Bruno Braga.
No
artigo anterior [1] considerei a pedagogia da inversão promovida pelas
Audiências Públicas da Comissão da Verdade: em vez do conhecimento, a
“sensibilização da sociedade”, sobretudo a sensibilização da juventude –
estimular nela sentimentos e reações, condicionar o seu comportamento para
acolher os esquemas revolucionários e repelir, com repugnância ou ódio,
qualquer tipo de oposição a eles. Este método de ensino não é exclusividade do
grupo de trabalho de José Carlos Dias e Maria Rita Kehl [2]: é uma orientação geral,
que pode ser reconhecida, por exemplo, na exigência de “politizar” a juventude.
Nas
escolas e universidades os jovens são estimulados a participar do debate
político sob o pretexto de que eles “serão o futuro do país” – mesmo que não
ocupem um cargo público, serão agentes de transformação cultural. No entanto,
neste processo o estudo da História – com todas as suas nuances, tensões e
contradições – é colocado em segundo plano. Em vez da preparação para a
maturidade, o aluno é constrangido a tomar uma posição imediata: ele deve ser “engajado”,
o que pressupõe assumir “um lado”. Esta exigência está gravada nas orientações
das cartilhas e apostilas – onde estão assentados mais princípios ideológicos
do que os resultados de pesquisa séria e honesta - e nos discursos e lições do
professorado militante.
Além
disso, para participar da discussão política – para ser “politizado” – o jovem precisa
adquirir o vocabulário próprio deste domínio do conhecimento. Porém, os termos
e conceitos – no ensino e na utilização - estão, geralmente, viciados. A
nobreza e a seriedade com as quais são pronunciados escondem a vacuidade de
conteúdo ou a manipulação propositada: “Estado”, “sociedade”, “o povo”, “o
coletivo”, “os excluídos”, “a grande massa”, a “liberdade”, “os reacionários”,
“o sistema”, “o mercado”, “o capital”, etc. – estereótipos que oprimem e obstruem a
inteligência do aluno, que definem previamente “o seu lado” e a sua posição no
tabuleiro do jogo político.
A pedagogia
invertida tem a marca do patrono da Educação brasileira: Paulo Freire – para quem
a “conscientização” é um princípio educacional. “Ensinar não é transferir
conhecimento é fundamentalmente pensar certo” – e a Educação deve esta estar
fundada na “politicidade”, que é a “qualidade que tem a prática educativa de
ser ‘política’, de não poder ser neutra” [3]. O modelo pedagógico e educacional
proclamado por Paulo Freire – adepto da Teologia da Libertação [4] – é o
aprisionamento da consciência aos esquemas, conceitos e estereótipos de uma ideologia,
da ideologia revolucionária.
O
resultado deste processo educacional – que perfaz as Escolas e as Universidades
– é exibido no espetáculo de histeria promovido pelas Audiências Públicas da Comissão da
Verdade [5]. Tem expressão no comportamento “democrático” da juventude “politizada”, que
expulsou Dom Bertrand de Orleans e Bragança da Unesp sob os gritos de
“assassino”:
Unesp. Agosto de 2012.
É a
juventude “consciente” idealizada pelos educadores e pedagogos militantes, que
com insultos e cusparadas – e sem qualquer investigação séria e apurada –
sentenciou sumariamente os militares da reserva na porta do Clube Militar:
Clube Militar. Março de 2012.
Referências.
[1].
BRAGA, Bruno. “Sensibilizando a nova geração” [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/10/sensibilizando-nova-geracao.html].
[2].
Idem.
[3].
Cf. FREIRE, Paulo. “Pedagogia da Autonomia”. Paz e Terra, Coleção Leitura. pp.
49-70.
[4].
BRAGA, Bruno. “A corrupção da consciência” [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/10/a-corrupcao-da-consciencia_21.html].
[5]. Cf. [1].
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