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Sunday, December 16, 2012

O Chefe.



Bruno Braga.



Marcos Valério, em depoimento à Procuradoria Geral da República, envolveu o ex-Presidente Lula no esquema do “mensalão”. Segundo o empresário, Luiz Inácio não apenas deu o “ok” para a efetuação dos empréstimos bancários que comprariam os deputados da base aliada, mas teve “despesas pessoais” pagas com o dinheiro do esquema.

Lula não tem mais foro privilegiado. Por isso, as investigações devem ser conduzidas em primeira instância. Porém, o Ministério Público ainda não se manifestou sobre as denúncias de Marcos Valério. De qualquer modo, enquanto as autoridades responsáveis não se mobilizam, o cidadão pode examinar a situação do Luiz Inácio dentro do esquema do “mensalão” através do livro “O Chefe”, do jornalista Ivo Patarra [1].  

O livro foi lançado em 2010. Portanto, ele é anterior ao julgamento conduzido no Supremo Tribunal Federal, que identificou o plano de assaltar o poder e condenou os que o integraram. No entanto, o trabalho de Patarra torna-se ainda mais valioso, porque apresenta depoimentos dos – agora – “mensaleiros”, que colocam Luiz Inácio como protagonista do esquema.

No capítulo 03, intitulado “Lula, o chefe”, José Dirceu - o “marginal do poder”, nos termos do Ministro Celso de Mello –, esclarece como, sob as ordem do ex-Presidente, exercia a função de Chefe da Casa Civil:  

“Não faço nada que não seja de comum acordo e determinado por ele”.

No mesmo ano, em 2005, o “delinquente cubano-brasileiro” [2] concedeu uma entrevista à Folha de São Paulo. Nela foi enfático:

“Parece que eu fui presidente do PT sete anos sozinho, secretário-geral cinco anos sozinho, né? O PT não foi construído assim. Tem dezenas de dirigentes importantes que hoje são prefeitos, governadores, ministros, deputados e senadores que participaram da construção de toda essa estratégia comigo” – Folha: E o presidente? – Dirceu: “E o próprio presidente da República. É isso o que eu digo. A responsabilidade é de todos nós. Nós temos que debater isso, num congresso do partido, e fazer o balanço”.

Além de apresentar outros depoimentos, reportagens e documentos, Patarra narra dois episódios que envolvem diretamente Lula. A nomeação do diretor de Engenharia de Furnas e o investimento da Telemar na Gamecorp. Esta, uma pequena empresa que pertencia ao próprio filho: “Lulinha”, que fora monitor de zoológico, tornou-se milionário – para o pai coruja ele era um “fenômeno”.

Quando estourou o escândalo do “mensalão” o Palácio do Planalto tentou abafar, mas, afirma Patarra, “desde o início o presidente Lula esteve no centro da crise política”. Sobre o esquema, o ex-Presidente nunca quis a verdade. Ele jurou de pés juntos que o “mensalão” nunca existiu. Porém, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a existência do ambicioso e descarado assalto. Agora um dos seus principais operadores – Marcos Valério – coloca Luiz Inácio como protagonista do esquema. O livro de Patarra anuncia o que se mostra de maneira obscena: Lula foi o chefe de tudo.  


Referências.

[1]. PATARRA, Ivo. “O Chefe”, 2010 [http://www.escandalodomensalao.com.br/].

[2]. BRAGA, Bruno. “A delinquência sob o véu do heroísmo” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-delinquencia-sob-o-veu-do-heroismo.html].

Leitura sugerida.

BRAGA, Bruno. “A delinquência sob o véu do heroísmo” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-delinquencia-sob-o-veu-do-heroismo.html].



        


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