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Monday, March 31, 2014

Golpe contra a História.

Bruno Braga.


Técnicos que realizaram a exumação dos restos mortais de João Goulart são apresentados ao público (Novembro/2013).
 

 
 
Este 31 de Março marca os 50 anos da intervenção militar no país. A “memória” cultural que circula para relembrar 1964, no entanto, é uma falsificação. O que se lê, o que se vê, o que se ensina nas escolas e universidades é predominantemente uma peça panfletária. Uma versão dos fatos forjada pelos revolucionários, que depois de perderem o embate direto naquele episódio recorreram a uma estratégia lenta e sorrateira para derrotar os seus “inimigos”: a própria subversão cultural. O sucesso desta estratégia é comprovado não só pelas conquistas eleitorais, mas sobretudo pelo domínio dos meios de ação, com os quais os revolucionários se arrogam legitimados a consagrar a história falsificada que eles mesmos fabricaram, proclamando-a através de uma “Comissão da Verdade”. Nesta ficção, João Goulart é inegavelmente um dos protagonistas.
 
No final 2013, uma sessão solene no Congresso Nacional estabeleceu a “devolução simbólica” do mandato de Jango. Pretendia-se corrigir uma injustiça cometida. O ex-presidente fora vítima dos “golpistas” por manifestar a intenção de promover “reformas de base” em favor do “povo”. Uma atitude nobre, na qual os militares viram, de forma “paranoica”, uma “ameaça comunista”.
 
Flávio Tavares, no entanto, narra algo que corrói imediatamente a imagem insigne criada para vestir João Goulart. O que conta o revolucionário – que hoje atua disfarçado de jornalista e escritor - faz do “herói” um autêntico TRAIDOR da nação.
 
Em 1962 – isto é, durante o governo de João Goulart e, portanto, em um sistema dito “democrático” - o Serviço de Repressão ao Contrabando destruiu POR ACASO o plano das Ligas Camponesas de formar um campo de treinamento no interior de Goiás.
Encontrou algumas armas e muitas, muitas bandeiras cubanas, retratos e textos de discursos de Fidel Castro e do deputado pernambucano Francisco Julião, manuais de instrução de combate, além dos planos de implantação de outros futuros focos de sabotagem e uma minuciosa descrição dos fundos financeiros enviados por Cuba para montar o acampamento e todo o esquema de sublevação armada das Ligas Camponesas noutros pontos do país (ROLLEMBERG, 2001, p. 25).
Todo o material apreendido comprovava a incursão de Cuba no Brasil. Fidel Castro – com o objetivo de fomentar a revolução SOCIALISTA-COMUNISTA, e sustentado pela União Soviética – fornecia armas e dinheiro, dava instruções e promovia a formação no combate de guerrilha com a implantação de campos de treinamento com fazendas compradas em Goiás, Acre, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (ROLLEMBERG, 2001, p. 24).
 
Diante da intervenção estrangeira armada, qual foi a atitude de João Goulart, o Presidente da República? Tomou imediatamente a posição de defender o território nacional? Não. Ele entregou toda a documentação para o “inimigo”, para um ministro cubano!
O ministro cubano despediu-se de Jango e tomou um avião da Varig para chegar ao México e, de lá, retornar a Havana. Nunca chegou, porém. Antes de aterrizar na escala em Lima, no Peru, o Boeing caiu e morreram todos os passageiros. A pasta de couro em que o ministro Zepada levava a documentação foi encontrada entre os destroços e entregue à CIA norte-americana, que divulgou os documentos num carnaval acusatório a Cuba pelas três Américas (apud ROLLEMBERG, p. 26).
Jango descumpriu CRIMINOSAMENTE o dever de – como Presidente da República – proteger o país e garantir a sua segurança interna (Cf. CF 1946, art. 89, I, IV). Ele TRAIU a nação. Isto bastaria – independentemente de qualquer outra atitude ou das relações espúrias que mantinha - para retirar-lhe o mandato.
 
Mas a História transformou-se em instrumento de autoglorificação. Não importa a pesquisa, a investigação, nem o estudo. O objetivo é costurar uma narrativa que consagre a ascensão do poder revolucionário. João Goulart é parte desta mitologia. Um personagem construído com a espetacularização da exumação dos seus restos mortais: contratação de empresas de eventos; peritos – entre eles um cubano - apresentados ao público como elementos de ficção científica; a condução solene dos despojos, que não se sabe sequer se são mesmo do ex-presidente, pois os “competentes” peritos erraram por duas vezes a retirada deles. O ato final desta peça – a cerimônia no Congresso Nacional que consagrou Jango “herói da nação” - tinha à frente a atual Presidente da República. Dilma Rousseff. Ela, que participou de grupos terroristas durante o Regime Militar com o propósito de fazer do Brasil um país SOCIALISTA-COMUNISTA pela força das armas. Um desfecho disparatado que expõe a fraude construída para recordar os 50 anos da intervenção militar no Brasil. Este 31 de Março marca um autêntico golpe – um golpe contra a História.
 

 
BIBLIOGRAFIA.
 
ROLLEMBERG, Denise. “O apoio de Cuba à luta armada no Brasil”: o treinamento guerrilheiro. MAUAD: Rio de Janeiro, 2001.



Thursday, March 27, 2014

A KGB no Brasil.

Olavo de Carvalho.
 
 
Material para estudo.
Artigo publicado no Diário do Comércio em 23 de Março de 2014.
 
 
Quem leu o meu artigo "A história proibida", publicado no último número do Digesto Econômico (link), não deve perder o vídeo "O Brasil nos arquivos de espionagem do bloco soviético" (link), que o confirma integralmente com documentos de fonte primária revelados pela primeira vez no mundo.

Os papéis, obtidos diretamente dos arquivos da polícia secreta da antiga Checoslováquia, estavam, desde o fim do regime comunista, guardados no acervo do Instituto para o Estudo dos Regimes Totalitários, na República Checa, onde, com a ajuda de pesquisadores locais, foram encontrados por Mauro Abranches, um tradutor brasileiro que mora na Polônia.

Sem qualquer intenção política, o autor do vídeo se abstém de opinar sobre o conteúdo dos documentos. Apenas os exibe e traduz. Mas eles falam por si, e o que dizem compõe um requisitório devastador contra a pseudo-historiografia, sectária e mendaz, que há décadas intoxica a mentalidade dos brasileiros com uma versão unilateral e deformada de sessenta anos da vida política nacional.

O que caracteriza essa bibliografia, consagrada no mercado editorial, na grande mídia e nos currículos universitários como verdade de evangelho, é a balela pueril de que tudo o que aconteceu na política brasileira, nos anos 60-70 do século 20, foi o conflito entre agentes de uma superpotência imperialista, armados até os dentes, e, do outro lado, um punhado de bravos patriotas minoritários, isolados e entregues praticamente inermes à mercê de um poder tirânico e repressivo.

Quando reconhecem que a luta foi um episódio da Guerra Fria, buscam dar a impressão de que esta se travou entre os americanos e um grupo de brasileirinhos desamparados.O antagonista maior dos EUA, a URSS, desaparece por completo, dando a entender que a ameaça comunista, na época, era um delírio de direitistas paranóicos ou a desculpa esfarrapada dos golpistas para derrubar um governo democraticamente eleito.

Milhares de livros, reportagens, teses universitárias e especiais de TV construíram e defenderam laboriosamente essa versão, que se baseava e se baseia até hoje, essencialmente, em dois pilares: (a) a repetição servil e obstinada do que os serviços secretos soviéticos mandaram dizer; (b) a ocultação sistemática da atuação da KGB e de seus parceiros tchecos no Brasil.

Complementarmente, o papel dos EUA na produção dos acontecimentos aparece monstruosamente ampliado, a despeito do fato de que na época nem mesmo o chefe da KGB no Brasil, Ladislav Bittman, sabia de qualquer agente da CIA lotado no país e até hoje nenhum nome de espião americano comprovadamente associado ao planejamento do golpe de 1964 jamais apareceu. Nem um único sequer.

Em 1985 Bittman publicou o livro de memórias The KGB and Soviet Disinformation ,no qual confessava que a história da participação americana na derrubada de João Goulart fôra inteiramente inventada pelos seus subordinados, na base de documentos forjados.

A "Operação Thomas Mann" ou "Operação Toro", como a chamaram seus criadores, ditou os termos em que a história do golpe deveria ser escrita. Até jornalistas do calibre de um Otto Maria Carpeaux ajudaram a impingi-la ao público. E ainda hoje a vontade de Moscou é obedecida sem discussões por milhares de jornalistas, historiadores e professores neste país.

Não há talvez, na história do mundo, exemplo similar de tão duradoura fidelidade residual às ordens de um regime extinto. Desde 2001 insisto que entrevistar Bittman seria o dever estrito de qualquer historiador ou jornalista que desejasse contar com honestidade a história de 1964, mas, é claro, fui sempre recebido com um silêncio desdenhoso. A hipótese, então, de investigar mais amplamente nos arquivos soviéticos a penetração da KGB no Brasil, essa era repelida como um verdadeiro crime de lesa-pátria.

Mas agora não se trata só da palavra de um agente secreto aposentado ou do clamor de um articulista maluco. São centenas de páginas de um acordo oficial assinado no início dos anos 60 entre a KGB e o serviço secreto checo (STB) para operações no Terceiro Mundo, incluindo o Brasil.

A conclusão é incontornável: enquanto a ação dos serviços secretos americanos nas altas esferas da vida nacional primava pela rarefação ou pela completa ausência, a KGB-STB estava infiltrada e atuante em todos os escalões do poder, incluindo-se aí ministérios, empresas estatais e Forças Armadas, instituições científicas e educacionais e, é claro, grande mídia. A "ameaça comunista" nunca foi um pesadelo de malucos ou uma "teoria da conspiração", mas sim uma presença intrusiva e avassaladora, o mais profundo golpe já desferido na soberania nacional.

Os documentos trazem, junto com o plano, um extenso relato das operações já em curso de realização, com os nomes das entidades infiltradas, das ações aí empreendidas e, melhor que tudo, dos agentes encarregados.O prof. Abranches, com muita razão, pede que esses nomes não sejam ainda denunciados, por ser impossível distinguir, num primeiro momento, quais deles são de agentes profissionais e quais os de pessoas que foram forçadas a colaborar com a polícia secreta mediante chantagem ou ameaça.

Não comentarei, portanto, aqueles que pude ler na tela e reconheci de imediato.

Só digo uma coisa: muitos desses velhos servidores de uma potência genocida ainda estão por aí, brilhando nos jornais e nas cátedras, com as caras mais respeitáveis do mundo, ludibriando diariamente o público brasileiro. "Não existe ex-KGB", ensina Vladimir Putin.
 
 
ARTIGOS RECOMENDADOS.
 

Wednesday, March 19, 2014

A transformação da Arquidiocese de Mariana-MG: o efeito corruptor da Teologia da Libertação.

Bruno Braga.



Material para estudo.

OLIVEIRA, Fabrício Roberto Costa. PAGNOSSA, Tadeu Pamplona. ZANGELMI, Arnaldo José. “Os processos de transformações na Arquidiocese de Mariana: uma análise dos jornais ´O Arquidiocesano' e 'O Pastoral'”. MNEME – REVISTA DE HUMANIDADES, 11(29), 2011 – JAN / JULHO. p. 537. Publicação do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.



 

A reprodução deste artigo tem o propósito de oferecer mais uma amostra do efeito corruptor da Teologia da Libertação sobre a Igreja Católica. O objeto do estudo é a Arquidiocese de Mariana, e foi desenvolvido a partir de seus jornais oficiais. Sob a direção do falecido Dom Luciano, houve uma mudança determinante nas publicações. “O Arquidiocesano” - destacado pela fidelidade ao catolicismo – foi substituído pelo “O Pastoral” - que promovia a POLITIZAÇÃO da fé. Um efeito direto da Teologia da Libertação, um simulacro de teologia forjado para INSTRUMENTALIZAR a fé católica em favor de um projeto de poder: o projeto SOCIALISTA-COMUNISTA.

Uma advertência. Não parece prudente protestar contra o conteúdo do material sugerido. Porque ele é apresentado por um artigo permeado de estereótipos, deixando expostos, apesar de concluir afirmando imparcialidade, o entusiasmo e a aprovação das “transformações” descritas. Contudo, estas “transformações” significam concretamente o assalto da Igreja Católica e uma funesta corrupção da fé.

Ao final do artigo, eu indico algumas leituras complementares (Cf. ARTIGOS RECOMENDADOS). 
 
  



Os processos de transformações na Arquidiocese de Mariana: uma análise dos jornais “O Arquidiocesano” e “O Pastoral”.




FABRÍCIO ROBERTO COSTA OLIVEIRA, TADEU PAMPLONA PAGNOSSA, ARNALDO JOSÉ ZANGELMI.




Resumo. Nesse artigo pretende-se discutir os processos de transformações na Arquidiocese de Mariana de meados do século XX à primeira década do século XXI, através da análise dos jornais oficiais da Arquidiocese: O Arquidiocesano e O Pastoral. Os jornais são importantes meios de comunicação das lideranças eclesiásticas com os fiéis da região arquidiocesana, neste sentido argumenta-se que as diferentes posturas políticas dos diferentes arcebispos tiveram reflexo direto no perfil editorial dos jornais. Dessa forma, os jornais e algumas entrevistas corroboram com as hipóteses principais do texto de que há perspectivas diferenciadas dos arcebispos em relação ao papel da Arquidiocese na vida social e política de sua população e de que muito do peso da hierarquia na Igreja Católica se revela nas informações emanadas nos órgãos oficiais de imprensa de suas instituições.

Palavras Chave: Igreja Católica – Jornais – Arquidiocese de Mariana.

The process of changing in the Mariana’s Archdiocese: one research by the newspapers “O Arquidiocesano” and “O Pastoral”

Abstract This article have the intention to discus the process of changing in the Mariana’s archdiocese from the second half of the 20th century to the first decade of 21th century using the official newspapers “O Arquidiocesano” and “O Pastoral” like primary source. The newspapers are ecclesiastic leadership’s important ways of communication with the followers of the archdiocese region, in this way we have the argumentation that the different politics views of the different bishops have a direct influence in the newspapers editorial. The newspapers and some interviews contribute to the main text’s hypothesis that there are bishop’s different views of the archdiocese role in the political and social life of the population, and also reveal the force of the Catholics Church hierarchy in the information contained in yours institutions’ official press. 

Keywords : Catholics Church – Newspapers – Mariana’s Archdiocese.


Introdução



As temáticas deste artigo são os processos de transformação na Arquidiocese de Mariana de meados do século XX à primeira década do século XXI. O foco de análise são os conteúdos dos jornais oficiais da Arquidiocese de Mariana, O Arquidiocesano e o Pastoral, no que se refere às diferentes posturas sobre as formas de organização populares. O primeiro foi dirigido por Dom Oscar de Oliveira que se tornou arcebispo da Arquidiocese de Mariana em 1960 e a liderou até 1980. Ligado aos setores mais tradicionais da Igreja Católica, tinha receios da militância política dos grupos católicos vinculados às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e a Teologia da Libertação [1].

Dom Oscar de Oliveira foi substituído por Dom Luciano Mendes de Almeida em 1988, que ficou na Arquidiocese até 2006, ano de seu falecimento. Este, diferentemente do primeiro, era um nome de destaque nacional em função da militância [2] em prol do processo de redemocratização, pelo incentivo às CEBs e a Teologia da Libertação. Em 1991, três anos após de assumir a Arquidiocese, Dom Luciano promoveu o lançamento de um novo jornal oficial da Instituição, denominado O Pastoral. Este apresenta características bastante diferentes do anterior, O Arquidiocesano, inclusive retoma alguns temas e questões, onde procura marcar diferenças de perspectivas em relação ao jornal anterior.

No ano de 2007, Dom Geraldo Lyrio Rocha assumiu a Arquidiocese de Mariana e manteve O Pastoral como jornal oficial. O corpo editorial permaneceu no cargo, até que houve uma polêmica recente em torno de uma matéria publicada em setembro de 2009, que fazia críticas explícitas à administração municipal de uma pequena cidade mineira e ao governo do estado de Minas Gerais algo que acontecia com freqüência na gestão de Dom Luciano, mas que o atual arcebispo de Mariana não admitiu e ordenou o recolhimento da edição do jornal O Pastoral e demitiu parte de seu corpo editorial.

Os jornais oficiais da Arquidiocese certamente não dão conta de noticiar e trazer à tona a pluralidade de eventos e práticas sociais, políticas e religiosas em todo o seu território. Neste sentido, vale ressaltar que muitos dos acontecimentos que para determinado grupo editorial são de suma importância, para outros não passam de eventos marginais e desinteressantes.

Nosso argumento é que, de alguma forma, as escolhas das matérias e as formas de tratamentos dos temas refletem uma visão de mundo que, no caso de uma Arquidiocese, acaba por refletir interesses do arcebispo e do grupo de sua plena confiança. Dessa forma, os jornais refletem processos de transformações na Arquidiocese de Mariana e os rumos que os arcebispos pretendiam dar à Instituição, o que acaba por reafirmar a importância do poder hierárquico na Igreja Católica.

Segundo Bruneau (1979) o bispo sempre foi a autoridade máxima na diocese, ou Igreja local e continua a exercer papel chave no catolicismo, neste sentido “compete à diocese e, em primeiro lugar ao bispo como sua cabeça, decidir como agir ou deixar de agir em qualquer questão” (p. 122). A compreensão dos processos de transformações da Igreja Católica no Brasil, pelo estudo da “coleção” das organizações locais (Dioceses e Arquidioceses), daí a relevância da Arquidiocese de Mariana, a mais tradicional e das mais importantes do estado de Minas Gerais.

A importância dos arcebispos neste processo é fundamental, porque, como vimos, é ele quem decide “agir ou deixar de agir” em qualquer questão. Neste sentido, pode-se afirmar que apesar da diversidade de opiniões e reflexões diante das questões sociais, a Igreja Católica continua prezando pela hierarquização (Novaes, 2002: 67). Nesta perspectiva, Boff (1982) destaca que em nível interno, o poder da hierarquia e as manifestações de autoritarismo pouco têm a perder com formas similares de dominação [3] existentes na sociedade civil. Ele destaca que um bispo pode desmantelar um trabalho de base de dezenas de comunidades
e sem prévia discussão, transfere os párocos, literalmente expulsa de sua diocese (arqui) as religiosas, demite os agentes de pastoral leigos e deixa a comunidade perplexa. Não há a quem apelar, pois se trata de um comportamento de uma instância última (Boff, 1982: 83).

E assim se faz necessário respeitar, pois ações hierárquicas devem ser vistas como “vontades”, “desejos” divinos. “Entretanto, o divino no poder da Igreja-instituição é só de origem; seu exercício concreto pouco tem de divino, mas se processa na lógica de qualquer outro poder humano, com todas as suas artimanhas” (Boff, 1982: 91). Neste sentido,
as organizações religiosas apresentam problemas complexos para os cientistas sociais, pois emergem de inspirações supra-racionais, mas geralmente desenvolvem preocupações com práticas e papéis institucionalizados, autopreservação e expansão (Mainwaring, 1989: 21).

Boff (1982) vai além nas suas críticas ao afirmar que a Igreja-instituição funciona como uma grande multinacional, onde o centro e a matriz, onde se toma as decisões ideológicas e estratégico-táticas situa-se com o Papa e a Cúria ao seu redor e as (arqui) dioceses correspondem a filiais implantadas pelo mundo que são dependentes do Centro nas esferas teológica, pastoral, litúrgica, jurídica etc. Nesta perspectiva o catolicismo tem se caracterizado como a mais institucionalizada e menos flexível das Igrejas, enfatizando a unidade e a autoridade, bem como a necessidade de uma vasta estrutura organizacional para administrar um grande círculo de participantes (Mainwaring, 1989).

Unidades fundamentais da administração eclesiásticas são as arquidioceses. Neste texto centraremos nosso olhar sobre os processos de transformações na Arquidiocese de Mariana, que se refletiram nos jornais oficiais da Instituição, sendo este um espaço fundamental para se perceber visões de mundo e interesses eclesiásticos de suas lideranças.



O jornal “O Arquidiocesano”: Dom Oscar e as concepções político-religiosas.



No Brasil, e em vários outros países da América Latina, no final da década de 1970 e em parte dos anos de 1980, foram muito relevantes os movimentos sociais populares articulados por grupos de oposição ao então regime militar, especialmente pelos movimentos de base cristã, sob a inspiração da Teologia da Libertação [4].

Neste sentido se destacam as CEBs, caracterizadas por Burdick como sendo “congregações católicas nas quais o clero e os agentes pastorais estão engajados, de uma forma ou de outra, em esforços para despertar a consciência política e social” (Burdick, 1998: 11). Para ele, o aspecto mais marcante das CEBs é a presença dos grupos de reflexão, nos quais, com ajuda dos manuais ou pequenos folhetins católicos, e às vezes com ajuda de um agente pastoral, os “membros lêem a Bíblia juntos, discutem suas implicações no que diz respeito ao dia-a-dia de suas vidas, e são inspirados tanto na direção da justiça social quanto por ela mesma” (Burdick, 1998: 11).

Na América central a participação religiosa teve papel fundamental na mobilização política na Nicarágua e na insurreição em El Salvador. Em ambos os casos, a participação dos cristãos foi vital, sendo as insurreições mais fortes em áreas onde os trabalhos pastorais organizaram CEBs e promoviam uma conscientização social (Smith, 1991: 22).

A idéia de luta por melhores condições sociais também se cristalizou no episcopado. Essa preocupação se reflete na idéia contida no documento da “Comissão Pastoral ao Povo de Deus”, que data de 1976: “a Igreja sabe que o reino de Deus começa aqui. Todos devemos trabalhar para que o povo possa passar de situações menos humanas para situações mais humanas” (Mainwaring, 1989: 174). Na Arquidiocese de Mariana, o jornal oficial, O Arquidiocesano, trouxe preocupações com a necessidade de que se tomassem precauções para que não se “desvirtuasse” a função e o papel da Igreja Católica e das Comunidades Eclesiais de Base. Neste sentido é que ressaltou-se que:
(…) o objetivo comum visado pela Comunidade é, antes de tudo, o objetivo espiritual-eclesial e depois, de acordo com ele e a ele subordinado, os objetivos temporais e materiais do homem e da família humana, qualquer que ela seja e como quer que se apresente [5].

A ênfase no papel religioso das CEBs em 1970 é continua, a idéia central é de que “a missão própria que Cristo confiou à sua Igreja não é de ordem política, econômica ou social. A finalidade que Cristo lhe prefixou é de ordem religiosa” [6]. As notícias do “Arquidiocesano” são mais voltados no sentido de promover alertas em relação ao trabalho político das CEBs do que promovê-las como agentes fundamentais do processo de transformações sociais.

Essa prática não acompanha as visões e decisões que vinham da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em 1977, na XV Assembléia Geral da CNBB, os bispos aprovaram, por uma votação de 210 a favor e 3 contra, um documento intitulado “Exigências Cristãs de uma nova ordem política”. Neste documento insistia-se na responsabilidade do Estado na defesa dos direitos humanos e na promoção do bem comum; fazia-se uma crítica contundente ao processo de decisões políticas; enfatizava-se a importância da participação e das liberdades democráticas; e atacava-se a doutrina de segurança nacional, que era o fundamento do regime militar (Mainwaring, 1989: 175).

Os bispos eram insistentes na idéia de que “a democracia é um dos requisitos indeclináveis da liberdade e da dignidade humana, defendidas pela ética cristã” (Mainwaring, 1989: 176). A partir de 1978, os movimentos sociais apoiados por CEBs também se encontraram em momento de ascensão. Em suma, “durante a abertura, a Igreja Católica motivou contribuições à democratização, desde a defesa dos direitos humanos, críticas aos abusos do autoritarismo, até o apoio aos movimentos populares” (Mainwaring, 1989: 251).

Esse é um ponto relevante, uma vez que a Igreja, antes tida como uma das instituições que sustentava o conservadorismo e historicamente estava ligada aos interesses das classes dominantes, tornou-se uma das grandes referências para os movimentos sociais, pois, na década de 1970, embora tivesse oficialmente aderido ao regime militar, a Igreja Católica acabou atravessando o período como uma das poucas, se não a única, instituição da sociedade civil capaz de um esforço organizado de oposição (Monteiro, 1999).

A visão do Vaticano, na gestão do Papa João Paulo II, era de conter o ativismo político latino-americano dos grupos religiosos. Neste sentido, em carta apostólica endereçada aos bispos brasileiros em 1980, o Papa pregava que “a Igreja não deve se envolver em questões sociais em detrimento de sua missão especificamente religiosa” (Prand e Souza, 1996: 62). As afirmações de uma carta papal de 1980 ía na perspectiva de diminuir o ativismo católico, afirmando que:
Mais grave seria a perda de identidade se, a pretexto de atuar na sociedade, a Igreja se deixasse dominar por contingências políticas, se ela se tornasse instrumento de certos grupos ou pusesse seus programas pastorais, seus movimentos e suas comunidades à disposição ou a serviço de organizações partidárias (Cava, 1986: 31).

O Papa insistia que na América Latina era preciso optar por uma Igreja despolitizada: “Vocês não são líderes políticos ou sociais, nem oficiais de um poder temporal. Não podemos viver na ilusão de estar servindo a Deus se diluímos nossas atividades em um interesse exagerado pelos problemas temporais!” (Benedetti, 1988, apud Prandi e Souza, 1996:62).

Houve também punição aos teólogos engajados com a Teologia da Libertação. No Brasil, teve como destaque Leonardo Boff, cujo livro Igreja, Carisma e Poder foi proibido pela cúpula conservadora católica, que se tornara hegemônica na Igreja desde a eleição de João Paulo II. Dessa forma,
o papa de fato se mostrava bastante alinhado às tendências carismáticas e bem distante da opção pelos pobres da Teologia da Libertação. Ainda que muitos bispos, padres e teólogos se tenham mostrado opostos à Renovação, não há como negar que a Igreja oficial tinha sim abraçado um grande projeto de mudança (Prandi e Souza, 1996: 63).

Seguindo os passos ditados por Roma, que reduzia as oportunidades políticas das idéias progressistas, o seminário da Arquidiocese de Mariana na gestão de Dom Oscar mostrava-se pouco receptivo às idéias da Teologia da Libertação e reafirmava a posição romana. O padre Douglas narra um pouco das dificuldades encontradas na década de 1980, afirmando:
depois vim pra cá e entrei para o seminário em 1981, comecei estudar teologia, mas ainda nesse ambiente que era fechado, eu fiquei pouco tempo, eu fiquei um ano e meio. No meu período chegou-se mesmo a se cogitar da parte de Dom Oscar até a proibição, mas ele não fez isso não, mas foi cogitado, até a proibição de livros de Leonardo Boff. Quer dizer, era outro tipo de perspectiva. Não foi feito, na própria formação houve quem ponderasse com ele, não era o ideal, que as pessoas deveriam conhecer até para serem críticos, mas enfim, o lado social não se falava tanto, a não ser em alguma leitura e conversas mais nossas [7].

Assim, os grupos de padres e religiosos que objetivam maior atuação das CEBs e presença da Teologia da Libertação viveram momentos em que não poderiam contar com o apoio do arcebispado para tais ações. Assim, para a Arquidiocese de Mariana era importante a proteção contra a disseminação de certos projetos progressistas dentro do seu território eclesiástico, mesmo que para isso precisassem ser proibidos alguns livros.

Segundo o Padre Douglas, com referência à Igreja no período de Dom Oscar,
era um período em que o social era encarado mais nas ações pessoais, e no máximo de alguma entidade, de uma obra social, não propriamente de uma visão crítica da sociedade, né? Do ponto de vista, político, econômico, social, cultural [8].

No jornal de 1986, o Cônego José Vidigal de Carvalho, que tinha influência junto ao arcebispo e ocupava importantes espaços no O Arquidiocesano, reafirmava a posição do Vaticano, afirmando que:
No documento intitulado ‘Instrução sobre a Liberdade Cristã e a Libertação’ está clara a orientação de Roma. Não compete aos pastores da Igreja intervirem diretamente na organização da política e na organização da vida social. Tal tarefa faz parte da vocação dos leigos, agindo por sua própria iniciativa, juntamente com seus concidadãos [9].

A idéia era de que a Igreja Católica deveria se isentar das discussões sobre o futuro político do país, pois isso não caberia a ela; apesar disso, se envolvia no tema da reforma agrária e a atuação da esquerda, afirmando que:
Aquela preparando paióis de pólvora para desestruturar a sociedade e implantar o comunismo ateu, desumano, ditatorial, está consagrando o status quo cristalizando os privilégios, ratificando a desigualdade social, promovendo os horrípilos bolsões de pobreza [10].

Para a Arquidiocese de Mariana, as tentativas do Vaticano de frear o ativismo político católico não eram nenhum empecilho ao trabalho que vinha fazendo. A palavra do Papa João Paulo II de que “não devemos temer ou deixar-nos impressionar demasiado pelos acontecimentos, mas trabalhar rezar e confiar” [11] foi sempre respeitada pelas lideranças eclesiásticas dirigentes da Arquidiocese, até mesmo antes desse pronunciamento.

Sobre as greves dos operários e a injustiça na distribuição de renda, o arcebispo Dom Oscar de Oliveira, mostrando-se alinhado aos setores mais tradicionais e conservadores fez o seguinte relato:
Conheço muitas famílias que, de início carentes, se promoveram magnificamente – marido e mulher – com a constância do trabalho e com a justa economia. Conheço também, filhos que a exemplo de seus pais, amigos do trabalho os vêm imitando com fidelidade e felicidade [12].

Assim, na visão do arcebispado, a idéia hegemônica era a de que os cristãos deveriam trabalhar honestamente, sendo a greve ou manifestação política algo desnecessário, pois com honestidade e trabalho tudo se conseguiria. Na Arquidiocese de Vitória e em diversas Dioceses do Brasil as CEBs se consolidaram como importantes suportes de greve e manifestações em prol de melhorias sociais, conforme atesta o livro de Krischke e Mainwaring (1986).



Novas perspectivas para a arquidiocese: A chegada de Dom Luciano.



Ao longo do tempo, um instrumento bastante eficaz para afirmar a influência do Vaticano sobre as Igrejas Católicas Nacionais tem sido as nomeações episcopais. Valendo-se dessa prerrogativa, os papas podem direcionar o perfil pastoral das dioceses e arquidioceses em todo o mundo. Um caso bastante emblemático no Brasil diz respeito à interferência do Vaticano no direcionamento da Arquidiocese de São Paulo, no final da década de 1980. Aquela que era a maior jurisdição eclesiástica do Brasil tinha à sua frente o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, um prelado que havia se destacado pela sua militância em favor dos direitos humanos durante os anos de ditadura militar. Visando romper essa tradição de engajamento político naquela influente Arquidiocese, a alta cúpula da Igreja Católica articulou:
a transferência de Dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ex-auxiliar da arquidiocese paulista, para arquidiocese mineira de Mariana, uma das mais antigas na história religiosa do país, mas com pouca expressão sócio-política. Esta transferência foi feita à revelia do cardeal D. Paulo Evaristo Arns, pertencente à ala esquerda do clero brasileiro, que desejava que D. Luciano o sucedesse no arcebispado de São Paulo (Valente, 1994: 88) [13].

Para Smith (1991), uma das mais consistentes maneiras que Roma tem encontrado para diminuir a influência da Teologia da Libertação tem sido a indicação de bispos conservadores para a América Latina. O caso específico de Dom Luciano parece apontar outra alternativa para minar bases da Igreja Católica Progressista no Brasil. Transferir o bispo para uma Arquidiocese mais isolada do crescimento dos movimentos leigos, tendência no cenário nacional, significaria, na prática, restringir a influência da Teologia da Libertação.

A opção de nomear um religioso progressista para liderar uma arquidiocese historicamente identificada como conservadora passou a preocupar também diversos padres e leigos da Arquidiocese, principalmente acerca das modificações que poderiam ser implantadas pelo novo arcebispo, como percebemos em uma entrevista realizada pelo jornal Estado de Minas, logo após a chegada de Dom Luciano à Arquidiocese de Mariana:
Pergunta: O Arcebispo de Mariana foi considerado um “autêntico” representante da ala conservadora da Igreja, enquanto o senhor sempre foi identificado como um “progressista” da Instituição. A vinda do Senhor para Mariana significa uma mudança de mentalidade na diocese de Mariana? Dom Luciano – Em primeiro lugar peço licença para aceitar a pergunta, mas não aceitar o adjetivo que foi empregado em relação a quem aprendi desde logo a estimar e que me acolhe com muita amizade e de que há de me dar muito também de sua experiência. O certo é que o embate e a vida em São Paulo abriu campo para um tipo de serviço que não é exatamente o que foi necessário em outras áreas do Brasil. São Paulo, hoje, é a grande cidade desafio, com populações empobrecidas, com grande dificuldade de acesso ao trabalho, com insuficiência de salário e de promoções indispensáveis à dignidade da vida como educação, saúde, transporte e abastecimento. Não é o caso de Mariana. Portanto, se o bispo está ligado à vida do povo, evidente, ele terá manifestações diferentes conforme o tipo de ministério e a atuação que ele deve exercer... [14].

Interessante perceber que a transferência de Dom Luciano, ao mesmo tempo que desarticulava a mobilização popular em São Paulo, gerava na Arquidiocese de Mariana, condições para que houvesse uma substancial transformação no direcionamento pastoral daquela jurisdição eclesiástica. Apesar do conservadorismo que marcou o período anterior, sobretudo durante a vigência do bispo Dom Oscar de Oliveira (1959-1988), é importante ressaltar que algumas paróquias e comunidades já buscavam certa aproximação com os ideais propugnados pela Teologia da Libertação à revelia da autoridade episcopal. Seus projetos, porém, só iriam deslanchar quando o ambiente religioso (e político) se fizesse mais favorável, ou seja, com a chegada do novo bispo. Assim, é importante perceber que as concepções de Igreja sustentadas pelas suas lideranças têm, conforme salienta Mainwaring, um peso determinante no direcionamento de suas prelazias.
A concepção de Igreja quanto a sua missão integral determina diretamente o seu envolvimento na vida política. Quando, por exemplo, líderes religiosos argumentam que a Igreja deveria lutar contra o comunismo ou que deveria se colocar acima da política ou que desenvolva uma opção preferencial pelos pobres, estes pressupostos derivam do sistema religioso. Isso significa que é preciso compreender os objetivos da instituição e a concepção de fé que a motiva (Mainwaring, 1986: 44).

Nesse sentido, a presença de Dom Luciano foi fundamental para que diversas transformações acontecessem na Arquidiocese e, embora não se possa desvalorizar o trabalho leigo e de base, a presença dele é sempre valorizada por todos que trabalhavam na busca de uma maior inserção da Arquidiocese em problemas sociais e políticos. Um reflexo na mudança de postura pode ser percebido no jornal “O Pastoral”, em que investe-se na formação das CEBs.

As notícias tendiam no sentido de promover as CEBs, para que estas pudessem aumentar em número e qualidade pelo território arquidiocesano. Diversas reuniões e convocações da população para participação aconteceram. O Pastoral, de agosto de 2004, reflete bem essa preocupação. Logo na primeira página vem o título, Espiritualidade Libertadora, e logo abaixo vem uma mensagem afirmando que as CEBs “continuam se mobilizando para garantir um jeito popular de ser Igreja, sustentando a mística da participação e Comunhão Eclesial que brota da palavra de Deus e da Eucaristia” [15].

Na segunda parte do jornal, afirma-se que muitos acreditam que a vez das Comunidades Eclesiais de Base já passou e até mesmo acreditam na morte da Teologia da Libertação e “entendem que o momento é dos movimentos espiritualistas de cunho pentecostal ou neopentecostal como a Renovação Carismática Católica, por exemplo” [16]. O editorial do jornal afirma que esses pensamentos em parte são verdadeiros, mas que em meio a tudo isso
é bom saber que Mariana, a primaz das Minas Gerais, acredita nesta Igreja que se faz pobre para libertador pobre. Em meio a tanta espiritualidade alienada e alienantes, consola saber que nas CEB’s a espiritualidade é libertadora porque leva o compromisso com os excluídos, prova inequívoca do seguimento de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida [17].

Visões como esta não apareceram no jornal O Arquidiocesano. A perspectiva mais imponente era a necessidade de cuidados com os excessos que vinham ocorrendo. As visões anteriormente manifestadas, no jornal oficial da Arquidiocese de Mariana, são reflexos de uma proposta eclesial para a Instituição. As mudanças se refletiam também nas concepções de Dom Luciano a respeito da caridade e da importância da ação política, conforme o excerto abaixo:
dar auxílio a uma pessoa necessitada é sempre prova de amor fraterno. Temos, no entanto, que pedir a Deus que ilumine nossa responsabilidade política. Mais forte é a caridade de quem se empenha para elaborar e aperfeiçoar as leis do país de modo a assegurar decisões políticas adequadas, capazes de saciar as multidões de famintos e mendigos, de sem-terra e sem casa, dos que não tem trabalho nem assistência médica [18].

Dom Luciano deixa claro que a melhor maneira de ajudar os pobres não é fazer uma caridade, dando um alimento ou uma moeda aos mendigos pelas ruas, os quais, aliás, podem ser vistos em bom número pelas cidades da Arquidiocese. Ele acredita que a melhor maneira de resolver os problemas do país é realizar políticas públicas adequadas à situação encontrada no país.

Dessa forma, os setores da Arquidiocese de Mariana encontravam respaldo institucional para trabalharem no apoio à população de acordo com suas necessidades. As posturas de Dom Luciano foram muito importantes para a consolidação do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) do Alto Rio Doce de Minas. Na mesma perspectiva, Oliveira e Rothman (2008) concluíram que a chegada e a gestão de Dom Luciano proporcionaram espaços institucionais importantes para emergência deste Movimento Social e ativação de redes sociopolíticas.

Em relação ao MAB, as notícias não deixam dúvidas sobre o apoio da Arquidiocese de Mariana. Em abril de 1997, publica-se que
a Arquidiocese de Mariana vem se posicionamento a favor da vida, defendendo a idéia de que PRIMEIRO É PRECISO PENSAR NOS ATINGIDOS E DEPOIS NO PROGRESSO. Além da distribuição de um planfeto, onde se apresenta a realidade das Barragens na Região, Dom Luciano gravou uma fita cassete que está sendo transmitida pela Rádio Montanhesa (Viçosa) e outros da região, CONVIDANDO O POVO A PARTICIPAR DAS DISCUSSÕES [19].

Há neste relato uma busca pela mobilização popular e uma explícita preocupação com a população que poderia ser atingida pelas barragens, em detrimento dos empreendedores. No mesmo sentido, ou seja, o de explicitar a preocupação com os atingidos e deixar claro o posicionamento da Arquidiocese, em 1997, Dom Luciano e o padre João do Carmo Macedo escreveram no jornal oficial da Arquidiocese como esta se posicionava diante da iminente construção de barragens:
Posição da Arquidiocese de Mariana No desejo de estar a serviço da Vida, a Arquidiocese de Mariana fica ao lado dos atingidos e contra a construção de barragens: *Juntando-se a entidades, grupos e pessoas que já estão trabalhando na conscientização e organização dos Atingidos; *Visitando e solidarizando-se com os atingidos, ajudando-os a enfrentar os problemas e defender os seus direitos; *Denunciando publicamente, sempre que houver manipulação, agressão ou exclusão de pessoas atingidas” [20].

Antes de chegar a este posicionamento, a Arquidiocese de Mariana procurava mostrar os grupos que levavam vantagens e aqueles que levavam desvantagens com a construção das barragens. Entre os primeiros estão:
*As empresas, donas das barragens *As empresas e barrageiros encarregados da construção *Algumas poucas pessoas dos lugares que trabalharão na obra *Pessoas de outros lugares do país que receberão a energia gerada aqui [21].

Já no segundo grupo encontram-se:
*Todas as pessoas moram onde vão ser construídas as barragens, pois suas terras, quintais, plantas, escolas, casas cemitérios, igrejas, tudo vai ficar inundado; *Todas as pessoas que moram abaixo das barragens, pois o volume de água do rio pode secar ou aumentar muito de uma hora para outra; *As pessoas que gostam da beleza natural da região, pois muitas cachoeiras vão acabar e muitos rios serão represados e até desviados do curso normal; *Diversos animais e plantas próprios da região, *O meio rural, pois muita gente vai para a cidade praticamente obrigada; *O meio urbano, pois muita gente pode engrossar a fileira dos desempregados na cidade [22].

Em maio de 1998, reafirmando a posição da Arquidiocese, o jornal faz uma forte crítica à construção das barragens, afirmando que
é preciso desmentir a farsa do bem comum. É exatamente o contrário que está acontecendo. Empresas e grupos privados estão se apropriando daquilo que, a princípio pertence a todos. A água, os rios, as cachoeiras, os peixes, tudo bem comum, de repente passa a te um dono. É uma questão ética que pode ser melhor refletida [23].

Diante destas preocupações e do posicionamento da Arquidiocese de Mariana percebe-se uma perspectiva explícita de apoiar a organização da população na busca por direitos. Com aval da Instituição, em 1999 consolidou-se a idéia de que a presença de uma organização regional seria de grande importância para a defesa dos direitos dos atingidos, até porque houve proliferação de projetos de consórcios privados para a construção de hidrelétricas na região. Foi a Arquidiocese de Mariana que cedeu espaço para a secretaria, a funcionária, o telefone e a maior parte da infra-estrutura para este funcionamento.

As práticas de promoção das CEBs, as críticas à caridade como doação e a promoção de movimento social, demonstram há existência de processos de transformações na atuação da Arquidiocese de Mariana. O posicionamento explícito contra grande empresários interessados na construção de barragens e explicitar a necessidade de uma atuação mais abrangente de grupos sociais para uma transformação mais ampla da sociedade representam transformação importantes de mudança de rumos na Arquidiocese.



O PASTORAL: novas idéias e lugar da memória.



Segundo algumas matérias publicadas no próprio O Arquidiocesano [24] era comum que a Arquidiocese de Mariana utilizava-se de periódicos impressos como eficazes instrumentos de propagação das orientações eclesiásticas para os seus fiéis. Tal a importância destes impressos na divulgação dos projetos da Arquidiocese e a interferência da cúpula arquidiocesana na edição destes que nos momentos em que mudavam as lideranças eclesiásticas e reformulavam-se algumas características do governo arquidiocesano, também eram sentidas algumas mudanças na temática do periódico oficial da arquidiocese. Estas mudanças aparecem explicitamente ao analisarmos a substituição do jornal O Arquidiocesano, que tinha à frente Dom Oscar pelo O Pastoral lançado no arcebispado de Dom Luciano.

A partir do início da circulação do O Pastoral, o órgão oficial da Arquidiocese de Mariana passou a publicar com maior freqüência assuntos relacionados às comunidades eclesiais de base, os problemas sociais da população, textos de católicos progressistas ou então de apoio à formação de sindicatos, temas que raramente eram contemplados no jornal anterior.

Percebe-se no O Pastoral a clara preocupação em dar visibilidade à eventos ligados ás CEBs e, ao mesmo tempo, mostrar sua ruptura com o perfil editorial anterior, do Arquidiocesano. Com muito cuidado nas palavras, às vezes optando por colocar de forma vaga a “série de fatores” que atravancava a visibilidade das forças progressistas, no trecho do O Pastoral abaixo exposto se evidencia a percepção da mudança:
O XII Encontro das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Mariana desponta como um grande marco da caminhada eclesial de nossa Arquidiocese. Lembro-me que os encontros anteriores aconteciam anualmente. Quem ficava sabendo? Como eram preparados? Quem participava? Sem dúvida que havia os responsáveis por eles. Tenho certeza que eram preparados com carinho e esmero. Mas, por uma serie de fatores, atingia uma parte muito pequena da Arquidiocese. Mesmo por que a Arquidiocese como um todo não havia feito sua opção pelas CEBs. Nem por isso deixaram de cumprir seu papel. Aliás, há que se ressaltar que, se chegamos ao XII Encontro, é graças à resistência daqueles que acreditaram nas CEBs como uma realidade possível também para a arquidiocese de Mariana [25].

Em outros trechos o incentivo à organização fica mais claro, inclusive fazendo referência à imagem de Cristo como referencial para a luta em favor dos pobres:
O chavão que “as CEBs são grupos políticos” já se tornou anacrônico. A desculpa é que a diocese de que Mariana tem muitos padres e por isso os leigos não precisam assumir ministérios se contradiz com o acúmulo de trabalho da parte de muitos párocos. O “Rosto da Igreja” que este encontro deverá nos fazer encontrar é o rosto do próprio Cristo identificado com os pobres e excluídos. A partir daí é só organizar as comunidades para ser seu espaço de luta, de reivindicação, de celebração da própria fé. É só deixar que com elas nasçam as CEBs, o novo jeito da Igreja ser [26].

È reveladora também a intenção do Jornal de dar visibilidade para a história e memória da atuação progressista na região, um passo importante para o reconhecimento social de sua existência, resistência, atualidade e, por conseqüência, potencialida de:
Segundo o Pe. Luiz Faustino, as CEBs tiveram suas primeiras sementes lançadas em solo da Arquidiocese marianense, por volta de 1971. Pioneiros são os padres Theófilo Andrade, José Belvino (hoje bispo em Divinópolis) e José Miguel. As CEBs tiveram início em Araponga, Entre Rios de Minas, Jeceaba, Mercês, Paiva, Pedra Bonita, Porto Firme, Presidente Bernardes, Santa Bárbara do Tugúrio e Sericita. A vizinha diocese de Caratinga é que inspirou as CEBs na Arquidiocese de Mariana. Em 1980, por exemplo, Monsenhor Raul, de Caratinga, esteve em Entre Rios para falar sobre a organização das CEBs. Durante muito tempo, usou-se o Roteiro para grupos de reflexão produzido pela equipe de Caratinga. Vários líderes das CEBs participaram do MOBON (Movimento da Bossa Nova) de Caratinga e também dos cursos de Páscoa e Natal, organizados pela Diocese de Caratinga [27].

O jornal reconhece a importância do Concílio Vaticano II para essa mudança, esse “novo jeito de ser igreja”, e fala da antiga dificuldade de se apresentar as ações progressistas numa arquidiocese que por muito tempo ficou “surda e cega”. Nesse sentido, o jornal enquanto meio de comunicação teria um papel chave:
O Concílio Vaticano II abriu espaço para o “novo jeito de ser da Igreja”, consolidado pela Conferência dos Bispos da América Latina, em Medellín (1968). Em 1979, Puebla retoma a convicção de que as CEBs são o caminho da nova Igreja. A Arquidiocese de Mariana, porém, ficou como que “surda e cega” a esta novidade que tomava conta do Brasil e da América Latina. No seu início, as CEBs eram o “bicho papão” da Igreja. Participar delas era sinônimo de subversão, comunismo e coisas semelhantes. Houve, porém, na Arquidiocese, quem não teve medo destes rótulos e arriscou a acreditar nas CEBs. Graças a estes pioneiros, a Arquidiocese realizou, dias 19 a 21 de julho o XIV Encontro das CEBs. O testemunho de muitos que participaram revela como as CEBs ainda são novidade para muita gente. “Quando iniciei esta caminhada, pensava que as CEBs eram pra complicar. Sentia-me bastante confusa” afirma Elza Maria Valente, Senador Firmino [28].

Note-se que nas várias citações existe uma forte intenção de resgatar os atores desse processo, aqueles “calados” por muito tempo, que atuavam sem visibilidade e apoio. As entrevistas com essas pessoas mostram a riqueza dos relatos ocultos e que nessa busca por rearticular a memória da arquidiocesana aparecem como uma visão religiosa e política alternativa à oficializada por muito tempo.

Numa seção reservada para que se falasse da memória da Instituição dizia-se que:
“Na memória das Comunidades Eclesiais de Base da Arquidiocese de Mariana, a hierarquia aparece como uma presença contraditória. Quando o ‘trem’ parece ter entrado nas trilhas, ‘forças ocultas’ atropelam todo o processo. Padre Theóphilo se destaca como o grande incentivador de uma Igreja popular mesmo antes de se falar em CEBs em nossa Arquidiocese. De acordo com Geraldo Botelho, em 1968 eles já começaram a formar comunidade em Porto Firme. Mas, em pouco tempo, Padre Theóphilo saiu. Até hoje não entendeu porquê.
Em Araponga, destaca-se a figura do Padre José Miguel. Começando com ‘os cursos de batismo’ ele deu vida nova à Igreja local. Conseguiu, inclusive, mobilizar todo o município. Mas nesse tempo parte da Matriz caiu, com a alegação de que ele não tinha dom pra arrecadar dinheiro e reconstruir templo, foi transferido para Sericita. Até hoje não entenderam os reais motivos para a remoção do padre” [29].

Assim, de acordo como o jornal oficial da Arquidiocese, a elite eclesiástica buscava impedir a proliferação das CEBs, mesmo que para isso fosse preciso a transferência de padres para outras paróquias e cidades, no sentido de desmobilizar os trabalhos desenvolvidos pelos párocos. De certa forma, o jornal tornou-se um lugar de “acerto de contas com o passado”, pois muitos dos relatos e visões de mundo apresentadas eram de pessoas que tinham seus trabalhos dificultados pelas ações do arcebispado e, agora, além de encontrarem legitimidade de ação, também vivenciam oportunidades de publicação nos jornais de suas vivências anteriores.

O Jornal torna-se assim um espaço de memória e de ressignificação do passado da Arquidiocese, levando-nos à reflexão de que os jornais refletem parcialmente o que há de importante Arquidiocese e que a presença da hierarquia no que pode e no que não pode ser publicado se faz com grande relevância. Esta última assertiva se mostrou muito ativa em uma polêmica recente que envolveu o novo arcebispo da Arquidiocese de Mariana, Dom Geraldo Lyrio (arcebispo que assumiu a Instituição em 2007, em substituição a Dom Luciano que faleceu no dia 27 de agosto de 2006).

Dom Geraldo ordenou que o jornal de setembro de 2009 fosse recolhido. Essa ação polêmica foi motivada por críticas feitas pelo jornal a políticos da região e ao governador Aécio Neves no editorial intitulado “Do toma lá dá cá ao projeto popular”, que questiona despesas e ligações desses governantes com grandes empresas. O editorial enfatiza também a forte ligação entre corrupção e pobreza em municípios da região, reforçando a perspectiva de que a igreja tem o papel de combater as injustiças sociais.

Em editorial na edição de outubro, o arcebispo afirma sua discordância em relação ao editorial de setembro e enfatiza que a Arquidiocese não se responsabiliza pelas afirmações e acusações, considerando-as um grave erro que não irá se repetir. Esse recente descompasso entre as perspectivas da atual cúpula eclesiástica de Mariana e do jornal oficial da arquidiocese pode ser melhor compreendido se levarmos em conta os diferentes papeis que os jornais da arquidiocese têm desempenhado e o contexto no qual surgiu O Pastoral.


Considerações Finais.



Este texto não busca afirmar que os episcopados de Dom Oscar de Oliveira e Dom Luciano Mendes encontram-se em pólos opostos, em que há engajamento sócio-político militante de esquerda de um lado e conservadorismo do outro, pois na dinâmica social nem todas as ações podem ser assim classificadas e em se tratando da Igreja Católica, estas questões não são nitidamente visíveis. Soma-se a isso o fato de que numa Instituição como a Igreja Católica, encontram-se diversos grupos e posturas que são contraditórias entre si. Neste sentido, os bispos possivelmente encontraram vozes dissonantes. Não obstante, fica evidente o fato de que a imprensa arquidiocesana reflete os interesses de seus respectivos arcebispos e consolida-se como espaço importante de percepção de permanências ou de transformações nos projetos da hierarquia eclesiástica da Arquidiocese de Mariana.

As diferentes posturas dos vários arcebispos de Mariana e suas relações com a imprensa da arquidiocese refletem processos políticos mais amplos que envolvem os diferentes posicionamentos de setores da Igreja Católica frente à realidade social e política brasileira e frente agentes progressistas que emergiram no processo de redemocratização do país.

A posição tradicionalmente conservadora da Arquidiocese de Mariana em relação a outras circunscrições religiosas do Brasil pode ser identificada nos moldes do jornal O Arquidiocesano, principalmente em relação ao compromisso assumido pelo próprio arcebispo em utilizar este periódico como afirmador da hierarquia e difusor de assuntos religiosos e não políticos [30].

Estes moldes se transformaram devido à decisão da alta hierarquia católica em nomear Dom Luciano de Almeida como sucessor de Dom Oscar. Governada por um eclesiástico reconhecidamente progressista, a Arquidiocese de Mariana passou por um período a dar mais atenção às ações vinculadas à Teologia da Libertação, a participação leiga na organização da Igreja Católica, ao combate contra a desigualdade social, ao engajamento político em movimentos sociais, mudanças essas que podem ser identificadas como marcas diferenciadoras entre: O Pastoral e O Arquidiocesano.

Com a substituição de Dom Luciano por Dom Geraldo Lyrio identificamos novamente através do jornal oficial da Arquidiocese (ainda O Pastoral) a tentativa da hierarquia eclesiástica ligada ao arcebispo de retomar um posicionamento de maior defesa institucional e “distanciamento” das questões temporais. Assim, há perspectivas diferenciadas dos arcebispos em relação ao papel da Arquidiocese na vida social e política de sua população e de que muito do peso da hierarquia na Igreja Católica se revela nas informações emanadas nos órgãos oficiais de imprensa de suas instituições.



Notas.



[1]. Em boa parte das CEBs, a legitimidade e inspiração teológica eram buscadas na teologia da libertação, segundo a qual deve haver uma necessária relação entre a teologia e contextos socioeconômicos. Essa assertiva corrobora com a “opção pelos pobres” cujo postulado é que “embora Deus ame igualmente os pobres e os ricos, favorece os pobres em sua luta pela libertação das estruturas opressoras do capitalismo, criados pelos ricos” (Theije, 2002: 23). Assim, é postulado importante na teologia da libertação o fato de que a salvação “deve ser encontrada nesta vida: não é um prêmio a ser obtido após a morte” (Theije, 2002: 23).

[2]. A presença do presidente Lula ao velório de Dom Luciano, em Mariana-MG, é representativa de sua relevância nacional.

[3]. Uma revisão da literatura e interessante nesta perspectiva é o estudo de Da Mata (1996), quando destaca autores clássicos tratando de tal assunto começando por “Nitzche (1976:253), para quem ‘a Igreja é antes de qualquer coisa um edifício de dominação’. Weber (1982: 331) definiria a Igreja como uma forma de institucionalização (ou, para ser mais exato, burocratização) do sagrado; o que levaria Bourdieu, ainda que partindo de um referencial de análise mais amplo, a propor que ‘uma instituição como a Igreja contribui sempre para a manutenção da ordem política (1992: 72)” (Da Mata, 1996: 151).

[4]. Lesbaupin, 2000, Lesbaupin et allii, 2004, Oliveira, 2001, Petrini, 1984, Rodrigues, 1997, Teixeira, 1996.

[5]. Jornal “O Arquidiocesano”. Ano XI. nº 557. Mariana, 17 de Maio de 1970.

[6]. Jornal “O Arquidiocesano”. Ano XI. nº 553. Mariana 19 de Abril 1970.

[7]. Entrevista concedida por Padre Douglas (Pseudônimo). Mariana, setembro de 2004.

[8]. Entrevista concedida por Padre Douglas (Pseudônimo). Mariana, setembro de 2004.

[9]. Jornal “O Arquidiocesano” ano XXVIII, Mariana, 7 de Setembro de 1986.

[10]. Jornal “O Arquidiocesano” ano XXVIII, Mariana, 7 de Setembro de 1986.

[11]. Jornal “O Arquidiocesano” ano XXVIII, Mariana, 24 de Agosto de 1986.

[12]. Jornal “O Arquidiocesano”, ano XXIX, Mariana, 22 de Novembro de 1987.

[13]. Em todas as citações e trechos deste artigo as palavras em negrito foram assim marcadas por nós, para deixar em evidência nossas idéias e facilitar a leitura do texto.

[14]. Jornal “O Arquidiocesano”, ano XXIX. Mariana, 12 de Junho de 1988.

[15]. Jornal “O Pastoral”, ano XIV, nº 158. Mariana, Agosto de 2004.

[16]. Jornal “O Pastoral”, ano XIV, nº 158. Mariana, Agosto de 2004.

[17]. Jornal “O Pastoral”, ano XIV, nº 158. Mariana, Agosto de 2004.

[18]. Jornal “O Pastoral”, ano XIV, nº 158. Mariana, Agosto de 2004.

[19]. Jornal “O Pastoral”, ano VII, nº 70. Mariana, Abril de 1997.

[20]. Jornal “O Pastoral”, ano VI, nº 67. Mariana, Janeiro de 1997.

[21]. Jornal “O Pastoral”, ano VI, nº 67, Mariana, Janeiro de 1997.

[22]. Jornal “O Pastoral”, ano VI, nº 67, Mariana, Janeiro de 1997.

[23]. Jornal “O Pastoral”, ano VIII, nº 83, Mariana, Maio de 1998.

[24]. Jornal “O Arquidiocesano”, Ano III. nº103, Mariana, 3 de Novembro de 1961.

[25]. Jornal “O Pastoral”, ano IV, Mariana, Julho de 1994.

[26]. Jornal “O Pastoral”, ano IV, Mariana, Julho de 1994.

[27]. Jornal “O Pastoral”, ano IV, Mariana, Julho de 1994.

[28]. Jornal “O Pastoral”, ano VI, nº 61, Mariana, Julho de 1996.

[29]. Jornal “O Pastoral”, ano VIII, nº 88. Mariana, Novembro de 1998.

[30]. Em sua primeira edição Dom Oscar assina um editorial intitulado onde firma as diretrizes e estabelece o compromisso do jornal em difundir os ensinamentos religiosos e nunca se envolver com política.



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