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Sunday, August 14, 2011

Pai e Filho - ou o Homem consigo mesmo.


Bruno Braga.

 
Duas histórias, duas imagens poderiam simbolizar as relações entre o Pai e o Filho – a paternidade carnal, ou a espiritual – ou a intimidade do homem consigo mesmo. Diante da complexidade da existência – na ininterrupta alternância entre mal-entendidos, revoltas, rompimentos, reconciliações - histórias, imagens opostas ou complementares.

O "Anjo Decaído" de John Milton – o Satanás, que no "Paraíso Perdido" bradava:

"Poderemos aqui reinar seguros.
Reinar é o alvo da ambição mais nobre,
Inda que seja no profundo inferno;
Reinar no inferno preferir nos cumpre
À vileza de ser no céu escravo"
MILTON, John. Paraíso Perdido. Trad. Antônio José Lima Leitão, in Clássicos Jackson, Vol. XIII, W. M. Jackson Inc. Editores: Rio de Janeiro, 1949. p. 14.

O filho pródigo, que na parábola bíblica humildemente diz para aquele que abandonou:

"Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho" (Lucas 15, 21).

Que o recebe, entusiasmado junto aos servos, e depois diante do enciumado filho mais velho:

"Trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se" (Lucas 15, 23-24).
[...]
"Era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se" (Lucas 15, 32).

 
Entre o Pai e o Filho – ou o próprio homem no interior da sua autoconsciência - duas histórias, duas imagens: contrárias, complementares, a depender da existência que no simbolismo delas se espelha. Mas que, independentemente de qual for o reflexo, será sempre o da tensão do relacionamento, o da tensão da vida.

 

 

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