Bruno Braga.
No
dia 10 de Janeiro (2013) a Folha de São Paulo publicou um levantamento
realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB): 336 gays, lésbicas e travestis foram
assassinados em 2012 – dado que significa 1 homicídio a cada 26 horas [1].
O
propósito do Movimento Gayzista [2] é demonstrar que existe uma matança
generalizada de homossexuais no país e, consequentemente, provar que o Brasil é
um país “homofóbico”. A exposição dos dados – estabelecendo a relação homicídio/tempo
– não é por acaso – é um formato que sensibiliza o público em geral, e também o
leitor da reportagem. Mas, será que existe, realmente, este banho de sangue
gay?
Seria
prudente analisar os números do Grupo Gay da Bahia e os critérios adotados para
a pesquisa. Mas, que se dê um crédito à organização: 336 gays, lésbicas e
travestis foram assassinados em 2012. Acontece que, de acordo com o Anuário
Brasileiro de Segurança Pública (2012), 45.308 pessoas foram assassinadas em 2011 [3].
Adotando a forma expositiva do GGB, o homicídio no Brasil produz 5 cadáveres
por hora. Portanto, estabelecer o comparativo – 336/45.308 – é uma obscena
falta do senso das proporções.
Ademais,
qual foi a motivação dos assassinatos daqueles homossexuais? Foi uma motivação
homofóbica, quer dizer, os homossexuais foram assassinados por pessoas
perturbadas que têm ódio mortal contra os homossexuais? Quando a questão foi colocada
para Dudu Michels, analista responsável pelo material gayzista, ele
imediatamente respondeu: “quando o movimento negro, os índios, ou as feministas
divulgam suas estatísticas, não se questiona se o motivo foi racismo ou
machismo”. Bom, se a questão sobre a motivação dos crimes não é posta para
outros movimentos e grupos, é um grave equívoco, porque a motivação é elemento
caracterizador do preconceito e da discriminação. Mas, o erro com relação aos
outros não desobriga o Sr. (ou Sra.) Michels, que deve sim responder sobre a
motivação dos crimes contra homossexuais, para fundamentar o alarde contra a
suposta homofobia. Um caso pode esclarecer a necessidade desta obrigação.
Em
2011 um ativista do Movimento Gay noticiou o seguinte: “O dia de hoje foi
atípico. Sentimento de dor, perda, injustiça. Na noite de ontem, mais um jovem
gay assassinado no Brasil. Dessa vez, em São João del-Rei/MG. Um jovem de 18
anos perde a vida de forma brutal e injusta. No velório amigos, família e
comunidade. Um só discurso: foi injusto, queremos justiça”.
Este
homicídio entraria automaticamente nas estatísticas do Grupo Gay da Bahia. Mas,
qual foi a motivação do crime? Foi por ódio contra homossexuais? Homofobia? O
próprio texto esclarece a dúvida:
“Até
que a Polícia Civil investigue e conclua o inquérito o que se tem como certo é um jovem gay assassinado pelo próprio
companheiro por não aceitar o término do relacionamento conturbado dos últimos
meses” (o destaque é meu) [4].
Um
homossexual assassinou outro homossexual. Quantos casos semelhantes a este
compõem os dados apresentados pela militância Gayzista? A julgar pela
experiência do delegado Marcelo Falcone – que trabalhou na Delegacia
Especializada em Crimes Homofóbicos em João Pessoa – não são poucos. Ele observa
que em muitos casos os autores dos homicídios são acompanhantes das vítimas:
“Isto acontece muito entre os homossexuais do sexo masculino que contratam
garotos de programa. Existe um preconceito muito grande porque esses rapazes
não se sentem gays” [5]. Ou seja, são gays matando gays.
A
propósito, em 2010, Marcelo Cerqueira – membro do Grupo Gay da Bahia – afirmou
que a maioria dos crimes de ódio e assassinatos de homossexuais era promovida
por garotos de programa [6].
O artigo
da Folha de São Paulo ainda apresenta as considerações de um “especialista”. Luiz
Mott - “decano” do Movimento Gayzista no Brasil [7] – assume a autoridade de um
“antropólogo” e afirma: 99% dos homicídios listados pelo GGB – entidade da qual
é presidente – é de natureza homofóbica. Porém, Luiz Mott acrescenta à “Homofobia”
uma série de categorias – “individual”, “cultural”, e “institucional” –,
ampliando de tal modo o seu significado, que qualquer violência praticada
contra o homossexual, e qualquer sofrimento ou dor dele, torna-se “homofobia”.
Um caso explícito de manipulação conceitual.
O
“antropólogo” e líder gayzista observa que o número de casos deve ser ainda maior,
porque muitos não são conhecidos. Mas, se os casos não são conhecidos, como ele
pode dizer que existem mais? Ora, Luiz Mott tem o dom de transformar uma
hipótese em realidade concreta.
Enfim,
a pesquisa do Grupo Gay da Bahia é mais uma peça panfletária produzida pelo
Movimento gayzista. Instrumento fraudulento de promoção política, mecanismo para reivindicar
privilégios e realizar uma obscura engenharia social.
Notas.
[1].
Cf. Folha de São Paulo, 10 de Janeiro de 2013 [http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1212866-um-homossexual-e-morto-a-cada-26h-no-brasil-diz-grupo-gay.shtml].
[2].
Observar a diferença entre o homossexual e o Movimento gayzista. Este último é
a transformação da sexualidade em princípio de organização política e de
promoção de engenharia social.
[3].
Cf. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2012, Tabela 10, p. 28. [http://www2.forumseguranca.org.br/node/32131].
[4]. Cf. [http://carllosbem.blogspot.com.br/2011/07/perdemos-mais-um-jovem-gaye-podemos.html]. E o narrador ainda revela: “Pude ver um adolescente gay de 15 anos chorando
copiosamente porque também está sendo ameaçado de morte pelo assassino que
continua solto pelas ruas da cidade”.
[5].
Cf. G1, 26 de Agosto de 2011. [http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2011/08/paraiba-tem-12-assassinatos-por-homofobia-em-2011-diz-levantamento.html].
[7].
Sobre Luiz Mott, Cf. BRAGA, Bruno. “A vanguarda gayzista” [http://b-braga.blogspot.com.br/2012/05/vanguarda-gayzista-1.html];
“Os herdeiros de Kinsey” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/01/os-herdeiros-de-kinsey.html].
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