Bruno Braga.
Bibliografia e material para estudo.
Os trechos do livro "Pastoral da Terra e MST incendeiam o país" (Gregório Vivanco Lopes. Editora Paz no Campo: São Paulo, 2004. Cf. imagem da capa) - abaixo reproduzidos em itálico e separados em notas, com destaques para determinados termos e passagens, e anotações em colchetes - foram reunidos para compor um material de estudo.
Para uma compreensão melhor dos textos é pertinente fazer duas observações. A Teologia da Libertação não é propriamente uma teologia, mas sim um instrumento com aperência de teologia que, para tomar de assalto a Igreja Católica, molda a fé de maneira ardilosa para utilizá-la em favor do projeto de poder socialista-comunista. A CNBB, por sua vez, - e diferentemente do que muitos católicos pensam - não é a Igreja. Ela não pertence à Hierarquia e não tem autoridade sobre os Bispos. A CNBB é apenas um órgão auxiliar que, há décadas, vem sendo aparelhada para servir aos mesmos objetivos denunciados na Teologia da Libertação: favorecer um projeto de poder - ao sacrifício da doutrina, dos princípios e orientações da Igreja Católica.
Os "artigos recomendados" ao final da publicação complementam este material de estudo.
I.
pp. 09-12.
Nada de grande nasce de repente. Na escalada da agitação rural bafejada pela "esquerda católica" há marcos de grande significado. Entre eles, constituiu fator fundamental a INFILTRAÇÃO DO COMUNISMO NOS MEIOS CATÓLICOS.
Como foi possível isso?
O comunismo clássico, de tipo ateu, não conseguiu prosperar no Brasil, nem mesmo na época em que ele pontificava, do alto de sua cátedra de fumaça e de mentira, na União Soviética. Os partidos comunistas brasileiros sempre foram partidos anões, vistos com antipatia pela grande maioria da população. Fenômeno semelhante, com estes ou aqueles matizes, deu-se em toda a América Latina.
E o grande obstáculo que encontravam tais partidos para seu crescimento, situava-se exatamente na alma católica do povo brasileiro, fiel à Santa Igreja, aos seus Mandamentos, à sua visão do Universo. Fiel ainda aos documentos emanados da Santa Sé, que invariavelmente condenavam o comunismo e o socialismo como opostos aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
De outro lado, dada a importância geográfica, territorial e de influência do Brasil na América Latina, era impensável comunizar esta sem primeiro revolucionar a Terra de Santa Cruz. Como poderiam sair desse impasse os arautos da revolução mundial e da luta de classes?
Tal situação afigurava-se confrangedora para eles. Enfrentar toda uma Nação e todo um Continente, obrigando-os a vergar ao domínio vermelho, por meio de uma ditadura férrea, parecia pouco eficiente. O totalitarismo cubano ali estava a mostrar que seu prolongamento no tempo só atraia para si as iras das vítimas, em lugar de domá-las e convencê-las. E isto numa pequena ilha. O que dizer de um país-continente como o Brasil?
Não podendo derrubar a cidadela, os inimigos optaram por infiltrá-la. Através de um trabalho cuidadoso e sistemático nos seminários, nas associações religiosas, nos meios católicos mais influentes, conseguiriram arrastar - pensavam eles - toda a Nação. Pois é sabido que o peixe apodrece pela cabeça.
[...]
Esse processo de infiltração socialo-comunista que se fez na Igreja, deu origem à chamada "esquerda católica", e correspondeu aos mais altos interesses da subversão em nossa Pátria. Travestido em religioso o socialo-comunismo, suas possibilidades de êxito cresceram consideravelmente.
"Especialmente a partir de 1968 - explica Plinio Correa de Oliveira - começaram a soprar no Brasil os ventos da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO (...) Na Hierarquia Eclesiástica, como nos seminários e noviciados esses ventos sopraram cada vez mais, a tal ponto que poucas têm sido, no Brasil, as vozes eclesiásticas a se erguerem contra a penetração crescente da esquerda. E, assim, para incontáveis brasileiros, desnorteados e alvoroçados, a figura que o Episcopado apresenta em seu conjunto é de uma potentíssima força de esquerda".
II.
pp. 15-17.
[...]
Após o nascimento do MST, competia à Pastoral da Terra "EDUCAR" o filho que pusera no mundo, para que absorvesse bem os princípios marxistas e nada lhe faltasse para a missão demolidora que lhe estava reservada.
Assim, os "Cadernos de Estudos - CPT" publicaram um livreto onde se mostra que a CPT utiliza nos acampamentos e assentamentos a análise marxista:
"O processo de inserção dos agentes de pastoral das igrejas na problemática do campo é progressivo. Quando os representantes das igrejas aplicam a análise do método marxista são interpelados pelo confronto: a pessoa e o objeto".
"A CPT atuando nos momentos agudos dos conflitos, caminhando junto no cotidiano das lutas populares, ela tem sido a materialização da presença do transcendnete".
Ou seja, é o apoio da religião ['transcendente'] às chamadas "lutas populares" de caráter marxista.
O mesmo opúsculo acentua que a "ação pastoral" da CPT visa a imposição de um "poder popular" de caráter autogestionário. Convém lembrar que a autogestão constava já da Constituição da ex-URSS como sendo a finalidade a ser atingida pelo comunismo.
"A construção do Reino de Deus se dá na luta comunitária por libertação econômica, política, ideológica e religiosa dos oprimidos, através da militância pastoral profética do próprio povo oprimido... a ação pastoral busca contribuir através da construção do poder popular e de relações autogestionárias".
Informa João Pedro Stédile, "onde existe a Comissão Pastoral da Terra, os sem-terra se desenvolvem com maior facilidade". O mesmo Stédile afirma que a "abordagem socialista [do MST] está relacionada com os princípios da Igreja Católica. Ele afirmaria uma verdade se, em lugar de Igreja Católica, dissesse "esquerda católica".
[...]
Dessa atuação das pastorais nos acampamentos e assentamentos do MST vem, por exemplo, a constante utilização da Bíblia para "justificar" invasões. Episódios como o da escravidão dos hebreus no Egito são interpretados tendenciosamente, de modo a pintar com um colorido religioso as revoltas e invasões que presentemente se fazem.
A Bíblia é utilizada também para amolecer as resistências morais dos proprietários de terras às invasões, acusando-os de estar usufruindo indevidamente suas propriedades.
Sem meios de conhecer por si sós a verdadeira doutrina da Igreja, os proprietários muitas vezes têm seu ânimo arrefecido por efeito mesmo daquilo que deveria constituir sua maior resistência moral, ou seja, sua catolicidade.
Os clérigos que apoiam as invasões de terras são os que seguem a chamada TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO. Embora esse tipo de doutrina subversiva tenha sofrido graves reparos e mesmo condenações por parte da Santa Sé, na prática ela continua sendo adotada impunemente por um considerável contingente de clérigos, alguns até altamente colocados na Hierarquia católica no Brasil. O nome "teólogo da libertação" usa-se bem menos do que antes, mas a doutrina e prática não se modificaram.
III.
pp. 29-32.
[...]
Não só padres e religiosos têm propulsionado a realização de uma Reforma Agrária socialista e confiscatória e mesmo participado e apoiado invasões de terras. Também a CNBB tem atuado nesse sentido, quer apoiando a CPT, quer por outros meios. A cúpula da CNBB não critica e não impede a ação subversiva de suas pastorais, pelo contrário a apóia.
Mas a tomada de posição mais circunstanciada da CNBB, em favor da Reforma Agrária socialista e confiscatória, foi tomada em 1980, num documento coletivo da entidade, que se mostrava contrário às propriedades rurais de tamanho médio ou grande.
Intitulado "Igreja e problemas da Terra", tal documento constituiu-se - analisa o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira - numa "explosão agro-reformista de nível ideológico", caracterizado por "seu espírito e seus propósitos radicalmente igualitários; proclamava a determinação de promover, depois da Reforma Agrária, a Reforma Urbana, a qual visa implantar no solo urbano o mesmo igualitarismo que a Reforma Agrária institui no solo rural. Com o que tornava curto o caminho rumo à implantação de uma Reforma Agrária Empresarial (industrial e comercial) igualitária. Igualdade sócio-econômica completa, portanto".
[...]
A radicalidade da CNBB tem assustado até mesmo o Partido Comunista Brasileiro. Por ocasião dos debates na Constituinte, em 1987, o presidente do PCB, Roberto Freire, achou melhor dissolidarizar-se das posições do organismo episcopal contra o direito de propriedade: "Existem algumas propostas, inclusive da Igreja, que são uma tremenda democratização da propriedade privada, que até nós, comunistas, discordamos. (...) O que eu quero dizer é que muitas dessas propostas, inclusive a da Igreja, quando democratiza demais a propriedade, porque pulveriza, nós, comunistas, não defendemos esse modelo de reforma".
Por outro lado, uma parlamentar do PC do B - partido mais radical que o PCB - apóia entusiasticamente a CNBB:
A deputada estadual pelo PC do B, Jussara Cony, em pronunciamento feito na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, manifestou sua solidariedade para com a CNBB "pela sua história de compromisso com reformas econômicas e sociais". Segundo ela, "o povo está num estágio mais avançado de compreensão do papel da CNBB na luta por um novo rumo para o País". O pronunciamento da parlamentar gaúcha foi registrado no site da Assembléia local, e reproduzido também num jornal comunista.
A afirmação da deputada Cony tem um mérito inegável. Realça uma situação que, muitos hoje em dia, talvez até por pudor, procuram velar ou mesmo não ver. Ou seja, pelo menos em matéria de Reforma Agrária (para não falar de Reforma Urbana, indigenismo etc), AS POSIÇÕES QUE A CNBB VEM TOMANDO, HÁ JÁ MUITO TEMPO, SÃO AS MESMAS DO COMUNISMO MAIS RADICAL.
[...]
Por todos esses dados, explica o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, "a tônica das declarações da CNBB tem sido a de quem se pretende intérprete genuína dos mais profundos anseios populares, e autêntico porta-voz deles. Entretanto, ignorando que o povo brasileiro é majoritariamente centrista e conservador, o organismo episcopal apresenta como reivindicações "do povo" as posições mais radicais.
IV.
pp. 34-36.
A CNBB arrisca até, por vezes, justificações parciais das invasões, apesar dos claros pronunciamentos do Papa [João Paulo II] em sentido contrário.
[...]
HAVERÁ, ainda que implícito, UM PACTO REFORMISTA ENTRE A CNBB E O GOVERNO, mediante o qual o organismo episcopal se incumbiria de pressionar a opinião pública, majoritariamente católica, a aceitar uma Reforma Agrária cada vez mais radical? Tal possibilidade de um pacto já foi levantada por ocasião do Plano Nacional de Reforma Agrária do governo Sarney, em que o próprio Ministro da Reforma Agrária de então, Nelson Ribeiro, foi indicado pela CNBB.
Na ocasião, em estudo de grande repercussão, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira denunciava "o pacto reformista entre o Governo e a CNBB".
Em 28-6-1986, quando se anunciava uma visita do então presidente da República, José Sarney, ao Sumo Pontífice, para pedir-lhe um pronunciamento favorável à Reforma Agrária que o governo então empreendia, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviou carta a João Paulo II, juntamente com o livro do economista Carlos Patrício del Campo "Is Brazil Sliding Toward the Extreme Left?" (Está o Brasil resvalando para a extrema esquerda?), mostrando sua divergência com a "esquerda católica". Essa divergência se manifestava sobretudo em relação ao trabalho das pastorais da CNBB.
Ante essa trajetória, não estranha a declaração feita em 1987, NA SEDE DA CNBB, pelo então PRESIDENTE DO PT (HOJE PRESIDENTE DA REPÚBLICA), LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA: "A IGREJA DESENVOLVE UM TRABALHO COMUNITÁRIO DE BASE COM ORIENTAÇÕES QUE SE AFINAM COM AS DO PT".
Bem mais recentemente, em 30-10-03, na residência do agora presidente do Senado, José Sarney, reuniu-se com o PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ministros, 19 senadores, diversos deputados, "A MAIS ALTA CÚPULA DA IGREJA CATÓLICA NO BRASIL, os Cardeais D. Geraldo Majella Agnelo, presidente da CNBB, D. Eugênio Sales, arcebispo emérito do Rio, D. Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, D. Eusébio Scheid, o mais novo cardeal brasileiro, D. José Freire Falcão, arcebispo de Brasília, vários arcebispos, bispos e padres. (...) A REFORMA AGRÁRIA ENTRA EM PAUTA. NO DIA SEGUINTE, A CNBB LANÇARÁ UMA NOTA 'ESTIMULANDO' O PROJETO APRESENTADO PELO EX-DEPUTADO PLINIO DE ARRUDA SAMPAIO.
A referida Nota da CNBB pedia uma Reforma Agrária radical, apoiava a CPT e voltava a ameaçar com a "explosão social", caso não se realize a Reforma Agrária. O ministro encarregado da Reforma Agrária, MIGUEL ROSSETTO, disse que concordava com a Nota e comentou: "A CNBB É NOSSA PARCEIRA NESSA QUESTÃO".
E D. Luciano Mendes de Almeida, em artigo para a imprensa diária, insistiu: "a CNBB acolhe com satisfação o anúncio de que o atual governo estará lançando em breve o novo Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e incentiva sua pronta aplicação". No mesmo sentido pronunciou-se o Cardeal Arcebispo de São Paulo, D. Claudio Hummes.
"Desde o ano passado, a CNBB cobra do governo agilidade no programa de reforma agrária. A entidade chegou a divulgar uma nota, em novembro, para dizer que, "pela gravidade e urgência, a questão agrária era prioridade".
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