Bruno Braga.
Uma
das tarefas do “Intelectual” é a seguinte: assumir a defesa dos seus sempre
que a curriola estiver em perigo. Leonardo Boff já se prestou a este trabalho
em favor de Dilma Rousseff, de Lula e do PT [1] - agora ele aparece denunciando
a “ideologização do Judiciário” para socorrer os acusados de integrar o esquema
do “mensalão” [2].
Boff
se autoproclama um mestre da epistemologia e, por isso, julga-se capaz de
desmascarar a ideologia que está escondida por traz dos discursos e das
condenações proferidas pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) [3]. Assim,
o teólogo extrai das argumentações jurídicas a ideologia que nelas estão maquiadas:
“preconceito contra políticos vindos do campo popular”, o interesse de
aniquilar “um partido que vem de fora da tradição elitista de nossa política”,
e o propósito de atingir indiretamente “o líder carismático maior”, Lula, o
“primeiro presidente operário” – as expressões são do próprio Boff [4].
Porém,
o teólogo é como o gato escondido com o rabo de fora: o tom de imparcialidade
expresso no início do seu artigo e a aparente análise técnica não são
suficientes para escondê-lo. Porque, se o Sr. Boff realmente pretendia afastar
a alegada “ideologização” do julgamento do “mensalão”, então, deveria recorrer
aos autos do processo, recolher dele os documentos, os registros, testemunhos
que balizaram as condenações proferidas pelos Ministros do STF e contestá-los.
Mas, não. Em vez disso, o Sr. Boff recorre ao “preconceito”, ao “campo
popular”, ataca a “tradição elitista”, defende o “líder carismático”, o
“presidente operário”, a “causa popular” e a “sociedade dos cidadãos” – enfim, ele
recorre aos tipos e estereótipos da sua própria ideologia.
Se Boff
está convicto de suas tortas teses – de que por trás de “todo conhecimento” e de
“toda prática humana age uma ideologia latente”, e que a “ideologia é o
discurso do interesse” – então, seria pertinente devolver-lhe algumas
perguntas: Qual a sua ideologia, Sr. Boff? Qual o seu interesse? Qual o
propósito do seu artigo?
Além
destas, resta uma questão de fundo: o Sr. Boff é tão burro que é incapaz de
perceber as incoerências e contradições do seu próprio discurso? Respondo sem
hesitar: não. Ele apenas cumpre o seu trabalho enquanto “Intelectual”:
justificar e defender os seus.
Referências.
[1].
BRAGA, Bruno. “Um teólogo militante sob suspeita” [http://b-braga.blogspot.com.br/2010/10/um-teologo-militante-sob-suspeita.html].
[2].
BOFF, Leonardo. “A espetacularização e a ideologização do Judiciário” [http://cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5801].
[3].
Idem.
[4].
Idem. Boff se apoia nas considerações do analista Wanderley Guilherme dos
Santos.
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