Bruno Braga.
No
último domingo o “Fantástico” exibiu uma entrevista com a cantora baiana Daniela
Mercury, que recentemente assumiu um relacionamento com outra mulher, a
jornalista Malu Verçosa. A entrevista foi entrecortada por uma reportagem sobre
crianças criadas por casais formados por pessoas do mesmo sexo. Curiosamente, apenas
casais de lésbicas foram apresentados. Nesta reportagem, Belinda Mandelbaum,
psicanalista e coordenadora do Laboratório de Estudos da Família (USP), aparece
como “especialista” em “gênero e sexualidade das novas famílias” e afirma sobre
os estudos nesta área:
“Há
um CONSENSO em relação a estas pesquisas de que NÃO HÁ NENHUMA EVIDÊNCIA de que
crianças criadas por casais homoafetivos tenham alguma DIFERENÇA SIGNIFICATIVA
em relação a crianças criadas por casais heterossexuais. NÃO É ISSO QUE FAZ A
DIFERENÇA NO DESENVOLVIMENTO FÍSICO OU PSICOLÓGICO DESSAS CRIANÇAS” (os
destaques são meus) [1].
No
entanto, Mandelbaum, apresentada como “especialista” e “pesquisadora”, não menciona
o estudo promovido por Mark Regnerus (Universidade do Texas) - publicado na revista
“Social Science Research” -, que revela justamente o contrário de sua convicta
afirmação [2].
Regnerus
analisou 3.000 filhos adultos de 8 estruturas familiares distintas. Ele os
avaliou a partir de 40 categorias sociais, emocionais e relacionais. A pesquisa
verificou que as crianças que permanecem junto às suas famílias biológicas
tinham uma educação melhor, apresentaram maior saúde mental e física, menos
envolvimento com drogas ou atividades criminosas, e um “nível” de “felicidade”
mais elevado.
Entre
as estruturas analisadas, a que apresentou os piores resultados foram os filhos
de mães lésbicas – resultados negativos em 25 das 40 categorias. Por exemplo,
23% dos filhos de mães lésbicas foram tocados sexualmente pelos pais ou por um
adulto, enquanto o mesmo aconteceu apenas com 2% dos filhos criados por pai e
mãe - filhos de mães lésbicas têm 11 vezes mais chance de serem molestados. Na
infância, 69% dos filhos de mães lésbicas viviam com a ajuda assistencial do
governo, em comparação com 17% de filhos de pais e mães casados – na fase
adulta, são 38% comparados com 10% [2]. 5% dos filhos de pais casados
consideraram o suicídio no ano anterior ao da pesquisa, enquanto 12% dos filhos
de lésbicas e 24% de filhos de pais homossexuais.
A
pesquisa de Regnerus desmente a “especialista” da USP. Ela – no mínimo – demonstra
que NÃO HÁ CONSENSO entre os pesquisadores. E o seu conteúdo, os dados
apresentados, apontam, sim, DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS no desenvolvimento físico
e psicológico entre crianças criadas por uma família tradicional e por casais formados
por pessoas do mesmo sexo. Destes dados, os resultados mais negativos se
referem a crianças criadas por casais de lésbicas, justamente o foco da
reportagem do “Fantástico”.
O
programa que se vangloria de apresentar o “show da vida” exibiu, na verdade,
uma “fantástica” propaganda gayzista. Em narrativa entusiasmada, ele enalteceu a
posição de Daniela Mercury e acabou levantando a bandeira que a própria cantora
baiana, na entrevista apresentada, resolveu assumir: as reivindicações
políticas e os projetos do movimento gay LGBT. Porém, não apresentou as
pesquisas e estudos que os contradizem e – como aceitou uma questão em termos “políticos”
– infringiu o princípio primário do jornalismo, ouvir a parte “contrária”.
Notas.
[1].
Cf. “Fantástico”, 07 de Abril de 2013 (03:29) [http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/04/nos-so-queremos-formar-nossas-familias-diz-daniela-mercury.html].
[2]. McManus, Mark. “How different are the adult
children of parents who have same-sex relationships? Findings from the New
Family Structures Study”. Social Science Research, Vol. 41, Issue 4. Julho,
2012, pp. 752-770 [http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0049089X12000610#].
Cf. WND, Mike McManus, 22 de Novembro de 2012 [http://www.wnd.com/2012/11/my-2-dads-childhood-not-so-happy-and-gay/].
1 comment:
Já havia visto esta pesquisa. De fato há uma verdadeira cegueira proposital com relação a adoção gay.
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