Bruno Braga.
Anunciado
o resultado das eleições presidenciais na Venezuela, Raúl Castro parabenizou
Nicolás Maduro pela vitória. Para o ditador cubano, o candidato chavista obteve
um “triunfo transcendental” [1]. Raúl Castro certamente não fazia remissão ao
pensamento de Immanuel Kant. Com a expressão ele pretendia dar uma aparência de
elegância e de erudição ao seu pronunciamento. Soou oco e vazio. Exceto se – fazendo
uma analogia com a filosofia kantiana - “transcendental” indicar uma vitória “a
priori”, independente da Constituição Federal venezuelana e das leis nacionais.
Nestes termos, porém, a conquista de Maduro foi efetivamente criminosa.
Prevendo
a morte, Hugo Chávez anunciou que Nicolás Maduro seria o seu autêntico sucessor.
O líder bolivariano utilizou todo o poder concentrado em suas mãos para
entronar o seu herdeiro testamentário. O tiranete sucumbiu, mas a Suprema Corte
da Venezuela - regida por chavistas - cuidou de cumprir a sua vontade soberana.
Com uma violação obscena da lei maior do país, ela concedeu a Nicolás Maduro a
autoridade de “presidente interino”. Nesta condição, Maduro convocou eleições –
um processo eleitoral que, viciado desde a raiz, maquiaria a usurpação do poder
com um simulacro de “democracia”.
O Conselho
Nacional Eleitoral (CNE) é controlado pelo chavismo. Tibisay Lucena, presidente
da instituição, exibiu em público a sua escolha para a sucessão do falecido
Hugo Chávez: ela utilizou um “brazalete” do PSUV (Partido Socialista Unido da
Venezuela), partido de Nicolás Maduro.
O
PSUV ocupou uma posição estratégica no esforço de controlar o processo
eleitoral. Militantes do partido – com a conivência do Exército venezuelano –
detinham o domínio de sistemas de geração elétrica. Assim, com informações
sobre o andamento da votação, podiam gerenciar – com “apagões” - o processo
para beneficiar o candidato do partido. As informações eram enviadas para um “bunker”
situado na região metropolitana de Caracas, onde a evolução dos votos seria analisada
em tempo real [3]. Ativistas espalhados por 3.450 centros eleitorais abasteciam
um sistema de informação paralelo (ROQUE 2) com mensagens via telefone celular
- eles seguiam as instruções didaticamente apresentadas neste documento [4]:
O sigilo
do voto foi quebrado nas cabines de votação. Na “Escuela Básica Nacional
Nazaret”, situada no município de Mara, estado Zulia, um partidário do chavismo
foi flagrado acompanhando uma eleitora que não é incapaz nem padece de enfermidade
que justifique o “voto assistido”.
Em
Maracay, município de Mariño, militantes “vermelhos” tomam papeletas de
registro de votação sob os protestos de eleitores que testemunharam a fraude:
Em
Montalbán, um ônibus conduziu 20 indigentes da “Misión Negra Hipólita” até um
centro eleitoral. Lá eles receberiam cédulas de identidade para votarem em
Nicolás Maduro. Várias pessoas seriam transportadas através das “rutas
socialistas” [5].
No
mesmo local, um cidadão chamado “Rafael” – que acompanhava o deputado “oficialista”
Carlos Serra – foi detido com 40 cédulas de identidade que seriam utilizadas
para a votação.
“Motorizados”
intimidaram, ameaçaram e agrediram eleitores e mesários. No estado de Miranda houve
uma denúncia [6]. No município de Garcia este grupo de militantes-marginais – “Tupamaro”
- agrediu e roubou dois deputados opositores – Tobías Bolívar e Francisco
Narváez.
Os
“motorizados” atuaram a duas quadras do Palácio Miraflores. Eles foram
acompanhados de ativistas que faziam “boca de urna”, proibida pela legislação
eleitoral.
No
estado de Barinas, urnas eletrônicas “votadas” – que favoreceriam o candidato
da oposição, Henrique Caprilles - foram encontradas em plena via pública [7].
Esta
pequena amostra das eleições realizadas na Venezuela é suficiente para afirmar
que o “triunfo transcendental” de Nicolás Maduro – proclamado por Raúl Castro -
é na verdade uma fraude pornográfica. Apesar disso, não faltará gente para
dizer que o processo foi “democrático”. Uns, por desconhecerem a realidade do
país. Outros, imbecilizados pelo discurso de futuro maravilhoso, pela fantasia
Socialista-Comunista, que insistem em negar as realizações criminosas de seus
líderes, agentes e ídolos. Há ainda os de má-fé, que sem se ruborizarem, manifestam satisfação pelo “clima de normalidade da votação”, como Dilma Rousseff [8]. Neste
caso, porém, existe um compromisso. Maduro era o candidato do “Chefe” [9] e da
elite revolucionária que – pelo crime e pelo banditismo – hoje domina a América
Latina.
Notas.
[1].
Granma, 15 de Abril de 2013 [http://www.granma.cu/espanol/noticias/15abril-felicitaciones.html].
[2].
BRAGA, Bruno. “A corrupta justiça Socialista-Comunista bolivariana” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/03/a-corrupta-justica-socialista-comunista.html].
[3].
ABC.es. “Unidades chavistas se aseguram el control de las plantas eléctricas” [http://www.abc.es/internacional/20130413/abci-venezuela-estado-chavista-201304122155.html].
[4].
ABC.es. “Los activistas de Maduro tendrán acceso fraudulento a la evolución del
voto” [http://www.abc.es/internacional/20130412/abci-venezuela-201304112050.html].
[5].
Lapatilla. “Diputado oficialista acompaña a hombre com 40 cédulas laminadasen
liceo de Montalbán” [http://www.lapatilla.com/site/2013/04/14/diputado-oficialista-acompana-a-hombre-con-40-cedulas-laminadas-en-liceo-de-montalban-fotos/].
[6].
Lapatilla. “Denuncian intimidación de motorizados en el estado Miranda” [http://www.lapatilla.com/site/2013/04/14/denuncian-intimidacion-de-motorizados-en-el-estado-miranda/].
[7].
El Nacional. “Denuncian hallazgo de cajas con votos en calles del país” [http://www.el-nacional.com/politica/Denuncian-hallazgo-cajas-votos-calles_0_172782784.html].
[8].
Folha de São Paulo, 14 de Abril de 2013. “Venezuela confirma Maduro como
presidente e rejeita recontagem” [http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/04/1263103-conselho-eleitoral-valida-maduro-como-presidente-e-rejeita-recontagem-de-votos.shtml].
[9].
BRAGA, Bruno. “O ‘Chefe’ trabalha pela revolução bolivariana” [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/o-chefe-trabalha-pela-revolucao.html].
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