Bruno Braga.
Em
1984, Roberto Marinho assinou o editorial do jornal “O Globo” intitulado “Julgamento
da Revolução”. Na primeira página do periódico ele fez uma avaliação do Regime
e assumiu – na condição de presidente e proprietário – a responsabilidade por
ter apoiado a ação militar de 64. Dez anos após sua morte, no entanto, uma
inversão. As “Organizações Globo” – a instituição – “decide” rever a postura do
falecido: o apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro [1].
Um
exame de consciência é possível somente na unidade da consciência de um
indivíduo humano. Como a entidade “Organizações Globo” não é portadora deste
atributo, o arrependimento publicado em seu nome só pode ser um arranjo dos
indivíduos, das pessoas reais e concretas que a administram e respondem por ela
– ou seja, apesar de não ser assinado, dos herdeiros de Roberto Marinho.
A
observação parece pueril. No entanto, ela é útil para compreender a postura das
“Organizações Globo”. Não apenas para apontar a incapacidade de realizar um
autoexame e de declarar “arrependimento”. Mas a impossibilidade de uma nota
“institucional” se sobrepor a um testemunho “pessoal” assinado. A declaração das
“Organizações Globo” não substitui o “exame de consciência” e o testemunho público
do seu falecido dono e presidente. Os atuais responsáveis pelo conglomerado,
sim, poderiam assumir uma posição distinta. Mas, se assim julgam, deveriam
apontar pelo nome e assinar: Roberto Marinho errou. Não o fazem. Não o fazem porque
não estão dispostos a fazer qualquer avaliação, mas empenhados em REESCREVER a
HISTÓRIA.
“As
ruas nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente
era correta e que o reconhecimento do erro, necessário” [2]. As “Organizações
Globo”, porém, não esclarecem que tipo de “avaliação” foi feita e nem os
responsáveis por ela. Não consta que em vida Roberto Marinho a tenha promovido,
muito menos que tenha confessado o suposto equívoco. Apesar disso, a “entidade”
se diz sensibilizada com a “verdade” do grito que ecoou nas recentes
manifestações de rua: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura” [3].
Acontece
que o slogan é esgoelado por adolescentes rebeldes que do Regime Militar têm apenas
as noções rasas dos cacoetes mentais transmitidos por militantes disfarçados de
professores – que fazem da sala de aula um palco para suas fantasias revolucionárias
ou palanque para seus candidatos e partidos. Ora, o núcleo de agentes políticos
que os agregam – maquiado ainda em um sem número de “movimentos sociais” e
sindicais – se serve da militância comprometida e da massa “idiotizada” para organizar
e conduzir manifestações públicas, os protestos que tanto sensibilizaram as
“Organizações Globo” [4]. O seu horizonte maior é a concentração de poder Socialista-Comunista,
e a sua base de articulação e fomento o Foro de São Paulo, a entidade fundada
por Lula e por Fidel Castro para promover – e agora fortalecer - a revolução na
América Latina. A estratégia do Foro é justamente sustentar as mobilizações
sociais e introduzir nelas os itens de sua própria agenda (Cf. Documento base,
XIX Encontro do Foro de São Paulo, 2013).
Não.
As “Organizações Globo” – ou melhor, os responsáveis por ela – não são adolescentes
revoltados que macaqueiam os surtos revolucionários de professores e
“Intelectuais” militantes. Não. O “arrependimento” de apoiar a ação militar em
64 não é apenas afetação de “bom-mocismo”. Quer dizer, colocar-se ao lado dos
que tentaram submeter o país a um regime Socialista-Comunista e foram
combatidos pelos militares – os revolucionários, que hoje nos altos postos de poder
são falsamente considerados “democratas”, enquanto, simultaneamente, solidificam
o antigo ideal da “Pátria Grande latino-americana” proclamado pelo Foro de São
Paulo.
Nada
disso. O “arrependimento” das “Organizações Globo” é a confissão pública de que
aderiu a um projeto de poder. Tenta REESCREVER a HISTÓRIA fingindo ouvir os
gritos das ruas. Mas, se tivesse alguma sinceridade nesta justificativa, não
desprezaria as manifestações de milhares de pessoas que marcharam contra o
Comunismo na década de 60 e em favor da ação militar. Não daria de costas para
a população brasileira que – ao longo Regime - nunca manifestou apoio, sequer
afeição, pelos terroristas que estão no poder e se fazem de paladinos de uma “democracia”
pela qual nunca lutaram.
As
“Organizações Globo” assumem definitivamente o que há tempos ajuda a disseminar.
Roberto Marinho fez vistas grossas e foi conivente com os agentes que
infestaram o seu conglomerado. Mas, como testemunho vivo, não podia negar a
ameaça Comunista que o país viveu na década de 60. Morto - e agora com o domínio dos revolucionários - os herdeiros não têm nenhum pudor em trair – ardilosamente - o que o
velho dono atestou. Eles se alinham a uma versão da história que é parte de um
projeto de poder. Nos termos de uma Comissão – não da “verdade”, mas da MENTIRA
– as “Organizações Globo” aderem oficialmente à revolução. Não faltam itens deste
intento em seus canais: Abortismo; Feminismo; Gayzismo; Destruição da Família
e dos valores tradicionais; Ridicularização do Cristianismo e fomento do Ecumenismo-Paganismo;
Idealização das drogas e do banditismo; Desmoralização das Polícias e Forças Armadas,
etc., etc. Mas, um em especial justifica o revisionismo histórico do conglomerado:
o “marco regulatório” da mídia – quer dizer, o CONTROLE DA IMPRENSA - que é
dado como reivindicação popular nas ruas. Na iminente realização desta pauta, as
“Organizações Globo” anunciam um arrependimento em favor da “nova sociedade”,
que é o alinhamento ao funesto Socialismo-Comunismo reinante.
Referências.
[2].
Idem.
[3].
Idem.
[4].
BRAGA, Bruno. “Notas sobre a onda de protestos pelo Brasil” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/06/notas-sobre-onda-de-protestos-no-brasil.html].
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