegiando o aspecto teórico dela, como se tem feito. Tão importante quanto este estudo – já que se trata de um instrumento de “transformação do mundo” - é o rastreamento de sua promoção efetiva. Neste sentido, se a Teologia da Libertação - como denuncia Pacepa [1] - é uma criação da KGB para promover a revolução Socialista-Comunista, e Cuba é a “arma secreta”, é o “trampolim” utilizado para disseminá-la pela América Latina, então é necessário identificar os seus promotores, teólogos, “apóstolos” e descrever as atividades práticas deles. Para esta pesquisa, “Fidel y La Religión: Conversaciones con Frei Betto” [2] é uma fonte indispensável.

Neste livro – que é a transcrição de entrevistas concedidas por Fidel Castro a Frei Betto em Cuba (1985) -, “El Comandante” ressalta a importância de considerar a “religião”. Apesar do ateísmo originário do Socialismo-Comunismo - e de Fidel Castro confessar que nunca teve uma fé religiosa -, a religião poderia ser transformada em um valioso instrumento revolucionário. “Uma aliança tática? Não, uma aliança estratégica, para levar a cabo as mudanças sociais necessárias ao nosso povo” (BETTO, 1985, p. 274). O ditador cubano revela que já havia lançado sementes deste projeto em 1971, no Chile, e em 1977, na Jamaica.

A Teologia da Libertação era o produto criado para instrumentalizar a religião [3]. Ela não era expressão da Fé, mas sim um mecanismo para a realização das ambições revolucionárias. O método de ação e a utilidade são explicados pelo próprio Frei Betto:   

“Não é fácil convencer um operário, ou um campesino, de que deve lutar pelo socialismo, mas é muito fácil dizer o seguinte: ‘Olha, homem, nós cremos em um só Deus” [...] (1985, p. 283).

Não é preciso muita perspicácia para notar que a Teologia da Libertação é um engodo. É um simulacro de religiosidade. O fiel que a assume acredita ser um autêntico cristão. Porém, enquanto a professa e prega, ele se torna um verdadeiro “agente da revolução”. Ele ingeriu o entorpecente astuciosamente preparado e dosado. “Se a religião é o ópio do povo, então vamos lhe dar ópio”, disse Kruschev, que concebeu o entorpecente na forma da Teologia da Libertação. Fidel Castro – denuncia Pacepa – era o responsável por disseminá-lo. Frei Betto, por sua vez, – como ele mesmo declara – seria um dos encarregados da administração:   

“Não me parece correto que DESDE FORA da Igreja tratemos de reformar ou melhorar a Igreja; não me parece correto promover a divisão DESDE FORA” [...] (1985, p. 308).

A estratégia era corromper a Igreja Católica. Tomá-la de assalto DESDE DENTRO com “sacerdotes” e “apóstolos da perversão”, que com a Teologia da Libertação – o simulacro de religiosidade – então a desviariam de sua essência para adequá-la aos propósitos da revolução. Frei Betto – entre estes “sacerdotes” – revela na epígrafe do seu livro de entrevistas com Fidel Castro o horizonte deste trabalho macabro:

“A todos os cristãos latino-americanos que, entre incompreensões e na bem-aventurança da sede de justiça, PREPARAM, à maneira de João Batista, OS CAMINHOS DO SENHOR NO SOCIALISMO”.

A KGB – denuncia Pacepa - também utilizou o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) como plataforma para disseminar a Teologia da Libertação. Infiltrou agentes em posições estratégicas dentro da organização. Por exemplo, MIKHAILOV, codinome de Kirill, que hoje é o patriarca russo [4].  Conversando com Frei Betto sobre religião, Fidel Castro demonstra estar articulado com a estratégia traçada pelo serviço secreto soviético:  

“Também havia tido relação com alguns dirigentes importantes do Conselho Mundial de Igrejas, que por sua vez, haviam se interessado muito pelos problemas do Terceiro Mundo” [...] (BETTO, 1985, p. 274).

A Teologia da Libertação também foi utilizada como arma pelo Foro de São Paulo, organização fundada por Lula e por Fidel Castro em 1990 com o objetivo de fomentar o Socialismo-Comunismo na América Latina. Frei Betto compôs a direção civil do Foro (Anatoli Olink). Segundo Alexandre Peña Esclusa, os diretores do Foro adotaram – entre outros movimentos – a Teologia da Libertação para maquiar os seus propósitos: o objetivo era dividir a Igreja Católica e justificar a violência revolucionária com argumentos supostamente cristãos [5]. O Foro de São Paulo hoje domina o continente latino-americano [6]. E a contribuição da Teologia da Libertação para a ascensão revolucionária pode ser medida pela declaração do ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo: sem hesitar afirmou, ela foi fundamental [7].

Enfim, este é um panorama da promoção efetiva da Teologia da Libertação. Um produto macabro criado para instrumentalizar a religião e os fiéis – e através deles – fomentar a revolução Socialista-Comunista na América Latina. Rastrear os seus promotores, teólogos e “apóstolos” é uma necessidade. Não apenas para compreender um dos mecanismos pelos quais os revolucionários alcançaram posições de poder. Mas para identificar esta parte obscura da história que eles se esforçam para maquiar– ou que, desde posições privilegiadas, como as da cultura, da política, da educação – ou de Comissões da MENTIRA - eles se dedicam a romantizar e reescrever.   


Frei Betto: “Fidel y la Religión”.


Notas.

[1]. PACEPA, Ion Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin”. Front Page Magazine, 2009. Trad. Bruno Braga. [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].  

[2]. Oficina de Publicaciones del Consejo de Estado. La Habana, 1985.

[3]. Cf. Nota [1] – e BRAGA, Bruno. “Notas sobre a Teologia da Libertação” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/notas-sobre-teologia-da-libertacao.html].

[4]. Cf. Nota [1].

[5]. Cf. apud USTRA, 2012, pp. 555-556.

[6]. Cf. BRAGA, Bruno. “Sob o efeito do encanto” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/07/sob-o-efeito-do-encanto.html]; “Entre peças e engrenagens” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/12/entre-pecas-e-engrenagens.html]; “A delinqüência sob o véu do heroísmo” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-delinquencia-sob-o-veu-do-heroismo.html].

[7]. Cf. BRAGA, Bruno. “O engodo da libertação e o poder” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/o-engodo-da-libertacao-e-o-poder.html].



Tuesday, May 28, 2013

Atriz global - que um dia foi "Rosa" - torturada?

Bruno Braga.




A Folha de São Paulo abandonou – mais uma vez – o jornalismo para dedicar-se à militância revolucionária. Na edição do dia 26 de Maio o jornal publicou um depoimento de Bete Mendes, no qual a atriz da Rede Globo acusa o Cel. Brilhante Ustra – antigo comandante do DOI-CODI-SP – de tê-la torturado [1].

No entanto, a Folha apresentou apenas a ACUSAÇÃO. Não deu voz ao ACUSADO. Não lhe cedeu espaço para apresentar a sua versão dos fatos - ou a sua defesa. Presumiu uma sentença penal condenatória transitada em julgado contra o Cel. Brilhante Ustra – que não existe -, e transformou a acusação de Bete Mendes em juízo sumário.   

A omissão da Folha de São Paulo é grave. Não apenas por descumprir um preceito inerente à sua atividade. É necessário observar que a acusação de Bete Mendes não é nova. A atriz denunciou o Cel. Brilhante Ustra em 1985, quando era Deputada Federal (ela havia sido eleita pelo PT, embora na ocasião estivesse sem partido). E, em 1987, o Cel. Brilhante Ustra escreveu um livro – “Rompendo o silêncio” [2] -, cujo objetivo principal era desmentir as acusações de Bete Mendes. A reportagem da Folha sequer menciona o livro.

Na época dos fatos, Bete Mendes - que era “Rosa” e pertencia à organização terrorista VAR-Palmares (a mesma da Presidente Dilma Rousseff) – prestou depoimento acompanhada por DOIS – sim, DOIS – ADVOGADOS. Nele, a atriz não denunciou – o que era comum entre os revolucionários detidos – qualquer prática de tortura “física” ou “psicológica”. Pelo contrário, declarou – derramando lágrimas – arrependimento:



[TRANSCRIÇÃO]. [...] “que, repetindo, os fatos se passaram como os narrou nesta oportunidade, depoimento que prestou LIVRE E SEM NENHUMA COAÇÃO, que de fato, sentiu-se emocionada e CHOROU, como todos presenciaram, COPIOSAMENTE; QUE CHOROU E AINDA CHORA, nesta oportunidade, PORQUE ESTÁ ARREPENDIDA do que fez, isto porque acha que entrou em uma cousa perigosa, sem nenhum conhecimento das cousas e completamente contrária ao seu modo de ser (sic); QUE NÃO ACREDITA EM NENHUMA ORGANIZAÇÃO SUBVERSIVA E ACHA INVIÁVEL SEUS PROPÓSITOS PORQUE CHEGOU À CONCLUSÃO DE QUE ELES QUEREM APENAS DESTRUIR; que é católica e não vive com seus pais, que são judicialmente separados”. E, como nada mais disse nem lhe foi perguntado, deu-se por findo o presente interrogatório que, depois de lido, vai assinado por conforme. Eu ***, escrevente, datilografei. Eu ***, escrivão, assino”. [Assinaturas dos membros do Conselho Permanente de Justiça, de ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA, do Dr. Juiz Auditor e de mais duas assinaturas] [os destaques são meus].  

Em 2007, Ustra publicou o livro “A Verdade Sufocada”. Nele apresenta uma versão resumida do que havia escrito em “Rompendo o silêncio”. Desmente mais uma vez as acusações de Bete Mendes. Aponta inúmeras incoerências e contradições nas declarações da atriz global. Pergunta para ela os nomes dos desaparecidos que afirma ter visto – e onde viu. Questiona, sobretudo, o nome do amigo que afirmou ter sido “morto a pancadas”. O episódio é relatado neste capítulo do livro, “Brasília – Uruguai – Brasília” (pp. 449-464) [3]:   

 

 


 

 


Pelo exposto, não resta dúvida de que a reportagem da Folha de São Paulo foi redigida – novamente [4] - nos termos de uma pauta definida. Ou premeditação - idiotice - desinformação - ou negligência com a atividade jornalística. Certo é que omitiu as declarações de um agente da história, privilegiando a versão dos seus adversários. A Folha de São Paulo forneceu mais um exemplo escandaloso de como o jornalismo está sendo utilizado para consagrar a Mitologia revolucionária.



Notas.


[2]. USTRA, Carlos Alberto Brilhante. “Rompendo o silêncio” (1987). Versão eletrônica. [http://www.averdadesufocada.com/images/rompendo_o_silencio/rompendosilencio.pdf].

[3]. USTRA, Carlos Alberto Brilhante. A Verdade Sufocada. A história que a esquerda não quer que o Brasil saiba. Brasília: Editora Ser, 2012.


[4]. Cf. BRAGA, Bruno. “Herdeiros da revolução, vítimas dos próprios pais” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/herdeiros-da-revolucao-vitimas-dos.html].


Sugestão de leitura.

BRAGA, Bruno. “Verdade mutilada – Primeira parte” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/04/v-behaviorurldefaultvmlo.html].

Saturday, May 25, 2013

Notas sobre a Teologia da Libertação.

Bruno Braga.



A Teologia da Libertação – refiro-me especificamente à sua ação dentro da Igreja Católica - carrega a marca indelével da perversão: a instrumentalização da religião. Mácula que não é apenas expressão do fingimento malicioso. Da teatralização da Fé - que não possui - para sorrateiramente corromper a religião tradicional e os seus fiéis simulando inocência e retidão. É perversa não somente porque despreza a boa-fé dos que abraçaram a mesma confissão e que no discurso proveniente desta teologia - e nos sacerdotes que a pregam – inocentemente confiaram mais do que uma “crença” – mais do que um conjunto de princípios -, confiaram as suas próprias vidas. A perversão da teologia e dos sacerdotes da revolução é ainda mais radical, porque ela manipula e avilta um elemento estruturante: a própria compreensão religiosa.

Diferentemente da “ciência”, que é o esforço para explicar em detalhes um fenômeno ou um objeto particular, a “religião” – sem desprezar o conhecimento “científico” – é uma “chave” universal. Não no sentido de explicar cada um dos fenômenos e objetos, por exemplo, com as categorias de “espaço”, “tempo” e “causalidade”, mas de fornecer um “sentido para a vida”. Por isso, a compreensão religiosa é mais que um conjunto de preceitos e princípios, é maior que uma “doutrina”. Ela marca a expectativa que o indivíduo tem (a) sobre o mundo e as coisas, (b) sobre o outro e (c) sobre si mesmo.

Nestes termos, os teólogo e sacerdotes da revolução não manipulam apenas palavras. Eles não distorcem somente uma história contada ou corrompem ensinamentos e orientações transmitidos através de gerações. A Teologia da Libertação reestrutura as bases da pessoa direcionando-as para o objetivo de seus apóstolos e pregadores: a conquista do poder. De fundamento Marxista, ela transforma (a) o mundo em palco de uma batalha cruel e implacável: da “luta de classes”. Neste conflito generalizado, (b) o “outro” passa a ser visto imediatamente com suspeita e desconfiança: ou ele é um “aliado” ou é um “inimigo”. É aliado se abraça sem restrições o projeto revolucionário; mas se contra ele apresenta qualquer objeção ou discordância, é automaticamente lançado do outro lado da trincheira como um inimigo a ser fuzilado. No âmbito da subjetividade, a Teologia da Libertação faz com que (c) o sujeito tome a si mesmo como um “injustiçado”, como um “oprimido”. Qualquer impulso ou desejo contrariado torna-se pretexto para lamentar a “condição” de “explorado” e para exclamar contra a “classe dominante” – quando não para blasfemar contra o próprio Deus. Assim, a Teologia da Libertação estimula no indivíduo sentimentos baixos – a inveja, o ressentimento e o ódio –, seduzindo-o a se tornar um “agente de transformação” – ou seja, a fazer parte da militância revolucionária. 

Apesar da perversão, a Teologia da Libertação é amplamente disseminada. Beneficia-se de um ambiente cultural fortemente influenciado pelos “mestres da suspeita”: Karl Marx – entre eles – torna-se a sua fonte teórica. Dentro desta matriz, a Teologia da Libertação é também instrumento de um projeto de poder: ela mesma é um produto forjado com o propósito de promover a revolução Socialista-Comunista [1]. Sacerdotes e religiosos ardilosamente infiltrados dentro da Igreja Católica. Universitários e “Intelectuais” que lhes dão apoio e aprovação. Uma atmosfera cultural é formada, fornecendo às pessoas um senso de orientação que promove um simulacro de “religiosidade”, porque não está submetido ao divino, mas à “revolução”.  

É pertinente observar que para Karl Marx a “religião é o ópio do povo”. Esta assertiva seria suficiente para colocar um obstáculo intransponível para a Teologia da Libertação. Marxista por definição, ela seria, como qualquer outro elemento “religioso”, “ópio” para o povo. Apesar disso, a teologia revolucionária se apresenta como a autêntica proposta do cristianismo. Para os seus proponentes e apóstolos, não importa a coerência das idéias. Porque o que interessa de fato é a conquista do poder. Se a religião pode facilitar este projeto, então ela será instrumentalizada. A Teologia da Libertação é este mecanismo criado para conduzir a “massa” – através da fraude - à revolução. Este simulacro de religiosidade – ele sim, um entorpecente.

A religião – em sua compreensão cultural - não sai ilesa deste processo de instrumentalização. Ela passa a ser vista como mero consolo espiritual. Tida como fonte de prazer e de bem-estar, os desejos e fantasias do homem passam a determiná-la. O horizonte divino é afastado para a realização dos caprichos humanos. Torna-se de fato “ópio” para os fiéis na mesma medida em que consagra os sacerdotes e agentes revolucionários. Estes, sob o pretexto da “conscientização”, corrompem e minam – de forma dissimulada - um dos principais obstáculos ao seu projeto: a religião tradicional. Porque o fiel, que antes se dobrava apenas diante da cruz [2], abraça então uma religiosidade pervertida - a Teologia da Libertação, que maquia o revolucionário e o seu projeto de poder.  

O Marxismo projeta na religião – e a Teologia da Libertação na Igreja Católica – os seus próprios intentos. É preciso, então, recorrer a uma distinção fundamental. A religião – a Igreja Católica, no caso específico - surge de um evento excepcional. Da presença de uma pessoa. De sua vida, paixão e morte. A Teologia da Libertação – e o Marxismo – nascem do crime e da falsificação [3]. São artifícios criados para favorecerem a conquista do poder. Ela promete a realização de um “Paraíso terrestre”: a “sociedade sem classes” através do Socialismo-Comunismo. Os sacerdotes e apóstolos revolucionários são os anunciadores, juízes e executores. Em um surto de autodivinização, pervertem a religião em nome de um “futuro maravilhoso”. Porém, o seu histórico de realizações efetivas é de sangue, morte e subjugação.    



Notas.

[1]. PACEPA, Ion Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin”. Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].


[3]. BRAGA, Bruno. “Entre o Mestre e o ‘Intelectual’” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/06/entre-o-mestre-e-o-intelectual.html]; PACEPA, Ion Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].

    

Friday, May 24, 2013

Indicação para o STF e o Gayzismo.

Bruno Braga.



Luis Roberto Barroso foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo Tribunal Federal. Não faz muito tempo - pouco mais de um mês - um amigo pediu a minha opinião sobre a sustentação oral de Barroso no julgamento conjunto da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277 (ADI-4277) e da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 132 (ADPF-132) – relativas à União Homoafetiva. Por conta da indicação da presidente e – sobretudo – por causa da relevância do tema – tomei a iniciativa de transcrever aqui o meu comentário (em itálico). Antes dele apresento em vídeo a própria sustentação oral de Luis Roberto Barroso e observo que, no curso do texto, “***” substitui o nome do meu amigo.  

   


Antes cuidar propriamente do CONTEÚDO da sustentação oral, eu chamo a atenção para o próprio ORADOR. Luis Roberto Barroso está na lista dos possíveis indicados para STF. Ele conta com o apoio do mensaleiro José Dirceu e do Deputado Federal Sigmaringa Seixas (PT-DF). Seus lobistas também são advogados. Agora, ***, observe bem o currículo de Luis Roberto Barroso. Ele atuou em ações importantes, que tiveram enorme repercussão pública, mas também social e até política: células-tronco; aborto de anencéfalos; e o caso Cesare Battisti.

Com esta observação preliminar, eu pretendo rastrear os elos POLÍTICOS que envolvem a atuação do ORADOR. Elos que são estabelecidos não apenas pela participação destes AGENTES – note ainda a presença da Marta Suplicy, que aparece porcamente limpando os dentes no pano de fundo do vídeo (caso se interesse, posso sugerir uma Bibliografia que traça o envolvimento da Ministra com o Movimento gay). O elemento POLÍTICO envolve – assim como nas ações que “abrilhantam” o currículo de Barroso – a própria MATÉRIA, a união homossexual. E não apenas pela autoria da ADPF n. 132, que é do Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Observe, os defensores gayzistas evitam mencionar a perseguição e morte de gays em Cuba e no Irã. Porque o governo petista-brasileiro, os partidos aliados, os grupos e organizações esquerdistas – incluindo as gayzistas – apóiam e são apoiados por estes regimes brutais. Portanto, neste jogo, pouco interessa o HOMOSSEXUAL; é importante, sim, transformar este grupo em uma MINORIA que sirva de instrumento para a obtenção de poder. Se, em algum momento, esta “minoria” perder o valor ou se transformar em um obstáculo para os seus propósitos, eles certamente a abandonarão, como abandonaram os homossexuais de Cuba e do Irã.

A preocupação com as MINORIAS é item obrigatório em todos os programas de partidos e organizações revolucionários. É uma estratégia premeditada, desenvolvida e aplicada. Gostaria de citar um trecho do livro “Demônios”, do Dostoievski. De meados do século XIX, é um clássico – apesar de literatura – para compreender o movimento revolucionário – inclusive sob a perspectiva espiritual-psicológica (acrescente-o à Bibliografia que lhe enviei).

“Proclamaremos a destruição. Por que, por que esta ideia é tão fascinante? Mas temos necessidade de distender nossos membros. Acenderemos o incêndio... Criaremos lendas... Para isto os menores grupos ser-nos-ão úteis. Descobrirei para você nesses mesmos grupos camaradas que não terão frio nos olhos e que ainda por cima sentir-se-ão muito honrados em marchar. Começará então a revolta! O mundo será revirado como ainda não o foi...” (p. 1.140).

Acontece que agora, depois de um século e meio, a revolução é menos pelas armas e mais pela CULTURA – e a instrumentalização das MINORIAS é um dos seus braços e mecanismos. Luis Roberto Barroso, em sua sustentação oral, recorre a elas – tendo, ao seu lado, o amparo de todos os agentes políticos que mencionei, que, por sua vez, têm um objetivo claro e determinado.

Continuo ainda com as PRELIMINARES, ***. Considero agora a sua pertinente observação: a facilidade de defender a união gay a partir do Direito. Sim, isto é verdade, porém, sob uma determinada perspectiva – que, penso eu, foi a que você de alguma forma identificou -, sob outra, não. A FACILIDADE está – e este é o estratagema dos teóricos gayzistas, de seus porta-vozes e procuradores – em elevar o debate até um nível de abstração extremo – até o domínio dos PRINCÍPIOS e CONCEITOS – de modo a ofuscar a realidade efetiva. “Liberdade”, “igualdade”, “afeto”, “amor”, etc., etc. A transição neste mundo estratosférico é fácil porque não é preciso lidar com as tensões do mundo concreto, que são maquiadas por um discurso elegante. Este artifício é utilizado para encobrir as DIFICULDADES reais e as do próprio Direito. Sobre estas, ***, eu vou remetê-lo a um artigo que redigi, intitulado “Família do ‘Novo Milênio’?” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/08/familia-do-novo-milenio-bruno-braga.html] – confira, sobretudo, o item I, “problemas de ordem teórica”.

Passo agora ao CONTEÚDO da sustentação oral de Luis Roberto Barroso.

O advogado proclama o “afeto”. Afirma que o AMOR está no centro de todos os sistemas “filosóficos” e “religiosos”. Sim, é verdade. Em certo sentido ele tem razão. No entanto, AMOR, nestes “sistemas”, tem um sentido completamente distinto do atribuído a ele por Barroso. AMOR, na tradição da filosofia e da religião, envolve um elemento “cósmico” – que se realiza apenas na união entre um homem e uma mulher, porque nela – através da CONCEPÇÃO e da GERAÇÃO – está definida a perpetuação da humanidade. Mas, observe ***, isto é um constituinte imutável da estrutura da realidade, e não uma invenção teórica da “filosofia” ou uma imposição dogmática da “religião”. Porque já era assim antes de qualquer “sistema” – para utilizar o vocabulário de Barroso – filosófico ou religioso.

Agora, dentro desta perspectiva, o que está em jogo em uma união homossexual? Uma ejaculação – ou alguma forma de “prazer”. Esta é a confusão de Barroso: AMOR – nos “sistemas” filosóficos e religiosos – não significa PRAZER. Não preciso dizer que a Religião não aceita todas as formas de “prazer”, e nem que nos “sistemas filosóficos” umas não têm o mesmo status que as outras. Que o advogado afirme que todas as formas de PRAZER são legítimas, tudo bem, cada um que cultive as suas perversões – inclusive os heterossexuais -, mas em privado. Ademais, o Direito – o ordenamento jurídico – não diz respeito aos PRAZERES, mas ao domínio das estruturas constituintes da realidade. E são estas estruturas que ele – como os “sistemas” filosóficos e religiosos – procura espelhar ou se adequar. Isto não significa eliminar ou abolir o homossexualismo, ou colocar em questão os sentimentos nutridos por casais gays, mas reconhecer que o seu relacionamento tem um estatuto distinto da união entre um homem e uma mulher.  

Ademais, reconhecer esta diferença não é um obstáculo para o “amor gay”. Porque nenhum remendo jurídico pode superar – exceto com fingimento e bizarrice – uma diferença que é fixada pela própria natureza.   

Se AMOR, para Barroso, significa PRAZER, acho que faltou a ele um simples exame de consciência. Pense em uma pessoa que você ama. Bom, eu não posso prever a resposta de todas as pessoas, mas dificilmente se pensa em uma pessoa porque ela lhe deu um momento de “prazer” – porque participaram de uma festa de carnaval, ou, em última instância, por quem ejaculou. Pelo contrário, em geral as pessoas se reportam àqueles por quem sofreram ou àqueles que sofreram por elas. 

Continuando. Luis Roberto Barroso cita três exemplos de perseguições contra gays: (1) as ordenações manuelinas; (2) a sofrida por Oscar Wilde; e (3) a do soldado americano. Curiosamente ele não mencionou os casos de Cuba e do Irã. Será por que, ***? Bom, de qualquer modo, é interessante, então, apontar na história os gays que ocuparam posições de poder. Como Barroso, eu cito três exemplos: (1) Calígula – que, como outros imperadores romanos gays, tinha prazer em matar cristãos; (2) Mao Tsé-Tung – o responsável pela morte de mais de 65 milhões de pessoas que era um pedófilo inveterado e tinha uma tara descomunal por seus guardas; (3) Ernst Röhm – chefe de uma das tropas de assalto mais violentas e assassinas do Nazismo (Sobre este último eu sugiro a leitura do livro de Scott Lively, “The Pink Swastika: Homosexuality in the Nazi Party”; nesta edição, disponível na Internet, há ainda um breve histórico do Movimento gay [http://www.defendthefamily.com/pfrc/books/pinkswastika/html/the_pinkswastika_4th_edition_-_final.htm]).

Entre os dois grupos de exemplos – o de Barroso e o meu - basta um senso das proporções mediano para reconhecer que os danos provocados pelo segundo é infinitamente maior que os do primeiro. Mas, com esta comparação eu não pretendo justificar a violência contra homossexuais e nem fechar os olhos para as sofridas por eles. Pretendo indicar apenas que os que reivindicam reparações e privilégios foram ou serão opressores em algum momento. Tome, por exemplo, os casos citados do passado e os projetos de lei elaborados para o futuro (PL-122-06). Agora, note um elemento comum – e importante para o que estamos tratando – nos exemplos que mencionei. O fator determinante neles não é a homossexualidade, porque, óbvio, um homossexual pode ser uma pessoa “normal”. O elemento constitutivo da brutalidade e violência está na “forma mentis” daquelas pessoas, que exige e reivindica que a sociedade, o mundo e até a natureza sejam moldados conforme os seus gostos e preferências. É exatamente a “forma mentis” dos líderes do Movimento “revolucionário” gay e dos grupos e partidos aos quais estão associados, que pretendem realizar um absurdo projeto de engenharia social.

Retomo – pela ordem da sustentação oral - a questão dos princípios. “Igualdade” – “Liberdade” – “Dignidade da pessoa humana”. Esta é praticamente a base do discurso de Luis Roberto Barroso. Já comentei sobre a “facilidade” de discursar neste nível de abstração, que ofusca a realidade. Observo, aqui, a indignação do advogado porque a união gay é caracterizada como uma “sociedade de fato”. Ele afirma que seria comparar aquele relacionamento com uma quitanda de “feira”. Ora, o Sr. Luis Roberto parece não se atentar para o fato de que o ordenamento jurídico – no que tange às relações entre homem e mulher – não cuida do “amor” e do “afeto”. Tanto que, podem se casar, formalmente, duas pessoas que se odeiam. Parece que Barroso além de utilizar artifícios retóricos, está idiotizado com a propaganda gayzista, como o Ministro Ricardo Lewandowski, que neste processo votou considerando o seguinte: “Com efeito, a ninguém é dado ignorar – ouso dizer – que estão surgindo, entre nós e em diversos países do mundo, ao lado da TRADICIONAL FAMÍLIA PATRIARCAL, DE BASE PATRIMONIAL E CONSTITUÍDA, PREDOMINANTEMENTE, PARA OS FINS DE PROCRIAÇÃO, OUTRAS FORMAS DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR, FUNDADAS NO AFETO, e nas quais se valoriza, de forma particular, A BUSCA DA FELICIDADE, O BEM ESTAR, O RESPEITO E O DESENVOLVIMENTO PESSOAL DE SEUS INTEGRANTES”. Então quer dizer que o “afeto” – o “amor” – são monopólios das relações gays; nas famílias tradicionais ele é exceção. Ora, haja paciência!

Luis Barroso menciona as MINORIAS. Além do que já disse sobre elas, eu acrescento o seguinte. Da maneira que as coisas são postas, as MINORIAS são transformadas em fundamento da organização social. Um exemplo. A apresentadora Marília Gabriela, em seu programa, perguntou para o cartunista Laerte o que de fato ele era: homem, mulher, bissexual, homossexual, transexual, ou o que? Ele disse que depende do dia. Tem dia que ele quer ser homem – e ele tem uma namorada; em outros quer ser mulher – e assim ele se veste às vezes. Ora, a população inteira se torna refém deste sujeito, que pretendia processar um restaurante porque o gerente do estabelecimento pediu para que ele (a) não usasse o banheiro feminino?  Observação, a reclamação foi feita pelos pais de uma criança que estava no banheiro. No dia seguinte ao do ocorrido, o que Laerte queria ser? Homem, mulher, bissexual? Ora!   

Outro artifício argumentativo de Barroso e das lideranças gayzistas: levar o debate para o campo da religião. Esta estratégia é adotada porque equivocadamente se entende que a religião é o domínio da “Fé” – e não da “Razão”. Ora, ninguém, no debate público, se posiciona contra a união gay com um hino de louvor, uma oração, ou algo do tipo. A contestação é feita com a mesma RAZÃO da qual os ativistas acreditam ser os únicos portadores.

Enfim, Luis Barroso cita o seu filho. Diz que ele teve uma educação heterossexual. Mas, se o filho fosse homossexual, gostaria que ele fosse respeitado. Uai – eu acho que ele confundiu a “educação” com o “ser” gay. Eu gostaria de saber, então, se ele matricularia o filho dele em uma “Escola Gay”. A “Escola Jovem LGBT” também aceita heterossexuais [http://www.e-jovem.com/].

***, acho que já escrevi demais, vou encerrar por aqui. Peço desculpa pela desorganização, escrevi com certa pressa. A conversa poderia ser desenvolvida em vários pontos, portanto, quando lhe interessar – e se tiver alguma observação sobre o que escrevi – sinta-se à vontade.

Abração,
Bruno.

22 de Abril de 2013.


Friday, May 17, 2013

Uma Comissão - ESCRACHADAMENTE - da MENTIRA.


Bruno Braga.



[...] “nos reunimos com 90 representantes dos comitês de memória, verdade em (sic) justiça, a FRENTE POPULAR DO ESCULACHO e o LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE, estabelecendo outro canal de diálogo, COMPLEMENTAR, ao já definido com as comissões da verdade que se estabeleceram em todo o país depois da criação da CNV”.

Paulo Sérgio Pinheiro. Seminário pelo primeiro aniversário da Comissão da Verdade. Casa da ONU, 13 de Maio de 2013.


O atual coordenador da Comissão da Verdade não se constrange. Ele não esconde de ninguém os “interlocutores” - que COMPLEMENTAM – o propósito do seu grupo, reescrever a História do Brasil. No entanto, Paulo Sérgio Pinheiro deveria deixar claro o tipo de atividade que os seus “colaboradores” desempenham.

O Levante Popular da Juventude e a “Frente Popular do Esculacho” (ou Frente do Esculacho Popular) promovem o que se chama de “escracho” e de “esculacho”. Tidos como “manifestações”, estes atos são propriamente um ajuntamento de estudantes e universitários militantes, que tem o objetivo de coagir e desmoralizar – na porta de sua casa - quem o grupo sumariamente sentencia como “torturador” e “agente da repressão”. O “escracho-esculacho público” é a “execução da pena” – gritaria, palavras de ordem, bandeiras, faixas, pichações e panfletos.  









Paulo Sérgio Pinheiro - com uma desfaçatez pornográfica – define o “escracho” e o “esculacho” como “manifestações não violentas” contra “torturadores” e “criminosos” [1]. O comissário, assim, acaba assumindo o papel de “Justiceiro da nação”, e - através da Comissão da Verdade - estimula e se associa a atividades “criminosas”. Porque, se os alvos das “manifestações” não foram julgados e condenados por um tribunal legítimo, então, quando aqueles grupos se reúnem – de maneira organizada – para fazerem acusações públicas com berros e pichações, os seus manifestantes investem contra a honra alheia. Sim, eles podem não derramar sangue. Podem não ser “violentos”, como sugere Pinheiro. Mas comentem, de qualquer maneira, crime.

Mas, de onde sai o dinheiro para promover estas “manifestações” – quer dizer, para fomentar o crime? Quem financia o material – megafone, bandeiras, faixas, panfletos? Quem paga o deslocamento destas pessoas – a mobilização? O Levante Popular já promoveu, inclusive, um “Curso Nacional de Agitação e Propaganda”, que tinha na sua programação: “Análise de Conjuntura do momento atual da luta de classes”; “resgate da agitação e propaganda na história da luta dos povos”; “formação técnica dos militantes, como oficinas de audiovisual, teatro do oprimido, música e estética” [2].

Paulo Sérgio Pinheiro – com a Comissão da Verdade – não é o único a legitimar o “escracho” e o “esculacho”. O Levante Popular da Juventude recebeu das mãos da presidente Dilma Rousseff – por conta de suas atividades - uma menção honrosa na 18a edição do Prêmio Direitos Humanos.   



Enfim, a Comissão da Verdade legitima, fomenta e se associa a práticas “criminosas”. O “escracho” e o “esculacho” COMPLEMENTAM os trabalhos de um grupo que, por si mesmo, desempenha uma atividade obscena: falsear a História para consagrar uma Mitologia revolucionária, fortalecendo ainda mais um ambicioso e macabro projeto de poder.


Notas.


[2]. Cf. Levante Popular da Juventude, 2012. “Levante realiza o I Curso Nacional de Agitação e Propaganda” [http://levante.org.br/levante-realiza-o-i-curso-nacional-de-agitacao-e-propaganda/].

Padrão "politicamente correto".


Bruno Braga.




Estas duas mensagens eu recebi dos administradores do Facebook.

Minha conta foi temporariamente bloqueada. Fiquei impedido de postar mensagens públicas por causa desta publicação, que não apresenta nada mais grave que o próprio fato ao qual ela se refere:



O absurdo desta “censura” e deste bloqueio é que as ativistas do grupo Femen cometem um “crime”. Elas invadem uma conferência e agridem um arcebispo. Porém, está proibido falar sobre isso. Porque o Feminismo-Gayzismo tem imunidade. Não pode ser objeto de crítica ou de denúncia. Quem o fizer corre o risco de ser penalizado por infringir o padrão “politicamente correto”, mesmo que aponte um crime.  

Eu não me espantaria se soubesse que este bloqueio é resultado de uma "denúncia". Provavelmente de um “paladino da democracia” – ou de algum mal-intencionado – que, por não se conformar com objeções à sua alucinação de “mundo melhor”, se fantasia de “justiceiro”.

No entanto, é preocupante quando uma empresa que disponibiliza um espaço para o debate público – o Facebook – assume um padrão de pensamento e se torna “patrulha” dele (independentemente se por iniciativa própria ou se motivado por denúncia alheia). Porque é mais um sinal – entre tantos outros - de que este padrão, que inclui o Feminismo e o Gayzismo, foi eleito para formar – de maneira impositiva – uma cultura.    


Wednesday, May 15, 2013

Pedagogia revolucionária e Comissão da MENTIRA.


Bruno Braga.


Em geral, a Comissão da Verdade – quer dizer, da Mentira – é encarada apenas sob a perspectiva política. Ela seria simplesmente produto de um “revanchismo”. Um instrumento utilizado pelos revolucionários – que hoje ocupam posições estratégicas no espaço público - para falsear a História e, assim, desmoralizando os inimigos do passado – e qualquer força opositora do presente –, facilitar a concentração e a manutenção do seu poder.

No entanto, esta Comissão é mais que um mecanismo fraudulento para acumular cargos e mandatos. Porque, embora os seus efeitos mais perceptíveis estejam mesmo no domínio da política, ela – através da disseminação dos resultados de suas atividades no sistema de ensino – formará o imaginário de crianças e jovens com uma fraude, condicionando comportamentos e reações.

Este é um traço característico dos próprios trabalhos promovidos pelo grupo. Por exemplo, das audiências públicas. Nelas não há compromisso com a investigação e com a pesquisa histórica. Não. Elas têm o propósito de “sensibilizar”. Carregar a mente do público com uma massa de estereótipos que (a) estimulam sentimentos de simpatia com os “ideais” revolucionários e (b) fixam uma resistência contra qualquer oposição a estes “ideais” [1].

Porém, a Comissão da Verdade é parte de um projeto “pedagógico” ainda mais abrangente. Um programa de ensino – que conserva as mesmas características daquele grupo - ditado desde as instâncias de organismos internacionais. O propósito principal dele não é a investigação, a pesquisa e o aprimoramento intelectual. É, sim, a transformação do comportamento e a mudança de atitudes, a reformulação dos valores - a determinação de crenças e de opiniões. Uma pedagogia revolucionária que – sob o pretexto de criar uma “nova sociedade” - fixa um modelo de conduta e de pensamento.

“As sociedades e, mais particularmente, suas instituições governamentais devem ser consideradas essencialmente como ‘sistemas aprendizes’. As sociedades mais aptas a apresentar sucesso serão aquelas cuja capacidade de aprendizagem é alta: flexíveis, elas são capazes de antecipar e de compreender as mudanças, bem como de se adaptar a elas. Tais sociedades se beneficiam da participação ativa dos cidadãos no processo de aprendizagem. AO LONGO DESSA APRENDIZAGEM, A HISTÓRIA DEVERÁ SER REESCRITA E REINTERPRETADA” (UNESCO).

[...]

“O aperfeiçoamento da formação dos professores, tanto a inicial quanto a continuada, a revisão dos manuais [MAIS PARTICULARMENTE DE HISTÓRIA] e a produção de novos materiais e de publicações pedagógicas auxiliares, interdisciplinares e atualizados, são de uma importância crucial em se tratando de inculcar nos alunos os valores e princípios enunciados na ‘Recomendação sobre a Educação para a Compreensão’, a ‘Cooperação e a Paz Internacionais e a ‘Educação Relativa aos Direitos do homem e às Liberdades Fundamentais’ adotada pela Unesco em 1974 “ [...]. [2].

Nestes termos, a Comissão da Verdade está perfeitamente integrada a este projeto. Por isso, o discurso de Paulo Sérgio Pinheiro – atual coordenador do grupo – é ainda mais preocupante. Por ocasião do primeiro aniversário da Comissão, em um seminário promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) [13.05.2013]– organismo que, assim como a Unesco, pertence à ONU –, Pinheiro observou que a Comissão da Verdade “recomendará” intervenções no domínio da “educação” – incluindo a reformulação do currículo dos colégios e das academias militares [3].

Portanto, a Comissão da MENTIRA – combinada com o prestígio e com as técnicas e práticas de uma pedagogia revolucionária projetada por organismos internacionais – condicionará as mentes e o comportamento de crianças e jovens através do sistema de ensino. Por meio da fraude – da falsificação da História - agentes e grupos serão consagrados “heróis” da nação – e consequentemente beneficiados pelo seu status na ocupação do espaço público. Mais que um simples “revanchismo”, esta revolução cultural maquia um amplo e monstruoso projeto de poder.


Notas.

[1]. Cf. BRAGA, Bruno. “Sensibilizando a nova geração” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/sensibilizando-nova-geracao.html]; “Herdeiros da revolução, vítimas dos próprios pais” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/herdeiros-da-revolucao-vitimas-dos.html]; “Espetáculo para a promoção da Mentira” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/espetaculo-para-promocao-da-mentira.html].

[2]. Apud BERNADIN, Pascal. “Maquiavel Pedagogo”: ou o ministério da reforma psicológica. Vide Editorial: Campinas-SP, 2013. pp. 75-78 (os destaques são meus).

[3]. CNV. 13 de Maio de 2013 [http://twitcasting.tv/cnv_brasil/movie/12821841] (Cf. a partir de 21:48).

   

Tuesday, May 14, 2013

Espetáculo para a promoção da Mentira.


Bruno Braga.


I.


A Comissão da Verdade de São Paulo promoveu recentemente o seminário “Verdade e infância roubada” [1]. O objetivo do evento – declarado para o público – seria coletar depoimentos de filhos de militantes, terroristas e guerrilheiros – na época crianças – que foram “vitimados” pelo Regime Militar. Mas, o propósito – fundamental – era promover a versão revolucionária dos acontecimentos utilizando a capacidade de sensibilizar e de comover que tem o apelo à infância e à imagem de uma criança.

Os próprios depoentes assumem que daquele tempo e das circunstâncias que os cercavam pouco ou de quase nada se lembram. Confissão que em certo sentido não causa espanto, porque há uma dificuldade comum quando se tenta reconstituir o passado através da memória. É escandaloso, porém, que estes depoimentos constituam a restauração de um acontecimento histórico. Sobretudo quando os depoentes declaram que não procuram conhecer muito sobre a história, como Dora Augusta Rodrigues Mukudai. Ou como Ñasaindy Barret de Araújo, que não sabe distinguir o que é “memória” e o que é “invenção”.  

Estes lapsos, as lacunas no imaginário foram preenchidas pelos depoentes com desenhos, poemas – e até com uma história de bonecos – e foram costuradas com a “dramatização” das narrativas, certa “teatralização”. Isto aparecia nitidamente nos testemunhos – e já seria o suficiente para reconhecer que aquele seminário em São Paulo – diferentemente do que declaravam os organizadores e os participantes – não tinha um compromisso com a pesquisa e com a investigação histórica. Era a promoção de uma “fantasia” infantil – e da mitologia revolucionária – para elevar os pais – porque defensores de um “ideal” - à condição de “heróis da nação”.

E – nesta historinha - não poderia faltar a própria “Ilha da fantasia”. Praticamente todos os depoentes enalteceram a revolução cubana. Demonstraram gratidão – e adoração – para com os irmãos – genocidas – Castro, que os acolheram. Deram-lhes abrigo e escola. Para os seus pais deram treinamento e armas. Os depoentes narram uma vida idílica na ilha “encantada” – muito distante da realidade da imensa maioria dos cubanos, que é excluída dos privilégios usufruídos e usurpados pela elite revolucionária.


II.


A Comissão – Nacional – da Verdade ergueu um palco para exibir publicamente aquele que deveria ser o seu maior “troféu”: o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Publicou com destaque em seu site oficial que o depoimento do antigo comandante do DOI-CODI-SP seria transmitido ao vivo. Os comissários certamente imaginaram que o trabalho de “desmoralização” e de “publicidade” seria facilitado – sem contestação ou réplica - porque a justiça acolheu o pedido do Cel. Ustra de ter reconhecido o direito de permanecer em silêncio. No entanto, as coisas não saíram conforme o roteiro. Ustra falou.

Antes que fosse interrogado, o Coronel fez um pronunciamento. Observou o contexto histórico da época. Afirmou que os militares combatiam o Comunismo. Lutavam contra grupos terroristas que tinham o objetivo – declarado em seus programas – de instaurar no país uma “ditadura do proletariado”. Observou que a presidente Dilma Rousseff integrou alguns destes grupos terroristas. E, por fim, recorreu ao direito de ficar em silêncio porque – ressaltou o Coronel – o seu depoimento estava publicado em seus livros, “Rompendo o silêncio” (1987) e “A Verdade Sufocada: A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça” (2006) – um exemplar deste último foi dado à Comissão.

José Carlos Dias – um dos comissários – passou à inquirição. É importante notar que se o comissário pretendia obter de Ustra algum esclarecimento, ele deveria, então, interrogá-lo, não acusá-lo. As intervenções tinham inicialmente um tom de afirmação, e somente no final delas José Carlos Dias as corrigia desatentamente para a forma de questão. Ustra não se conteve, ele mesmo declara. Quebrou o silêncio e respondeu à maior parte das indagações.

No entanto, Claudio Fonteles pretendia ser o protagonista daquele espetáculo previamente armado. Com afetação, o comissário “encenou” as questões. Virou-se para o público e para as câmeras como se estivesse em um palanque reivindicando apoio ou em um palco pedindo aplausos. Fez chacota e piadinha. Anunciou a apresentação de um documento “secreto” que relatava o número de presos e de mortos no DOI-CODI-SP – e ironizou, considerando que, por ser “confidencial”, o documento certamente não estava no livro do Coronel. Fonteles se deu mal. Ustra tomou o seu livro - a “Verdade Sufocada” - e exibiu um documento do mesmo tipo, demonstrando que Fonteles não apresentava nenhuma novidade. O Coronel referia-se a estas páginas:


USTRA, 2012, pp. 300-302.

O Cel. Ustra deveria ter aproveitado a oportunidade para questionar o próprio Claudio Fonteles. Porque se aqueles comissários estavam de fato comprometidos com a investigação e com a pesquisa histórica, então Fonteles teria por obrigação e por dever recontar o macabro atentado no Aeroporto de Guararapes, que foi realizado em 1966 por integrantes da organização terrorista da qual ele foi integrante - a AP (Ação Popular) [2]. Ustra deveria ter questionado Fonteles – ainda que ele não respondesse ou que utilizasse algum artifício para se esquivar, mas para exibi-lo ao público - sobre o que ele fazia no Convento do Araguaia – no período da guerrilha – quando os militares desmontaram um centro clandestino de transmissão de rádio, que deveria alcançar a Albânia [3].

O depoimento terminou em confusão. Ustra foi questionado por Fonteles sobre a acusação de Gilberto Natalini. O vereador de São Paulo (PV) afirmou que Ustra o torturou pessoalmente. O Coronel negou a acusação e recusou a proposta de Fonteles de promover uma acareação. Ustra disse que não faria acareação com terrorista. Natalini, que estava na plateia, reagiu. A confusão foi instaurada, e a audiência logo em seguida foi encerrada.

Sobre as acusações de Natalini, Ustra redigiu uma “Carta aberta” endereçada ao próprio vereador, que no ano passado proferiu as mesmas acusações contra o Coronel na Folha de São Paulo. Documento que é pertinente reproduzir aqui:

Carta aberta ao vereador Gilberto Natalini
Brasília 02/09/2012

Senhor Vereador Gilberto Natalini

O jornal A Folha de S. Paulo, de 28/08/2012, publicou entre outras, as seguintes declarações,  feitas pelo senhor, onde me acusa de tê-lo torturado: 

“Ele me batia com uma vara de cipó de um metro e meio de comprimento. Tive que ficar equilibrado com os pés em cima de latas de leite em pó. Também sofri choques elétricos. Tudo pelas mãos dele”.

"Ele me bateu durante várias horas e me obrigou a declamar poesias nu e diante dos soldados para me humilhar".

Sr Gilberto Natalini, desminto, categoricamente, as suas declarações. Eu nunca o torturei, como não torturei ninguém.

Procurando o que consta a seu respeito no Google encontrei o seguinte:

Gilberto Natalini
Médico, Vereador, 51 anos
Gilberto Natalini, vereador, nascido no ano de 1952 , em São Paulo, é formado em medicina e foi um dos presos políticos do regime militar.
Ativista estudantil pela UNE e pela UEE, tentava articular a reintegração das escolas médicas, onde discutia o tema política.
Acusado de participar de uma facção política que praticava guerrilha urbana, Natalini foi preso cerca de dezessete vezes durante os anos de repressão. Em uma delas passou quatro meses na carceragem do DOPS, em São Paulo.
Atualmente, Natalini exerce a função de médico de forma solidária todos os sábados, por uma promessa feita em cárcere anos atrás, além de ser vereador do Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) pela cidade de
 São Paulo, em seu segundo mandato.

Certamente, como é comum entre os que me acusam, o senhor já terá  "as testemunhas que o viram ser torturado por mim e que também se dirão torturadas", o que dará mais credibilidade ao que foi publicado no jornal.
Mas, para que as suas declarações, a respeito das suas prisões, tenham maior credibilidade responda, por favor, às seguintes perguntas:

1 - Em que período (dias, mês e ano) o senhor esteve preso no DOI/CODI/II Exército, em São Paulo, ocasião em que teria sido torturado por mim?
2 - Os presos pelo DOI, após interrogados, se considerados inocentes eram liberados pelo próprio DOI, se culpados, eram encaminhados ao DOPS/SP.
3 - O senhor foi liberado pelo DOI , caso positivo, em que data?  Ou foi encaminhado ao DOPS/SP,neste caso,  em que data?
4 - O senhor afirma que " foi preso cerca de dezessete vezes durante os anos de repressão. Em uma delas passou quatro meses na carceragem do DOPS, em São Paulo".

Após passar tantos meses no DOPS/SP o senhor, certamente, foi indiciado em algum Inquérito Policial e encaminhado ao Presidio Tiradentes, com prisão preventiva decretada pala Justiça. Em que data isto aconteceu?

4- Em que Auditoria Militar o senhor foi julgado? Quando? Qual a sentença que recebeu?

5 - Os  presos pelo DOI foram indenizados pela Comissão de Anistia. O senhor, só pelo fato de ter passado quatro meses no DOPS, deve ter recebido uma excelente indenização desta Comissão. Quando o senhor  foi indenizado pela  Comissão de Anistia?

Senhor Gilberto Natalini, como o senhor , depois de tantos anos, guarda na memória detalhes de sua suposta tortura no DOI, tenho a certeza de que se lembrará, com muito mais clareza, das datas em que o senhor  "sofreu as agruras da ditadura" e que ficaram gravadas, para  sempre, na sua memória.

Atenciosamente
Carlos Alberto Brilhante Ustra


III.

É interessante observar que estes eventos foram realizados no mesmo dia. Enquanto Ustra prestava o seu “depoimento”, em São Paulo era realizado o último dia do seminário “Verdade, infância roubada”. Apesar da publicidade e do investimento, nenhum deles estava comprometido com a pesquisa histórica. Foram apenas "espetáculos” armados para “teatralizar” uma História. Consagrar uma mitologia revolucionária e as fantasias infantis. Transformar militantes, guerrilheiros e terroristas em “heróis” da nação. Espetáculos obscenos. Porque sob o pretexto de contar a “Verdade”, consagram descaradamente uma Mentira.



Notas.

[1]. BRAGA, Bruno. “Herdeiros da revolução, vítimas dos próprios pais” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/herdeiros-da-revolucao-vitimas-dos.html].

[2]. BRAGA, Bruno. “O bem-aventurado Alípio” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/o-bem-aventurado-alipio.html].

[3]. BRAGA, Bruno. “A História nas mãos de um sacerdote da revolução” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-historia-nas-maos-de-um-sacerdote-da.html].



PS. O depoimento do Cel. Brilhante Ustra - apesar do anúncio - já não está mais disponível no site da Comissão da Verdade. De qualquer maneira, aqui está o áudio completo para que se possa verificar o que foi dito acima.