Bruno Braga.
Notas publicadas no Facebook.
I.
Leio aqui uma nota do padre Joãozinho, intitulada “Seguidores ou
perseguidores?”, que trata da avalanche de denúncias contra a CNBB, mas
sobretudo aponta o dedo para o autor de maior destaque delas, Bernardo Pires
Küster.
O padre Joãozinho, curiosamente, é o mesmo que há poucas semanas tentou
sem sucesso higienizar e legitimar a Teologia da Libertação diante do
espetáculo horrendo que escandalizou o país e o mundo realizado pela militância
comunista na 14ª Intereclesial das CEB’s – denúncia feita em mais um trabalho
primoroso de Bernardo Küster. Escrevi um comentário a respeito da defesa que o
padre Joãozinho fez da nefasta Teologia da Libertação, o simulacro de teologia
que é arma de um esquema de poder criminoso para sorrateiramente assaltar a
Santa Igreja Católica; no entanto, o mesmo sacerdote que prega a “fraternidade”
e a “conversa entre irmãos”, nunca me respondeu [1].
Mas, voltemos à notinha “Seguidores ou perseguidores?”. O padre
Joãozinho fala de “ataques orquestrados” contra a Igreja Católica, “de modo
especial” contra a CNBB. Hoje em dia, mesmo o católico mais relaxado, sabe perfeitamente
que a CNBB não é “a” Igreja. Será possível que um padre não sabe disso? Não
vamos tomar pela má-fé. Talvez o Cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé, possa ensinar alguma coisinha para o padre Joãozinho:
[...] “não devemos nos esquecer que as conferências episcopais não possuem base
teológica e não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como
querida por Cristo, têm somente uma função prática e concreta” (A fé em
crise?”, p. 40). O mesmo Ratzinger, agora como Papa Bento XVI, falou diretamente
aos prelados da CNBB, alertando: [...] “a Conferência Episcopal” [...] “deve,
porém, evitar de colocar-se como uma realidade paralela ou substitutiva do
ministério de cada um dos Bispos, ou seja, não mudando a sua relação com a
respectiva igreja particular e com o colégio episcopal, nem constituindo um
intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro” [2]. O Cardeal Raymond Burke
também é esclarecedor: “a Conferência Episcopal” [...] “pode criar um
sentimento de falsa unidade, que consiste em estar sempre de acordo
horizontalmente, superficialmente, mas as rachaduras aparecem quando se aborda
questões fundamentais” [...] “no Juízo Final, comparecerei diante do Senhor, e
não diante da Conferência Episcopal” (Cf. “Esperanza para el mundo”). Para ser
mais direto, vamos recordar o saudoso Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, repreendido
pela CNBB por denunciar o abortismo comuno-petista – a mesma CNBB que o padre
Joãozinho agora defende, e por conta das mesmas denúncias, agora levantadas por
Bernardo Küster. Dom Bergonzini afirmou: “A CNBB não tem autoridade nenhuma
sobre os Bispos” [3].
Parece suficiente para o padre Joãozinho aprender de uma vez por
todas que a CNBB não é “a” Igreja Católica, não é sequer representativa de
todos os Bispos e muito menos uma estrutura indispensável da Santa Igreja. E,
claro, não é a “Mãe” do padre Joãozinho.
Muito bem. Diante das graves denúncias levantadas por Bernardo
Küster, o padre cantor não queria ver o “pau quebrar”, preferia uma conversa a
portas fechadas. Não é difícil recolher testemunhos – eu mesmo posso indicar
para o padre, se ele tiver interesse em saber – de católicos e grupos que levaram
denúncias do mesmo tipo aos seus Bispos e à própria CNBB, sem que qualquer
providência fosse tomada. Mas, o padre Joãozinho deveria se atentar para um
dado muito importante: as denúncias são de tamanha gravidade que já não dizem
respeito somente aos “irmãos” – elas podem ter se tornado caso de justiça e de polícia.
Agora, será que a norma de conduta do padre Joãozinho se aplica a
ele mesmo? Por exemplo, ele chamou Bernardo Küster para uma conversa a portas
fechadas, entre “irmãos”? Parece que não. Pelo contrário. O padre Joãozinho
tratou logo de acusar o vídeo produzido de ser “super e maldosamente” editado,
que “coloca algumas inverdades... como se fosse uma gota de veneno”; ele afirma
que Bernardo é um “comunicador venenoso nos argumentos e no sotaque”, que
“mistura cinismo com ironia”, e até coloca sob suspeita a coragem dele. Ora, o
padre Joãozinho faz todas essas acusações, mas não aponta uma só das
“inverdades” do vídeo ou um único argumento “venenoso”. Ele não apresenta nada,
nada, nada. Não me vem à mente outra coisa senão a estratégia leninista:
“xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”. É uma atitude tão baixa
que, sem uma única contestação objetiva, a nota do padre Joãozinho torna-se
insulto gratuito, uma peça para manchar reputações.
Enfim, é escabroso ver um padre que, como todo católico, tem um
compromisso com a Verdade, tentar - no mínimo - mantê-la a portas fechadas. O
vídeo produzido por Bernardo Küster apresenta um amontoado de provas,
documentos, os próprios agentes confessando as suas iniciativas e ações. Diante
disso, o padre Joãozinho diz: “não” – e acusa. Não tem jeito, padre, está exposto,
para que qualquer um possa ver com os próprios olhos.
II.
Primeiro o padre Joãozinho, agora o padre Zezinho, que
trata do vídeo em que Bernardo Pires Küster apresenta graves denúncias contra a
CNBB [4].
Não pretendo sugerir nenhuma reação, mas me parece
que, todo aquele que assistiu com atenção ao vídeo do Bernardo, ao ler a nota
do padre, acaba se perguntando: “do que o padre está falando?” É uma coisa
escabrosa. O padre Zezinho afirma que Bernardo “não está aceitando a liderança
dos bispos da CNBB” e que, milhares de leigos, seduzidos pelo seu “discurso bem
articulado”, o aceitam como “nova liderança”, caminhando todos para uma
“cisão”, pois “os bispos da CNBB não lhes servem e não mais o representam” [5].
É a mesma conversa mole de que a CNBB representa todos os Bispos do Brasil e
que a Conferência seria a própria Igreja Católica. Uma mentira, sim, mentira,
pois não é mais concebível que um padre, e um padre que no texto diz estar
dando a sua “catequese”, não saiba disso; uma mentira que pode ser desmascarada
por autênticos pronunciamentos catequéticos de Bispos, Cardeais e do Papa [6].
Agora, santa paciência... Onde o padre Zezinho viu
Bernardo Küster autoproclamar-se “novo líder leigo” e manifestar minimamente a
pretensão de substituir a “liderança” dos Bispos ou da CNBB? Será que o padre
assistiu ao mesmo vídeo que eu? Porque, no que eu assisti, o próprio Bernardo faz
questão de alertar que não está acusando todos os Bispos da CNBB.
E mais. E aqui um elemento importante. O padre Zezinho
analisa todo um contexto em termos de “esquerda” e “direita”. Uma análise que
dá margem para a especulação de que ela seja produto de uma mente já
contaminada pela “politização da fé” – sintoma que o padre Zezinho já
manifestou em outra oportunidade, na qual tentou desacreditar as denúncias
contra o assalto promovido pelos comunistas e seus “apóstolos” da Teologia da
Libertação dentro da Igreja [7]. Ora, um molequinho que frequenta o catecismo
para a primeira Comunhão, e que assiste ao vídeo do Bernardo Küster, é capaz de
perceber que as denúncias ali não foram apresentadas para simplesmente condenar
a “esquerda” e exigir dos Bispos posições de “direita” – como supõe o padre
Zezinho. As denúncias foram apresentadas para exigir da CNBB fidelidade à Santa
Igreja Católica. Ponto.
É isso. No mais, o leitor que tente descobrir sobre o
que o padre Zezinho está falando.
ANEXO.
O
contexto das denúncias contra a militância comunista na recente 14ª Intereclesial
das CEB’s tem gerado várias reações. Uma delas é a do padre Joãozinho, que parece
tentar resguardar a Teologia da Libertação – um simulacro de teologia criado
para enganar os católicos, perverter o Evangelho e assaltar sorrateiramente a
Santa Igreja, promovendo dentro Dela o criminoso esquema de poder comunista [8].
A fundamentação do padre Joãozinho é em certos pontos
pertinente. Ele cita a Carta de São João Paulo II aos Bispos da CNBB, na qual o
Pontífice enaltece a “necessidade” e “utilidade” de uma certa “teologia da
libertação”, uma em que as suas elaborações sejam “CONSONANTES e COERENTES com
os ENSINAMENTOS DO EVANGELHO, da TRADIÇÃO VIVA e do PERENE MAGISTÉRIO DA
IGREJA”, que deve estar em “estreita conexão” com a “REFLEXÃO TEOLÓGICA
INICIADA COM OS GRANDES PADRES E DOUTORES, COM O MAGISTÉRIO ORDINÁRIO E
EXTRAORDINÁRIO”. Ele cita os documentos da Congregação para a Doutrina da Fé: o
“Libertatis nuntius”, de 1985, e que desmonta a Teologia da Libertação; e o
“Libertatis conscientia”, de 1986, que aborda a “liberdade cristã e a
libertação” – lançando as bases para a elaboração do que seria uma legítima
Teologia da Libertação, e que o padre Joãozinho coloca “para todos os efeitos a
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO oficial da Igreja”.
O padre menciona inclusive as correções feitas pelo
chamado “pai” da Teologia da Libertação, Gustavo Gutierrez, em sua obra. Porém,
um parêntese: as tais “correções” estão limitadas a uma introdução ao livro;
mas o conteúdo essencial permanece praticamente o mesmo, inclusive o elogio à
análise marxista – no mais, ele amplia a perspectiva de “libertação” para a
teologia negra, feminista, indigenista, etc., e que, não é preciso muito para
perceber, escondem as metamorfoses do chamado “marxismo cultural”.
Retomando, o padre Joãozinho reformula até mesmo o slogan
da Teologia da Libertação – “opção preferencial pelos pobres” -, colocando
“pobre” no singular para determinar a centralidade de Jesus, pois ele é o
“pobre”, uma vez que se trata de uma opção teológica, não sociológica.
Muito bem. É preciso, contudo, fazer uma pergunta
bastante simples: é esta a Teologia da Libertação – aparentemente purificada de
sua base marxista e sócio-política – que é “pregada” nas CEB’s? Resposta: claro
que não! Trata-se do mesmo simulacro de teologia criado para ser arma na luta –
luta! – pelo poder.
O esforço de sustentar a Teologia da Libertação na base
de reformulações conceituais incorre no erro de tomá-la como uma legítima
elaboração intelectual. Não! A Teologia da Libertação é antes de tudo um
movimento de agentes políticos comprometidos com um ideal de poder. Tanto que os
militantes e os seus pastores comunistas não estão nem aí para as reformulações
do padre Joãozinho ou as “purificações” do Vaticano. O que interessa mesmo é a
única, autêntica – e comunista - Teologia da Libertação.
REFERÊNCIAS.
[1]. O comentário segue
como ANEXO. Link para o original [https://www.facebook.com/blogbbraga/posts/969868949828384]
e publicação “CEB’s: mais uma Intereclesial comunista”, XVI [http://b-braga.blogspot.com.br/2018/02/cebs-mais-uma-intereclesial-comunista.html].
[2] Cf. “Discurso do Papa Bento XVI aos prelados da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Regional Centro Oeste) em visita ‘ad
limina apostolorum’”, 15 de novembro de 2010 [https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2010/november/documents/hf_ben-xvi_spe_20101115_ad-limina-brasile.html].
[3]. Cf. “Bispo de Guarulhos diz que não recuará em
mobilização contra Dilma”. Folha de São Paulo, 23 de julho de 2010 [http://www1.folha.uol.com.br/poder/2010/07/771435-bispo-de-guarulhos-diz-que-nao-recuara-em-mobilizacao-contra-dilma.shtml].
[4]. Cf. “Discordância, discórdia e confrontação” [https://www.facebook.com/PadreJoaozinhoscj/photos/a.595546790546874.1073741829.142057115895846/1272900162811530/?type=3&theater].
[5]. Idem.
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