Bruno Braga.
Em
geral, a Comissão da Verdade – quer dizer, da Mentira – é encarada apenas sob a
perspectiva política. Ela seria simplesmente produto de um “revanchismo”. Um instrumento
utilizado pelos revolucionários – que hoje ocupam posições estratégicas no
espaço público - para falsear a História e, assim, desmoralizando os inimigos
do passado – e qualquer força opositora do presente –, facilitar a concentração
e a manutenção do seu poder.
No
entanto, esta Comissão é mais que um mecanismo fraudulento para acumular cargos
e mandatos. Porque, embora os seus efeitos mais perceptíveis estejam mesmo no
domínio da política, ela – através da disseminação dos resultados de suas atividades
no sistema de ensino – formará o imaginário de crianças e jovens com uma fraude,
condicionando comportamentos e reações.
Este
é um traço característico dos próprios trabalhos promovidos pelo grupo. Por
exemplo, das audiências públicas. Nelas não há compromisso com a investigação e
com a pesquisa histórica. Não. Elas têm o propósito de “sensibilizar”. Carregar
a mente do público com uma massa de estereótipos que (a) estimulam sentimentos
de simpatia com os “ideais” revolucionários e (b) fixam uma resistência contra
qualquer oposição a estes “ideais” [1].
Porém,
a Comissão da Verdade é parte de um projeto “pedagógico” ainda mais abrangente.
Um programa de ensino – que conserva as mesmas características daquele grupo - ditado
desde as instâncias de organismos internacionais. O propósito principal dele
não é a investigação, a pesquisa e o aprimoramento intelectual. É, sim, a
transformação do comportamento e a mudança de atitudes, a reformulação dos
valores - a determinação de crenças e de opiniões. Uma pedagogia revolucionária
que – sob o pretexto de criar uma “nova sociedade” - fixa um modelo de conduta
e de pensamento.
“As
sociedades e, mais particularmente, suas instituições governamentais devem ser
consideradas essencialmente como ‘sistemas aprendizes’. As sociedades mais
aptas a apresentar sucesso serão aquelas cuja capacidade de aprendizagem é
alta: flexíveis, elas são capazes de antecipar e de compreender as mudanças,
bem como de se adaptar a elas. Tais sociedades se beneficiam da participação ativa
dos cidadãos no processo de aprendizagem. AO LONGO DESSA APRENDIZAGEM, A
HISTÓRIA DEVERÁ SER REESCRITA E REINTERPRETADA” (UNESCO).
[...]
“O
aperfeiçoamento da formação dos professores, tanto a inicial quanto a
continuada, a revisão dos manuais [MAIS PARTICULARMENTE DE HISTÓRIA] e a
produção de novos materiais e de publicações pedagógicas auxiliares,
interdisciplinares e atualizados, são de uma importância crucial em se tratando
de inculcar nos alunos os valores e princípios enunciados na ‘Recomendação
sobre a Educação para a Compreensão’, a ‘Cooperação e a Paz Internacionais e a
‘Educação Relativa aos Direitos do homem e às Liberdades Fundamentais’ adotada
pela Unesco em 1974 “ [...]. [2].
Nestes
termos, a Comissão da Verdade está perfeitamente integrada a este projeto. Por
isso, o discurso de Paulo Sérgio Pinheiro – atual coordenador do grupo – é
ainda mais preocupante. Por ocasião do primeiro aniversário da Comissão, em um
seminário promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) [13.05.2013]– organismo que, assim como a Unesco, pertence à ONU –, Pinheiro
observou que a Comissão da Verdade “recomendará” intervenções no domínio da
“educação” – incluindo a reformulação do currículo dos colégios e das academias
militares [3].
Portanto,
a Comissão da MENTIRA – combinada com o prestígio e com as técnicas e práticas
de uma pedagogia revolucionária projetada por organismos internacionais – condicionará
as mentes e o comportamento de crianças e jovens através do sistema de ensino. Por
meio da fraude – da falsificação da História - agentes e grupos serão
consagrados “heróis” da nação – e consequentemente beneficiados pelo seu status
na ocupação do espaço público. Mais que um simples “revanchismo”, esta
revolução cultural maquia um amplo e monstruoso projeto de poder.
Notas.
[1].
Cf. BRAGA, Bruno. “Sensibilizando a nova geração” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/sensibilizando-nova-geracao.html];
“Herdeiros da revolução, vítimas dos próprios pais” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/herdeiros-da-revolucao-vitimas-dos.html];
“Espetáculo para a promoção da Mentira” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/espetaculo-para-promocao-da-mentira.html].
[2].
Apud BERNADIN, Pascal. “Maquiavel Pedagogo”: ou o ministério da reforma
psicológica. Vide Editorial: Campinas-SP, 2013. pp. 75-78 (os destaques são
meus).
[3].
CNV. 13 de Maio de 2013 [http://twitcasting.tv/cnv_brasil/movie/12821841]
(Cf. a partir de 21:48).
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