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Wednesday, October 31, 2012

A juventude politizada.



Bruno Braga.



No artigo anterior [1] considerei a pedagogia da inversão promovida pelas Audiências Públicas da Comissão da Verdade: em vez do conhecimento, a “sensibilização da sociedade”, sobretudo a sensibilização da juventude – estimular nela sentimentos e reações, condicionar o seu comportamento para acolher os esquemas revolucionários e repelir, com repugnância ou ódio, qualquer tipo de oposição a eles. Este método de ensino não é exclusividade do grupo de trabalho de José Carlos Dias e Maria Rita Kehl [2]: é uma orientação geral, que pode ser reconhecida, por exemplo, na exigência de “politizar” a juventude.

Nas escolas e universidades os jovens são estimulados a participar do debate político sob o pretexto de que eles “serão o futuro do país” – mesmo que não ocupem um cargo público, serão agentes de transformação cultural. No entanto, neste processo o estudo da História – com todas as suas nuances, tensões e contradições – é colocado em segundo plano. Em vez da preparação para a maturidade, o aluno é constrangido a tomar uma posição imediata: ele deve ser “engajado”, o que pressupõe assumir “um lado”. Esta exigência está gravada nas orientações das cartilhas e apostilas – onde estão assentados mais princípios ideológicos do que os resultados de pesquisa séria e honesta - e nos discursos e lições do professorado militante.

Além disso, para participar da discussão política – para ser “politizado” – o jovem precisa adquirir o vocabulário próprio deste domínio do conhecimento. Porém, os termos e conceitos – no ensino e na utilização - estão, geralmente, viciados. A nobreza e a seriedade com as quais são pronunciados escondem a vacuidade de conteúdo ou a manipulação propositada: “Estado”, “sociedade”, “o povo”, “o coletivo”, “os excluídos”, “a grande massa”, a “liberdade”, “os reacionários”, “o sistema”, “o mercado”, “o capital”, etc. – estereótipos que oprimem e obstruem a inteligência do aluno, que definem previamente “o seu lado” e a sua posição no tabuleiro do jogo político.

A pedagogia invertida tem a marca do patrono da Educação brasileira: Paulo Freire – para quem a “conscientização” é um princípio educacional. “Ensinar não é transferir conhecimento é fundamentalmente pensar certo” – e a Educação deve esta estar fundada na “politicidade”, que é a “qualidade que tem a prática educativa de ser ‘política’, de não poder ser neutra” [3]. O modelo pedagógico e educacional proclamado por Paulo Freire – adepto da Teologia da Libertação [4] – é o aprisionamento da consciência aos esquemas, conceitos e estereótipos de uma ideologia, da ideologia revolucionária.

O resultado deste processo educacional – que perfaz as Escolas e as Universidades – é exibido no espetáculo de histeria promovido pelas Audiências Públicas da Comissão da Verdade [5]. Tem expressão no comportamento “democrático” da juventude “politizada”, que expulsou Dom Bertrand de Orleans e Bragança da Unesp sob os gritos de “assassino”:

Unesp. Agosto de 2012.

É a juventude “consciente” idealizada pelos educadores e pedagogos militantes, que com insultos e cusparadas – e sem qualquer investigação séria e apurada – sentenciou sumariamente os militares da reserva na porta do Clube Militar:

Clube Militar. Março de 2012.
   


Referências.

[1]. BRAGA, Bruno. “Sensibilizando a nova geração” [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/10/sensibilizando-nova-geracao.html].

[2]. Idem.

[3]. Cf. FREIRE, Paulo. “Pedagogia da Autonomia”. Paz e Terra, Coleção Leitura. pp. 49-70.

[4]. BRAGA, Bruno. “A corrupção da consciência” [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/10/a-corrupcao-da-consciencia_21.html].

[5]. Cf. [1].

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