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Wednesday, May 15, 2013

Pedagogia revolucionária e Comissão da MENTIRA.


Bruno Braga.


Em geral, a Comissão da Verdade – quer dizer, da Mentira – é encarada apenas sob a perspectiva política. Ela seria simplesmente produto de um “revanchismo”. Um instrumento utilizado pelos revolucionários – que hoje ocupam posições estratégicas no espaço público - para falsear a História e, assim, desmoralizando os inimigos do passado – e qualquer força opositora do presente –, facilitar a concentração e a manutenção do seu poder.

No entanto, esta Comissão é mais que um mecanismo fraudulento para acumular cargos e mandatos. Porque, embora os seus efeitos mais perceptíveis estejam mesmo no domínio da política, ela – através da disseminação dos resultados de suas atividades no sistema de ensino – formará o imaginário de crianças e jovens com uma fraude, condicionando comportamentos e reações.

Este é um traço característico dos próprios trabalhos promovidos pelo grupo. Por exemplo, das audiências públicas. Nelas não há compromisso com a investigação e com a pesquisa histórica. Não. Elas têm o propósito de “sensibilizar”. Carregar a mente do público com uma massa de estereótipos que (a) estimulam sentimentos de simpatia com os “ideais” revolucionários e (b) fixam uma resistência contra qualquer oposição a estes “ideais” [1].

Porém, a Comissão da Verdade é parte de um projeto “pedagógico” ainda mais abrangente. Um programa de ensino – que conserva as mesmas características daquele grupo - ditado desde as instâncias de organismos internacionais. O propósito principal dele não é a investigação, a pesquisa e o aprimoramento intelectual. É, sim, a transformação do comportamento e a mudança de atitudes, a reformulação dos valores - a determinação de crenças e de opiniões. Uma pedagogia revolucionária que – sob o pretexto de criar uma “nova sociedade” - fixa um modelo de conduta e de pensamento.

“As sociedades e, mais particularmente, suas instituições governamentais devem ser consideradas essencialmente como ‘sistemas aprendizes’. As sociedades mais aptas a apresentar sucesso serão aquelas cuja capacidade de aprendizagem é alta: flexíveis, elas são capazes de antecipar e de compreender as mudanças, bem como de se adaptar a elas. Tais sociedades se beneficiam da participação ativa dos cidadãos no processo de aprendizagem. AO LONGO DESSA APRENDIZAGEM, A HISTÓRIA DEVERÁ SER REESCRITA E REINTERPRETADA” (UNESCO).

[...]

“O aperfeiçoamento da formação dos professores, tanto a inicial quanto a continuada, a revisão dos manuais [MAIS PARTICULARMENTE DE HISTÓRIA] e a produção de novos materiais e de publicações pedagógicas auxiliares, interdisciplinares e atualizados, são de uma importância crucial em se tratando de inculcar nos alunos os valores e princípios enunciados na ‘Recomendação sobre a Educação para a Compreensão’, a ‘Cooperação e a Paz Internacionais e a ‘Educação Relativa aos Direitos do homem e às Liberdades Fundamentais’ adotada pela Unesco em 1974 “ [...]. [2].

Nestes termos, a Comissão da Verdade está perfeitamente integrada a este projeto. Por isso, o discurso de Paulo Sérgio Pinheiro – atual coordenador do grupo – é ainda mais preocupante. Por ocasião do primeiro aniversário da Comissão, em um seminário promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) [13.05.2013]– organismo que, assim como a Unesco, pertence à ONU –, Pinheiro observou que a Comissão da Verdade “recomendará” intervenções no domínio da “educação” – incluindo a reformulação do currículo dos colégios e das academias militares [3].

Portanto, a Comissão da MENTIRA – combinada com o prestígio e com as técnicas e práticas de uma pedagogia revolucionária projetada por organismos internacionais – condicionará as mentes e o comportamento de crianças e jovens através do sistema de ensino. Por meio da fraude – da falsificação da História - agentes e grupos serão consagrados “heróis” da nação – e consequentemente beneficiados pelo seu status na ocupação do espaço público. Mais que um simples “revanchismo”, esta revolução cultural maquia um amplo e monstruoso projeto de poder.


Notas.

[1]. Cf. BRAGA, Bruno. “Sensibilizando a nova geração” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/10/sensibilizando-nova-geracao.html]; “Herdeiros da revolução, vítimas dos próprios pais” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/herdeiros-da-revolucao-vitimas-dos.html]; “Espetáculo para a promoção da Mentira” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/05/espetaculo-para-promocao-da-mentira.html].

[2]. Apud BERNADIN, Pascal. “Maquiavel Pedagogo”: ou o ministério da reforma psicológica. Vide Editorial: Campinas-SP, 2013. pp. 75-78 (os destaques são meus).

[3]. CNV. 13 de Maio de 2013 [http://twitcasting.tv/cnv_brasil/movie/12821841] (Cf. a partir de 21:48).

   

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