KREEFT,
Peter. “Como vencer a guerra cultural”: um plano de batalha cristão para uma
sociedade em crise. Tradução Márcio Hack. Ecclesiae: São Paulo, 2011.
Bruno
Braga.
A
sociedade está em crise. Esta é uma constatação inescusável para qualquer um que
se proponha a examinar o mundo à sua volta. Banalização da violência e a
disseminação da criminalidade. No entanto, o que mais atormenta as pessoas são
as questões sociais e culturais, a reformulação dos valores e da moral. Este
movimento não é espontâneo. Não é fruto do “progresso” ou consequência do
“desenvolvimento”. É o resultado de uma verdadeira guerra.
“Como
vencer a guerra cultural” é um chamado à realidade. Peter Kreeft - professor de
filosofia do Boston Collegy e do King´s College - alerta os incautos e
desavisados, os iludidos e conformados, sobretudo os cristãos, que insistem em
proclamar paz, paz, paz: estamos em uma GUERRA e diante de um EXÉRCITO DA
DESTRUIÇÃO. Milícias revolucionárias que – tomadas por um surto psicótico de
autodivinização - reivindicam poder para destruir as estruturas sociais – a
moral judaico-cristã, denunciada como a fonte e a origem da injustiça e do mal
- para erguerem um “novo mundo” das ruínas e dos escombros.
O
livro de Peter Kreeft é mais que um chamado à realidade, é uma convocação dos
cristãos para a guerra. Os católicos são “pacíficos”, porém, não “pacifistas”,
advertia o Papa Paulo VI. Não devem aceitar tudo e qualquer coisa sob o
pretexto da “paz” e do “amor”, porque AMOR também é “luta”. Basta olhar o amor
de um pai e de uma mãe pelo filho para reconhecer que ele é uma guerra contra o
ódio, a deslealdade e o egoísmo. Não há amor sem ODIAR o MAL – e o Maligno - e
sem o compromisso com a VERDADE.
Trata-se
de uma guerra ESPIRITUAL travada no campo de batalha CULTURAL. A lei de Colson
– exposta em um diagrama lógico que envolve “Comunidade”, “Caos”, “Consciência”
e “Polícia” - é um esquema útil para compreender os termos deste conflito. É
importante identificar o “inimigo”, mas também os seus colaboradores. Por isso Kreeft
denuncia os “especialistas” e “Intelectuais”, que ele chama de “experts”. São agentes
que ocupam centros de ensino e universitários, a mídia e a imprensa. Suas armas
são artifícios retóricos e pseudofilosofias, utilizados para justificar a
“transformação da sociedade” e impor todo tipo de absurdo: desde o ABORTO – o
ASSASSINATO de crianças - à revolução sexual GAYZISTA-FEMINISTA, o vício das
DROGAS, etc.
Neste
conflito o cristão não está desamparado. Ele tem um poderoso estímulo para lançar-se
ao combate: o DEVER de SANTIDADE. Seus modelos são os santos e o próprio Filho
de Deus. Kreeft desconstrói a imagem “pacifista” de Jesus Cristo, forjada para domesticar
os cristãos e que contrasta com Aquele que advertiu: “Mas qualquer um que fizer
tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe
pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar” (Mc 9,
42). Quanto aos santos, não, eles não são ascetas que abandonaram o mundo para
uma vida na estratosfera:
“[...]
os santos amam a verdadeira paz. Eles também odeiam a falsa paz, a paz baseada
em mentiras. Os santos odeiam a violência e a intolerância para com os
pecadores. Mas eles odeiam também a tolerância ao pecado. Os santos amam mais
os pecadores e menos os pecados do que todas as outras pessoas. Essas duas
excentricidades confundem as pessoas e, não raro, as ofendem” (p. 130).
É
uma guerra com a espada trazida por Cristo, que separa, de um lado a PESSOA, inviolável,
mas do outro o PECADO – intolerável em pensamentos e palavras, atos e omissões.
Kreeft
adverte. Na guerra denunciada não está em jogo apenas a “sociedade”. Estão em
risco sobretudo as ALMAS (p. 136). Almas conformadas ou que se degradam alimentando-se
com uma CULTURA DA MORTE, com uma “espiritualidade” pueril. Que investem em uma
felicidade forçada e em uma paz fingida. Elas podem estar decidindo a sua
eternidade ao disseminar o MAL que insistem tanto em esconder ou negar. Para estas
almas, mas também para as que preenchem as fileiras do combate, um anúncio
sobre a sua condição: “a estrada do paraíso perdido até o paraíso reconquistado
está encharcada de sangue. Bem no centro da história está uma cruz – um símbolo
de conflito mais do que qualquer outro” (p. 23). O livro de Kreeft é
edificante, porque mostra a dignidade de percorrer este caminho.
2 comments:
Vi seu texto no Mídia Sem Máscara. Parabéns pela indicação. Acabei de ler o livro e, ali, tem muitos conselhos bons. Impressionante como o autor já via muitas coisas já naquela época.
Um abraço,
Henrique,
Muito obrigado pela consideração. O livro do Peter Kreeft é realmente bem atual. Penso, inclusive, que a “Lei de Colson”, que eu menciono na resenha, pode ser um instrumento útil para compreender algo da recente onda de protestos no Brasil e os seus desdobramentos (fica a dica para você, que acabou ler o livro).
No mais, um abraço.
Bruno Braga.
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