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Thursday, October 11, 2012

Gato escondido com o rabo de fora.



Bruno Braga.

Uma das tarefas do “Intelectual” é a seguinte: assumir a defesa dos seus sempre que a curriola estiver em perigo. Leonardo Boff já se prestou a este trabalho em favor de Dilma Rousseff, de Lula e do PT [1] - agora ele aparece denunciando a “ideologização do Judiciário” para socorrer os acusados de integrar o esquema do “mensalão” [2].

Boff se autoproclama um mestre da epistemologia e, por isso, julga-se capaz de desmascarar a ideologia que está escondida por traz dos discursos e das condenações proferidas pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) [3]. Assim, o teólogo extrai das argumentações jurídicas a ideologia que nelas estão maquiadas: “preconceito contra políticos vindos do campo popular”, o interesse de aniquilar “um partido que vem de fora da tradição elitista de nossa política”, e o propósito de atingir indiretamente “o líder carismático maior”, Lula, o “primeiro presidente operário” – as expressões são do próprio Boff [4].

Porém, o teólogo é como o gato escondido com o rabo de fora: o tom de imparcialidade expresso no início do seu artigo e a aparente análise técnica não são suficientes para escondê-lo. Porque, se o Sr. Boff realmente pretendia afastar a alegada “ideologização” do julgamento do “mensalão”, então, deveria recorrer aos autos do processo, recolher dele os documentos, os registros, testemunhos que balizaram as condenações proferidas pelos Ministros do STF e contestá-los. Mas, não. Em vez disso, o Sr. Boff recorre ao “preconceito”, ao “campo popular”, ataca a “tradição elitista”, defende o “líder carismático”, o “presidente operário”, a “causa popular” e a “sociedade dos cidadãos” – enfim, ele recorre aos tipos e estereótipos da sua própria ideologia.

Se Boff está convicto de suas tortas teses – de que por trás de “todo conhecimento” e de “toda prática humana age uma ideologia latente”, e que a “ideologia é o discurso do interesse” – então, seria pertinente devolver-lhe algumas perguntas: Qual a sua ideologia, Sr. Boff? Qual o seu interesse? Qual o propósito do seu artigo?

Além destas, resta uma questão de fundo: o Sr. Boff é tão burro que é incapaz de perceber as incoerências e contradições do seu próprio discurso? Respondo sem hesitar: não. Ele apenas cumpre o seu trabalho enquanto “Intelectual”: justificar e defender os seus.   


Referências.

[1]. BRAGA, Bruno. “Um teólogo militante sob suspeita” [http://b-braga.blogspot.com.br/2010/10/um-teologo-militante-sob-suspeita.html].

[2]. BOFF, Leonardo. “A espetacularização e a ideologização do Judiciário” [http://cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5801].

[3]. Idem.

[4]. Idem. Boff se apoia nas considerações do analista Wanderley Guilherme dos Santos. 

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