“Não
há como negar a crise que ameaça a família em seus fundamentos”.
Artigo
de Drew Zahn.
Tradução
do inglês. Bruno Braga.
Em
várias ocasiões, somente neste mês, o Papa Bento XVI deu a entender que este é
o momento para que pessoas de diversas religiões tomem a mesma posição contra a
disseminação do casamento gay.
Hoje
cedo, em seu discurso anual de Natal para a burocracia do Vaticano, Bento XVI
explicou que a família tradicional precisa ser protegida, porque ela é “a
autêntica moldura à qual se entrega o plano da existência humana”, e falou
sobre campanhas internacionais para legalizar o casamento homossexual: “não há
como negar a crise que ameaça [a família] em seus fundamentos – especialmente no
mundo Ocidental”.
De
acordo com as informações do “Catholic News Service”, Bento XVI acentuou que o
dialogo inter-religioso – até mesmo com religiões não-cristãs – inevitavelmente
se desenvolve em uma “busca ética” por valores fundamentais comuns,
consequentemente, uma “busca pela maneira correta de viver como ser humano”.
Propriamente
entendido como a procura pela “unicidade da verdade”, este diálogo não implica
o compromisso de convicções religiosas, ele disse.
A
Reuters descreveu o discurso como um “sinal” de que “o Vaticano está pronto
para forjar alianças com outras religiões contra o casamento gay”, e observou
que Bento XVI dedicou uma parte significativa das suas considerações ao estudo
do Rabino-chefe da França, Gilles Bernheim.
Um
dia antes, em um artigo para o britânico “Financial Times”, Bento XVI foi até
mais específico, lembrando à crescente população secular do país, que a Igreja
Católica não está preocupada apenas com a fé e com a moral, mas também com as
questões sociais.
A “Agence
France-Presse” observou a necessidade destacada pelo Papa de um diálogo entre a
Igreja e ateístas e agnósticos que concordam com a doutrina social da Igreja, e
sugeriu a formação de uma “aliança” baseada no respeito comum à lei da
natureza, em referência ao casamento tradicional entre um homem e uma mulher.
Em
seu discurso de Natal para o Vaticano, o “Catholic News” informa, Bento XVI
explicou que o movimento para o casamento homossexual é baseado em ideias
falsas sobre a natureza humana, que igualam liberdade e egoísmo, e apresentam a
graça divina da identidade sexual como matéria de escolha individual em
detrimento da dignidade humana”.
Ele
continua, “quando a liberdade para ser criativo se torna liberdade para criar a
si mesmo, então necessariamente o Criador é negado, e, por fim, o homem também
é despojado da sua dignidade de criatura de Deus”.
Bento
XVI também citou o estudo de Bernheim – intitulado “Casamento gay,
Paternidade-Maternidade e Adoção: o que nós frequentemente esquecemos de dizer”
[tradução livre] – para sugerir que a batalha por adoções homossexuais trata as
crianças como propriedade em vez de tratá-las como pessoas.
Rejeitar
a “dualidade pré-ordenada entre homem e mulher” é também rejeitar a família
como uma “realidade estabelecida pela criação”, ele disse, com consequências
particularmente degradantes para as crianças: “o filho tornou-se um objeto ao
qual as pessoas têm direito e que têm o direito de obter”.
“Bernheim
mostrou em um estudo detalhado e comovente que o ataque correntemente
experienciado contra a verdadeira estrutura da família, composta de pai, mãe, e
filho, é muito mais profundo”, disse o Papa.
No
início deste mês, em um comentário sobre o Dia Mundial da Paz – em Janeiro de
2013 -, Bento XVI observou que a questão não é posta somente para fiéis católicos,
mas sobre ela pessoas de diversas crenças ou que não têm fé nenhuma poderiam
concordar.
“Há
também a necessidade de reconhecer e promover a estrutura natural do casamento
como a união entre um homem e uma mulher em face das tentativas de estabelecer
a equivalência jurídica para tipos radicalmente diferentes de união”, escreveu
Bento XVI. “Estas tentativas atualmente prejudicam e colaboram para
desestabilizar o casamento, obscurecendo a sua natureza específica e o seu
papel indispensável na sociedade”.
O
Papa continua: “Estes princípios não são verdades da fé, nem apenas corolário
do direito à liberdade religiosa. Eles estão inscritos na natureza humana,
acessíveis à razão e, portanto, comum a toda a humanidade”.
A
Reuters observa que em alguns países a Igreja Católica já uniu forças com
Judeus, Muçulmanos e membros de outras religiões para se opor à legalização do
casamento gay, em alguns casos apresentando argumentos baseados em análises
legais, sociais e antropológicas, em vez de fundados somente nos ensinamentos
religiosos.
De maneira previsível, as considerações de Bento XVI – as do discurso do Dia Mundial da Paz em particular – provocaram uma série de condenações, mas o Vaticano apontou a crítica como uma tentativa de “intimidação” e convocou para “todos lerem integralmente o documento, e de forma objetiva”.
“O
Papa, em uma curta passagem, retoma a visão do casamento entre um homem e uma
mulher como profundamente diferente de outras formas de união, e observa que
essa diferença é reconhecível pela razão humana”, disse o Porta-voz do
Vaticano, Padre Federico Lombardi. “Juntamente com outros princípios
fundamentais de uma visão correta da pessoa e da sociedade, principalmente o da
dignidade da vida humana, nós precisamos defender a instituição do casamento se
quisermos construir a paz sobre fundamentos sólidos e procurar o bem da
sociedade humana com previdência. Esta é a visão que a Igreja não cansa de
sublinhar em um momento em que este ponto está sendo contestado e até mesmo
atacado de diversas maneiras e em vários países”.
“Tudo
isto é bem conhecido”, continua Lombardi. “Não é surpresa. A reação carece de
compostura honesta e senso das proporções: ela consiste em gritar, não em
raciocinar; é o objetivo de intimidar aqueles que pretendem defender livremente
esta visão no espaço público. E não só isso: este tipo de reação é utilizado
para obscurecer muitos aspectos da mensagem papal, que são de força e relevância
extraordinárias”.
Fonte
original: World Net Daily, 21 de Dezembro de 2012 [http://www.wnd.com/2012/12/pope-seeks-interfaith-team-to-fight-gay-marriage/].
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