Bruno Braga.
Entre
os elogios fúnebres dedicados a Niemeyer está a fidelidade do arquiteto aos
seus “ideais”: a defesa intransigente do Comunismo até o fim de sua vida. Esta
virtude, no entanto, é proclamada somente através de uma expressão vaga, que produz
certo encantamento poético e oculta o seu conteúdo efetivo: um “mundo mais
justo” anunciado sem o devido correspondente na realidade concreta.
O
Comunismo – o “ideal” de Niemeyer – promoveu a degradação moral e intelectual
por onde passou. Produziu milhões de cadáveres, muitos dos quais por
planejamento e ordem de Stálin, o genocida que o arquiteto brasileiro considerava
“fantástico”. Niemeyer admirava o “homem de aço”. Com o “Comandante”
estabeleceu um relacionamento pessoal: ele foi amigo de Fidel Castro, que há
décadas submete os cubanos, sob a inspiração do ideal comunista, a um regime
opressor e sanguinário – promotor do fuzilamento de milhares que não se
adequaram à sua concepção de um “mundo mais justo”.
Che
Guevara era um “grande homem” – pensava Niemeyer. “El Chancho” Porco que
pregava: “O caminho da liberdade passa pelo da bala”.
Hugo
Chávez era visto como um modelo a ser seguido pelo ex-Presidente Luiz Inácio. Para
o arquiteto a colaboração aparentemente discreta entre os dois líderes não era
suficiente, para a efetiva realização do projeto revolucionário
latino-americano Lula deveria ser decidido e resoluto como o ditador
venezuelano.
Niemeyer
cedeu o seu nome e o seu status de figura pública para defender o engenheiro de
uma das peças deste projeto revolucionário [1]. O arquiteto assinou um
manifesto de apoio a José Dirceu, que foi condenado pelo Supremo Tribunal
Federal como o “delinquente” – “marginal do poder” – por fraudar a política
nacional com o esquema do “mensalão”.
Fiel
ao Comunismo, Niemeyer elaborou o túmulo do terrorista Marighella, que foi sepultado
em Salvador. Projetou um Memorial que deveria ser construído no Rio de Janeiro
em homenagem ao autor do “Manual do Guerrilheiro”, o panfleto no qual o amigo se
vangloria das ações realizadas para promover o “ideal” de um “mundo mais justo”:
“No
Brasil o número de ações violentas praticadas é já muito elevado. Entre estas
ações estão mortes, explosões de bombas, captura de armas, de explosivos e
munições, ‘expropriações’ de bancos, ataques contra prisões, etc., atos que não podem deixar dúvidas sobre as intenções dos revolucionários” [2].
Generoso,
Niemeyer doou dois imóveis a Prestes, o agente soviético que tentou assaltar o
país para promover a revolução Comunista. Com a mesma generosidade ele emprestou
o seu talento às Farc – os comunistas-narco-terroristas da Colômbia -,
desenhando um cartaz contra o Plano Colômbia.
“Em
poucos dias, desenhei o cartaz que ele havia me pedido – um protesto contra
aquele plano odioso. Uma colaboração política que muito me agradou, ao saber
ter sido aquele cartaz utilizado até na Europa” [3].
Enfim,
o “ideal” de Niemeyer – consagrado pelo elogio fúnebre da fidelidade – não é
somente a expressão poética de um “mundo mais justo”. Que a aclamada "virtude" seja
exposta integralmente, com uma realidade que envolve genocídio, tortura,
repressão, fuzilamentos, corrupção, narcotráfico, degradação moral e
intelectual. É a responsabilidade de ter sido o defensor inveterado de um “ideal”
de morticínio e atrocidades. Não há distinção que justifique Niemeyer, nem
a que separa o "gênio" da metade "idiota". Porque foi uma só pessoa - a que projetou a Igreja da Pampulha e foi também um Arquiteto da destruição.
Referências.
[1].
BRAGA, Bruno. “Entre peças e engrenagens” [http://dershatten.blogspot.com.br/2012/12/entre-pecas-e-engrenagens.html].
[2].
MARIGHELLA, Carlos. “Manuel de Guerrilla Urbaine”. p. 06. [Tradução livre da
versão eletrônica em francês].
[3].
Cf. Folha de São Paulo, 16 de Março de 2008.
No comments:
Post a Comment