Bruno
Braga.
Os destaques no texto são meus. Deles eu
extraio um em especial, que é significativo e vigoroso mesmo para quem não tem
qualquer vínculo com a Igreja Católica:
“Quanto a permanecer fiéis à própria
identidade, seria demasiado pouco se o cristão, com a sua decisão a favor da
própria identidade, interrompesse por assim dizer por vontade própria o caminho
para a verdade. Então o seu ser cristão tornar-se-ia algo de arbitrário, uma
escolha simplesmente factual. Nesse caso, evidentemente, ele não teria em conta
que a religião tem a ver com a verdade. A propósito disto, eu diria que o
cristão possui a grande confiança, mais ainda, a certeza basilar de poder
tranquilamente fazer-se ao largo no vasto mar da verdade, sem dever temer pela
sua identidade de cristão. Sem dúvida, não somos nós que possuímos a verdade,
mas é ela que nos possui a nós [...]”.
***
Discurso
Audiência com a Cúria Romana
Vaticano
Sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Presbiterado,
Queridos irmãos e irmãs!
Com grande alegria, me encontro hoje convosco, amados membros do Colégio
Cardinalício,
representantes da Cúria Romana e do Governatorado, para este momento
tradicional antes do Natal. A cada um de vós dirijo uma cordial
saudação, começando pelo Cardeal Angelo Sodano, a quem agradeço as amáveis
palavras e os ardentes votos que me exprimiu em nome dele e vosso. O Cardeal
Decano recordou-nos uma frase que se repete muitas vezes na liturgia latina
destes dias: «Prope este iam Dominus, venite, adoremus! – O Senhor está perto;
vinde, adoremos!». Também nós, como uma única família, nos preparamos para adorar, na gruta de
Belém, aquele Menino que é Deus em pessoa e tão próximo que Se fez homem como
nós. De bom grado retribuo os votos formulados e agradeço de coração a todos,
incluindo os Representantes Pontifícios espalhados pelo mundo, pela generosa e
qualificada colaboração que cada um presta ao meu ministério.
Encontramo-nos no fim de mais um ano, também este caracterizado – na Igreja e no mundo – por muitas situações
atribuladas, por grandes problemas e desafios, mas também por sinais de
esperança. Limito-me a mencionar alguns momentos salientes no âmbito da vida da Igreja e do meu ministério petrino. Começo pelas viagens realizadas ao México e
a Cuba: encontros inesquecíveis com a força da fé, profundamente enraizada
nos corações dos homens, e com a alegria pela vida que brota da fé. Recordo
que, depois da chegada ao México, na borda do longo troço de estrada que
tivemos de percorrer, havia fileiras infindáveis de pessoas que saudavam,
acenando com lenços e bandeiras. Recordo que, durante o trajecto para
Guanajuato – pitoresca capital do Estado do mesmo nome –, havia jovens
devotamente ajoelhados na margem da estrada para receber a bênção do Sucessor
de Pedro; recordo como a grande liturgia, nas proximidades da estátua de
Cristo-Rei, constituiu um acto que tornou presente a realeza de Cristo: a sua
paz, a sua justiça, a sua verdade. E tudo isto, tendo como pano de fundo os
problemas dum país que sofre devido a múltiplas formas de violência e a dificuldades
resultantes de dependências económicas. Sem dúvida, são problemas que não se
podem resolver simplesmente com a religiosidade, mas sê-lo-ão ainda menos sem
aquela purificação interior dos corações que provém da força da fé, do encontro
com Jesus Cristo. Seguiu-se a
experiência de Cuba; também lá nas grandes liturgias, com seus cânticos, orações e
silêncios, se tornou perceptível a presença d’Aquele a quem, por muito tempo,
se quisera recusar um lugar no país. A busca, naquele país, de uma justa configuração da relação entre
vínculos e liberdade, seguramente, não poderá ter êxito sem uma referência
àqueles critérios fundamentais que se manifestaram à humanidade no encontro com
o Deus de Jesus Cristo.
Como sucessivas etapas deste ano que se encaminha para o fim, gostava de
mencionar a grande Festa da Família em Milão, bem como a visita ao Líbano com a
entrega da Exortação apostólica pós-sinodal que deverá agora constituir, na
vida das Igrejas e da sociedade no Médio Oriente, uma orientação nos difíceis
caminhos da unidade e da paz. O último acontecimento importante deste ano, a
chegar ao ocaso, foi o Sínodo sobre a Nova Evangelização, que constituiu ao
mesmo tempo um início comunitário do Ano da Fé, com que comemorámos a abertura
do Concílio Vaticano II, cinquenta anos atrás, para o compreender e assimilar
novamente na actual situação em mudança.
Todas estas ocasiões permitiram tocar temas fundamentais do momento presente da
nossa história: a família (Milão), o serviço em prol da paz no mundo e o
diálogo inter-religioso (Líbano), bem como o anúncio da mensagem de Jesus
Cristo, no nosso tempo, àqueles que ainda não O encontraram e a muitos que só O
conhecem por fora e, por isso mesmo, não O reconhecem. De todas estas grandes
temáticas, quero reflectir um pouco mais detalhadamente sobre o tema da família
e sobre a natureza do diálogo, acrescentando ainda uma breve consideração sobre
o tema da Nova Evangelização.
A grande alegria, com que se encontraram em Milão famílias vindas de todo o
mundo, mostrou que a família, não obstante as múltiplas impressões em
contrário, está forte e viva também hoje; mas é incontestável – especialmente no mundo ocidental – a crise que a
ameaça até nas suas próprias bases. Impressionou-me que se tenha
repetidamente sublinhado, no Sínodo, a importância da família como lugar
autêntico onde se transmitem as formas fundamentais de ser pessoa humana. É
vivendo-as e sofrendo-as, juntos, que as mesmas se aprendem. Assim se tornou evidente que, na questão da
família, não está em jogo meramente uma determinada forma social, mas o próprio
homem: está em questão o que é o homem e o que é preciso fazer para ser
justamente homem. Os desafios, neste contexto, são complexos. Há, antes de
mais nada, a questão da capacidade que o homem tem de se vincular ou então da
sua falta de vínculos. Pode o homem vincular-se para toda a vida? Isto está de
acordo com a sua natureza? Ou não estará porventura em contraste com a sua
liberdade e com a auto-realização em toda a sua amplitude? Será que o ser
humano se torna-se ele próprio, permanecendo autónomo e entrando em contacto
com o outro apenas através de relações que pode interromper a qualquer momento?
Um vínculo por toda a vida está em contraste com a liberdade? Vale a pena
também sofrer por um vínculo? A recusa do vínculo humano, que se vai
generalizando cada vez mais por causa duma noção errada de liberdade e de
auto-realização e ainda devido à fuga da perspectiva duma paciente suportação
do sofrimento, significa que o homem permanece fechado em si mesmo e, em última
análise, conserva o próprio «eu» para si mesmo, não o supera verdadeiramente.
Mas, só no dom de si é que o homem se alcança a si mesmo, e só abrindo-se ao
outro, aos outros, aos filhos, à família, só deixando-se plasmar pelo
sofrimento é que ele descobre a grandeza de ser pessoa humana. Com a recusa de tal vínculo, desaparecem
também as figuras fundamentais da existência humana: o pai, a mãe, o filho;
caem dimensões essenciais da experiência de ser pessoa humana.
Num tratado cuidadosamente documentado e
profundamente comovente, o rabino-chefe de França, Gilles Bernheim, mostrou que
o ataque à forma autêntica da família (constituída por pai, mãe e filho), ao
qual nos encontramos hoje expostos – um verdadeiro atentado –, atinge uma
dimensão ainda mais profunda. Se antes tínhamos visto como causa da crise da
família um mal-entendido acerca da essência da liberdade humana, agora torna-se
claro que aqui está em jogo a visão do próprio ser, do que significa realmente
ser homem. Ele cita o célebre aforismo de Simone de Beauvoir: «Não se nasce
mulher; fazem-na mulher - t pas femme, on le devient». Nestas palavras, manifesta-se o fundamento daquilo que hoje, sob o
vocábulo «gender - género», é apresentado como nova filosofia da sexualidade.
De acordo com tal filosofia, o sexo já não é um dado originário da natureza que
o homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado, mas uma função
social que cada qual decide autonomamente, enquanto até agora era a sociedade
quem a decidia. Salta aos olhos a profunda falsidade desta teoria e da
revolução antropológica que lhe está subjacente. O homem contesta o facto de
possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o
ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como
um facto pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a
narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido
criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o
ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de
partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da
criação: «Ele os criou homem e mulher» (Gn 1, 27). Isto deixou de ser válido,
para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a
sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a
decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da
pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza; agora,
é só espírito e vontade. A manipulação da natureza, que hoje deploramos
relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha básica do homem a
respeito de si mesmo. Agora existe
apenas o homem em abstracto, que em seguida escolhe para si, autonomamente,
qualquer coisa como sua natureza. Homem e mulher são contestados como
exigência, ditada pela criação, de haver formas da pessoa humana que se
completam mutuamente. Se, porém, não há a dualidade de homem e mulher como um
dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade
pré-estabelecida pela criação. Mas, em tal caso, também a prole perdeu o lugar
que até agora lhe competia, e a dignidade particular que lhe é própria; Bernheim mostra como o filho, de sujeito
jurídico que era com direito próprio, passe agora necessariamente a objecto, ao
qual se tem direito e que, como objecto de um direito, se pode adquirir.
Onde a liberdade do fazer se torna liberdade de fazer-se por si mesmo, chega-se
necessariamente a negar o próprio Criador; e, consequentemente, o próprio homem
como criatura de Deus, como imagem de Deus, é degradado na essência do seu ser.
Na luta pela família, está em jogo o próprio homem. E torna-se evidente que,
onde Deus é negado, dissolve-se também a dignidade do homem. Quem defende Deus,
defende o homem.
Dito isto, gostava de chegar ao segundo grande tema que, desde Assis até ao
Sínodo sobre a Nova Evangelização, permeou todo o ano que chega ao fim: a
questão do diálogo e do anúncio. Comecemos pelo diálogo. No nosso tempo, para a Igreja, vejo principalmente três
campos de diálogo, onde ela deve estar presente lutando pelo homem e pelo que
significa ser pessoa humana: o diálogo
com os Estados, o diálogo com a sociedade – aqui está incluído o diálogo com as
culturas e com a ciência – e, finalmente, o diálogo com as religiões. Em
todos estes diálogos, a Igreja fala a partir da luz que a fé lhe dá. Ao mesmo
tempo, porém, ela encarna a memória da humanidade que, desde os primórdios e
através dos tempos, é memória das experiências e dos sofrimentos da humanidade,
onde a Igreja aprendeu o que significa ser homem, experimentando o seu limite e
grandeza, as suas possibilidades e limitações. A cultura do humano, de que ela
se faz garante, nasceu e desenvolveu-se a partir do encontro entre a revelação
de Deus e a existência humana. A Igreja representa a memória do que é ser homem
defronte a uma civilização do esquecimento que já só se conhece a si mesma e só
reconhece o próprio critério de medição. Mas, assim como uma pessoa sem memória
perdeu a sua identidade, assim também uma humanidade sem memória perderia a
própria identidade. Aquilo que foi dado
ver à Igreja, no encontro entre revelação e experiência humana, ultrapassa sem
dúvida o mero âmbito da razão, mas não constitui um mundo particular que seria
desprovido de interesse para o não-crente. Se o homem, com o próprio pensamento entra na reflexão e na compreensão
daqueles conhecimentos, estes alargam o horizonte da razão e isto diz respeito
também àqueles que não conseguem partilhar a fé da Igreja. No diálogo com o
Estado e a sociedade, naturalmente a Igreja não tem soluções prontas para as
diversas questões. Mas, unida às outras forças sociais, lutará pelas respostas
que melhor correspondam à justa medida do ser humano. Aquilo que ela
identificou como valores fundamentais, constitutivos e não negociáveis da
existência humana, deve defendê-lo com a máxima clareza. Deve fazer todo o
possível por criar uma convicção que possa depois traduzir-se em acção política.
Na situação actual da humanidade, o
diálogo das religiões é uma condição necessária para a paz no mundo,
constituindo por isso mesmo um dever para os cristãos bem como para as outras
crenças religiosas. Este diálogo das religiões possui diversas dimensões. Há-de
ser, antes de tudo, simplesmente um diálogo da vida, um diálogo da acção
compartilhada. Nele, não se falará dos grandes temas da fé – se Deus é
trinitário, ou como se deve entender a inspiração das Escrituras Sagradas, etc.
–, mas trata-se dos problemas concretos da convivência e da responsabilidade
comum pela sociedade, pelo Estado, pela humanidade. Aqui é preciso aprender a
aceitar o outro na sua forma de ser e pensar de modo diverso. Para isso, é
necessário fazer da responsabilidade comum pela justiça e a paz o critério
basilar do diálogo. Um diálogo, onde se trate de paz e de justiça indo mais
além do que é simplesmente pragmático, torna-se por si mesmo uma luta ética
sobre os valores que são pressupostos em tudo. Assim o diálogo, ao princípio
meramente prático, torna-se também uma luta pelo justo modo de ser pessoa
humana. Embora as escolhas básicas não estejam enquanto tais em discussão, os
esforços à volta duma questão concreta tornam-se um percurso no qual ambas as
partes podem encontrar purificação e enriquecimento através da escuta do outro.
Assim estes esforços podem ter o significado também de passos comuns rumo à
única verdade, sem que as escolhas básicas sejam alteradas. Se ambas as partes
se movem a partir duma hermenêutica de justiça e de paz, a diferença básica não
desaparecerá, mas crescerá uma proximidade mais profunda entre eles.
Hoje em geral, para a essência do diálogo inter-religioso, consideram
fundamentais duas regras: 1ª) O diálogo não tem como alvo a conversão, mas a
compreensão. Nisto se distingue da evangelização, da missão. 2ª) De acordo com
isso, neste diálogo, ambas as partes permanecem deliberadamente na sua identidade
própria, que, no diálogo, não põem em questão nem para si mesmo nem para os
outros.
Estas regras são justas; mas penso que assim estejam formuladas demasiado
superficialmente. Sim, o diálogo não visa a conversão, mas uma melhor
compreensão recíproca: isto é correcto. Contudo a busca de conhecimento e compreensão sempre pretende ser também uma
aproximação da verdade. Assim, ambas as partes, aproximando-se passo a
passo da verdade, avançam e caminham para uma maior partilha, que se funda
sobre a unidade da verdade. Quanto a
permanecer fiéis à própria identidade, seria demasiado pouco se o cristão, com
a sua decisão a favor da própria identidade, interrompesse por assim dizer por
vontade própria o caminho para a verdade. Então o seu ser cristão tornar-se-ia
algo de arbitrário, uma escolha simplesmente factual. Nesse caso,
evidentemente, ele não teria em conta que a religião tem a ver com a verdade. A
propósito disto, eu diria que o cristão possui a grande confiança, mais ainda,
a certeza basilar de poder tranquilamente fazer-se ao largo no vasto mar da
verdade, sem dever temer pela sua identidade de cristão. Sem dúvida, não somos
nós que possuímos a verdade, mas é ela que nos possui a nós: Cristo, que é a
Verdade, tomou-nos pela mão e, no caminho da nossa busca apaixonada de
conhecimento, sabemos que a sua mão nos sustenta firmemente. O facto de sermos
interiormente sustentados pela mão de Cristo torna-nos simultaneamente livres e
seguros. Livres: se somos sustentados por Ele, podemos, abertamente e sem medo,
entrar em qualquer diálogo. Seguros, porque Ele não nos deixa, a não ser que
sejamos nós mesmos a desligar-nos d’Ele. Unidos a Ele, estamos na luz da
verdade.
Por último, impõe-se ainda uma breve consideração sobre o anúncio, sobre a
evangelização, de que, na sequência das propostas dos Padres Sinodais, falará
efectiva e amplamente o documento pós-sinodal. Acho que os elementos essenciais
do processo de evangelização são visíveis, de forma muito eloquente, na
narração de São João sobre a vocação de dois discípulos do Baptista, que se
tornam discípulos de Cristo (cf. Jo 1, 35-39). Antes de tudo, há o simples acto
do anúncio. João Baptista indica Jesus e diz: «Eis o Cordeiro de Deus!» Pouco
depois o evangelista vai narrar um facto parecido; agora é André que diz a
Simão, seu irmão: «Encontrámos o Messias!» (1, 41). O primeiro elemento
fundamental é o anúncio puro e simples, o kerigma, cuja força deriva da
convicção interior do arauto. Na narração dos dois discípulos, temos depois a
escuta, o seguir os passos de Jesus; um seguir que não é ainda verdadeiro
seguimento, mas antes uma santa curiosidade, um movimento de busca. Na
realidade, ambos os discípulos são pessoas à procura; pessoas que, para além do
quotidiano, vivem na expectativa de Deus: na expectativa, porque Ele está
presente e, portanto, manifestar-Se-á. E a busca, tocada pelo anúncio, torna-se
concreta: querem conhecer melhor Aquele que o Baptista designou como o Cordeiro
de Deus. Depois vem o terceiro acto que tem início com o facto de Jesus Se
voltar para trás, Se voltar para eles e lhes perguntar: «Que pretendeis?» A
resposta dos dois é uma nova pergunta que indica a abertura da sua expectativa,
a disponibilidade para cumprir novos passos. Perguntam: «Rabi, onde moras?» A
resposta de Jesus – «vinde e vereis» – é um convite para O acompanharem e,
caminhando com Ele, tornarem-se videntes.
A palavra do anúncio torna-se eficaz quando existe no homem uma dócil disponibilidade
para se aproximar de Deus, quando o homem anda interiormente à procura e, deste
modo, está a caminho rumo ao Senhor. Então, vendo a solicitude de Jesus
sente-se atingido no coração; depois o impacto com o anúncio suscita uma santa
curiosidade de conhecer Jesus mais de perto. Este ir com Ele leva ao lugar onde
Jesus habita: à comunidade da Igreja, que é o seu Corpo. Significa entrar na
comunhão itinerante dos catecúmenos, que é uma comunhão feita de aprofundamento
e, ao mesmo tempo, de vida, onde o caminhar com Jesus nos faz tornar videntes.
«Vinde e vereis». Esta palavra dirigida aos dois discípulos à procura, Jesus
dirige-a também às pessoas de hoje que estão em busca. No final do ano,
queremos pedir ao Senhor para que a Igreja, não obstante as próprias pobrezas,
se torne cada vez mais reconhecível como sua morada. Pedimos-Lhe para que, no
caminho rumo à sua casa, nos torne, também a nós, sempre mais videntes a fim de
podermos afirmar sempre melhor e de modo cada mais convincente: encontrámos
Aquele que todo o mundo espera, ou seja, Jesus Cristo, verdadeiro Filho de Deus
e verdadeiro homem. Neste espírito, desejo de coração a todos vós um santo
Natal e um feliz Ano Novo.