Bruno Braga.
A Teologia da
Libertação – refiro-me especificamente à sua ação dentro da Igreja Católica -
carrega a marca indelével da perversão: a instrumentalização da religião.
Mácula que não é apenas expressão do fingimento malicioso. Da teatralização da
Fé - que não possui - para sorrateiramente corromper a religião tradicional e
os seus fiéis simulando inocência e retidão. É perversa não somente porque
despreza a boa-fé dos que abraçaram a mesma confissão e que no discurso
proveniente desta teologia - e nos sacerdotes que a pregam – inocentemente
confiaram mais do que uma “crença” – mais do que um conjunto de princípios -,
confiaram as suas próprias vidas. A perversão da teologia e dos sacerdotes da
revolução é ainda mais radical, porque ela manipula e avilta um elemento
estruturante: a própria compreensão religiosa.
Diferentemente da
“ciência”, que é o esforço para explicar em detalhes um fenômeno ou um objeto
particular, a “religião” – sem desprezar o conhecimento “científico” – é uma
“chave” universal. Não no sentido de explicar cada um dos fenômenos e objetos,
por exemplo, com as categorias de “espaço”, “tempo” e “causalidade”, mas de
fornecer um “sentido para a vida”. Por isso, a compreensão religiosa é mais que
um conjunto de preceitos e princípios, é maior que uma “doutrina”. Ela marca a
expectativa que o indivíduo tem (a) sobre o mundo e as coisas, (b) sobre o
outro e (c) sobre si mesmo.
Nestes termos, os
teólogo e sacerdotes da revolução não manipulam apenas palavras. Eles não
distorcem somente uma história contada ou corrompem ensinamentos e orientações
transmitidos através de gerações. A Teologia da Libertação reestrutura as bases
da pessoa direcionando-as para o objetivo de seus apóstolos e pregadores: a
conquista do poder. De fundamento Marxista, ela transforma (a) o mundo em palco
de uma batalha cruel e implacável: da “luta de classes”. Neste conflito
generalizado, (b) o “outro” passa a ser visto imediatamente com suspeita e
desconfiança: ou ele é um “aliado” ou é um “inimigo”. É aliado se abraça sem
restrições o projeto revolucionário; mas se contra ele apresenta qualquer
objeção ou discordância, é automaticamente lançado do outro lado da trincheira
como um inimigo a ser fuzilado. No âmbito da subjetividade, a Teologia da
Libertação faz com que (c) o sujeito tome a si mesmo como um “injustiçado”,
como um “oprimido”. Qualquer impulso ou desejo contrariado torna-se pretexto
para lamentar a “condição” de “explorado” e para exclamar contra a “classe
dominante” – quando não para blasfemar contra o próprio Deus. Assim, a Teologia
da Libertação estimula no indivíduo sentimentos baixos – a inveja, o
ressentimento e o ódio –, seduzindo-o a se tornar um “agente de transformação”
– ou seja, a fazer parte da militância revolucionária.
Apesar da
perversão, a Teologia da Libertação é amplamente disseminada. Beneficia-se de
um ambiente cultural fortemente influenciado pelos “mestres da suspeita”: Karl
Marx – entre eles – torna-se a sua fonte teórica. Dentro desta matriz, a Teologia
da Libertação é também instrumento de um projeto de poder: ela mesma é um
produto forjado com o propósito de promover a revolução Socialista-Comunista
[1]. Sacerdotes e religiosos ardilosamente infiltrados dentro da Igreja
Católica. Universitários e “Intelectuais” que lhes dão apoio e aprovação. Uma
atmosfera cultural é formada, fornecendo às pessoas um senso de orientação que
promove um simulacro de “religiosidade”, porque não está submetido ao divino,
mas à “revolução”.
É pertinente observar
que para Karl Marx a “religião é o ópio do povo”. Esta assertiva seria
suficiente para colocar um obstáculo intransponível para a Teologia da
Libertação. Marxista por definição, ela seria, como qualquer outro elemento
“religioso”, “ópio” para o povo. Apesar disso, a teologia revolucionária se
apresenta como a autêntica proposta do cristianismo. Para os seus proponentes e
apóstolos, não importa a coerência das idéias. Porque o que interessa de fato é
a conquista do poder. Se a religião pode facilitar este projeto, então ela será
instrumentalizada. A Teologia da Libertação é este mecanismo criado para
conduzir a “massa” – através da fraude - à revolução. Este simulacro de
religiosidade – ele sim, um entorpecente.
A religião – em
sua compreensão cultural - não sai ilesa deste processo de instrumentalização. Ela
passa a ser vista como mero consolo espiritual. Tida como fonte de prazer e de
bem-estar, os desejos e fantasias do homem passam a determiná-la. O horizonte
divino é afastado para a realização dos caprichos humanos. Torna-se de fato “ópio”
para os fiéis na mesma medida em que consagra os sacerdotes e agentes
revolucionários. Estes, sob o pretexto da “conscientização”, corrompem e minam
– de forma dissimulada - um dos principais obstáculos ao seu projeto: a
religião tradicional. Porque o fiel, que antes se dobrava apenas diante da cruz
[2], abraça então uma religiosidade pervertida - a Teologia da Libertação, que
maquia o revolucionário e o seu projeto de poder.
O Marxismo projeta
na religião – e a Teologia da Libertação na Igreja Católica – os seus próprios
intentos. É preciso, então, recorrer a uma distinção fundamental. A religião –
a Igreja Católica, no caso específico - surge de um evento excepcional. Da
presença de uma pessoa. De sua vida, paixão e morte. A Teologia da Libertação –
e o Marxismo – nascem do crime e da falsificação [3]. São artifícios criados
para favorecerem a conquista do poder. Ela promete a realização de um “Paraíso
terrestre”: a “sociedade sem classes” através do Socialismo-Comunismo. Os sacerdotes
e apóstolos revolucionários são os anunciadores, juízes e executores. Em um
surto de autodivinização, pervertem a religião em nome de um “futuro
maravilhoso”. Porém, o seu histórico de realizações efetivas é de sangue, morte
e subjugação.
Notas.
[1]. PACEPA, Ion
Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin”. Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].
[2]. BRAGA, Bruno.
“O Sinal da Cruz” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_12.html].
[3]. BRAGA, Bruno.
“Entre o Mestre e o ‘Intelectual’” [http://b-braga.blogspot.com.br/2011/06/entre-o-mestre-e-o-intelectual.html]; PACEPA, Ion
Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].
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