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Tuesday, February 27, 2018

Joãozinho e Zezinho: os padres cantores que desafinam na defesa da CNBB e da Teologia da Libertação.


Bruno Braga.
Notas publicadas no Facebook.

I.
Leio aqui uma nota do padre Joãozinho, intitulada “Seguidores ou perseguidores?”, que trata da avalanche de denúncias contra a CNBB, mas sobretudo aponta o dedo para o autor de maior destaque delas, Bernardo Pires Küster.
O padre Joãozinho, curiosamente, é o mesmo que há poucas semanas tentou sem sucesso higienizar e legitimar a Teologia da Libertação diante do espetáculo horrendo que escandalizou o país e o mundo realizado pela militância comunista na 14ª Intereclesial das CEB’s – denúncia feita em mais um trabalho primoroso de Bernardo Küster. Escrevi um comentário a respeito da defesa que o padre Joãozinho fez da nefasta Teologia da Libertação, o simulacro de teologia que é arma de um esquema de poder criminoso para sorrateiramente assaltar a Santa Igreja Católica; no entanto, o mesmo sacerdote que prega a “fraternidade” e a “conversa entre irmãos”, nunca me respondeu [1].
Mas, voltemos à notinha “Seguidores ou perseguidores?”. O padre Joãozinho fala de “ataques orquestrados” contra a Igreja Católica, “de modo especial” contra a CNBB. Hoje em dia, mesmo o católico mais relaxado, sabe perfeitamente que a CNBB não é “a” Igreja. Será possível que um padre não sabe disso? Não vamos tomar pela má-fé. Talvez o Cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, possa ensinar alguma coisinha para o padre Joãozinho: [...] “não devemos nos esquecer que as conferências episcopais não possuem base teológica e não fazem parte da estrutura indispensável da Igreja, assim como querida por Cristo, têm somente uma função prática e concreta” (A fé em crise?”, p. 40). O mesmo Ratzinger, agora como Papa Bento XVI, falou diretamente aos prelados da CNBB, alertando: [...] “a Conferência Episcopal” [...] “deve, porém, evitar de colocar-se como uma realidade paralela ou substitutiva do ministério de cada um dos Bispos, ou seja, não mudando a sua relação com a respectiva igreja particular e com o colégio episcopal, nem constituindo um intermediário entre o Bispo e a Sé de Pedro” [2]. O Cardeal Raymond Burke também é esclarecedor: “a Conferência Episcopal” [...] “pode criar um sentimento de falsa unidade, que consiste em estar sempre de acordo horizontalmente, superficialmente, mas as rachaduras aparecem quando se aborda questões fundamentais” [...] “no Juízo Final, comparecerei diante do Senhor, e não diante da Conferência Episcopal” (Cf. “Esperanza para el mundo”). Para ser mais direto, vamos recordar o saudoso Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, repreendido pela CNBB por denunciar o abortismo comuno-petista – a mesma CNBB que o padre Joãozinho agora defende, e por conta das mesmas denúncias, agora levantadas por Bernardo Küster. Dom Bergonzini afirmou: “A CNBB não tem autoridade nenhuma sobre os Bispos” [3].
Parece suficiente para o padre Joãozinho aprender de uma vez por todas que a CNBB não é “a” Igreja Católica, não é sequer representativa de todos os Bispos e muito menos uma estrutura indispensável da Santa Igreja. E, claro, não é a “Mãe” do padre Joãozinho.
Muito bem. Diante das graves denúncias levantadas por Bernardo Küster, o padre cantor não queria ver o “pau quebrar”, preferia uma conversa a portas fechadas. Não é difícil recolher testemunhos – eu mesmo posso indicar para o padre, se ele tiver interesse em saber – de católicos e grupos que levaram denúncias do mesmo tipo aos seus Bispos e à própria CNBB, sem que qualquer providência fosse tomada. Mas, o padre Joãozinho deveria se atentar para um dado muito importante: as denúncias são de tamanha gravidade que já não dizem respeito somente aos “irmãos” – elas podem ter se tornado caso de justiça e de polícia.
Agora, será que a norma de conduta do padre Joãozinho se aplica a ele mesmo? Por exemplo, ele chamou Bernardo Küster para uma conversa a portas fechadas, entre “irmãos”? Parece que não. Pelo contrário. O padre Joãozinho tratou logo de acusar o vídeo produzido de ser “super e maldosamente” editado, que “coloca algumas inverdades... como se fosse uma gota de veneno”; ele afirma que Bernardo é um “comunicador venenoso nos argumentos e no sotaque”, que “mistura cinismo com ironia”, e até coloca sob suspeita a coragem dele. Ora, o padre Joãozinho faz todas essas acusações, mas não aponta uma só das “inverdades” do vídeo ou um único argumento “venenoso”. Ele não apresenta nada, nada, nada. Não me vem à mente outra coisa senão a estratégia leninista: “xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”. É uma atitude tão baixa que, sem uma única contestação objetiva, a nota do padre Joãozinho torna-se insulto gratuito, uma peça para manchar reputações.
Enfim, é escabroso ver um padre que, como todo católico, tem um compromisso com a Verdade, tentar - no mínimo - mantê-la a portas fechadas. O vídeo produzido por Bernardo Küster apresenta um amontoado de provas, documentos, os próprios agentes confessando as suas iniciativas e ações. Diante disso, o padre Joãozinho diz: “não” – e acusa. Não tem jeito, padre, está exposto, para que qualquer um possa ver com os próprios olhos.  
II.
Primeiro o padre Joãozinho, agora o padre Zezinho, que trata do vídeo em que Bernardo Pires Küster apresenta graves denúncias contra a CNBB [4].
Não pretendo sugerir nenhuma reação, mas me parece que, todo aquele que assistiu com atenção ao vídeo do Bernardo, ao ler a nota do padre, acaba se perguntando: “do que o padre está falando?” É uma coisa escabrosa. O padre Zezinho afirma que Bernardo “não está aceitando a liderança dos bispos da CNBB” e que, milhares de leigos, seduzidos pelo seu “discurso bem articulado”, o aceitam como “nova liderança”, caminhando todos para uma “cisão”, pois “os bispos da CNBB não lhes servem e não mais o representam” [5]. É a mesma conversa mole de que a CNBB representa todos os Bispos do Brasil e que a Conferência seria a própria Igreja Católica. Uma mentira, sim, mentira, pois não é mais concebível que um padre, e um padre que no texto diz estar dando a sua “catequese”, não saiba disso; uma mentira que pode ser desmascarada por autênticos pronunciamentos catequéticos de Bispos, Cardeais e do Papa [6].
Agora, santa paciência... Onde o padre Zezinho viu Bernardo Küster autoproclamar-se “novo líder leigo” e manifestar minimamente a pretensão de substituir a “liderança” dos Bispos ou da CNBB? Será que o padre assistiu ao mesmo vídeo que eu? Porque, no que eu assisti, o próprio Bernardo faz questão de alertar que não está acusando todos os Bispos da CNBB.
E mais. E aqui um elemento importante. O padre Zezinho analisa todo um contexto em termos de “esquerda” e “direita”. Uma análise que dá margem para a especulação de que ela seja produto de uma mente já contaminada pela “politização da fé” – sintoma que o padre Zezinho já manifestou em outra oportunidade, na qual tentou desacreditar as denúncias contra o assalto promovido pelos comunistas e seus “apóstolos” da Teologia da Libertação dentro da Igreja [7]. Ora, um molequinho que frequenta o catecismo para a primeira Comunhão, e que assiste ao vídeo do Bernardo Küster, é capaz de perceber que as denúncias ali não foram apresentadas para simplesmente condenar a “esquerda” e exigir dos Bispos posições de “direita” – como supõe o padre Zezinho. As denúncias foram apresentadas para exigir da CNBB fidelidade à Santa Igreja Católica. Ponto.    
É isso. No mais, o leitor que tente descobrir sobre o que o padre Zezinho está falando.
ANEXO.
O contexto das denúncias contra a militância comunista na recente 14ª Intereclesial das CEB’s tem gerado várias reações. Uma delas é a do padre Joãozinho, que parece tentar resguardar a Teologia da Libertação – um simulacro de teologia criado para enganar os católicos, perverter o Evangelho e assaltar sorrateiramente a Santa Igreja, promovendo dentro Dela o criminoso esquema de poder comunista [8].
A fundamentação do padre Joãozinho é em certos pontos pertinente. Ele cita a Carta de São João Paulo II aos Bispos da CNBB, na qual o Pontífice enaltece a “necessidade” e “utilidade” de uma certa “teologia da libertação”, uma em que as suas elaborações sejam “CONSONANTES e COERENTES com os ENSINAMENTOS DO EVANGELHO, da TRADIÇÃO VIVA e do PERENE MAGISTÉRIO DA IGREJA”, que deve estar em “estreita conexão” com a “REFLEXÃO TEOLÓGICA INICIADA COM OS GRANDES PADRES E DOUTORES, COM O MAGISTÉRIO ORDINÁRIO E EXTRAORDINÁRIO”. Ele cita os documentos da Congregação para a Doutrina da Fé: o “Libertatis nuntius”, de 1985, e que desmonta a Teologia da Libertação; e o “Libertatis conscientia”, de 1986, que aborda a “liberdade cristã e a libertação” – lançando as bases para a elaboração do que seria uma legítima Teologia da Libertação, e que o padre Joãozinho coloca “para todos os efeitos a TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO oficial da Igreja”.
O padre menciona inclusive as correções feitas pelo chamado “pai” da Teologia da Libertação, Gustavo Gutierrez, em sua obra. Porém, um parêntese: as tais “correções” estão limitadas a uma introdução ao livro; mas o conteúdo essencial permanece praticamente o mesmo, inclusive o elogio à análise marxista – no mais, ele amplia a perspectiva de “libertação” para a teologia negra, feminista, indigenista, etc., e que, não é preciso muito para perceber, escondem as metamorfoses do chamado “marxismo cultural”.
Retomando, o padre Joãozinho reformula até mesmo o slogan da Teologia da Libertação – “opção preferencial pelos pobres” -, colocando “pobre” no singular para determinar a centralidade de Jesus, pois ele é o “pobre”, uma vez que se trata de uma opção teológica, não sociológica.
Muito bem. É preciso, contudo, fazer uma pergunta bastante simples: é esta a Teologia da Libertação – aparentemente purificada de sua base marxista e sócio-política – que é “pregada” nas CEB’s? Resposta: claro que não! Trata-se do mesmo simulacro de teologia criado para ser arma na luta – luta! – pelo poder.
O esforço de sustentar a Teologia da Libertação na base de reformulações conceituais incorre no erro de tomá-la como uma legítima elaboração intelectual. Não! A Teologia da Libertação é antes de tudo um movimento de agentes políticos comprometidos com um ideal de poder. Tanto que os militantes e os seus pastores comunistas não estão nem aí para as reformulações do padre Joãozinho ou as “purificações” do Vaticano. O que interessa mesmo é a única, autêntica – e comunista - Teologia da Libertação.
REFERÊNCIAS.
[1]. O comentário segue como ANEXO. Link para o original [https://www.facebook.com/blogbbraga/posts/969868949828384] e publicação “CEB’s: mais uma Intereclesial comunista”, XVI [http://b-braga.blogspot.com.br/2018/02/cebs-mais-uma-intereclesial-comunista.html].
[2] Cf. “Discurso do Papa Bento XVI aos prelados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (Regional Centro Oeste) em visita ‘ad limina apostolorum’”, 15 de novembro de 2010 [https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2010/november/documents/hf_ben-xvi_spe_20101115_ad-limina-brasile.html].
[3]. Cf. “Bispo de Guarulhos diz que não recuará em mobilização contra Dilma”. Folha de São Paulo, 23 de julho de 2010 [http://www1.folha.uol.com.br/poder/2010/07/771435-bispo-de-guarulhos-diz-que-nao-recuara-em-mobilizacao-contra-dilma.shtml].
[5]. Idem.

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