Bruno Braga.
A
Folha de São Paulo abandonou – mais uma vez – o jornalismo para dedicar-se à
militância revolucionária. Na edição do dia 26 de Maio o jornal publicou um
depoimento de Bete Mendes, no qual a atriz da Rede Globo acusa o Cel. Brilhante
Ustra – antigo comandante do DOI-CODI-SP – de tê-la torturado [1].
No
entanto, a Folha apresentou apenas a ACUSAÇÃO. Não deu voz ao ACUSADO. Não lhe
cedeu espaço para apresentar a sua versão dos fatos - ou a sua defesa. Presumiu
uma sentença penal condenatória transitada em julgado contra o Cel. Brilhante
Ustra – que não existe -, e transformou a acusação de Bete Mendes em juízo
sumário.
A
omissão da Folha de São Paulo é grave. Não apenas por descumprir um preceito inerente
à sua atividade. É necessário observar que a acusação de Bete Mendes não é
nova. A atriz denunciou o Cel. Brilhante Ustra em 1985, quando era Deputada
Federal (ela havia sido eleita pelo PT, embora na ocasião estivesse sem partido).
E, em 1987, o Cel. Brilhante Ustra escreveu um livro – “Rompendo o silêncio” [2]
-, cujo objetivo principal era desmentir as acusações de Bete Mendes. A reportagem
da Folha sequer menciona o livro.
Na
época dos fatos, Bete Mendes - que era “Rosa” e pertencia à organização
terrorista VAR-Palmares (a mesma da Presidente Dilma Rousseff) – prestou depoimento
acompanhada por DOIS – sim, DOIS – ADVOGADOS. Nele, a atriz não denunciou – o
que era comum entre os revolucionários detidos – qualquer prática de tortura
“física” ou “psicológica”. Pelo contrário, declarou – derramando lágrimas –
arrependimento:
[TRANSCRIÇÃO].
[...] “que, repetindo, os fatos se passaram como os narrou nesta oportunidade,
depoimento que prestou LIVRE E SEM NENHUMA COAÇÃO, que de fato, sentiu-se
emocionada e CHOROU, como todos presenciaram, COPIOSAMENTE; QUE CHOROU E AINDA
CHORA, nesta oportunidade, PORQUE ESTÁ ARREPENDIDA do que fez, isto porque acha
que entrou em uma cousa perigosa, sem nenhum conhecimento das cousas e
completamente contrária ao seu modo de ser (sic); QUE NÃO ACREDITA EM NENHUMA
ORGANIZAÇÃO SUBVERSIVA E ACHA INVIÁVEL SEUS PROPÓSITOS PORQUE CHEGOU À
CONCLUSÃO DE QUE ELES QUEREM APENAS DESTRUIR; que é católica e não vive com
seus pais, que são judicialmente separados”. E, como nada mais disse nem lhe
foi perguntado, deu-se por findo o presente interrogatório que, depois de lido,
vai assinado por conforme. Eu ***, escrevente, datilografei. Eu ***, escrivão,
assino”. [Assinaturas dos membros do Conselho Permanente de Justiça, de
ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA, do Dr. Juiz Auditor e de mais duas assinaturas]
[os destaques são meus].
Em
2007, Ustra publicou o livro “A Verdade Sufocada”. Nele apresenta uma versão
resumida do que havia escrito em “Rompendo o silêncio”. Desmente mais uma vez
as acusações de Bete Mendes. Aponta inúmeras incoerências e contradições nas
declarações da atriz global. Pergunta para ela os nomes dos desaparecidos que afirma
ter visto – e onde viu. Questiona, sobretudo, o nome do amigo que afirmou ter
sido “morto a pancadas”. O episódio é relatado neste capítulo do livro, “Brasília
– Uruguai – Brasília” (pp. 449-464) [3]:
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Pelo
exposto, não resta dúvida de que a reportagem da Folha de São Paulo foi redigida
– novamente [4] - nos termos de uma pauta definida. Ou premeditação - idiotice - desinformação - ou negligência com a atividade jornalística. Certo é que omitiu as declarações de um agente da história, privilegiando
a versão dos seus adversários. A Folha de São Paulo forneceu mais um exemplo escandaloso de como o jornalismo
está sendo utilizado para consagrar a Mitologia revolucionária.
Notas.
[1].
Folha de São Paulo, 26 de Maio de 2013 [http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/05/1285003-minha-historia-fui-torturada-em-1970-e-denunciei-o-coronel-ustra.shtml].
[2].
USTRA, Carlos Alberto Brilhante. “Rompendo o silêncio” (1987). Versão
eletrônica. [http://www.averdadesufocada.com/images/rompendo_o_silencio/rompendosilencio.pdf].
[3].
USTRA, Carlos Alberto Brilhante. A
Verdade Sufocada. A história que a esquerda não quer que o Brasil saiba.
Brasília: Editora Ser, 2012.
[4].
Cf. BRAGA, Bruno. “Herdeiros da revolução, vítimas dos próprios pais” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/herdeiros-da-revolucao-vitimas-dos.html].
Sugestão de leitura.
BRAGA,
Bruno. “Verdade mutilada – Primeira parte” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/04/v-behaviorurldefaultvmlo.html].
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