Bruno Braga.
A
“Militância” é um dos maiores poderes – senão o maior – dos partidos revolucionários.
A capacidade de, (1) por um lado, mobilizar grupos que se auto-proclamam OS
autênticos REPRESENTANTES DO POVO, e, (2) por outro, postar um número de
“Intelectuais”, “formadores de opinião”, professores e “especialistas”, propagandistas
– todos engajados –, que apresentam a manifestação para o público como se fosse
de fato uma MANIFESTAÇÃO POPULAR.
Sim,
entre estes “apresentadores” – e entre os próprios participantes do manifesto -
existem os “companheiros de viagem”, que “embarcam” no artifício do discurso
auto-proclamatório dos “porta-vozes do povo”. Eles não enxergam – ou fingem não
enxergar – as cores das bandeiras e as siglas dos partidos. Ou, na falta
desses, ou de qualquer outro símbolo de referência, não suspeitam sequer de que
para a realização de uma “mobilização” e de uma MANIFESTAÇÃO é necessário
haver, por trás dela, uma ORGANIZAÇÃO.
A
princípio, não importa se a organização é estabelecida em nome de um partido. Porque
os braços dos partidos são atuantes: sindicatos, associações representativas,
ONG’s, organizações estudantis, grupos de minorias, etc., etc. A maquiagem da “Sociedade
civil organizada”. Porém, todos compartilham o mesmo ideal revolucionário de
concentração de poder. A hegemonia de seus grupos sob o pretexto de “democracia
popular” e “controle social” das estruturas administrativas. O estabelecimento
de uma Cultura padrão – idéias, opiniões e comportamento – para toda a
sociedade.
Uma
preocupação dos organizadores dos manifestos tem sido se apresentar como APARTIDÁRIOS.
Mas, se o disfarce não cai à primeira vista, quando fica constatado que têm uma
carteirinha do partido, um recurso útil é tomar o discurso. Os próprios revolucionários
pregam que toda “ação” é “política”. Por esta premissa – e por uma exigência
mesmo do sistema legislativo nacional –, é necessário estabelecer uma relação
partidária para que o projeto seja realizado no plano público e social. Esta
relação pode não ser direta, pelo mandato de um representante-organizador, mas é
fixada – pelo menos – com acordo e contato com um partido ou político que represente
o projeto revolucionário nas instâncias de poder.
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