Bruno Braga.
Marcos
Valério, em depoimento à Procuradoria Geral da República, envolveu o ex-Presidente
Lula no esquema do “mensalão”. Segundo o empresário, Luiz Inácio não apenas deu
o “ok” para a efetuação dos empréstimos bancários que comprariam os deputados
da base aliada, mas teve “despesas pessoais” pagas com o dinheiro do esquema.
Lula
não tem mais foro privilegiado. Por isso, as investigações devem ser conduzidas
em primeira instância. Porém, o Ministério Público ainda não se manifestou
sobre as denúncias de Marcos Valério. De qualquer modo, enquanto as autoridades
responsáveis não se mobilizam, o cidadão pode examinar a situação do Luiz
Inácio dentro do esquema do “mensalão” através do livro “O Chefe”, do
jornalista Ivo Patarra [1].
O
livro foi lançado em 2010. Portanto, ele é anterior ao julgamento conduzido no
Supremo Tribunal Federal, que identificou o plano de assaltar o poder e
condenou os que o integraram. No entanto, o trabalho de Patarra torna-se ainda
mais valioso, porque apresenta depoimentos dos – agora – “mensaleiros”, que
colocam Luiz Inácio como protagonista do esquema.
No
capítulo 03, intitulado “Lula, o chefe”, José Dirceu - o “marginal do poder”,
nos termos do Ministro Celso de Mello –, esclarece como, sob as ordem do
ex-Presidente, exercia a função de Chefe da Casa Civil:
“Não
faço nada que não seja de comum acordo e determinado por ele”.
No
mesmo ano, em 2005, o “delinquente cubano-brasileiro” [2] concedeu uma
entrevista à Folha de São Paulo. Nela foi enfático:
“Parece
que eu fui presidente do PT sete anos sozinho, secretário-geral cinco anos
sozinho, né? O PT não foi construído assim. Tem dezenas de dirigentes
importantes que hoje são prefeitos, governadores, ministros, deputados e
senadores que participaram da construção de toda essa estratégia comigo” – Folha: E o presidente? – Dirceu: “E o
próprio presidente da República. É isso o que eu digo. A responsabilidade é de
todos nós. Nós temos que debater isso, num congresso do partido, e fazer o
balanço”.
Além
de apresentar outros depoimentos, reportagens e documentos, Patarra narra dois episódios
que envolvem diretamente Lula. A nomeação do diretor de Engenharia de Furnas e
o investimento da Telemar na Gamecorp. Esta, uma pequena empresa que pertencia
ao próprio filho: “Lulinha”, que fora monitor de zoológico, tornou-se milionário
– para o pai coruja ele era um “fenômeno”.
Quando estourou o escândalo do “mensalão” o Palácio do Planalto tentou abafar,
mas, afirma Patarra, “desde o início o presidente Lula esteve no centro da
crise política”. Sobre o esquema, o ex-Presidente nunca quis a verdade. Ele
jurou de pés juntos que o “mensalão” nunca existiu. Porém, o Supremo Tribunal
Federal reconheceu a existência do ambicioso e descarado assalto. Agora um dos
seus principais operadores – Marcos Valério – coloca Luiz Inácio como
protagonista do esquema. O livro de Patarra anuncia o que se mostra de maneira
obscena: Lula foi o chefe de tudo.
Referências.
[1].
PATARRA, Ivo. “O Chefe”, 2010 [http://www.escandalodomensalao.com.br/].
[2].
BRAGA, Bruno. “A delinquência sob o véu do heroísmo” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-delinquencia-sob-o-veu-do-heroismo.html].
Leitura sugerida.
BRAGA,
Bruno. “A delinquência sob o véu do heroísmo” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/11/a-delinquencia-sob-o-veu-do-heroismo.html].
______.
“Entre peças e engrenagens” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/12/entre-pecas-e-engrenagens.html].
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