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Thursday, August 23, 2018

"Missa afro"? Uma polêmica e a Liturgia da Santa Igreja Católica.

Bruno Braga.
Notas publicadas no Facebook.


I.

A polêmica criada em torno de minhas publicações sobre uma "missa afro" em Carandaí (MG) exige alguns esclarecimentos [1].   

Tomar os textos como uma questão de "racismo", "preconceito" e "intolerância" - ou até como de cunho "pessoal" para com o sacerdote - é distorcer completamente o que foi colocado. Trata-se de Liturgia e de orientações e princípios da Santa Igreja Católica. 

Para desfazer a distorção basta um único exemplo: o Cardeal Robert Sarah. Ele é negro, africano (Guiné) e prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Não é preciso dizer que cabe a ele a tutela das celebrações da Santa Missa. Vamos ver o que o Cardeal Robert Sarah diz sobre o assunto: [...] "EU SOU AFRICANO. Deixem-me dizê-lo claramente: A LITURGIA NÃO É O LUGAR DE PROMOVER A MINHA CULTURA. Melhor, é o lugar onde minha cultura é batizada, onde minha cultura é levada para o divino. Através da LITURGIA DA IGREJA (que os missionários levaram por todo o mundo) Deus fala a nós, muda-nos e torna-nos capazes de participar de sua vida divina" [2]. 

Claro e direto. E creio que ninguém em sã consciência irá acusar o Cardeal Sarah de ser "racista", "preconceituoso" e "intolerante" - ou mesmo atribuir a ele outros adjetivos mais pesados que circulam por aí em vários comentários. 

Robert Sarah diz mais: “a questão da inculturação NÃO É PRINCIPALMENTE A QUESTÃO DE COMO PODEMOS TORNAR A LITURGIA MAIS AFRICANA, mais asiática ou mais aborígene. O Divino irrompe no humano, não para se acorrentar pelo humano, mas para abri-lo, purificá-la, liberá-lo, transformá-lo, divinizá-lo. Muitas vezes, tenho a impressão de que NOS OCUPAMOS DE COMO TORNAR A LITURGIA MAIS 'ADAPTADA', do que de oferecer toda a sua riqueza” [3]. É o que afirma o Cardeal negro, africano e responsável por cuidar da Liturgia.   

E mais. Na última Assembléia Geral da CNBB (da CNBB!), realizada em Aparecida, Dom Armando Bucciol, presidente da Comissão Episcopal Pastoral de Liturgia - vou repetir: Liturgia! - afirmou o seguinte: “NINGUÉM NA IGREJA É DONO DA LITURGIA. Eu não sou dono, sou servidor. Também o Papa é servidor da Igreja, o primeiro. E, portanto, EU NÃO POSSO MANIPULAR A LITURGIA AO MEU BEL PRAZER... segundo o que eu chamo de 'criatividade selvagem e fantasia'" [...] “A liturgia é obra do Espírito e da Igreja ao longo dos séculos" [...] "Às vezes, se confundem as coisas, não se conhece a história, nem as raízes nem as razões de cada gesto e de cada rito. Portanto, UM PADRE, ou também um bispo, QUE FORA DAS COMPETÊNCIAS RECONHECIDAS PELA IGREJA MANIPULA AO SEU BEL PRAZER (A LITURGIA), ESTÁ TRAINDO" [4].

É perfeitamente compreensível que os paroquianos tenham apreço para com o seu padre, e até se lancem imediatamente a defendê-lo. No entanto, uma vez que é padre da Santa Igreja Católica, ele tem o dever de manter-se fiel às Suas determinações e Liturgia. "Missa afro", portanto, é abuso litúrgico, pois o que existe é a Santa Missa no seu Rito Latino.    

Um detalhe importante deve ser observado quanto a determinados termos da minha publicação. Por exemplo, "profanação", com o qual muitas pessoas se viram escandalizadas. Ora, ele não pode ser tomado no seu sentido vulgar, mas deve ser considerado dentro de um contexto católico, com o fundamento da Liturgia - no que aqui exposto sobre ela ajuda a compreendê-lo - e inclusive dentro do espaço sagrado de uma paróquia, com o seu altar, presbitério, etc., etc. 

Para concluir, cito aqui as palavras do Papa São João Paulo II para os Bispos brasileiros em 2003: [...] "É evidente, porém, que se estaria distanciando da finalidade específica da evangelização, acentuar um destes elementos formadores da cultura brasileira, isolá-lo deste processo interativo tão enriquecedor, de modo quase a se tornar necessária a criação de uma nova liturgia própria para as pessoas de cor. SERIA INCOMPREENSÍVEL DAR AO RITO LITÚRGICO UMA APRESENTAÇÃO EXTERNA E UMA ESTRUTURAÇÃO - NAS VESTES, NA LINGUAGEM, NO CANTO, NAS CERIMÔNIAS E OBJETOS LITÚRGICOS - BASEADOS ASSIM NOS CHAMADOS CULTOS AFRO-BRASILEIROS, sem a rigorosa aplicação de um discernimento sério e profundo acerca da sua COMPATIBILIDADE com a Verdade revelada por Jesus Cristo" [5]. E define o Papa Bento XVI: "Como estão distantes de tudo isto quantos, EM NOME DA INCULTURAÇÃO, DECAEM NO SINCRETISMO INTRODUZINDO RITOS TOMADOS DE OUTRAS RELIGIÕES OU PARTICULARISMOS CULTURAIS NA CELEBRAÇÃO DA SANTA MISSA!" [6]. 

Feitos os meus esclarecimentos particulares, e com a devida fundamentação, encerro aqui. Mas, se a Arquidiocese de Mariana julgar necessário, para um esclarecimento maior, o dos católicos da região - sobretudo os de Carandaí (MG), como local do episódio em tela -, que examine a questão. 

II.

No contexto das últimas "notas" [7], é interessante transcrever aqui a experiência do embaixador Meira Penna -  que era católico - ao participar de uma "Eucaristia afro-cristã" (que viola a Liturgia e não existe no Rito Latino da Santa Igreja [8]). A experiência é contada - e o católico de fato identificará os trechos de ironia e sarcasmo - no livro "O Evangelho segundo Marx" (editora convívio, 1982, pp. 150-154), no qual denuncia a Teologia da Libertação e os seus "apóstolos" comunistas. Leia: 
A Igreja progressista está realmente progredindo e popularizando-se: comprovei-o há poucos domingos, o primeiro domingo depois do advento de Iemanjá, quando assisti a uma EUCARISTIA AFRO-CRISTÃ correspondente aos grandes sacrifícios que, nas praias do Fio e de Santos, foram oferecidos à divindade. A missa contou com a colaboração de uma banda de ritmo impecável, a ponto de dissolver totalmente os eflúvios soporíferos do ópio do povo. A batucada entusiasmou (do grego "enthousiasmos" = ser possuído ou inspirado por deus). Os crentes sentiram até as suas vísceras o fervor religioso que a austera, fria e burguesa Igreja Católica Apostólica Tridentina, vulgo Romana, não conseguira jamais promover. O "aggiornamento" desejado pelo bom Papa João XXIII está, pelo menos no Brasil, amplamente realizado. UMA ENORME ESTRELA VERMELHA dominava o presépio: suponho que representava aquela que guia os Reis Magos da opção pelos pobres. A meu lado, sentava-se um casal de estrangeiros, descarnados, de lábios finos e olhos pálidos, que pareciam reagir entre o PASMO, a PERPLEXIDADE e o FASCÍNIO, ante esta demonstração da exuberância brasileira, A SOCIEDADE ERÓTICA.
"Senhor, tende piedade de nós!". O barulho era grande. "Cristo, tende piedade de nós!". Crianças por toda a parte, numa demonstração ofuscante do poder do instinto genésico e do princípio bíblico "Crescei e multiplicai-vos" [...] Mulheres grávidas também: a explosão demográfica deste povo escolhido, destinado a grandes coisas no futuro. UM VOZERIO GERAL, ONDE OS OUTRORA DESEJADOS SILÊNCIO E RECOLHIMENTO QUE O MISTICISMO IMPÕE, SAÍRAM PELA PORTA DA FRENTE. Um "menino impossível" e um "diabinho" adorável, seguido com um olhar apaixonado pela orgulhosa mãe, que já esperava outro bebê, AVANÇARAM AOS BERROS SOBRE O ALTAR NO MOMENTO DA ELEVAÇÃO: "deixai vir a mim as criancinhas"... Num canto da Igreja, um casal de namorados cultuava o Deus de amor, que não é necessariamente o do Evangelho de S. João. O calor era grande e não sei bem se o rapaz estava sem camisa, enquanto a moça se esfregava nele e arfava os seios na transparência de seu vestido leve. Afinal de contas, o ardor da fé elevava a temperatura a 40o.! Obviamente, seguiam à sua maneira o sublime conselho paulino: "AMA E FAZE O QUE QUERES". Também, POR QUE NÃO ANDAR NU NA IGREJA? A Igreja era de franciscanos e S. Francisco se despojou diante do bispo de Assis para manifestar sua opção pela pobreza. 
TODOS GINGAVAM E BAMBOLEAVAM AO RITMO EXCITANTE DOS VIOLÕES, DOS ATABAQUES E PANDEIROS E RECO-RECOS, E BATIAM PALMAS. "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra àqueles por Ele amados". Todos se consideravam profundamente amados e batiam palmas de satisfação e levantava os braços para cima, NUMA ATITUDE ANTES CARNAVALESCA, DO QUE DE ADORAÇÃO. O Carnaval é aliás, como todo mundo sabe, uma festa religiosa que precede a Semana Santa. POR QUE NÃO TRANSFORMAR A MISSA EM CARNAVAL, neste que Jorge Amado tão bem definiu como o "país do Carnaval"? O Carnaval tem um efeito catártico, para usar a linguagem freudiana, e reduz as repressões do Super-Ego, esse produto detestável do Pai que Édipo, sem complexos, matou. FAÇAM O AMOR, NÃO A GUERRA! MATEM O PADRE NOSSO. A IGREJA PROGRESSISTA SE QUER BRASILEIRA E A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO É NACIONALISTA. "Glória, glória, aleluia!": entretanto a música era a de uma famosa canção dos imperialistas, da época em que se empenhavam numa Guerra Civil para manter os pretos escravizados e discriminados. 
Houve UM PEQUENO MOMENTO DE SERIEDADE quando o sacerdote, depois de transferir o Evangelho para o lugar da Segunda Leitura, pediu à platéia que se ajoelhasse a fim de ouvir aquele trecho do Êxodo em que Jeová manda os judeus lembrarem-se que foram estrangeiros no Egito. Coitados dos padres franceses que são estrangeiros! O tom alegre da missa subitamente se transformou em colérico, quando no sermão o bom e santo franciscano deblaterou contra a maldade das autoridades e juízes que prendem padres franceses. Alguns outros SLOGANS DA LIBERTAÇÃO foram intercalados no profuso e interminável DISCURSO ELEITORAL, sugerindo paradoxalmente antes a figura de Khomeini do que a do "poverello" de Assis. Tive a impressão que se surgisse, no momento, um daqueles moços da TFP, de gravata, paletó e colete preto nos 40o. à sombra, seria IMEDIATAMENTE OFERECIDO EM SACRIFÍCIO EXPIATÓRIO, NUMA PRÁXIS ADEQUADA AO SENTIDO CONCRETO DO EVANGELHO SEGUNDO MARX. 
Mas logo O AMBIENTE CARNAVALESCO RETORNOU. O Credo também foi dançado ao ritmo da batucada: "Creio na remissão dos pecados", oba-oba. "Na ressurreição da carne": Evoé. É isso mesmo o que queremos: "carne-vale"... Já no "Santo, Santo é o Senhor Rei dos Exércitos", as palavras de Isaías estavam tão misturadas nas letras do samba e os ânimos tão açodados no ardor erótico do ágape, que mal pude acompanhar o que se passava. Mulheres histéricas interrompiam o padre para bater palmas e proclamar em voz alta o seu amor ao Deus de amor. Os "Holy Shakers" da Nova Inglaterra certamente não se podem comparar em ritmo e vigor a esses nossos foliões de Jesus Cristo, Super-Star.
À Elevação, FOI O PANDEMÔNIO: baixou o (Espírito) Santo! Pensei lá comigo qual seria a reação de Gustavo Corção se estivesse vivo e assistisse - ele que era tão austero e rígido em seu integrismo - a esse simpósio de novo estilo. O PADRE CARISMÁTICO levantava os braços para os céus, ondulando levemente, e agradecendo a Deus o poder hipnótico que exercia sobre as massas oprimidas e exploradas pelas classes dominantes. Lembrei-me daqueles seitas de gnósticos, adamitas e anabatistas da Idade Média e da Reforma que TRANSFORMAVAM O CULTO NUMA ORGIA DIONISÍACA. NÃO É O BRASILEIRO UM POVO DIONISÍACO, E TROPICALISTA AINDA POR CIMA?
A mulata gorda a meu lado ria, beata, possuída de alegria transcendente. Gingava freneticamente a sua esteatopigia, pensando confusamente em Cristo, Exu, Iemanjá, A Virgem Maria, S. Jorge, Ogun, e S. Judas Tadeu. Eta, mulata boa! SÓ FALTAVA A GALINHA DEGOLADA PARA ENCHER O CÁLICE DE SANGUE...
Ao Padre Nosso formou-se uma espécie de cordão, todos dando as mãos uns aos outros, mas as palavras da oração que Cristo nos ensinou estavam tão atrapalhadas pelas exigências da rima do samba que não eram facilmente inteligíveis. "Perdoai-nos as nossas ofensas... E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do capitalismo... Amém! Amém! Amém!".
Ao "irmão abraçai-vos uns aos outros", A CONFUSÃO ERA GERAL, como diria Machado. A SOCIEDADE ERÓTICA TRANSFORMA ESTE SIMPÁTICO RITUAL NO PONTO ALTO DA LITURGIA mas foi o único momento em que o padre usou de sua autoridade, sem o que ainda lá hoje estaríamos, abraçando-nos uns aos outros...
Talvez eu esteja exagerando. Não sei! Nem todos os pormenores aqui relatados se registraram numa mesma missa. Minha descrição é um "pot-pourri" de observações esparsas. Talvez o que tive foi um sonho ou UM PESADELO ou UMA ANTEVISÃO DO QUE SERÁ O BRASIL, país do futuro, e sua Igreja progressista e popular, "organizando-se para a Libertação" total da Libido. IMAGINEM O PODER DO SAMBA COMO ELEMENTO DE COMUNHÃO, NA "PROPAGANDA FIDE" DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO!
Em certo momento, perdi um pouco consciência de tudo. E como Elias, da Primeira Leitura, vi passar o vento impetuoso do samba, mas o Senhor não estava no terremoto; e depois, acendeu-se o fogo ardente do CARNAVAL REVOLUCIONÁRIO em que também não estava o Senhor. E ouvi então, abstraindo o barulho, o sopro de uma brisa ligeira, e cobrindo o rosto, saí... (III Reis 19:10 a 13).
III.

Mais um relato do embaixador Meira Penna [9], e que serve para esclarecer no mínimo o despropósito de uma "Eucaristia afro-cristã": 
"Há alguns anos tive ocasião de discutir a questão com um NIGERIANO, Dr. Ebenezer Lashebikan, que fora convidado para lecionar no Centro Afro-asiático da Universidade da Bahia. O Dr. Lashebikan, que é pastor protestante, foi muito franco. CRITICOU OS ESFORÇOS QUE OS INTELECTUAIS BRASILEIROS FAZIAM PARA PRESTIGIAR E VITALIZAR O CANDOMBLÉ, que consideravam um instrumento de auto-identificação tribal, se não nacionalista, dos descendentes dos africanos. Ora, comentava o inteligente nigeriano: "EM MEU PAÍS PENSAMOS DIFERENTE. O CANDOMBLÉ, O VUDU OU A MACUMBA CONSTITUEM EXPRESSÕES DE UM ESTÁGIO INFERIOR DE EVOLUÇÃO. O PAGANISMO FOI SUPERADO. PARA O NIGERIANO, CONVERTER-SE AO CRISTIANISMO ou ao Islã POSSUI O VALOR SIMBÓLICO DE UM DEGRAU PARA UM NÍVEL MAIS REFINADO DE CULTURA. Por que pretenderia então, em função de UMA FALSA 'AUTENTICIDADE RACIAL', uma CURIOSIDADE FOLCLÓRICA ou ANTROPOLÓGICA, ou uma EXTRAVAGÂNCIA DE CABOTINO, DECAIR VOLUNTARIAMENTE DO PATAMAR CULTURAL QUE JÁ ATINGIU"? Lashebikan, repito, era pastor metodista e, nesse particular, são os protestantes bem mais severos do que os católicos no que diz respeito aos riscos de uma tal contaminação" [10].
IV.





Enquanto no Brasil inventam a tal "missa afro" - que não existe, rasga o Missal Romano e pisa a Liturgia -, na África... Na África de verdade, não na fantasia ideologizada, celebra-se a Missa Tridentina e o Rito Latino da Santa Igreja Católica.

Confira as imagens [11].





V. 

Mais uma palavra esclarecedora contra os abusos litúrgicos, profanações e até mesmo sacrilégios que não raro são cometidos sob a insígnia da "Eucaristia afro-cristã" ou "missa afro" - que não existem, mas têm levado muitos católicos ao erro e ao engano. Uma palavra direta para os Bispos do Brasil: 

”A Igreja Católica tributa um sincero respeito em relação aos cultos afro-brasileiros, mas considera nocivo o relativismo concreto de uma prática entre ambos ou de uma mistura entre eles, como se tivessem o mesmo valor, pondo em perigo a identidade da fé cristã católica. Ela sente-se no dever de afirmar que o sincretismo é danoso ali onde a verdade do rito cristão e a expressão da fé podem facilmente ser comprometidas aos olhos dos fiéis, em detrimento de uma autêntica evangelização”. 

Papa São João Paulo II. 
Audiência com Bispos da Regional Nordeste 3 da CNBB, 29 de setembro 1995 [12].

VI.

O Cardeal Francis Arinze foi prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos (2002-2008). O responsável no Vaticano por cuidar da Liturgia, por aquilo que todos os padres da Santa Igreja Católica devem seguir e obedecer na celebração da Santa Missa.

Neste vídeo, Sua Eminência apresenta esclarecimentos importantíssimos. Assista: [https://youtu.be/-qunILnfndY]. E assista até o fim, pois depois dessas explicações não acredito que nenhum entusiasta da "missa afro" (que não existe) terá a ousadia de acusar o Cardeal Arinze - negro, nigeriano, africano - de ser racista, intolerante e preconceituoso, ou - pela sua função em Roma - de não saber o que está falando.


"Na África e na Ásia, nem toda dança é aceitável. Algumas danças são completamente inaceitáveis em qualquer evento religioso" [...] "Por que banalizar mais? Por que dessacralizar mais?" 

(*). O Cardeal Robert Sarah é o atual prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Negro e africano (Guiné), ele afirma de maneira enfática: "EU SOU AFRICANO. Deixem-me dizê-lo claramente: A LITURGIA NÃO É O LUGAR DE PROMOVER A MINHA CULTURA. Melhor, é o lugar onde minha cultura é batizada, onde minha cultura é levada para o divino. Através da LITURGIA DA IGREJA (que os missionários levaram por todo o mundo) Deus fala a nós, muda-nos e torna-nos capazes de participar de sua vida divina" (Londres, 05 de julho de 2016). 

VII.

O Concílio Vaticano II é frequentemente invocado para promover todo tipo de aberração dentro das paróquias e igrejas - como a tal "missa afro" (que não existe) -, para legitimar as supostas "inovações" - o que seria mais apropriado chamar de autênticas traições (!) contra a Santa Igreja Católica. Mas, vejamos o que diz o próprio Concílio na constituição "Sacrosanctum concilium", que trata exatamente da Sagrada Liturgia:

"Regular a sagrada Liturgia COMPETE UNICAMENTE À AUTORIDADE DA IGREJA, a qual reside na Sé Apostólica e, segundo as normas do direito, no Bispo. [...]
"Por isso, NINGUÉM MAIS, MESMO QUE SEJA SACERDOTE, ouse, POR SUA INICIATIVA, ACRESCENTAR, SUPRIMIR ou MUDAR seja o que for em MATÉRIA LITÚRGICA" (22, §§1-3) [13].

VIII.

Em 2009, na viagem apostólica a Camarões, - portanto, na África (!) - o Papa Bento XVI  se reuniu com os Bispos do país. As orientações para os camaroneses são claras, e claras também para muitos católicos brasileiros que ainda acreditam numa tal "missa afro" que nem na África existe [14]: 
"A LITURGIA OCUPA UM LUGAR IMPORTANTE NA MANIFESTAÇÃO DA FÉ DAS VOSSAS COMUNIDADES. Habitualmente, estas celebrações eclesiais são festivas e animadas, exprimindo o fervor dos fiéis, felizes por estarem juntos, como Igreja, para louvar o Senhor. ENTRETANTO É ESSENCIAL QUE A ALEGRIA ASSIM MANIFESTADA NÃO SEJA OBSTÁCULO mas meio para entrar em diálogo e comunhão com Deus, através de UMA REAL INTERIORIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS e PALAVRAS DE QUE SE COMPÕE A LITURGIA, para que esta traduza o que se passa no coração dos crentes, em real união com todos os participantes. Um sinal eloqüente desta é A DIGNIDADE DAS CELEBRAÇÕES, sobretudo quando estas se desenrolam com grande afluência de participantes."O AVANÇO DE SEITAS e MOVIMENTOS ESOTÉRICOS e a INFLUÊNCIA CRESCENTE DE UMA RELIGIOSIDADE SUPERSTICIOSA como também do RELATIVISMO são um premente convite a dar um novo impulso à FORMAÇÃO dos jovens e dos adultos, particularmente nos meios universitários e intelectuais" [15].
IX. 

Ora, ora, ora... Depois de recentemente protagonizar o escândalo de uma "missa afro", desencadeando uma polêmica escabrosa sobre uma "celebração" que não existe sequer na África [16], o padre Julião recebeu em Carandaí (MG) o "padre do PT" para um "bate papo com LIDERANÇAS POLÍTICAS (!) e comunitárias NA CASA PAROQUIAL (!)" (cf. imagem). João, o "apóstolo" da Teologia da Libertação que está em plena campanha eleitoral, na tentativa de reeleger-se deputado federal e continuar o seu "serviço" ao criminoso esquema de poder comunista - esquema que contraria frontalmente os princípios e orientações da Santa Igreja Católica. 

A Arquidiocese de Mariana tem o dever de se manifestar para o esclarecimento do rebanho confiado à sua proteção.  


REFERÊNCIAS.


[2] Cf. Discurso em Londres, 05 de julho de 2016 [http://www.movimentoliturgico.org/discurso-na-integra-do-cardeal-sarah/].  

[3]. Cf. "Cardeal Sarah: A Igreja se seculariza quando reduz a fé à medida humana". ACIDigital, 29 de maio de 2017 [https://www.acidigital.com/noticias/cardeal-sarah-a-igreja-se-seculariza-quando-reduz-a-fe-a-medida-humana-91082].  

[4]. Cf. "Não há lugar para 'criatividade selvagem' na liturgia, alerta bispo brasileiro". ACIDigital, 13 de abril de 2018 [https://www.acidigital.com/noticias/nao-ha-lugar-para-criatividade-selvagem-na-liturgia-alerta-bispo-brasileiro-21952]. 


[6]. Cf. Bento XVI aos Prelados da CNBB. Visita Ad Limina Apostolorum, 15 de abril de 2010. 

[7]. Cf. Nota I. 

[8]. Idem.


[10]. Cf. PENNA, J. O. de Meira. "O Evangelho segundo Marx". Convívio: São Paulo, 1982. pp. 156-157. 

[11]. Imagens extraídas do site "Salvem a Liturgia": Sobriedade, Solenidade, Sacralidade!





[16]. Cf. notas I e IV.

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