Bruno Braga.
As
revelações de Ion Mihai Pacepa expõem a necessidade de investir na pesquisa
sobre a Teologia da Libertação. Não apenas privilegiando o aspecto teórico
dela, como se tem feito. Tão importante quanto este estudo – já que se trata de
um instrumento de “transformação do mundo” - é o rastreamento de sua promoção
efetiva. Neste sentido, se a Teologia da Libertação - como denuncia Pacepa [1] -
é uma criação da KGB para promover a revolução Socialista-Comunista, e Cuba é a
“arma secreta”, é o “trampolim” utilizado para disseminá-la pela América Latina,
então é necessário identificar os seus promotores, teólogos, “apóstolos” e
descrever as atividades práticas deles. Para esta pesquisa, “Fidel y La Religión:
Conversaciones con Frei Betto” [2] é uma fonte indispensável.
Neste
livro – que é a transcrição de entrevistas concedidas por Fidel Castro a Frei
Betto em Cuba (1985) -, “El Comandante” ressalta a importância de considerar a “religião”.
Apesar do ateísmo originário do Socialismo-Comunismo - e de Fidel Castro
confessar que nunca teve uma fé religiosa -, a religião poderia ser transformada
em um valioso instrumento revolucionário. “Uma aliança tática? Não, uma aliança
estratégica, para levar a cabo as mudanças sociais necessárias ao nosso povo”
(BETTO, 1985, p. 274). O ditador cubano revela que já havia lançado sementes
deste projeto em 1971, no Chile, e em 1977, na Jamaica.
A
Teologia da Libertação era o produto criado para instrumentalizar a religião
[3]. Ela não era expressão da Fé, mas sim um mecanismo para a realização das
ambições revolucionárias. O método de ação e a utilidade são explicados pelo próprio
Frei Betto:
“Não
é fácil convencer um operário, ou um campesino, de que deve lutar pelo
socialismo, mas é muito fácil dizer o seguinte: ‘Olha, homem, nós cremos em um
só Deus” [...] (1985, p. 283).
Não
é preciso muita perspicácia para notar que a Teologia da Libertação é um
engodo. É um simulacro de religiosidade. O fiel que a assume acredita ser um
autêntico cristão. Porém, enquanto a professa e prega, ele se torna um verdadeiro
“agente da revolução”. Ele ingeriu o entorpecente astuciosamente preparado e dosado.
“Se a religião é o ópio do povo, então vamos lhe dar ópio”, disse Kruschev, que
concebeu o entorpecente na forma da Teologia da Libertação. Fidel Castro – denuncia
Pacepa – era o responsável por disseminá-lo. Frei Betto, por sua vez, – como
ele mesmo declara – seria um dos encarregados da administração:
“Não
me parece correto que DESDE FORA da Igreja tratemos de reformar ou melhorar a
Igreja; não me parece correto promover a divisão DESDE FORA” [...] (1985, p.
308).
A
estratégia era corromper a Igreja Católica. Tomá-la de assalto DESDE DENTRO com
“sacerdotes” e “apóstolos da perversão”, que com a Teologia da Libertação – o simulacro
de religiosidade – então a desviariam de sua essência para adequá-la aos
propósitos da revolução. Frei Betto – entre estes “sacerdotes” – revela na
epígrafe do seu livro de entrevistas com Fidel Castro o horizonte deste trabalho
macabro:
“A
todos os cristãos latino-americanos que, entre incompreensões e na
bem-aventurança da sede de justiça, PREPARAM, à maneira de João Batista, OS
CAMINHOS DO SENHOR NO SOCIALISMO”.
A KGB
– denuncia Pacepa - também utilizou o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) como
plataforma para disseminar a Teologia da Libertação. Infiltrou agentes em
posições estratégicas dentro da organização. Por exemplo, MIKHAILOV, codinome
de Kirill, que hoje é o patriarca russo [4].
Conversando com Frei Betto sobre religião, Fidel Castro demonstra estar
articulado com a estratégia traçada pelo serviço secreto soviético:
“Também
havia tido relação com alguns dirigentes importantes do Conselho Mundial de
Igrejas, que por sua vez, haviam se interessado muito pelos problemas do
Terceiro Mundo” [...] (BETTO, 1985, p. 274).
A
Teologia da Libertação também foi utilizada como arma pelo Foro de São Paulo,
organização fundada por Lula e por Fidel Castro em 1990 com o objetivo de
fomentar o Socialismo-Comunismo na América Latina. Frei Betto compôs a direção
civil do Foro (Anatoli Olink). Segundo Alexandre Peña Esclusa, os diretores do
Foro adotaram – entre outros movimentos – a Teologia da Libertação para maquiar
os seus propósitos: o objetivo era dividir a Igreja Católica e justificar a
violência revolucionária com argumentos supostamente cristãos [5]. O Foro de
São Paulo hoje domina o continente latino-americano [6]. E a contribuição da Teologia
da Libertação para a ascensão revolucionária pode ser medida pela declaração do
ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo: sem hesitar afirmou, ela foi
fundamental [7].
Enfim,
este é um panorama da promoção efetiva da Teologia da Libertação. Um produto
macabro criado para instrumentalizar a religião e os fiéis – e através deles –
fomentar a revolução Socialista-Comunista na América Latina. Rastrear os seus
promotores, teólogos e “apóstolos” é uma necessidade. Não apenas para compreender
um dos mecanismos pelos quais os revolucionários alcançaram posições de poder. Mas
para identificar esta parte obscura da história que eles se esforçam para
maquiar– ou que, desde posições privilegiadas, como as da cultura, da política,
da educação – ou de Comissões da MENTIRA - eles se dedicam a romantizar e
reescrever.
Frei Betto: “Fidel y la Religión”.
Notas.
[1].
PACEPA, Ion Mihai. “A Cruzada religiosa do Kremlin”. Front Page Magazine, 2009.
Trad. Bruno Braga. [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html].
[2].
Oficina de Publicaciones del Consejo de Estado. La Habana, 1985.
[3].
Cf. Nota [1] – e BRAGA, Bruno. “Notas sobre a Teologia da Libertação” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/notas-sobre-teologia-da-libertacao.html].
[4].
Cf. Nota [1].
[5].
Cf. apud USTRA, 2012, pp. 555-556.
[6].
Cf. BRAGA, Bruno. “Sob o efeito do encanto” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/07/sob-o-efeito-do-encanto.html];
“Entre peças e engrenagens” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/12/entre-pecas-e-engrenagens.html];
“A delinqüência sob o véu do heroísmo” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-delinquencia-sob-o-veu-do-heroismo.html].
[7].
Cf. BRAGA, Bruno. “O engodo da libertação e o poder” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/o-engodo-da-libertacao-e-o-poder.html].
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